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30 MINUTOS COM JOSÉ
PIRES
Indisciplina avaliada
A indisciplina nas escolas pode ter uma solução, que passa pela melhor coordenação de estratégias entre os professores. Se os professores o conseguirem pôr em prática, demonstrando ao aluno que não há diferentes graus de liberdade em diferentes aulas, o aluno terá mais facilidade em se adaptar e menos razões para se enfrentar com o professor.
A opinião é de José Pires, que acaba de ser eleito director da Escola Superior de Educação de Castelo Branco, cargo que não impede que possa manter a sua conversa mensal sobre educação com os editores do Ensino Magazine. Este mês, o tema é o da indisciplina, a qual José Pires vê como muito diferente da violência.
Em Castelo Branco, e de acordo com a sua opinião, a violência não é propriamente um problema nas escolas. A indisciplina, porém, começa nos níveis de ensino mais baixos e as suas razões “passam pela dificuldade que os alunos têm em aceitar aquilo que são as regras de funcionamento das escolas, em as compreender e em as praticar. Sejam as regras do funcionamento global das escolas, quer as regras de funcionamento particular, que passam pelo funcionamento de cada disciplina”.
José Pires propõe uma mudança, que poderá começar pela escola. “Ninguém contesta o interesse da regulamentação da escola, que muitas vezes é um mero elemento decorativo. Ora, essa regulamentação não pode estar ao livre arbítrio das escolas. É globalizada e depende de orientações do Ministério que foi pensado de acordo com um modelo ideal”.
Mas se no terreno é assim, a verdade é que as escolas deveriam tornar mais participativa a discussão das regras a adoptar. “Se os princípios são adaptados como receitas e não se adaptam às realidades locais e comunitárias de cada escola, correm o risco de não serem tão bem sucedidas. O problema poderá estar aí”.
Este problema pode ser ultrapassado a nível de regulamentos internos e de regras pedagógico-didáticas que decorrem da própria estrutura curricular, das orientações para a gestão dos programas, dos princípios de funcionamento da avaliação.
Cabe então fazer uma questão. “Será que a escola, hoje, mesmo com a regulamentação e a estrutura curricular que tem, e com os princípios de organização para a gestão de programas, avaliação, participação dos alunos e sua inserção na comunidade, responde aos anseios, às expectativas e às necessidades dos alunos? Será que ela corresponde às características dos alunos que temos?”.
Acontece que esta resposta é habitualmente negativa. “Pela própria experiência de vida, os jovens têm hoje tendência à contestação. Contestação que tem carácter positivo quando é feita com a compreensão daquilo que se contesta. Tem carácter negativo e transforma-se em indisciplina quando é feita pela não compreensão e pelo desconhecimento daquilo que se contesta”.
Este é o verdadeiro motivo da indisciplina, pois os alunos não conhecem verdadeiramente os regulamentos que determinam o seu comportamento nas escolas. Mas mesmo partindo do princípio que os alunos conheciam esses regulamentos, surge a questão de saber se os jovens foram ouvidos para a sua elaboração, o que normalmente não acontece. E isso é grave “porque é mais fácil contestar aquilo em que não houve compromisso”.
Daí resulta a indisciplina activa e a indisciplina passiva. A passiva caracteriza-se mais pela desatenção e pela não participação do aluno. É difícil de detectar e de resolver, porque passa pela capacidade metodológica, técnica, científica que os professores devem ter para a enfrentar.
Já a disciplina activa que frequentemente caminha para o confronto, para a destabilização é a mais grave, mas será a mais facilmente detectável. Cabe ao professor saber resolver esses casos, o que poderá fazer “com estratégias coordenadas de intervenção de todos os professores de uma mesma turma, no que determina o conhecimento formal e informal dos alunos na sala de aula”.
Porque se os alunos têm regras de participação muito rígidas numa sala e muito menos rígida noutra, terão tendência a contestar. A solução é que os professores se sentem à mesma mesa, no conselho de turma, para acertarem estratégias. “Assim haverá tendência para a redução potencial dessa indisciplina”.
Um dos caminhos passa pelas escolas assumirem planos de actividades e um projecto educativo que “de princípio define o perfil de entrada e de saída do aluno nos anos de escolaridade a que a escola dá resposta. Se houver esse enquadramento, conhecendo os alunos, o meios social, as suas expectativas e hábitos adquiridos, é mais fácil reduzir os níveis de indisciplina”. Já a violência não será um problema que a escola irá resolver. Talvez ai seja mais importante a família e a formação para a
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