20 ANOS DE POLITÉCNICO
DE CASTELO BRANCO
Ver para crer como
Sampaio

O Presidente da República, Jorge Sampaio, visitou no passado dia 13, o Instituto Politécnico de Castelo Branco. Uma visita integrada nas comemorações dos 20 anos do daquela instituição e que serviu para que fossem debatidos alguns dos problemas que afectam o ensino superior politécnico em Portugal. Para Valter Lemos, presidente do IPCB, “o papel do ensino superior politécnico, no caminho do desenvolvimento, foi e é decisivo. Cidades e regiões como Castelo Branco, muito lhe devem. O contributo dos institutos politécnicos para o desenvolvimento e para o equilíbrio nacional é inquestionável”.
Valter Lemos, foi claro na sua intervenção, e sublinhou o facto de, por vezes, o ensino superior politécnico “ser tratado, por alguns poderes e alguma comunicação social, como filhos de um Deus menor, como se houvesse um pecado de origem que tenhamos de arrastar”. Na opinião daquele responsável “os politécnicos têm que fazer o dobro do esforço e apresentar o dobro dos resultados, para que possam ser aceites e reconhecidos”. Valter Lemos esclareceu também algumas das propostas e objectivos do Ensino Superior Politécnico. “Nós defendemos o princípio da igualdade de oportunidades. Que as instituições do ensino superior não sejam artificialmente limitadas na sua capacidade de intervenção, por razão de origem, de nome, de identidade instituidora, mas sim de condições humanas, materiais, científicas, pedagógicas e técnicas. Que sejam fixados critérios nacionais, ou até internacionais para a realização de cursos e graus, e que as instituições sejam avaliadas pelo cumprimento ou não desses critérios. Não temos complexos de origem, somos humildes, mas não abdicamos de parte alguma da dignidade e do mérito que nos cabe”. Luciano Almeida, presidente do Politécnico de Leiria, também reforçou a ideia lançada por Valter Lemos, afirmando que “aqueles critérios têm que ser têm que ser verificados para que haja, de facto a autonomia desejada no ensino superior politécnico”.
Valter Lemos aproveitou ainda a visita do Chefe de Estado para salientar a importância do Plano de Desenvolvimento do Politécnico de Castelo Branco. “Para além da consolidação estrutural científica, pedagógica e técnica das escolas superiores Agrária, de Educação, Gestão e Tecnologia, fixamos como objectivo a criação das escolas Superior de Saúde e de Artes Aplicadas”. E se a Escola se Saúde está para ser criada brevemente, já que depende da integração da Escola Superior de Enfermagem no Politécnico, como refere a resolução do Conselho de Ministros, de 4 de Dezembro de 1998, a Escola de Artes já se encontra a funcionar, embora em instalações provisórias.
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JOSÉ PIRES É O NOVO
DIRECTOR DA ESE DE CASTELO BRANCO
De como a escola vai
mudar
José Pires, de 47 anos, natural de Castelo Branco, é o novo director da Superior de Educação de Castelo Branco. As eleições realizaram-se este mês e a tomada de posse deverá acontecer apenas em Maio. No entanto, na sua primeira entrevista após a eleição, revela que quer manter uma escola de decisões partilhadas e participadas, bem como o nome que escolheu para sub-director, Ernesto Candeias Martins.
Considera que os três anos que ocupou como sub-director, que agora terminam, serviram de grande aprendizagem e foram um período de transição. Agora inicia-se uma nova fase, pois voltam à escola a grande maioria dos professores que estão a terminar cursos de doutoramento. Chegou a hora de desenvolver novos projectos.
“A escola precisa de retomar o ser uma comunidade capaz de gerir e gerar internamento
potencialidades de participação de alunos, funcionários e professores. A nível externo, tem capacidade de se transformar numa comunidade liderante no que se relaciona com a educação, nomeadamente com a que decorre da formação que temos na escola”.
José Pires quer fazer uma análise de todos os protocolos, projectos de colaboração e parcerias que a escola tem, e avaliar os seus resultados. Quer estabelecer protocolos, projectos ou parcerias com “instituições como a Câmara, o Instituto Português de Juventude, Projecto Vida, com o Núcleo Empresarial da Região de Castelo Branco”.
Outro dos acordos poderá ser com o Centro de Formação Profissional, pois entende que a ESE tem potencialidades ao nível da melhoria pedagógica dos formadores daquele centro. Há ainda intenções de celebrar protocolos com outras escolas. Mas pretende que todos os acordos sejam efectivos, que deles resultem actividades e não seja apenas folclore.
NOVIDADES. Entre as alterações que agora poderão avançar, José Pires pretende que a ESE disponibilize mais serviços à comunidade, a partir dos diferentes níveis de formação inicial. O projecto passa por empenhar os alunos na prestação desses serviços, sempre com o auxílio de um professor.
Os alunos do Pré-escolar e de 1º Ciclo podem desempenhar um papel importante na ocupação de tempos livres e na abertura da ludoteca à comunidade envolvente. Os de Educação Visual e Tecnológica podem promover ateliers de expressão plástica, enquanto os de Educação Física terão oportunidade de realizar actividades de aeróbica e outras actividades rítmicas.
Outro dos objectivos passa por criar uma área específica de tradução, na qual os alunos de Tradução e Relações Internacionais (pelo menos por enquanto) tenham um papel importante. Esta área funcionaria primeiro ao nível da escola e depois de avaliada a experiência, poderia ser aberta à comunidade. E enquanto os cursos de mantêm separados, os estudantes de Línguas e Secretariado podem constituir equipas de apoio e secretariado interno aos departamentos.
Para os alunos dos cursos de línguas, designadamente de Português e de Francês, o desafio a médio prazo seria o de poderem organizar cursos intensivos de línguas, destinados a empresas, por exemplo, que necessitem de formação de pessoal nessas áreas específicas.
Os alunos de Matemática e Ciências poderão organizar ateliers de ciência viva, de modo a naturalizarem a prática laboratorial junto de públicos mais jovens, pelo que estas actividades poderiam ter também algum impacto ao nível da ocupação de tempos livres.
Novidade também é a ideia de estabelecer um plano de formação interna da escola destinado a docentes e a funcionários. “Pretende-se que se potenciem, por cada departamento, as ofertas de formação que podem enriquecer o desempenho de docentes e funcionários em áreas específicas”.
A título de exemplo, José Pires refere que o Departamento de Inglês pode organizar um curso de línguas para professores. O de Ciências Sociais pode realizar um curso de dinâmica de grupos. O de Educação Física tem meios para desenvolver formação na área da colocação de voz e melhorar a fala...
AVALIAÇÃO. A ESE está a ser alvo de uma avaliação interna e externa, cujos resultados serão conhecidos posteriormente. A avaliação interna de alguns cursos já foi feita no ano passado. Mas o instrumento de avaliação enviado tinha algumas lacunas e este ano pretendem-se suprir.
O futuro director considera que “vai ser feito um enriquecimento da avaliação interna dos três cursos avaliados. Isso é importante porque leva a perceber limitações, a introduzir mudanças e inovações. Poderemos chegar a alguns pontos específicos de ruptura que obrigarão a fazer tudo de novo”.
Mas nem sempre é fácil de avançar, nomeadamente nos cursos que continuam a formar professores para o 1º e 2º ciclos. É que esses cursos formam bacharéis para o 1º Ciclo e licenciados para o 2º. Mas os professores do 1º Ciclo têm de ser licenciados. Um paradoxo que deixa a escola num impasse, ainda mais ao nível da avaliação. A escola já reformulou os currículos, para que os cursos formem professores para o 2º e 3º ciclos. Mas ainda não há resposta.
“É preciso que o Ministério diga definitivamente se os cursos que propusemos para o 3º Ciclo têm uma resposta efectiva e atempada para entrarem em funcionamento. Porque isso determinará o encerramento do Curso que equivalentemente preparava para o 1º e 2º ciclos. Enquanto isso não estiver, continuamos com uma indefinição”.
O caso é preocupante, quando se pede à escola a adaptação dos cursos aos padrões necessários para o ingresso no mercado de trabalho. A aprovação e ratificação dos cursos vai passar a ser feita pelo Inafop, que pode simplesmente dizer à escola que um ou outro curso não reúne as condições. E os alunos que o terminarem são licenciados mas não poderão exercer, por exemplo, a profissão de professor.
José Pires encara este assunto com alguma calma. Afirma que o Inafop, apesar de ainda em formação, está a seguir o rumo certo. “O Inafop contribuirá para uma reflexão interna das próprias escolas acerca daquilo que é a dinâmica e a actualidade dos cursos que tem a funcionar. Logo, vai melhorar a própria avaliação feita por cada uma das escolas”.
INDUÇÃO. O acompanhamento dos alunos que saem da escola é outra questão. Falou-se num ano de indução, em que o novo professor era acompanhado por um colega mais experiente, na escola onde fosse colocado. Um trabalho feito em conjugação com a
ESE.
José Pires adianta que a escola criou uma estrutura que está a tratar do funcionamento do ano de indução. Mas avisa: “A escola precisa de condições para poder acompanhar os seus alunos. Esse projecto foi desenvolvido e elaborado um protocolo alargado a todas as
ESE's”.
A primeira experiência vai ser agora avaliada e segundo diz “os resultados não correspondem às nossas expectativas, mas isso tem a ver com a indefinição do Ministério acerca dos mecanismos, das formas e do aproveitamento que se pode fazer com este ano de indução. Por isso temos uma equipa a trabalhar nesse sentido e que até propôs que o plano de formação contínua tivesse em conta as necessidades dos professores que vão acompanhar os novos professores”.
Mas se o ano de indução é importante, há algo mais. “Os alunos tem de perceber que as
ESE's formam professores, mas não são centros de emprego. O ano de indução será um ano de acompanhamento dos professores que entram no desempenho profissional, de ajuda nas suas dificuldades de integração numa nova situação de vida. Nunca poderá passar daí”.
A escola sairá a ganhar porque conhecerá as dificuldades dos alunos que saem e procurará melhorar a formação inicial. Ajuda também a perceber como se podem enquadrar melhor os alunos no funcionamento processual do sistema de ensino.
Mas as escolas têm de estar unidas: “Se este processo for desenvolvida de forma não conjugada, acaba sempre por ter muitas limitações, que são aquelas com as quais nos estamos a deparar. Porque as questões que resultaram da proposta continuam por resolver e a culpa não é das escolas. O ano de indução tem custos de vária ordem e a vários níveis. Mas o Ministério não dá resposta”.
FORMAÇÃO. A formação contínua de professores também se debate com o velho problema. Não há dinheiro para realizar todas as acções, o que pode inviabilizar as perspectivas das escolas. “Isso foi o que aconteceu este ano”, refere.
E adianta: “Desenvolvemos um plano de formação contínua para o biénio 2000/2001, a partir de um levantamento de necessidades feito junto das escolas. Partiu também de uma reflexão da escola ao nível das necessidades do sistema. E ainda das áreas de interesse investigadas pelos nossos docentes e formadores que podem transportar situações de inovação para a formação”.
Mas adianta: “A verdade é que o financiamento feito pelo FOCO, que dependia das negociações do III Quadro Comunitário de Apoio, que ainda não tinham terminado, acabou por nos reduzir em 75 por cento o financiamento”.
Como entende que a formação não serve apenas para progredir na carreira, mas deve ter efeitos práticos, afirma que hoje tem de se falar em formação custeada também pelos próprios formandos. “Talvez seja altura das escolas começarem a pensar que certo tipo de formação específica mas necessária, podendo ser acreditada, deve ser enquadrada”.
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