BIENAL DO AZEITE'09
Jaime Silva anuncia
incubadora

O ministro da Agricultura do
Desenvolvimento Rural e das Pescas anunciou dia 29 de Maio, em Castelo
Branco, o reconhecimento oficial da Associação Interprofissional da
Fileira Oleícola (AIFO), criada em 2006. O documento desse
reconhecimento foi assinado, simbolicamente com a data de 29 de Maio,
durante a abertura da Bienal do Azeite ‘09, realizada em Castelo Branco,
nos passados dias 29, 30 e 31 de Maio. Uma iniciativa organizada pela
Câmara de Castelo Branco, Associação de Produtores de Azeite da Beira
Interior (APABI) e Confraria do Azeite.
A inauguração do certame que recebeu milhares de visitantes contou com a
presença do Ministro da Agricultura, Jaime Silva, e dos secretários de
Estado do Comércio e da Educação. Na sua intervenção, Jaime Silva
apresentou algumas novidades, como o concurso que a Direcção Regional de
Agricultura e Pescas do Centro vai lançar em breve para transformar o
Couto da Várzea, em Idanha-a-Nova, numa incubadora de jovens
agricultores, cujo prémio de instalação vai ser suportado pelo Governo.
Jaime Silva lembrou que o Governo definiu fileiras prioritárias para a
agricultura, entre as quais, a do azeite. “Este país tem condições para
produzir mais e melhor. E no azeite também”, afirmou, lembrando que “se
há uns anos o país era auto-suficiente em termos de produção, hoje
importa cerca de 40 por cento do azeite que consome”.
Alerta também os produtores de tabaco da região que, no próximo ano,
podem perder 50 por cento das ajudas. “Esse dinheiro pode ser
aproveitado para investir bem, dando saltos qualitativos”, adianta. Para
ajudar a que os agricultores permaneçam nas explorações, sobretudo nas
zonas de montanha, Jaime Silva revelou ainda que, aos mais idosos, vai
ser atribuído um rendimento mínimo de 250 euros por hectare, até um
máximo de 10 mil euros por exploração.
“Temos gente com conhecimentos no sector, temos terrenos e temos água.
Ou seja, temos aqui uma mais-valia económica para a nossa região”,
destacou Joaquim Morão, presidente da câmara, que faz um balanço muito
positivo do certame e que reitera que a autarquia está a impulsionar e
está disposta a continuar a incentivar os produtos locais.
Francisco Lino, chanceler da Confraria do Azeite, defende que o poder
político devia criar uma agência de desenvolvimento rural, de forma a
fazer da Beira Interior “uma região piloto”, na investigação e trabalhos
agrícolas.
Já João Pereira, da APABI, alerta para a necessidade dos produtores
plantarem mais olival e se unirem. É a receita para terem “azeite em
quantidade, obterem redução de custos e terem escala para fornecer mais
mercados”.
JOAQUIM MORÃO,
PRESIDENTE DA CÂMARA DE CASTELO BRANCO
Uma questão de
identidade

Mais de 65 mil pessoas passaram pela
cidade de Castelo Branco durante a Bienal do Azeite ‘09. Joaquim Morão,
presidente da Câmara de Castelo Branco, mostra-se satisfeito com o
sucesso do evento, e realça o facto de este ter promovido um produto com
larga tradição e qualidade na região. Em entrevista ao Ensino Magazine o
autarca afirma que todos os anos Castelo Branco deverá ter um grande
evento. De caminho fala na forte aposta que está a ser feita no sector
agrícola, como o demonstra o cluster agro-industrial que está a ser
criado na cidade.
A Bienal do Azeite juntou aquilo que
o país e a região tem de melhor. As expectativas foram cumpridas?
Pelo conhecimento que temos da região, nunca tivemos dúvidas que Castelo
Branco precisava de um grande acontecimento ligado aos produtos locais,
que traduzissem a nossa identidade. Esta era uma aposta que queríamos
concretizar. Ao nível das freguesias já tínhamos iniciado este processo
com certames relacionados com os produtos dessas terras. Na Bienal
tivemos como tema principal o azeite, mas mostrámos também todos os
outros produtos da região, como os enchidos, o queijo, o pão, mel ou
cerejas.
E porquê ter o azeite como tema
principal?
O azeite da Beira Baixa, de Castelo Branco, sempre foi considerado, ao
longo dos tempos, como o melhor do País. E nós quisemos reforçar essa
ideia. É importante mostrarmos a nossa identidade com aquilo que nós
temos de melhor. E essas mais valias passam pelo clima, pela nossa terra
e por aquilo que aqui se produz. Não poderíamos ser melhor sucedidos
nesta ideia. Colocámos várias componentes neste evento: primeiro
quisemos promover os produtos e em especial o azeite regional e
nacional. Mostrámos aquilo que é possível fazer-se com o azeite - daí a
aposta na actividade cozinha de rua, com os chefes Henrique Sá Pessoa e
Michel, ou na tibórnia gigante, entre muitas outras iniciativas como as
provas de azeite. Depois, além disso houve a festa, que também faz parte
da identidade das terras. Promovemos eventos culturais com os concertos
de Camané, Oquestrada e bandas filarmónicas, e ainda tivemos provas
desportivas. Aquilo que se verifica é que Castelo Branco nunca teve um
evento temático tão importante, tão forte e com um impacto como este.
Foram mais de 65 mil visitantes. O
número surpreende-o?
Não. Foi um mar de gente que visitou o certame, sobretudo no sábado.
Castelo Branco, a par do seu desenvolvimento económico que é hoje
visível nos próprios dados do Instituto Nacional de Estatística, quer
valorizar os produtos locais. E esta foi uma excelente iniciativa que
vai ter continuidade.
Este evento pode vir a ter um cariz
internacional?
Temos condições para o fazer. Na próxima edição vamos consolidar este
evento e só depois partir para a internacionalização.
Uma das apostas da autarquia tem
sido o apoio aos produtores. O aparecimento do Cluster Agro-Industrial
surge nessa perspectiva?
Nós estamos empenhados em apoiar os produtores, para que possam
valorizar ainda mais os seus produtos. Para irmos para o exterior do
país temos que ter mais qualidade e organização. E nessa organização nós
iremos dar o nosso apoio. Nós estamos a formar na cidade o Cluster
Agro-Industrial. É algo que está a ser feito vai para dois anos.
Primeiro foi construído o Centro Tecnológico de apoio ao sector (o qual
está a ser equipado). Depois concorremos ao projecto de Eficiência
Estratégia Colectiva, que irá dar financiamento para o cluster. Neste
processo estão envolvidos diversos parceiros, desde produtores de fruta,
leite, iogurtes, farinhas, entre outros. A associação que fará a sua
gestão foi constituída na última semana. No fundo esta é também uma
estratégia de desenvolvimento económico para a região.
Neste processo, o ensino superior
estará presente...
A Escola Superior Agrária de Castelo Branco, através do Instituto é um
dos nosso parceiros desde a primeira hora. Aquilo que queremos é formar
na cidade e na nossa região, a partir do sector agro-industrial, um
tecido produtivo e industrial que possibilite o desenvolvimento
económico.
A importância da
Bienal

A Bienal do Azeite, realizada no final
de Maio, em Castelo Branco, assumiu-se como o maior evento ligado ao
sector olivícola realizado no nosso país. Durante três dias milhares de
visitantes nacionais e estrangeiros passaram pelo centro da cidade
albicastrense, usufruindo de um espaço moderno e participando em
diferentes actividades realizadas durante a Bienal.
Desde provas de degustação de azeite, a workshops, passando pela «maior»
tibórnia do mundo, pelas cozinhas de Sá Pessoa e Michel, pelas provas
desportivas, e pelos espectáculos dos Oquestrada e Camané, muitas foram
as actividades desenvolvidas. E para que os mais novos também
entendessem a importância do azeite, a Biblioteca Municipal preparou
ateliers onde as crianças puderam pintar, experimentar fazer azeite e um
sem número de actividades, realizadas com técnicos da autarquia e alunos
da Escola Superior de Educação de Castelo Branco.
A mostra dos principais produtores de azeite nacionais, com venda e
prova de produtos, foi o princípio para três dias de afirmação de
Castelo Branco como pólo de desenvolvimento para aquele sector com
largas tradições no Distrito albicastrense e no nosso país.
Presentes na iniciativa estiveram ainda diferentes instituições, algumas
do ensino superior, como a Escola Superior Agrária de Castelo Branco. O
Ensino Magazine, à semelhança do que tem feito com os grandes eventos
nacionais em que tem participado (casos da Futurália - Lisboa; Qualific@
- Exponor; Fitec - ExpoSalão; ou Feira de Emprego e da MBA’s - Lisboa e
Porto) não podia deixar de se associar ao evento, pelo que lhe dedica
oito páginas sobre a mais importante realização do sector do azeite
realizada no nosso país.
SECTOR VAI TER VERBAS
PRÓPRIAS PARA SE PROMOVER NO PAÍS E NO ESTRANGEIRO
Interprofissional: a
vitória da bienal do azeite

O Ministério da Agricultura acaba de
reconhecer a Associação Interprofissional da Fileira Oleícola (AIFO), a
qual tem como objectivo de curto prazo reformular os seus estatutos e
conseguir criar as normas necessárias à aprovação de uma taxa
parafiscal, paga pelo sector, em função da quantidade de azeite
embalado. Esta verba, que resulta de entidades privadas, destina-se a
financiar campanhas de promoção do azeite em Portugal, mas também do
azeite português no estrangeiro.
“O reconhecimento por parte do Ministério da Agricultura é uma das
grandes vitórias da Bienal do Azeite”, afirma João Pereira, o presidente
da Associação de Produtores de Azeite da Beira Interior (Apabi). De
caminho, acrescenta que o facto da negociação ter chegado a bom porto
dez anos depois, prova que “é preciso haver diálogo nestas matérias. O
sector mostrou-se disponível a dialogar e o assunto foi resolvido”.
A entidade agora reconhecida, que desenvolveu um trabalho importante de
2006 a esta parte, junta os produtores, transformadores e comerciantes
de azeite, reunindo a Casa do Azeite, a Confederação Nacional de
Agricultura (CNA), a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), a
Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola
de Portugal (Confagri)e a Associação de Jovens Agricultores de Portugal
(AJAP). O trabalho imediato reside na proposta de modelo da taxa
parafiscal, a qual “deve estar pronta até final do ano”.
Já em termos globais, João Pereira destaca o facto de ter sido
ultrapassada a barreira das 60 mil pessoas inicialmente previstas. “Foi
um grande passo. Recebemos mais de 65 mil pessoas, dos 8 aos 80, a
provar que o sector soube explorar a vertente popular, transformando uma
feira agrícola numa bienal do azeite. Só no espaço infantil passaram 500
crianças, com os pais. Houve um grande espírito de união entre os mais
de 200 colaboradores da organização. Por isso, em relação à próxima
edição, o desafio ainda é maior”, refere.
O facto de todo o azeite português ter estado representado é fundamental
para aquele responsável, que refere a presença de mais de 50 marcas,
sendo que 34 delas se apresentaram a concurso. Já as provas de azeite
contaram com dezenas de especialistas e muitos curiosos interessados em
aprenderem a provar e a seleccionar azeite. “Acima de tudo, além do
azeite, estiveram representados todos os derivados, como os cosméticos,
a azeitona de conserva e a pasta de azeitona, a provar a grande
multiplicidade do uso do azeite”.
Consumo. O presidente da Apabi
considera que um dos objectivos de longo prazo passa por aumentar o
consumo de azeite per capita em Portugal. “Consumimos 6,5 litros e temos
de crescer, para chegar, por exemplo aos 12 litros per capita que são
consumidos em Espanha”, refere. Além disso, aposta num aumento
considerável da produção, plantando novos olivais. “Têm surgido alguns
projectos tímidos, mas a grande aposta é aproveitar a linha de apoio, de
10 milhões de euros, para a dinamização da região. Esse dinheiro
resultou do desligamento da cultura do tabaco, pelo que, por justiça,
deve ser essencialmente aplicado em soluções para a Campina de Idanha”.
A Campina, que já produziu mais de 60 por cento do tabaco nacional, está
neste momento numa fase de transição, sendo apontadas diversas soluções
para substituir a cultura do tabaco. É sabido que a solução não estará
apenas numa cultura, mas sim em várias, sendo que João Pereira aponta o
olival como uma boa aposta, a par de outras, como o dióspiro, melancia,
melão, bem como soluções na área da pecuária, como a produção de perus.
Como balanço final, onde não esquece o comboio do azeite, em que
viajaram jornalistas e representantes do sector, ao longo da Linha da
Beira Baixa, João Pereira diz que as expectativas foram superadas. Mas
já há outra bienal ou até um evento ainda mais internacional, já para
2011. Além disso, há conquistas regionais decisivas, como é o caso da
construção de uma central de embalamento na região de Castelo Branco.
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