A MAIOR DO MUNDO
Tibórnia gigante durou
vinte minutos

A promessa de entrada no Guiness deu um
destaque especial à tibórnia gigante confeccionada e consumida na Bienal
do Azeite, em Castelo Branco. No sábado à tarde, ainda com muito calor,
a convidar aos gelados e refrescos, foram cortadas 70 mil fatias de pão,
broa e centeio, regadas com 18 litros de azeite e personalizadas com
outros ingredientes, como ervas e cogumelos.
A tarefa durou cerca de 40 minutos a levar a cabo. Mas a partir do
momento em que foi dada ordem para consumir, as muitas pessoas que
estavam na feira demoraram vinte minutos a consumir todas as fatias. A
ideia resultou em pleno e para muitos dos presentes, a novidade da
tibórnia fica na memória, como o provaram vários lamber de dedos no
final de terminar a fatia.
A ideia dos organizadores, do restaurante As Tílias, no Fundão, era de
conseguir fazer algo diferente, que chamasse a atenção para os
benefícios do consumo de azeite. Diferente foi de certeza, fosse pela
diversidade de qualidades de azeite, fosse pelos 12 metros de mesa. A
chamada de atenção também resultou, pois passaram milhares de pessoas no
local, em poucos minutos, para poderem degustar um dos pratos mais
antigos da região da Beira Baixa, agora alterado com novos ingredientes,
que foram desde o mel às cerejas. Ou não viesse a ideia de terra de
cerejas, isto é, do Fundão.
HENRIQUE SÁ PESSOA E
MICHEL COZINHARAM AO VIVO
Sobremesas com azeite
e os pratos "à lagareiro"


Os dias em que a Bienal do Azeite
esteve exposta no Centro Cívico de Castelo Branco constituíram uma
oportunidade única e multifacetada para todos aqueles que quiseram
aprofundar os seus conhecimentos sobre a matéria. Mesmo sob o ponto de
vista gastronómico, esta mostra teve muitos e variados motivos de
interesse, sendo que um dos principais foi, sem dúvida, a presença de
alguns dos mais conceituados chefes de cozinha nacionais que com a sua
experiência e arte fizeram crescer água na boca a muitos dos presentes.
Henrique Sá Pessoa e Michel trouxeram a Castelo Branco deliciosas
propostas, que, numa cozinha montada no local, confeccionaram ao vivo
iguarias que tinham como base o fio dourado. No final, o público pode
provar e aprovar os diversos sabores obtidos pelos mestres da cozinha.
Henrique Sá Pessoa aproveitou inclusive a sua presença na capital de
distrito para gravar para a televisão um dos seus programas, interagindo
com a assistência, dando conselhos, mas pedindo-os também, sempre que
foi caso disso. Encantou os presentes com uma saborosa Mousse de
Chocolate com Azeite e Cerejas, aproveitando estas preciosidades
regionais para inovar na confecção daquela famosa sobremesa, o que
agradou sobremaneira à assistência.
Apesar das elevadas temperaturas não serem propriamente o melhor dos
cartões de visita para se andar à volta das panelas numa cozinha, os
chefes arregaçaram as mangas e deram o seu melhor.
Os pratos “à lagareiro” são, como o próprio nome indica, aqueles que,
por natureza, talvez se identifiquem mais com o tema da bienal, mas das
sopas às sobremesas, como ficou exposto, os segredos da culinária andam
muitas vezes de mãos dadas com o “sumo da azeitona”.
Sá Pessoa surpreendeu os presentes com um Torricado com favas frescas,
em jeito de esparregado em cima de uma fatia de pão assada no forno com
um fio de azeite e confeccionou o tradicional bacalhau enquanto Michel
optou por soluções mais práticas, com acepipes apropriados à canícula do
dia, enquanto passeava entre os presentes deleitando-os com pormenores e
histórias de cozinha.
Ambos deixaram imensas sugestões. Como a de utilizar ervas frescas, até
para aromatizar o azeite. Ou a de cozinhar as verduras sem a tampa no
tacho para não ficarem escuras e depois da cozedura mergulhá-las em água
fria com gelo. Ou ainda como a de as pessoas aproveitarem as
potencialidades dos produtos regionais, sendo que nesta zona o queijo e
os enchidos são alguns cuja excelência é admirada por todos.
Com algumas pinceladas de história da culinária pelo meio a fazerem
perceber melhor as tendências e modas actuais, Michel deixou também no
ar alguma ironia e com sentido de humor chegou mesmo a dizer que “hoje
em dia muito se fala do «show cooking»”, mas que isso, em seu entender,
“são tudo tretas, porque nós estamos aqui é para nos divertirmos… nós
queremos é fazer!”.
No final de ambas as apresentações culinárias houve ainda tempo para que
os presentes para além de provarem os pratos tivessem a oportunidade de
trocar impressões com estes mestres da arte de cozinhar sobre alguns dos
pormenores e segredos que tantas e tantas vezes acabam por fazer a
diferença.
CONCURSO DE AZEITE &
DESIGN
Os melhores sabores e
embalagens

Durante a Bienal do Azeite’09 foram
atribuídas as medalhas de ouro, prata e bronze aos melhores azeites, bem
como aos embaladores sobre quem recaiu a preferência do júri. Ao público
coube escolher os melhores rótulos e garrafas.
Assim, na categoria “Produtores”, ganharam a medalha de ouro os azeites
Dulfar – Sociedade Oleícola, Lda; SAOV – Sociedade Agrícola Ouro
Vegetal, Lda; Tetribérica – Agricultura Biológica, Lda; Taifas, SA;
Roger Fernando Heleno Lopes; Cooperativa de Viticultores e Olivicultores
de Freixo de Numão; Cooperativa de Olivicultores de Valpaços; e Carlos
Alberto Videira Santos. A prata foi atribuída ao azeite Fio Dourado –
Transformação e Comercialização de Produtos Olivícolas, Lda. Já com o
bronze, foram brindados a Fundação Eugénio de Almeida; a Cooperativa
Agrícola de Moura e Barrancos; Moenga – Produção, Embalagem e
Comercialização de Azeite; Cofis – Produção e Comercialização
Agro-alimentar; e Rodoliv – Cooperativa de Azeites de Ródão.
Na categoria “Embaladores”, o ouro foi para Azcôa – Azeites do Côa, Lda;
Quinta do Vale do Conde – Produtos Agro-alimentares; Agropremium, Lda;
Cooperativa de Olivicultores de Valpaços; JC Coimbra; e Fundação Eugénio
de Almeida. A medalha de prata foi atribuída à Sovena Consumer Good, SA.
O bronze foi para a Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos.
O melhor rótulo e garrafa foi para o azeite Almojanda, seguindo-se o
Azcôa – Azeites do Côa e o azeite Galo – Colheita ao Luar. K.
UM JOVEM QUE QUER
TRABALHAR NO SECTOR DO AZEITE
A Bienal vista por um
"agrário"

“A Bienal causou uma impressão muito
positiva nas pessoas. Há muitas feiras importantes relacionadas com a
agricultura, mas uma Bienal do Azeite é algo inovador, por ser dedicada
a um sector com grande tradição no País e, sobretudo, na Beira Baixa,
onde muitas pessoas ainda têm as suas oliveiras”.
A afirmação é de Rui Santos, de 30 anos, finalista do Curso de
Engenharia Alimentar na Escola Superior Agrária de Castelo Branco, que
ficou associado ao evento na sequência de um estágio curricular que
decorreu na Associação de Produtores de Azeite da Beira Interior (Apabi),
entre Novembro e Fevereiro. “Disseram-me que ia decorrer a Bienal e
convidaram-me a participar. Disse logo que sim”.
Rui Santos trabalhou sobretudo ao nível da logística, mas acompanhou
também o concurso de design, os artistas que actuaram no evento, além de
ter ajudado muitos visitantes a compreenderem melhor o modo como estava
organizada a Bienal. “A princípio, a cidade não teve a noção da dimensão
do evento. Só com o decorrer da Bienal é que as pessoas de aperceberam
da dimensão”, afirma.
De caminho, refere que “muitos dos visitantes falavam de assuntos além
da Bienal, como por exemplo da enorme evolução que a cidade sofreu ao
longo destes últimos anos. Eram pessoas que não visitavam Castelo Branco
há algum tempo e que ficavam admiradas com o progresso da cidade.
Algumas diziam que se devia fazer este evento todos os anos”.
Com este retorno, Rui Santos considera que a organização está de
parabéns. “Gostei muito de trabalhar com as pessoas da Associação, como
o engenheiro João Pereira, a engenheira Ana e a Filipa, mas também com o
Pedro Quaresma, que era o responsável pela parte cultural do evento”.
Já em termos pessoais, depois do estágio na Apabi, o jovem albicastrense
refere que gostaria de ficar ligado ao sector do azeite, onde trabalhou
no estágio, sobretudo ao nível da realização de análises do índice de
peróxidos, acidez e absorvâncias. Está disponível para continuar a
colaborar na Bienal, nas edições futuras e até refere que gostaria de
estar associado a projectos novos na área, como a plantação de novos
olivais ou a tão desejada central de embalamento de azeite.
ATELIÊS NA BIBLIOTECA
MUNICIPAL
Cerca de 600 crianças
"descobriram" o azeite

Mais de meio milhar de crianças
participaram em Castelo Branco durante o período em que nesta cidade
teve lugar a Bienal do Azeite 2009 nos diferentes ateliês, propostos
especificamente para esses três dias, que decorreram na Biblioteca
Municipal. Paredes meias com a Bienal e com temas alusivos ao certame,
muitos foram os pais que ali levaram os seus filhos para que estes,
envolvidos em diversas actividades práticas, fossem “descobrindo” o
azeite, desde a árvore que produz as azeitonas, ao processo de recolha
do fruto, até à produção propriamente dita do azeite.
Entre as diversas actividades que lhes foram propostas pelas técnicas da
Biblioteca Municipal, as crianças tiveram oportunidade de mexer e
remexer quer nas azeitonas quer no azeite, de fazer experiências
tentando misturar o azeite em água e assistir à extracção do “sumo da
azeitona” num pequenino mas bastante completo lagar onde todas elas se
entretinham a saber fazer aquele que é um dos mais importantes produtos
nacionais.
A Escola Superior de Educação de Castelo Branco também colaborou nesta
iniciativa através de alunas dos cursos de Educação Básica e de Animação
Cultural.
Com os sentidos bem alerta para esta nova descoberta, a pequenada
entreteve-se também com leituras, pinturas, desenhos e muitas cantigas
relacionadas com o tema. “Chapéu Preto” do compositor beirão Arlindo de
Carvalho foi um dos temas que as alegrou, acompanhando uma roda onde
todos de mãos dadas se divertiram. Mas muitas outras foram entoadas
alegremente.
As técnicas municipais foram incansáveis ao longo de três dias e
proporcionaram a todos momentos certamente inesquecíveis, tendo a
Biblioteca Municipal ficado no final embelezada com os trabalhos da
pequenada. Valeu a pena esta iniciativa. Todos ficaram a ganhar.
ACTIVIDADES CULTURAIS E
RECREATIVAS
Concertos e desporto
animam Bienal




Além da mostra dos produtos
tradicionais, que também puderam ser saboreados, a Bienal do Azeite’09
contou com animação musical e com actividades desportivas. Pelo palco da
Bienal passaram, no primeiro dia, o grupo “Oquestrada”, dia 30 o fadista
Camané e, no último dia, para encerrar, um conjunto de grupos de música
regional, nomeadamente os “Fora d’Horas”, o Grupo de Danças e Cantares
da Beira Baixa e o Grupo de Concertinas das Palmeiras. Durante o certame
actuaram ainda, pelo recinto, algumas bandas filarmónicas. No desporto o
destaque vai para o passeio de carros clássicos e para a prova de BTT.
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