POLITÉCNICO DE LEIRIA, EM
ANIVERSÁRIO
Cultura chinesa em
destaque
O Instituto Politécnico de Leiria
assinalou mais um aniversário, o qual contou com a presença do ministro
da Ciência e do Ensino Superior. A iniciativa serviu ainda para a
abertura oficial do novo ano lectivo e para a inauguração do Centro de
Línguas e Cultura Chinesas e das instalações da Escola Superior de
Saúde. Aquele foi também o último aniversário em que Luciano de Almeida
representou o Politécnico de Leiria na qualidade de seu presidente. Já a
oração de sapiência esteve a cargo de João Malaca Casteleiro, figura
incontornável da cultura portuguesa, que apoiou desde o início do
projecto que o Instituto Politécnico de Macau e o IPL criaram para o
Centro de Línguas e Cultura Chinesas.
Luciano de Almeida destacou os três mil 810 novos alunos que, este ano
lectivo, ingressaram no Instituto pela primeira vez. Mas as palavras de
Luciano de Almeida focaram também a reforma legislativa em curso no
ensino superior. “É inegável que os efeitos desta reforma legislativa,
até ao momento, apenas se fizeram sentir de modo significativo no
domínio da implementação do Processo de Bolonha e das transformações
decorrentes da aprovação dos novos estatutos das instituições de ensino
superior à luz do novo regime jurídico”, disse.
Reforma. No entender daquele
responsável, “a reforma do sistema de ensino superior que desde, pelo
menos, o ano 2000 é reclamada pelas forças políticas do arco do poder,
não se realiza, como nenhuma reforma, com a publicação da legislação
reformadora, apenas se inicia. Há-de realizar-se com a implementação
dessa legislação”. De caminho, Luciano de Almeida considera que “a
demora na entrada em funcionamento da Agência Nacional de Avaliação e
Acreditação e a consequente ausência de avaliação e das consequências
que dela resultariam, aliada à proximidade de um novo ciclo eleitoral,
ou melhor dizendo, de três novos processos eleitorais, tem contribuído
para consolidar a ideia, de alguns, de que haverá um terreno propício
para que tudo possa ficar na mesma”.
Ainda assim, Luciano de Almeida está ao lado da reforma. “Faço-o com
independência em relação ao poder político, faço-o com o conhecimento
que tenho das instituições e motivado pela convicção profunda de que a
reforma é necessária para o País, é benéfica para os alunos e para os
professores e demais funcionários que nelas trabalham”.
Na hora da despedida dos cargos de presidente do IPL e do Conselho
Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (Ccisp), Luciano de
Almeida deixou algumas notas que considera importantes. “A primeira diz
respeito à rede de estabelecimentos e à rede de cursos de graduação das
instituições de ensino superior públicas e privadas. Rede que está
pulverizada pelo território nacional e que deu lugar a um elevado número
de instituições de pequena dimensão, sem dimensão crítica adequada e sem
articulação entre si”. Por isso, afirma, “devem ser permitidas e
encorajadas formas de associação entre as instituições de ensino
superior, revestindo quaisquer formas de organização, nomeadamente a de
consórcios. O processo de articulação da rede de estabelecimentos deve
ter por referência os eixos territoriais de desenvolvimento devendo ser
estudada a base territorial adequada”.
Notas. A estrutura do sistema de
ensino superior foi outra das notas focadas por Luciano de Almeida. “É
necessário aliviar as tensões entre os subsistemas universitário e
politécnico e entre estes e o poder político em razão da delimitação da
missão e funções de cada um dos subsistemas. A missão das instituições
de ensino superior público, universidades e institutos politécnicos deve
ser ajustada às condições objectivas de natureza científica e pedagógica
que estas efectivamente reúnam”.
O presidente do IPL referiu-se também ao financiamento do sistema de
ensino superior público, pelo Estado, pelas famílias e pelos alunos. No
seu entender, “o Estado deve assegurar o orçamento de funcionamento
necessário ao normal desenvolvimento da actividade de cada uma das
instituições tendo em conta os objectivos e a missão da própria
instituição, bem como os resultados obtidos”.
Relativamente ao acesso ao ensino superior, Luciano de Almeida adianta
que “o sistema continua a não ser capaz de superar dificuldades e
deficiências há muito identificadas, como sucede, por exemplo, com a
persistência em aceitar que para o mesmo tipo de curso possam ser
fixadas diferentes disciplinas de ingresso de instituição para
instituição por razões de maior facilidade de captação de alunos”.
Para o presidente do IPL deve ainda “reconhecer-se que o balanço que é
feito do ensino superior português em termos de qualidade, pelo governo,
pelos dirigentes das instituições, pelos dirigentes estudantis e pelos
peritos nacionais e estrangeiros não foi globalmente positivo. A
avaliação a desenvolver, no futuro, pela Agência de Avaliação e
Acreditação do Ensino Superior, deve consistir numa oportunidade para
identificar as deficiências, fixar as condições necessárias para as
superar e estabelecer o prazo razoável para que as instituições possam
atingir os padrões de qualidade exigíveis”.
Luciano de Almeida recusou-se a fazer balanços do trabalho desenvolvido,
mas recordou que “a avaliação do trabalho produzido até agora foi
efectuada pela avaliação internacional da EUA que decorreu nos primeiros
meses de 2007 a qual, no essencial, foi altamente favorável para o
Instituto. Validou o caminho que estamos a percorrer, validou e apoiou
as nossas opções estratégicas, em particular o modelo de organização, a
formação do seu corpo docente e reconheceu a importância do papel do
Instituto no contexto da região em que estamos inseridos e no contexto
nacional. A submissão do IPL a um processo de avaliação internacional e
independente, o relatório final de avaliação francamente positivo e as
recomendações da Comissão de Avaliação constituem, em meu entender, um
processo rigoroso de apreciação do trabalho desenvolvido até então pela
comunidade académica do IPL e pela equipa responsável pela sua
direcção”. A terminar, Luciano de Almeida salientou a importância de
Mariano Gago na criação do Centro de Línguas e Cultura Chinesas.
EM LEIRIA
Gago elogia
Politécnicos
O ministro da Ciência, Tec-nologia e
Ensino Superior elogiou, em Leiria, as escolas politécnicas pelo papel
decisivo no crescimento do acesso ao ensino superior, revelando que este
ano lectivo elas vão superar pela primeira vez as universidades em
número de matrículas. Em Leiria, o ministro da Ciência, Tecnologia e
Ensino Superior inaugurou ainda o Centro de Línguas e Cultura Chinesas e
o Edifício Pedagógico da Escola Superior de Saúde.
Mariano Gago, que presidiu à sessão de abertura do ano lectivo 2008/2009
do Instituto Politécnico de Leiria, recordou que no ano lectivo anterior
entraram 60 mil novos estudantes no sistema público de ensino superior,
“tantos nos cursos politécnicos como nos cursos universitários”, uma
paridade que nunca tinha acontecido e que será superada este ano.
“Mas hoje, em 2008/2009, pela primeira vez entram mais estudantes no
ensino politécnico público que no ensino universitário público”, revelou
o ministro, reforçando a importância dos politécnicos no “crescimento do
acesso ao ensino superior”, que, contudo, “tem que se acentuar, pois
será decisivo para o futuro e para a sua consolidação o ensino superior
politécnico”, por ser “o elemento dominante na formação de portugueses
que aspiram a entrar no ensino superior e na articulação desses
estudantes com a economia do país. Sem os politécnicos não é possível
desenvolver o país”.
O ministro lembrou em Leiria a “urgência e gravidade” a que é necessário
o ensino superior ter de responder para resolver “o baixo nível de
qualificações na sociedade portuguesa”.
“Um em cada três jovens com idade de 20 anos frequenta hoje o ensino
superior. Esta percentagem, que tem vindo a crescer - e muito
significativamente nos últimos anos -, compara-se razoavelmente com os
níveis internacionais. Contudo, não chega. Mas não chega de todo! E se
esta percentagem não aumentar muito rapidamente nos próximos anos, nunca
conseguiremos que ela tenha depois expressão nos níveis de qualificação
da população residente em Portugal”, afirmou Mariano Gago.
Segundo o ministro, “num espaço internacional aberto, os níveis de
qualificação insuficientes em Portugal podem tornar-se ainda mais
insuficientes no futuro. Mas também há oportunidades: a primeira é que
haja cada vez mais jovens a querer estudar e famílias que queiram que os
seus jovens estudem. É esta vontade de estudar a principal oportunidade
que temos no nosso país”.
Mariano Gago, que em Leiria recusou comentar as verbas constantes no
Orçamento de Estado para o ensino superior - “apresento o orçamento na
Assembleia da República quando lá for” -, avançou, contudo, que o
documento “contempla um aumento muito significativo de verbas para o
ensino superior público em Portugal”.
Parte dessas verbas serão distribuídas, referiu o ministro, “de forma
competitiva entre as instituições de ensino superior para fins
determinados”, como o reforço dos cursos de especialização tecnológica,
criação de consórcios, o apoio à criação, estabilização e formação dos
corpos docentes.
ANIVERSÁRIO DO IPCB
A hora da
internacionalização
O Instituto Politécnico de Castelo Branco
foi das primeiras instituições do país a apostar na internacionalização.
Em dia de aniversário, esse foi o mote, para que Ana Maria Vaz, a
presidente da instituição, apontasse quatro caminhos fundamentais para o
futuro do IPCB.
No entender daquela responsável, a estratégia do Politécnico deve passar
pela “internacionalização do instituto, através do Programa de
Aprendizagem ao Longo da Vida dando sequência à segunda geração de
programas comunitários na área da educação e da formação - Programas
Sócrates e Leonardo da Vinci. Bem como através da participação em
projectos de investigação de nível internacional”.
O aprofundamento das relações com a comunidade, através do
estabelecimento de parcerias com as empresas e ou instituições da
região, foi outro dos aspectos salientados pela presidente do IPCB. Uma
aposta que deve ter por “meta o desenvolvimento de produtos inovadores
com incidência nas vertentes de transferência de
conhecimento/tecnologia, bem como a formação de activos para a
Administração Pública e para as empresas”.
A terceira vertente apontada por Ana Maria Vaz diz respeito à
“consolidação da formação pós-graduada, através do desenvolvimento de
novos cursos de mestrado e de pós-graduação. Duas vertentes
desenvolvidas numa perspectiva estruturante e em consonância com a
procura dos diplomados e com as necessidades do mercado de trabalho”.
De acordo com a presidente do Politécnico, o IPCB “valoriza a
colaboração interinstitucional na realização de ciclos de estudo
conducentes à obtenção de grau. Nesse sentido é incentivado o
desenvolvimento de planos de mestrado em colaboração com outras
instituições de ensino superior politécnico e/ou universitário”. Mas a
aposta do Instituto “passa ainda pela sua estratégia de desenvolvimento
e pela a aquisição de capacidade para ministrar cursos de 3º ciclo
(Bolonha) em colaboração com universidades”.
A um outro nível, Ana Maria Vaz fala da “qualificação do corpo docente e
do fomento da investigação. É necessário apoiar os docentes nos seus
projectos de formação com vista à obtenção de graus académicos é um dos
aspectos a considerar no delineamento da estratégia de desenvolvimento
do IPCB. A esta componente acresce a da investigação realizada por
docentes do Instituto, integrada em centros de investigação do IPCB ou
de outras instituições, ou desenvolvida de forma individual, considerada
numa perspectiva de valor”.
Para Ana Maria Vaz, “o apoio à investigação contará ainda com a criação
de centros de custo para docentes/investigadores cujos fundos revertem a
favor do apoio à participação activa em iniciativas de âmbito
académico/científico, aquisição de materiais/equipamentos para
investigação ou de apoio à leccionação”.
ANIVERSÁRIO DO IPCB
Ensino entrega bolsas
Como manda a tradição, os melhores alunos
do IPCB receberam as suas bolsas de mérito. O nosso jornal entregou uma
bolsa ao melhor aluno da Esart (na foto a sub-directora da escola
recebeu o prémio) e uma outra ao melhor aluno trabalhador estudante do
IPCB (na foto à direita), ambas no valor de 500 euros. Este ano foram
parceiros do IPCB na atribuição das mesmas a Câmara e Junta de Freguesia
de Castelo Branco, Danone, Caixa Geral de Depósitos, Delphi e Santander.
ORAÇÃO DE SAPIÊNCIA
Centralidade ibérica
“A internacionalização das Instituições
de Ensino Superior não pode ser encarada como uma fuga para a frente,
desgarrada dos contextos em que se irá implementar”. As palavras são de
João Ruivo, ex-vice presidente do Instituto Politécnico de Castelo
Branco, e foram proferidas durante a oração de sapiência, no Dia do IPCB,
sobre os desafios que se colocam ao IPCB face à internacionalização das
Instituições de Ensino Superior (IES).
No entender daquele doutorado, a tentativa de internacionalização do
IPCB inscreve-se em pelo menos três cenários problemáticos, a saber: “A
concorrência desenfreada e nem sempre leal, nacional e internacional,
entre IES devido, sobretudo, à crise financeira e demográfica; A
globalização dos mercados e dos saberes que permite que se possa estudar
em qualquer lugar e em qualquer tempo. E o facto do IPCB ser uma IES de
periferia, sediada no Interior do país”.
Daí que o facto de estarmos integrados numa região (Península Ibérica)
maior que a Grécia ou que a Checoslováquia e três vezes maior que a
Dinamarca, constitua uma janela de oportunidade. “Porque havemos de
estar condenados a ser sempre periferia se podemos ser actores desta
nova centralidade ibérica?”, questiona. “A nossa situação geográfica, se
o desejarmos, pode deixar de ser uma desvantagem, para se transformar
numa imensa oportunidade de internacionalização! Na verdade, a nossa
região está numa posição fantástica para se assumir como o epicentro
dessa nova centralidade. Temos, pois, que começar a expansão
internacional pelo mais próximo”.
O antigo vice-presidente do IPCB recorda que “temos no IPCB cerca de 70
alunos estrangeiros, ao abrigo do programa Erasmus. A maioria vem de
Espanha, apesar de pouco ou nenhum marketing junto das IES espanholas.
Imaginem os resultados se atacássemos esse mercado de forma sistemática
e organizada. Imaginem se conseguíssemos divulgar aí o IPCB, a cidade, a
região e a facilidade de acessos – menos de 2 horas a Salamanca sempre
por auto-estrada gratuita. Por tudo isto, a captação de novos públicos,
seja de público adulto, em programas de aprendizagem ao longo da vida;
seja através de oferta de cursos baseados no ensino à distância; seja,
finalmente, através da captação de alunos estrangeiros, em programas de
mobilidade, ou em cursos de iniciativa conjunta com as Universidades da
Raya Castelhana, deve estar na matriz da estratégia de
internacionalização do IPCB”.
Outro dos caminhos apontados por João Ruivo, diz respeito ao ensino a
distância. No seu entender, “oferta de ensino a distância deveria ser
considerada uma prioridade para a internacionalização. E, para isso,
temos todas as condições de recursos materiais, de rede tecnológica e de
conhecimento pedagógico e científico para implementar tal desafio. O
investimento nas tecnologias da informação e da comunicação, nas redes
de infra-estruturas informatizadas, necessárias ao acesso e ao
funcionamento dessas tecnologias, são investimentos fundamentais para a
nossa internacionalização. É minha opinião que o futuro vai exigir mais
equipamento tecnológico e redes de comunicação virtual e menos
equipamento físico, designadamente ao nível das instalações
tradicionais”.
Por isso, assegura, “a manter-se a tendência inaugurada com Bolonha e
pelo ensino à distância o número de espaços físicos necessários à
actividade lectiva tradicional vão diminuir, enquanto que vai aumentar a
necessidade de redes e de equipamento tecnológicos que possam responder
às necessidades do ensino não presencial e das tutorias on-line”.
Também os mestrados e os doutoramentos poderão ser uma oportunidade.
“Esse mercado está também aberto à colaboração internacional entre as
instituições públicas de ambos os lados da fronteira. E, nesta matéria,
é bom que se saiba que o IPCB também reúne as quatro condições impostas
para a atribuição, em parceria com qualquer das Universidades da Raya
espanhola, de Diplomas Europeus”.
Críticas. João Ruivo aproveitou
a sua oração de sapiência para criticar a reorganização de rede do
ensino superior tal como está a ser preparada, obedecendo a um sistema
de consórcios por NUT’s. “Tal solução, para nós, é antes mais um
problema. Problema porque continuará a deixar-nos na periferia dessas
mesmas Nuts, condenados a uma mais moderna forma de ostracismo o qual,
com o tempo, conduzirá à progressiva asfixia das instituições
periféricas. Isto é o que nos oferecem quando poderíamos estar a
trabalhar na construção de uma Nova Centralidade Ibérica, conseguida com
as instituições universitárias e com os centros de investigação das
regiões autónomas de Castela e Leão e da Extremadura espanhola”.
Para João Ruivo, “os consórcios, assentes apenas na geografia política
das Nuts, arriscam-se a transformar a reorganização do Ensino Superior
numa rede balcanizada, em que sobreviverão, não os mais capazes, não os
que possam ser considerados como indispensáveis ao desenvolvimento das
regiões e do país, mas os mais expeditos e os mais bem posicionados
junto do poder central, onde tudo ainda se continua a decidir”.
Incisivo no discurso, João Ruivo afirmou várias vezes que “encerrar uma
IES no litoral, não é o mesmo que encerrá-la no interior. A tutela tem
que dizer com toda a clareza se, para ela, tem o mesmo peso político
económico e social o encerramento de uma IES em Lisboa ou no Porto, ou
em Bragança, Guarda, Castelo Branco, Portalegre ou Beja”.
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