Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano XI    Nº129    Novembro 2008

Politécnico

POLITÉCNICO DE LEIRIA, EM ANIVERSÁRIO

Cultura chinesa em destaque

O Instituto Politécnico de Leiria assinalou mais um aniversário, o qual contou com a presença do ministro da Ciência e do Ensino Superior. A iniciativa serviu ainda para a abertura oficial do novo ano lectivo e para a inauguração do Centro de Línguas e Cultura Chinesas e das instalações da Escola Superior de Saúde. Aquele foi também o último aniversário em que Luciano de Almeida representou o Politécnico de Leiria na qualidade de seu presidente. Já a oração de sapiência esteve a cargo de João Malaca Casteleiro, figura incontornável da cultura portuguesa, que apoiou desde o início do projecto que o Instituto Politécnico de Macau e o IPL criaram para o Centro de Línguas e Cultura Chinesas.

Luciano de Almeida destacou os três mil 810 novos alunos que, este ano lectivo, ingressaram no Instituto pela primeira vez. Mas as palavras de Luciano de Almeida focaram também a reforma legislativa em curso no ensino superior. “É inegável que os efeitos desta reforma legislativa, até ao momento, apenas se fizeram sentir de modo significativo no domínio da implementação do Processo de Bolonha e das transformações decorrentes da aprovação dos novos estatutos das instituições de ensino superior à luz do novo regime jurídico”, disse.
 

Reforma. No entender daquele responsável, “a reforma do sistema de ensino superior que desde, pelo menos, o ano 2000 é reclamada pelas forças políticas do arco do poder, não se realiza, como nenhuma reforma, com a publicação da legislação reformadora, apenas se inicia. Há-de realizar-se com a implementação dessa legislação”. De caminho, Luciano de Almeida considera que “a demora na entrada em funcionamento da Agência Nacional de Avaliação e Acreditação e a consequente ausência de avaliação e das consequências que dela resultariam, aliada à proximidade de um novo ciclo eleitoral, ou melhor dizendo, de três novos processos eleitorais, tem contribuído para consolidar a ideia, de alguns, de que haverá um terreno propício para que tudo possa ficar na mesma”.

Ainda assim, Luciano de Almeida está ao lado da reforma. “Faço-o com independência em relação ao poder político, faço-o com o conhecimento que tenho das instituições e motivado pela convicção profunda de que a reforma é necessária para o País, é benéfica para os alunos e para os professores e demais funcionários que nelas trabalham”.

Na hora da despedida dos cargos de presidente do IPL e do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (Ccisp), Luciano de Almeida deixou algumas notas que considera importantes. “A primeira diz respeito à rede de estabelecimentos e à rede de cursos de graduação das instituições de ensino superior públicas e privadas. Rede que está pulverizada pelo território nacional e que deu lugar a um elevado número de instituições de pequena dimensão, sem dimensão crítica adequada e sem articulação entre si”. Por isso, afirma, “devem ser permitidas e encorajadas formas de associação entre as instituições de ensino superior, revestindo quaisquer formas de organização, nomeadamente a de consórcios. O processo de articulação da rede de estabelecimentos deve ter por referência os eixos territoriais de desenvolvimento devendo ser estudada a base territorial adequada”.
 

Notas. A estrutura do sistema de ensino superior foi outra das notas focadas por Luciano de Almeida. “É necessário aliviar as tensões entre os subsistemas universitário e politécnico e entre estes e o poder político em razão da delimitação da missão e funções de cada um dos subsistemas. A missão das instituições de ensino superior público, universidades e institutos politécnicos deve ser ajustada às condições objectivas de natureza científica e pedagógica que estas efectivamente reúnam”.

O presidente do IPL referiu-se também ao financiamento do sistema de ensino superior público, pelo Estado, pelas famílias e pelos alunos. No seu entender, “o Estado deve assegurar o orçamento de funcionamento necessário ao normal desenvolvimento da actividade de cada uma das instituições tendo em conta os objectivos e a missão da própria instituição, bem como os resultados obtidos”.

Relativamente ao acesso ao ensino superior, Luciano de Almeida adianta que “o sistema continua a não ser capaz de superar dificuldades e deficiências há muito identificadas, como sucede, por exemplo, com a persistência em aceitar que para o mesmo tipo de curso possam ser fixadas diferentes disciplinas de ingresso de instituição para instituição por razões de maior facilidade de captação de alunos”.

Para o presidente do IPL deve ainda “reconhecer-se que o balanço que é feito do ensino superior português em termos de qualidade, pelo governo, pelos dirigentes das instituições, pelos dirigentes estudantis e pelos peritos nacionais e estrangeiros não foi globalmente positivo. A avaliação a desenvolver, no futuro, pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, deve consistir numa oportunidade para identificar as deficiências, fixar as condições necessárias para as superar e estabelecer o prazo razoável para que as instituições possam atingir os padrões de qualidade exigíveis”.

Luciano de Almeida recusou-se a fazer balanços do trabalho desenvolvido, mas recordou que “a avaliação do trabalho produzido até agora foi efectuada pela avaliação internacional da EUA que decorreu nos primeiros meses de 2007 a qual, no essencial, foi altamente favorável para o Instituto. Validou o caminho que estamos a percorrer, validou e apoiou as nossas opções estratégicas, em particular o modelo de organização, a formação do seu corpo docente e reconheceu a importância do papel do Instituto no contexto da região em que estamos inseridos e no contexto nacional. A submissão do IPL a um processo de avaliação internacional e independente, o relatório final de avaliação francamente positivo e as recomendações da Comissão de Avaliação constituem, em meu entender, um processo rigoroso de apreciação do trabalho desenvolvido até então pela comunidade académica do IPL e pela equipa responsável pela sua direcção”. A terminar, Luciano de Almeida salientou a importância de Mariano Gago na criação do Centro de Línguas e Cultura Chinesas.

 

 

 

EM LEIRIA

Gago elogia Politécnicos

O ministro da Ciência, Tec-nologia e Ensino Superior elogiou, em Leiria, as escolas politécnicas pelo papel decisivo no crescimento do acesso ao ensino superior, revelando que este ano lectivo elas vão superar pela primeira vez as universidades em número de matrículas. Em Leiria, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior inaugurou ainda o Centro de Línguas e Cultura Chinesas e o Edifício Pedagógico da Escola Superior de Saúde.

Mariano Gago, que presidiu à sessão de abertura do ano lectivo 2008/2009 do Instituto Politécnico de Leiria, recordou que no ano lectivo anterior entraram 60 mil novos estudantes no sistema público de ensino superior, “tantos nos cursos politécnicos como nos cursos universitários”, uma paridade que nunca tinha acontecido e que será superada este ano.

“Mas hoje, em 2008/2009, pela primeira vez entram mais estudantes no ensino politécnico público que no ensino universitário público”, revelou o ministro, reforçando a importância dos politécnicos no “crescimento do acesso ao ensino superior”, que, contudo, “tem que se acentuar, pois será decisivo para o futuro e para a sua consolidação o ensino superior politécnico”, por ser “o elemento dominante na formação de portugueses que aspiram a entrar no ensino superior e na articulação desses estudantes com a economia do país. Sem os politécnicos não é possível desenvolver o país”.

O ministro lembrou em Leiria a “urgência e gravidade” a que é necessário o ensino superior ter de responder para resolver “o baixo nível de qualificações na sociedade portuguesa”.

“Um em cada três jovens com idade de 20 anos frequenta hoje o ensino superior. Esta percentagem, que tem vindo a crescer - e muito significativamente nos últimos anos -, compara-se razoavelmente com os níveis internacionais. Contudo, não chega. Mas não chega de todo! E se esta percentagem não aumentar muito rapidamente nos próximos anos, nunca conseguiremos que ela tenha depois expressão nos níveis de qualificação da população residente em Portugal”, afirmou Mariano Gago.

Segundo o ministro, “num espaço internacional aberto, os níveis de qualificação insuficientes em Portugal podem tornar-se ainda mais insuficientes no futuro. Mas também há oportunidades: a primeira é que haja cada vez mais jovens a querer estudar e famílias que queiram que os seus jovens estudem. É esta vontade de estudar a principal oportunidade que temos no nosso país”.

Mariano Gago, que em Leiria recusou comentar as verbas constantes no Orçamento de Estado para o ensino superior - “apresento o orçamento na Assembleia da República quando lá for” -, avançou, contudo, que o documento “contempla um aumento muito significativo de verbas para o ensino superior público em Portugal”.

Parte dessas verbas serão distribuídas, referiu o ministro, “de forma competitiva entre as instituições de ensino superior para fins determinados”, como o reforço dos cursos de especialização tecnológica, criação de consórcios, o apoio à criação, estabilização e formação dos corpos docentes.

 

 

 

ANIVERSÁRIO DO IPCB

A hora da internacionalização

O Instituto Politécnico de Castelo Branco foi das primeiras instituições do país a apostar na internacionalização. Em dia de aniversário, esse foi o mote, para que Ana Maria Vaz, a presidente da instituição, apontasse quatro caminhos fundamentais para o futuro do IPCB.

No entender daquela responsável, a estratégia do Politécnico deve passar pela “internacionalização do instituto, através do Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida dando sequência à segunda geração de programas comunitários na área da educação e da formação - Programas Sócrates e Leonardo da Vinci. Bem como através da participação em projectos de investigação de nível internacional”.

O aprofundamento das relações com a comunidade, através do estabelecimento de parcerias com as empresas e ou instituições da região, foi outro dos aspectos salientados pela presidente do IPCB. Uma aposta que deve ter por “meta o desenvolvimento de produtos inovadores com incidência nas vertentes de transferência de conhecimento/tecnologia, bem como a formação de activos para a Administração Pública e para as empresas”.

A terceira vertente apontada por Ana Maria Vaz diz respeito à “consolidação da formação pós-graduada, através do desenvolvimento de novos cursos de mestrado e de pós-graduação. Duas vertentes desenvolvidas numa perspectiva estruturante e em consonância com a procura dos diplomados e com as necessidades do mercado de trabalho”.

De acordo com a presidente do Politécnico, o IPCB “valoriza a colaboração interinstitucional na realização de ciclos de estudo conducentes à obtenção de grau. Nesse sentido é incentivado o desenvolvimento de planos de mestrado em colaboração com outras instituições de ensino superior politécnico e/ou universitário”. Mas a aposta do Instituto “passa ainda pela sua estratégia de desenvolvimento e pela a aquisição de capacidade para ministrar cursos de 3º ciclo (Bolonha) em colaboração com universidades”.

A um outro nível, Ana Maria Vaz fala da “qualificação do corpo docente e do fomento da investigação. É necessário apoiar os docentes nos seus projectos de formação com vista à obtenção de graus académicos é um dos aspectos a considerar no delineamento da estratégia de desenvolvimento do IPCB. A esta componente acresce a da investigação realizada por docentes do Instituto, integrada em centros de investigação do IPCB ou de outras instituições, ou desenvolvida de forma individual, considerada numa perspectiva de valor”.

Para Ana Maria Vaz, “o apoio à investigação contará ainda com a criação de centros de custo para docentes/investigadores cujos fundos revertem a favor do apoio à participação activa em iniciativas de âmbito académico/científico, aquisição de materiais/equipamentos para investigação ou de apoio à leccionação”.

 

 

 

ANIVERSÁRIO DO IPCB

Ensino entrega bolsas

Como manda a tradição, os melhores alunos do IPCB receberam as suas bolsas de mérito. O nosso jornal entregou uma bolsa ao melhor aluno da Esart (na foto a sub-directora da escola recebeu o prémio) e uma outra ao melhor aluno trabalhador estudante do IPCB (na foto à direita), ambas no valor de 500 euros. Este ano foram parceiros do IPCB na atribuição das mesmas a Câmara e Junta de Freguesia de Castelo Branco, Danone, Caixa Geral de Depósitos, Delphi e Santander.

 

 

 

ORAÇÃO DE SAPIÊNCIA

Centralidade ibérica

“A internacionalização das Instituições de Ensino Superior não pode ser encarada como uma fuga para a frente, desgarrada dos contextos em que se irá implementar”. As palavras são de João Ruivo, ex-vice presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco, e foram proferidas durante a oração de sapiência, no Dia do IPCB, sobre os desafios que se colocam ao IPCB face à internacionalização das Instituições de Ensino Superior (IES).

No entender daquele doutorado, a tentativa de internacionalização do IPCB inscreve-se em pelo menos três cenários problemáticos, a saber: “A concorrência desenfreada e nem sempre leal, nacional e internacional, entre IES devido, sobretudo, à crise financeira e demográfica; A globalização dos mercados e dos saberes que permite que se possa estudar em qualquer lugar e em qualquer tempo. E o facto do IPCB ser uma IES de periferia, sediada no Interior do país”.

Daí que o facto de estarmos integrados numa região (Península Ibérica) maior que a Grécia ou que a Checoslováquia e três vezes maior que a Dinamarca, constitua uma janela de oportunidade. “Porque havemos de estar condenados a ser sempre periferia se podemos ser actores desta nova centralidade ibérica?”, questiona. “A nossa situação geográfica, se o desejarmos, pode deixar de ser uma desvantagem, para se transformar numa imensa oportunidade de internacionalização! Na verdade, a nossa região está numa posição fantástica para se assumir como o epicentro dessa nova centralidade. Temos, pois, que começar a expansão internacional pelo mais próximo”.

O antigo vice-presidente do IPCB recorda que “temos no IPCB cerca de 70 alunos estrangeiros, ao abrigo do programa Erasmus. A maioria vem de Espanha, apesar de pouco ou nenhum marketing junto das IES espanholas. Imaginem os resultados se atacássemos esse mercado de forma sistemática e organizada. Imaginem se conseguíssemos divulgar aí o IPCB, a cidade, a região e a facilidade de acessos – menos de 2 horas a Salamanca sempre por auto-estrada gratuita. Por tudo isto, a captação de novos públicos, seja de público adulto, em programas de aprendizagem ao longo da vida; seja através de oferta de cursos baseados no ensino à distância; seja, finalmente, através da captação de alunos estrangeiros, em programas de mobilidade, ou em cursos de iniciativa conjunta com as Universidades da Raya Castelhana, deve estar na matriz da estratégia de internacionalização do IPCB”.

Outro dos caminhos apontados por João Ruivo, diz respeito ao ensino a distância. No seu entender, “oferta de ensino a distância deveria ser considerada uma prioridade para a internacionalização. E, para isso, temos todas as condições de recursos materiais, de rede tecnológica e de conhecimento pedagógico e científico para implementar tal desafio. O investimento nas tecnologias da informação e da comunicação, nas redes de infra-estruturas informatizadas, necessárias ao acesso e ao funcionamento dessas tecnologias, são investimentos fundamentais para a nossa internacionalização. É minha opinião que o futuro vai exigir mais equipamento tecnológico e redes de comunicação virtual e menos equipamento físico, designadamente ao nível das instalações tradicionais”.

Por isso, assegura, “a manter-se a tendência inaugurada com Bolonha e pelo ensino à distância o número de espaços físicos necessários à actividade lectiva tradicional vão diminuir, enquanto que vai aumentar a necessidade de redes e de equipamento tecnológicos que possam responder às necessidades do ensino não presencial e das tutorias on-line”.

Também os mestrados e os doutoramentos poderão ser uma oportunidade. “Esse mercado está também aberto à colaboração internacional entre as instituições públicas de ambos os lados da fronteira. E, nesta matéria, é bom que se saiba que o IPCB também reúne as quatro condições impostas para a atribuição, em parceria com qualquer das Universidades da Raya espanhola, de Diplomas Europeus”.
 

Críticas. João Ruivo aproveitou a sua oração de sapiência para criticar a reorganização de rede do ensino superior tal como está a ser preparada, obedecendo a um sistema de consórcios por NUT’s. “Tal solução, para nós, é antes mais um problema. Problema porque continuará a deixar-nos na periferia dessas mesmas Nuts, condenados a uma mais moderna forma de ostracismo o qual, com o tempo, conduzirá à progressiva asfixia das instituições periféricas. Isto é o que nos oferecem quando poderíamos estar a trabalhar na construção de uma Nova Centralidade Ibérica, conseguida com as instituições universitárias e com os centros de investigação das regiões autónomas de Castela e Leão e da Extremadura espanhola”.

Para João Ruivo, “os consórcios, assentes apenas na geografia política das Nuts, arriscam-se a transformar a reorganização do Ensino Superior numa rede balcanizada, em que sobreviverão, não os mais capazes, não os que possam ser considerados como indispensáveis ao desenvolvimento das regiões e do país, mas os mais expeditos e os mais bem posicionados junto do poder central, onde tudo ainda se continua a decidir”.

Incisivo no discurso, João Ruivo afirmou várias vezes que “encerrar uma IES no litoral, não é o mesmo que encerrá-la no interior. A tutela tem que dizer com toda a clareza se, para ela, tem o mesmo peso político económico e social o encerramento de uma IES em Lisboa ou no Porto, ou em Bragança, Guarda, Castelo Branco, Portalegre ou Beja”.

 

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