Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano XI    Nº119    Janeiro 2008

Universidade

DADOS DE BIOMÉTRICA

Ubiris em segunda sessão

Entre 7 e 18 de Janeiro decorreu no Laboratório SOCIA do Departamento de Informática da UBI, a construção de uma base de dados biométrica com imagens de íris, um trabalho desenvolvido por dois docentes da Universidade da Beira Interior, que constroem assim a maior base de dados biométrica do mundo a partir dos olhos dos estudantes, docentes e funcionários.

A ideia deste projecto, denominado UBIRIS, nasceu em 2003 com o doutoramento de Hugo Proença, orientado por Luís Alexandre, docente do Departamento de Informática. Juntos decidiram optar pela área do reconhecimento biométrico. “Ao verificarmos as mínimas taxas de erro que este tipo de sistemas já alcançam, optou-se por tentar aumentar a sua robustez”, afirma Hugo Proença. Começaram por construir uma base de dados que possibilitasse a realização de experiências no domínio do reconhecimento da íris em imagens ruidosas. “A base de dados foi um sucesso, uma vez que foi utilizada por mais de 700 investigadores e laboratórios oriundos de 75 países”, acrescenta. De acordo com Hugo Proença, docente no Departamento de Informática, o objectivo final é “implementar um sistema de reconhecimento automático oculto, isto é, um sistema fiável que identifique indivíduos à distância sem que estes se apercebam”.

Actualmente, o reconhecimento biométrico pela íris, já é usado em sistemas que requerem elevados níveis de segurança. Segundo Luís Alexandre, este reconhecimento através da íris “é muito mais seguro e fiável que o das impressões digitais, que são facilmente falsificáveis”. Assim, “poderemos prever que a íris, como característica biométrica, possa vir a ser cada vez mais utilizada pois dá mais garantias de segurança que outras abordagens como a impressão digital, o reconhecimento de voz ou de face”, conclui.

O sorteio de um PDA foi uma forma de incentivar na participação na iniciativa pois o sucesso depende de um grande número de participações. Em cada sessão são tiradas 15 fotografias em condições de iluminação diferentes, a fim de aumentar a complexidade do reconhecimento à zona envolvente dos olhos de cada pessoa.

Esta é a segunda versão do projecto, porque na primeira foram detectadas algumas insuficiências por peritos internacionais. De acordo com os docentes, a adesão à primeira sessão foi significativa mas não surpreendeu. “Tivemos 241 pessoas mas, sinceramente, esperava bastante mais, até pelo incentivo do prémio”, comenta Hugo Proença. Nesta segunda sessão a expectativa é grande. “Esperamos que as pessoas que vieram à primeira sessão compareçam à segunda, pois sem os dados das duas sessões, as contribuições não podem ser usadas na UBIRIS”, afirma Luís Alexandre.

Raquel Carvalho
e Liliana Alexandre

 

 

 

DE 26 A 28 DE FEVEREIRO

Dias da UBI a abrir

A Universidade da Beira Interior realiza, nos próximos de 26 a 28 de Fevereiro, a iniciativa Dias da UBI. O evento, que já vai na sua oitava edição pretende divulgar as capacidades e potencialidades da Instituição em termos científicos, técnicos e culturais e constitui uma oportunidade para dar a conhecer o ambiente universitário, através de visitas guiadas aos diversos Departamentos, Centros e ainda a outros sectores como a Biblioteca, o Museu e o Cybercentro.

Nesta edição serão apresentadas exposições, conferências, experiências em laboratórios, tecnologias computacionais e multimédia, num conjunto de iniciativas inter-activas. No sentido de reforçar a articulação entre a Universidade e o sector empresarial, estes dias constituem, igualmente, uma oportunidade para que os empresários conheçam o potencial de investigação de que dispõe a UBI e que lhes poderá ser extraordinariamente útil quer ao nível das actividades de inovação, quer no que respeita ao eventual recrutamento de licenciados para o mercado de trabalho.

Também a comunidade é convidada a participar nesta iniciativa, que se pretende seja o mais abrangente possível.

O acesso dos visitantes às actividades programadas é livre. No entanto, para uma melhor gestão e encaminhamento dos diferentes grupos, os interessados terão que preencher e enviar uma ficha de inscrição, remetida directamente às escolas. O programa e as fichas de inscrição encontram-se igualmente disponíveis através do endereço www.ubi.pt, podendo a inscrição ser efectuada on-line.

 

 

 

TESE DE DOUTORAMENTO DEFENDIDA NA UBI

A fadiga dos materiais

Os materiais compósitos, feitos a partir de químicos estão para durar. Desde a fibra de vidro, à fibra de carbono, há todo um vasto leque de materiais e uma maior panóplia de utilizações. Automóveis desportivos, navios, comboios de alta velocidade ou mesmo objectos domésticos, são muitos os aparelhos que recorrem a este tipo de material para as suas componentes estruturais. Leves, resistentes e com muito mais vantagens em relação a outro tipo de produtos mais tradicionais, os compósitos têm conquistado a indústria, em larga escala.

Paulo Fael, docente do Departamento de Engenharia Electromecânica da UBI é o autor de uma tese de doutoramento que teve como principal objectivo “estudar a fadiga de um determinado material, que neste caso foi um compósito fenólico que utiliza uma resina fenólica e é reforçado com fibra de vidro”. Este material, dentro dos compósitos que agora se utilizam muito por serem muito leves e muito resistentes, “tem de ser uma resina e uma fibra”, explica o autor do estudo.

“Se em Fórmula 1, por exemplo, se utilizam os compósitos mais resistentes, como é o caso da fibra de carbono, neste caso, o meu estudo incidiu sobre esta resina fenólica que tem de ser usada quando há normas muito apertadas de incêndio, como por exemplo, o Metro de Londres, o comboio do Túnel da Mancha e outras utilizações como em navios porta-aviões, onde existem este tipo de compósitos fenólicos”, refere.

Segundo Paulo Fael, “este material diferencia-se dos restantes compósito, sobretudo porque, mesmo que arda – e tem de haver um combustível para ele arder, caso contrário apaga-se –, este compósito mantém a resistência, algo que os outros não conseguem. Com isto podemos responder às normas cada vez mais apertadas no campo da segurança”, garante o autor do estudo agora terminado.

Outra das características que foi possível observar neste compósito “é que ele não liberta fumo quando está em presença de fogo”. Muitos outros materiais libertam fumos e gases tóxicos, “o que não acontece com este compósito”, acrescenta Fael.

O docente da UBI revela que “estamos a falar de um material estrutural, utilizado na construção das estruturas de diversos objectos. É um material laminado de fibra de vidro em filamentos que tem um aglomerante que é essa resina fenólica, a qual lhe vai conferir resistência equiparável aos metais, como o alumínio e outros e que tem esta forma de resistir ao fogo”. Paulo Fael frisa então que “a grande vantagem deste material é pois segurança em caso de incêndio, mantendo a sua resistência e não alimentando a combustão nem emitindo fumos”.

Já existiam alguns estudos sobre a resistência estática deste tipo de materiais, “agora havia sobretudo que estudar a resistência em presença de cargas ciclícas”. Isto porque, num comboio, por exemplo, com o andamento normal, “os materiais que compõem as carruagens estão a ser constantemente solicitados”. Existe um fenómeno de fadiga sobre os materiais “e era precisamente esse aspecto que ainda não estava estudado para este compósito”.

As conclusões desta tese de doutoramento foram essencialmente quantitativas. Chegou-se à conclusão que “o material resiste à fadiga, não é nada de transcendente relativamente a outros, como o carbono, por exemplo, mas que mantém também, de uma forma geral, a sua resistência”. Os seus mecanismos de ruptura “são muito semelhantes a outros compósitos, como é o caso do polyester, que é muito usado”.

Este trabalho começou com uma parceria entre uma empresa fabricante inglesa que foi na altura a BP Chemicals e também com uma universidade inglesa.

Eduardo Alves
(Urbi & Orbi)

 

 

 

PARA A REVISÃO DE ESTATUTOS

UBI com Assembleia

O Reitor da Universidade da Beira Interior já revelou os nomes das cinco pessoas exteriores à UBI que vão integrar a Assembleia Estatutária, órgão que segundo as regras do Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES) tem de redigir os novos estatutos da instituição até ao próximo dia 10 de Junho. Santos Silva frisou que a escolha deste grupo “foi unânime entre os 16 membros da UBI que integram esta assembleia”. Com a aceitação “imediata” dos cinco convidados, as reuniões de trabalho passam assim a contar com 21 pessoas.

A integrar o grupo está assim Júlio Fermoso García, ex-reitor da Universidade de Salamanca, “e uma figura que deu uma colaboração muito importante à UBI aquando do início da Faculdade de Ciências da Saúde; nomeadamente na própria implementação desta estrutura e que hoje desempenha um cargo muito ligado às empresas uma vez que é o presidente executivo da “Caja Duero”, um banco espanhol”, explica Santos Silva. Uma figura que tem uma vertente académica mas também empresarial. É doutorado em Medicina pela Universidade de Valladolid e professor catedrático também desta área.

Também Carlos Salema “que é actualmente o presidente do Instituto de Telecomunicações (IT), uma figura que tem a vertente não só académica, de professor, mas também de investigador ligados às telecomunicações e ao qual a UBI também está ligada, uma vez que temos um pólo do IT aqui na Covilhã”, explica o reitor. Carlos Salema doutorou-se em Engenharia Electrotécnica no Queen Mary College da Universidade de Londres, em 1972 e tem uma longa experiência de ensino na área de Sistemas de Telecomunicações.

António Simões Lopes “que foi reitor da Universidade Técnica de Lisboa e também presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) é outra das figuras que vai integrar a assembleia”, adianta Santos Silva. Simões Lopes é licenciado em Finanças pelo ISCEF/UTL e doutor em Economia pela Universidade de Oxford. É doutor honoris-causa pela Universidades de Kent (at Canterbury), Federal do Maranhão, Algarve e Coimbra.

Outro dos convidados foi o General Manuel Taveira Martins, “que foi Chefe de Estado Maior da Força Aérea (CEMFA) e que de alguma forma revolucionou um pouco a parte do ensino e da investigação no âmbito daquela força militar”, sublinha Santos Silva. Tem o curso de Aeronáutica, da Academia Militar e ocupou também o cargo de Comandante Logístico e Administrativo da Força Aérea.

Rui Brandão, é outra das personalidades que vai integrar este órgão. “É um dos responsáveis por alguns grupos de investigação de antigos alunos da UBI que trabalham actualmente na Siemens Portuguesa e que vem também de uma empresa”, reitera Santos Silva. Licenciado em Engenharia Electrotécnica, tem uma pós-graduação na Stanford University, da Califórnia, é director geral da Siemens Medical Solutions e presidente da Associação Nacional de Formação de Electrónica e Industrial e pertence à Comissão Executiva da Siemens Portuguesa.

Eduardo Alves
(Urbi@Orbi)

 

 

 

UNIVERSIDADE DO MINHO

Braga acolhe Instituto

A actividade do Instituto Ibérico de Nanotecnologias de Braga vai estar ancorada na Universidade do Minho (UMinho), e num “cluster” formado por dois centros de investigação e uma empresa do sector, revelou, no passado dia 16 de Janeiro, o vice-reitor da instituição da UMinho.

Em declarações à Lusa, o professor Manuel Mota adiantou que o Instituto Ibérico de Nanotecnologias (INL - Iberian Nanotechnology Laboratory, na terminologia inglesa) será construído em Braga, “devido à Universidade do Minho que tem demonstrado uma forte actividade de investigação neste domínio, à escala nacional e internacional”.

“Muita dela em colaboração com universidades espanholas, nomeadamente da Galiza”, frisou.

A primeira pedra do Instituto Ibérico de Nanotecnologias foi lançada durante a Cimeira Ibérica que decorreu, este mês, em Braga, com a presença dos chefes de Governo de Portugal e Espanha, José Sócrates e José Luís Zapatero e de vários membros dos seus governos.

A UMinho - acrescentou o vice-reitor - para além da forte actividade em nanotecnologia, lançou também infra-estruturas a ela ligadas, nomeadamente o Laboratório Associado I3N - Instituto de Nanoestruturas, Nanomodelação e Nanofabricação, com sede na universidade minhota.

O Laboratório Associado I3N foi formalmente reconhecido, em Outubro de 2006, pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Este instituto, que agrega várias universidades, tem presidência rotativa, a qual, neste momento, está a cargo da Universidade Nova de Lisboa, sendo a vice-presidência assegurada pela Universidade do Minho, através do professor José Covas.

Manuel Mota salientou também que, em Barcelos, funciona a empresa Nanologic, em actividade produtiva, que em Famalicão foi criado o CeNTI - Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes, sedeado junto ao CITEVE, e já em fase terminal de instalação da maquinaria.

 

 

 

AVES TROPICAIS NO OCEANO ÍNDICO

Coimbra investiga

Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) está a estudar a ecologia alimentar e reprodutora das andorinhas-do-mar no Oceano Índico, abordando a sua conservação e preservação e utilizando as aves como bioindicadores do Ecossistema Marinho.

Coordenado por Matthieu Le Corre, da Universidade da Ilha da Reunião, e por Jaime Albino Ramos, do Departamento de Zoologia de Universidade de Coimbra, o estudo está a ser realizado nas Seychelles, onde as populações de aves marinhas atingem mais de um milhão de indivíduos. Este estudo é financiado pela Associação Científica de Estudos Marinhos do Índico Ocidental e conta com a colaboração de várias organizações não governamentais locais.

As andorinhas-do-mar tropicais alimentam-se quase exclusivamente de pequenos peixes e lulas, que capturam à superfície, mergulhando do ar. Estes peixes ficam disponíveis para as aves devido aos predadores sub-aquáticos como os atuns que, durante a sua actividade de alimentação, os obrigam a vir à superfície. Desta forma, o sucesso reprodutor destas aves depende, não só da abundância de peixe no mar, mas também das populações de predadores sub-aquáticos.

O sucesso reprodutor das aves está directamente relacionado com a produtividade do mar, quer em zonas costeiras, quer em zonas pelágicas (em mar aberto). Como estabelecer a relação? – “Se as aves põem mais ovos e têm mais crias, são anos de maior produtividade, maior abundância de várias espécies de peixe. Se, por outro lado, as aves têm um sucesso reprodutor reduzido, são anos menos produtivos”, explica o investigador da FCTUC.

Em caso de sobre-exploração dos stocks de atuns as aves poderão ser afectadas. Assim, a monitorização regular, e a longo prazo, do sucesso reprodutor das aves marinhas, permite obter uma informação integrada sobre o estado do ecos-sistema marinho. Tal é devido à posição de topo que as aves marinhas ocupam nas cadeias alimentares.

Para além de utilizar as aves como indicadores do ecossistema marinho, o estudo visa contribuir para a preservação das aves marinhas. Por exemplo, o Garajau-rosado, uma espécie de andorinha de distribuição mundial, está ameaçado sendo necessário adoptar medidas, no sentido de proteger esta espécie.

 

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