Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano X    Nº112    Junho 2007

Universidade

SANTOS SILVA, REITOR DA UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR, EM ENTREVISTA

Os novos desafios da UBI

Santos Silva, reitor de Universidade da Beira Interior, considera que a UBI se afirmou com uma das principais instituições de ensino superior do Interior do País. 21 anos depois de ter sido criada, enfrenta agora novos desafios. Em entrevista, o reitor daquela universidade aponta os caminhos a seguir.
 

Estão passados 21 anos sob a criação da UBI. Que leitura faz de todo o caminho percorrido até aqui?

É um percurso bastante interessante, de afirmação de uma instituição do Ensino Superior no Interior do País. Começámos como Instituto Politécnico e depois passámos a Instituto Universitário e convertemo-nos em Universidade, uma vez que, para além da qualidade no ensino ser de cariz universitário, abrangíamos já diversas áreas do saber e fazia todo o sentido que nos convertêssemos em universidade nessa altura. Continuámos sempre a crescer, com a mesma preocupação que tivemos com a criação do politécnico. Oferecer um ensino superior de qualidade. Para tal é fundamental ter docentes qualificados, uma estrutura física de qualidade e extremamente bem equipada e temos de ter um relacionamento com a sociedade em que estamos inseridos. Essa tem sido uma preocupação básica ao longo dos anos.
 

Essa ligação tem sido uma imagem de marca da UBI?

Não só a ligação à região, mas ao exterior. A UBI tem ligações nacionais e também internacionais que estão feitas desde o início. Quando em 1975 começámos com o Instituto Politécnico da Covilhã, tivemos logo uma grande preocupação, a de ter connosco os melhores professores. E a nossa internacionalização começa aí. Os nossos professores, nomeadamente na Engenharia Têxtil, vieram das melhores escolas a nível europeu e mesmo americano. Houve sempre uma preocupação de termos os melhores professores possíveis e de fazermos uma internacionalização do corpo docente. Tanto que, numa determinada altura, até nos acusaram de termos demasiados professores estrangeiros no nosso corpo docente. Mas agora é que as pessoas parecem estar a dar valor à internacionalização do corpo docente, algo que no nosso caso foi sempre uma constante.
 

Com a maioridade agora devidamente alcançada que futuro prevê para a instituição?

Julgo que a instituição atingiu uma fase de consolidação. Temos um corpo docente qualificado que ronda os 60 por cento de doutorados e temos mais 20 por cento a terminar o seu doutoramento. Tanto assim é que, dos 105 docentes a terminar o seu doutoramento, 25 já entregaram as suas teses. Há um crescimento muito rápido no número de doutores. E temos a vantagem de ter um corpo docente doutorado jovem, em que se depositam fortes esperanças de produção científica. Também é esperada a introdução de novas metodologias pedagógicas, da inovação e do empreendedorismo. Não basta ter um corpo docente qualificado, é necessário ter um corpo docente empenhado. E é necessário que o corpo docente vista a camisola da instituição. Estes jovens doutores têm necessariamente de adquirir a cultura da instituição. Nós, os mais velhos, com a pressão de os fazer doutores talvez não tenhamos sido capazes de lhes transmitir essa cultura, mas é absolutamente necessário que eles a adquiram.

Estou convencido que temos potencialidades e que a universidade se irá afirmar, até porque temos os ingredientes necessários para isso. Temos também um acesso à informação como ninguém tem. O nosso índice de computador por aluno é o melhor da Europa. Estão por isso criadas todas as condições para que a UBI se possa vir a afirmar pela qualidade e pela diferença.
 

Está, por isso, a lançar um desafio e não uma crítica ao corpo docente mais jovem?

Se tivesse de fazer uma crítica teria de a fazer a mim próprio por ter andado quase a empurrar os docentes mais jovens para doutoramento. A Universidade é um fórum onde a crítica e a discussão de ideias deve estar sempre presente. Sem isso não haveria produção científica. Julgo que há uma necessidade absoluta do corpo mais jovem de docentes se aperceber e vestir mais a camisola da universidade. E com isto quero dizer que temos de encontrar parcerias dentro das diferentes áreas da instituição e com base nessas parcerias desenvolver a investigação.

É necessário que os docentes das Engenharias se associem com os da Gestão e Economia, isto porque, temos potencialidades criadas, mas temos de nos articular primeiro dentro da instituição para termos alguma massa crítica que nos possa levar a uma associação, quer a nível nacional quer internacional. Temos de estar conscientes que hoje, neste mundo global, e tendo em consideração o próximo quadro comunitário de apoio, as pequenas equipas não podem concorrer sozinhas a projectos de investigação. Quando estou a dizer que é necessário nos associarmos é no sentido de aproveitarmos as nossas ligações. É importante que a universidade se una em torno de objectivos comuns.
 

Esta instituição é uma das mais recentes universidades portuguesas, daí que como tem dito várias vezes, ainda lhe falte um longo caminho a percorrer. Todavia é também uma das instituições com menos Unidades Científicas e de I/D, não existindo nenhuma com classificação “Excelente”. Este é um ponto a mudar? De que forma?

Temos 15 unidades e centros de investigação. Mais importante do que estarmos a pensar em criar mais, e não estou a dizer que isso não possa acontecer, é necessário darmos maior qualidade e produtividade às unidades que temos e associarmo-nos uns com os outros, para que possamos ser parceiros de peso que se possam juntar com outras unidades nacionais e internacionais. Mais do que andar a criar “capelinhas” temos de fazer uma análise das unidades instaladas e associarmo-nos em torno do que já temos, de maneira a podermos ir mais longe.
 

Tem sido uma das vozes mais críticas quanto às políticas do ministério da tutela, nomeadamente nas questões do financiamento e da autonomia das universidades. Como pensa que o Estado deveria agir nesta matéria?

A questão não passa por ser crítico ou não. Não faço críticas ao ministro, não é isso que está em causa, mas é importante levantar problemas no sentido de melhorarmos a legislação, tendo em consideração a defesa dos interesses do ensino superior. O ministro não entende isso como uma crítica, até porque também entende que devemos levantar os problemas quando eles existem. Da mesma forma que lhe coloco esses problemas também sou capaz de lhe dar um elogio quando julgo que deve ser feito. Há de facto algumas razões que me levam a estar apreensivo. Mas ao criticar o ministério, não estou a criticar apenas este ministro. É uma crítica transversal que tem vindo a ser feita ao longo dos anos.
 

O Ministério deveria adoptar medidas de discriminação positiva para as instituições do Interior do País?

Não é admissível que o ministério da tutela, ao longo dos anos, não tenha tido em consideração o desenvolvimento das instituições de ensino superior no interior do País. Há uma discriminação negativa das instituições do ensino superior no interior do País. Nós nunca temos o financiamento que devíamos ter. Mas a questão é de tal ordem que o próprio relatório da OCDE diz que o ministério deve discriminar positivamente as instituições do ensino superior do interior através de seu financiamento. Este relatório fala mesmo em sustentabilidade do ensino superior. É necessário ter em consideração, não só a idade, como a localização, como todo o esforço que foi feito na qualificação do corpo docente para sermos capazes de levar estas instituições a bom porto. Podemos orgulhar-nos daquilo que fizemos nos últimos anos.
 

Em 1975 entram nesta casa 143 alunos, nos cursos de Engenharia Têxtil e Administração e Contabilidade. Actualmente são cerca de cinco mil distribuídos por 31 licenciaturas. Espera que este crescimento se mantenha?

Neste momento temos 5192 alunos de licenciatura. Somos a única universidade pública que tem vindo a crescer ao longo dos anos. Mas também é verdade que tivemos áreas que perderam alunos, nomeadamente as Ciências Exactas e um pouco nas Engenharias. Contudo, soubemos, atempadamente, criar outras áreas que nos trouxeram alunos, como é o caso da área das Artes e mais recentemente das Ciências da Saúde. A UBI sempre soube traçar uma estratégia que lhe permitisse atrair alunos. Daí sermos a única universidade pública que nunca decresceu em número de alunos. No entanto, estou apreensivo com a captação de alunos.
 

Isso porque o número de candidatos tem vindo a decrescer?

Existem universidades que perderam milhares de estudantes em poucos anos e todos sabemos que este não é um assunto de fácil resolução. Estou também, de alguma forma apreensivo, com a adequação do Processo de Bolonha. Neste momento, todos os cursos da UBI estão adequados no âmbito de Bolonha, mas houve alguma discriminação negativa, sobretudo nas engenharias, quanto ao registo, quando o ministério considerou que algumas universidades do litoral tinha direito a ter curso com os chamados mestrados integrados e a nossa não, invocando razões de investigação que nada têm a ver com a qualidade de ensino. De qualquer forma isso pode penalizar-nos, uma vez que se pode criar no exterior a ideia de que o mestrado integrado é melhor do que a formação em dois ciclos de engenharia. Não se trata de modo algum, de diminuir o tempo de formação. Se queremos ter um engenheiro na área da concepção e do projecto ele tem de ter pelo menos cinco anos de formação. Julgo que esta decisão foi um erro do ministério da tutela, que não teve parâmetros iguais para todas as universidades e que nos pode prejudicar. Mas estou esperançado que a qualidade do ensino que se ministra nesta instituição continue a prevalecer e que esta imagem continue a passar. De qualquer forma temos de pensar na área da Saúde, que neste momento se assume como estruturante e que vai continuar a crescer.

Eduardo Alves

 

 

 

UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR

UBI está na moda

Desfiles de moda, apresentação de colecções de designers de renome e mostra de trabalhos de antigos alunos são alguns dos eventos que o Departamento de Ciência e Tecnologia Têxteis da UBI organiza entre 7 e 19 de Julho, no Museu de Lanifícios da Universidade.

O ponto alto das actividades está agendado para 14 de Julho, com a apresentação de tendências de moda pelos finalistas da licenciatura em Design Têxtil e Vestuário, ramo têxtil. O núcleo da Real Fábrica Veiga, do Museu de Lanifícios acolherá um desfile de colecções de vestuário realizadas por finalistas do curso, mas também por jovens designers que foram antigos alunos da UBI. Para além destes vãos ser também apresentados trabalhos pertencentes às colecções de designers que são docentes e colaboradores da instituição como Elsa Lima, Sara Lamúrias e Júlio Torcato.

Rita Salvado, docente do departamento, considera “a presença de antigos alunos, como prova do que já aqui é feito”. A mostra de trabalhos destes licenciados da UBI “é a prova viva das potencialidades do curso e da instituição”. Para além disso, durante estas actividades “vai haver uma estreita colaboração entre a universidade e as empresas da região”. Como tal, “foram convidadas também empresas ligadas ao sector têxtil a virem aqui apresentar as suas colecções”, afirma.


Eduardo Alves

 

 

 

MEDICINA

UBI quer obstetras brasileiros

A Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã, pretende receber obstetras e ginecologistas brasileiros, “mas há muitos obstáculos pela frente”. A confirmação desta ideia foi dada à Agência Lusa, Martinez de Oliveira, responsável pela iniciativa, segundo o qual, a UBI e o Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB ) cooperam desde Setembro de 2006 com a universidade de Botucatu (S. Paulo).

O reconhecimento das licenciaturas tiradas no Brasil por universidades portuguesas é a principal dificuldade. “Há protocolos estabelecidos entre os dois países, mas não funcionam e as comissões responsáveis levam imenso tempo a decidir”, refere.

Martinez de Oliveira, director do Departamento de Saúde da Criança e da Mulher do Centro Hospitalar da Cova da Beira, falava à margem das Jornadas Luso-Brasileiras de Actualização em Ecografia, Obstetrícia e Ginecologia, que reuniu perto de 200 especialistas portugueses e brasileiros.

Por esta altura, Martinez de Oliveira esperava já acolher oito especialistas brasileiros para prestarem serviço no centro hospitalar, fazerem investigação e darem aulas na Faculdade de Ciências da Saúde. “A cooperação inclui as três áreas. Em Portugal há uma grande carência de obstetras e ginecologistas, mas no Brasil há muitos interessados no nosso país. No entanto, em nove meses de cooperação, só conseguimos trazer uma pessoa”, lamenta Martinez de Oliveira.

Os especialistas licenciados na União Europeia têm equivalências automáticas. No caso do Brasil, “existe um acordo luso-brasileiro que prevê uma situação especial de reconhecimento mútuo, mas que não funciona”, explica.

“Parece que lá não reconhecem os nossos cursos e por isso cá também não há disponibilidade para reconhecer os brasileiros”, lamenta, apelando a todas as entidades dos dois países que promovam “um entendimento e equilíbrio nesta situação”.

Luís Graça, presidente do colégio de ginecologia e obstetrícia da Ordem dos Médicos, que também marcou presença no encontro da Covilhã, aconselha ponderação. “Eu não daria grande abertura aos médicos com especialidades tiradas na América do Sul porque a maioria das formações têm três anos, enquanto nós temos seis”, prazo que Luís Graça defende ser o adequado para “consolidar” conhecimentos. “Forçosamente serão especialistas de segunda categoria”, refere.

O responsável da Ordem dos Médicos reconhece a falta de especialistas em ginecologia e obstetrícia em Portugal, mas salienta que a situação tende a ficar resolvida dentro de cinco a seis anos, “dado o aumento do número de internatos da especialidade”.

 

 

 

UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA

Protocolo com Vilnius

A Universidade de Vilnius e o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa, assinaram no passado dia 31 de Maio, um protocolo de colaboração com o objectivo de promover a mobilidade de alunos e professores entre as duas instituições e apoiar a cooperação ao nível da investigação.

A cerimónia de assinatura do documento contou com a presença do Presidente da República da Lituânia, Valdas Adamkus, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Petras Vaitiekunas, o Vice-Ministro da Economia, Vytautas Nauduzas, a Directora do Instituto de Relações Internacionais e Ciências Políticas da Universidade de Vilnius, Margarita Seselgyté, e o Reitor da UTL, Professor Fernando Ramôa Ribeiro.

Ainda na sequência da visita de Estado do Presidente da República da Lituânia, realizou-se no Palácio da Ajuda um Jantar oferecido pelo Presidente da Republica, Aníbal Cavaco Silva, em homenagem ao Presidente da República da Lituânia.

Eduardo Alves

 

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