SANTOS SILVA, REITOR DA
UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR, EM ENTREVISTA
Os novos desafios da
UBI

Santos Silva, reitor de Universidade da
Beira Interior, considera que a UBI se afirmou com uma das principais
instituições de ensino superior do Interior do País. 21 anos depois de
ter sido criada, enfrenta agora novos desafios. Em entrevista, o reitor
daquela universidade aponta os caminhos a seguir.
Estão passados 21 anos sob a criação
da UBI. Que leitura faz de todo o caminho percorrido até aqui?
É um percurso bastante interessante, de afirmação de uma instituição do
Ensino Superior no Interior do País. Começámos como Instituto
Politécnico e depois passámos a Instituto Universitário e convertemo-nos
em Universidade, uma vez que, para além da qualidade no ensino ser de
cariz universitário, abrangíamos já diversas áreas do saber e fazia todo
o sentido que nos convertêssemos em universidade nessa altura.
Continuámos sempre a crescer, com a mesma preocupação que tivemos com a
criação do politécnico. Oferecer um ensino superior de qualidade. Para
tal é fundamental ter docentes qualificados, uma estrutura física de
qualidade e extremamente bem equipada e temos de ter um relacionamento
com a sociedade em que estamos inseridos. Essa tem sido uma preocupação
básica ao longo dos anos.
Essa ligação tem sido uma imagem de
marca da UBI?
Não só a ligação à região, mas ao exterior. A UBI tem ligações nacionais
e também internacionais que estão feitas desde o início. Quando em 1975
começámos com o Instituto Politécnico da Covilhã, tivemos logo uma
grande preocupação, a de ter connosco os melhores professores. E a nossa
internacionalização começa aí. Os nossos professores, nomeadamente na
Engenharia Têxtil, vieram das melhores escolas a nível europeu e mesmo
americano. Houve sempre uma preocupação de termos os melhores
professores possíveis e de fazermos uma internacionalização do corpo
docente. Tanto que, numa determinada altura, até nos acusaram de termos
demasiados professores estrangeiros no nosso corpo docente. Mas agora é
que as pessoas parecem estar a dar valor à internacionalização do corpo
docente, algo que no nosso caso foi sempre uma constante.
Com a maioridade agora devidamente
alcançada que futuro prevê para a instituição?
Julgo que a instituição atingiu uma fase de consolidação. Temos um corpo
docente qualificado que ronda os 60 por cento de doutorados e temos mais
20 por cento a terminar o seu doutoramento. Tanto assim é que, dos 105
docentes a terminar o seu doutoramento, 25 já entregaram as suas teses.
Há um crescimento muito rápido no número de doutores. E temos a vantagem
de ter um corpo docente doutorado jovem, em que se depositam fortes
esperanças de produção científica. Também é esperada a introdução de
novas metodologias pedagógicas, da inovação e do empreendedorismo. Não
basta ter um corpo docente qualificado, é necessário ter um corpo
docente empenhado. E é necessário que o corpo docente vista a camisola
da instituição. Estes jovens doutores têm necessariamente de adquirir a
cultura da instituição. Nós, os mais velhos, com a pressão de os fazer
doutores talvez não tenhamos sido capazes de lhes transmitir essa
cultura, mas é absolutamente necessário que eles a adquiram.
Estou convencido que temos potencialidades e que a universidade se irá
afirmar, até porque temos os ingredientes necessários para isso. Temos
também um acesso à informação como ninguém tem. O nosso índice de
computador por aluno é o melhor da Europa. Estão por isso criadas todas
as condições para que a UBI se possa vir a afirmar pela qualidade e pela
diferença.
Está, por isso, a lançar um desafio
e não uma crítica ao corpo docente mais jovem?
Se tivesse de fazer uma crítica teria de a fazer a mim próprio por ter
andado quase a empurrar os docentes mais jovens para doutoramento. A
Universidade é um fórum onde a crítica e a discussão de ideias deve
estar sempre presente. Sem isso não haveria produção científica. Julgo
que há uma necessidade absoluta do corpo mais jovem de docentes se
aperceber e vestir mais a camisola da universidade. E com isto quero
dizer que temos de encontrar parcerias dentro das diferentes áreas da
instituição e com base nessas parcerias desenvolver a investigação.
É necessário que os docentes das Engenharias se associem com os da
Gestão e Economia, isto porque, temos potencialidades criadas, mas temos
de nos articular primeiro dentro da instituição para termos alguma massa
crítica que nos possa levar a uma associação, quer a nível nacional quer
internacional. Temos de estar conscientes que hoje, neste mundo global,
e tendo em consideração o próximo quadro comunitário de apoio, as
pequenas equipas não podem concorrer sozinhas a projectos de
investigação. Quando estou a dizer que é necessário nos associarmos é no
sentido de aproveitarmos as nossas ligações. É importante que a
universidade se una em torno de objectivos comuns.
Esta instituição é uma das mais
recentes universidades portuguesas, daí que como tem dito várias vezes,
ainda lhe falte um longo caminho a percorrer. Todavia é também uma das
instituições com menos Unidades Científicas e de I/D, não existindo
nenhuma com classificação “Excelente”. Este é um ponto a mudar? De que
forma?
Temos 15 unidades e centros de investigação. Mais importante do que
estarmos a pensar em criar mais, e não estou a dizer que isso não possa
acontecer, é necessário darmos maior qualidade e produtividade às
unidades que temos e associarmo-nos uns com os outros, para que possamos
ser parceiros de peso que se possam juntar com outras unidades nacionais
e internacionais. Mais do que andar a criar “capelinhas” temos de fazer
uma análise das unidades instaladas e associarmo-nos em torno do que já
temos, de maneira a podermos ir mais longe.
Tem sido uma das vozes mais críticas
quanto às políticas do ministério da tutela, nomeadamente nas questões
do financiamento e da autonomia das universidades. Como pensa que o
Estado deveria agir nesta matéria?
A questão não passa por ser crítico ou não. Não faço críticas ao
ministro, não é isso que está em causa, mas é importante levantar
problemas no sentido de melhorarmos a legislação, tendo em consideração
a defesa dos interesses do ensino superior. O ministro não entende isso
como uma crítica, até porque também entende que devemos levantar os
problemas quando eles existem. Da mesma forma que lhe coloco esses
problemas também sou capaz de lhe dar um elogio quando julgo que deve
ser feito. Há de facto algumas razões que me levam a estar apreensivo.
Mas ao criticar o ministério, não estou a criticar apenas este ministro.
É uma crítica transversal que tem vindo a ser feita ao longo dos anos.
O Ministério deveria adoptar medidas
de discriminação positiva para as instituições do Interior do País?
Não é admissível que o ministério da tutela, ao longo dos anos, não
tenha tido em consideração o desenvolvimento das instituições de ensino
superior no interior do País. Há uma discriminação negativa das
instituições do ensino superior no interior do País. Nós nunca temos o
financiamento que devíamos ter. Mas a questão é de tal ordem que o
próprio relatório da OCDE diz que o ministério deve discriminar
positivamente as instituições do ensino superior do interior através de
seu financiamento. Este relatório fala mesmo em sustentabilidade do
ensino superior. É necessário ter em consideração, não só a idade, como
a localização, como todo o esforço que foi feito na qualificação do
corpo docente para sermos capazes de levar estas instituições a bom
porto. Podemos orgulhar-nos daquilo que fizemos nos últimos anos.
Em 1975 entram nesta casa 143
alunos, nos cursos de Engenharia Têxtil e Administração e Contabilidade.
Actualmente são cerca de cinco mil distribuídos por 31 licenciaturas.
Espera que este crescimento se mantenha?
Neste momento temos 5192 alunos de licenciatura. Somos a única
universidade pública que tem vindo a crescer ao longo dos anos. Mas
também é verdade que tivemos áreas que perderam alunos, nomeadamente as
Ciências Exactas e um pouco nas Engenharias. Contudo, soubemos,
atempadamente, criar outras áreas que nos trouxeram alunos, como é o
caso da área das Artes e mais recentemente das Ciências da Saúde. A UBI
sempre soube traçar uma estratégia que lhe permitisse atrair alunos. Daí
sermos a única universidade pública que nunca decresceu em número de
alunos. No entanto, estou apreensivo com a captação de alunos.
Isso porque o número de candidatos
tem vindo a decrescer?
Existem universidades que perderam milhares de estudantes em poucos anos
e todos sabemos que este não é um assunto de fácil resolução. Estou
também, de alguma forma apreensivo, com a adequação do Processo de
Bolonha. Neste momento, todos os cursos da UBI estão adequados no âmbito
de Bolonha, mas houve alguma discriminação negativa, sobretudo nas
engenharias, quanto ao registo, quando o ministério considerou que
algumas universidades do litoral tinha direito a ter curso com os
chamados mestrados integrados e a nossa não, invocando razões de
investigação que nada têm a ver com a qualidade de ensino. De qualquer
forma isso pode penalizar-nos, uma vez que se pode criar no exterior a
ideia de que o mestrado integrado é melhor do que a formação em dois
ciclos de engenharia. Não se trata de modo algum, de diminuir o tempo de
formação. Se queremos ter um engenheiro na área da concepção e do
projecto ele tem de ter pelo menos cinco anos de formação. Julgo que
esta decisão foi um erro do ministério da tutela, que não teve
parâmetros iguais para todas as universidades e que nos pode prejudicar.
Mas estou esperançado que a qualidade do ensino que se ministra nesta
instituição continue a prevalecer e que esta imagem continue a passar.
De qualquer forma temos de pensar na área da Saúde, que neste momento se
assume como estruturante e que vai continuar a crescer. 
Eduardo Alves
UNIVERSIDADE DA BEIRA
INTERIOR
UBI está na moda

Desfiles de moda, apresentação de
colecções de designers de renome e mostra de trabalhos de antigos alunos
são alguns dos eventos que o Departamento de Ciência e Tecnologia
Têxteis da UBI organiza entre 7 e 19 de Julho, no Museu de Lanifícios da
Universidade.
O ponto alto das actividades está agendado para 14 de Julho, com a
apresentação de tendências de moda pelos finalistas da licenciatura em
Design Têxtil e Vestuário, ramo têxtil. O núcleo da Real Fábrica Veiga,
do Museu de Lanifícios acolherá um desfile de colecções de vestuário
realizadas por finalistas do curso, mas também por jovens designers que
foram antigos alunos da UBI. Para além destes vãos ser também
apresentados trabalhos pertencentes às colecções de designers que são
docentes e colaboradores da instituição como Elsa Lima, Sara Lamúrias e
Júlio Torcato.
Rita Salvado, docente do departamento, considera “a presença de antigos
alunos, como prova do que já aqui é feito”. A mostra de trabalhos destes
licenciados da UBI “é a prova viva das potencialidades do curso e da
instituição”. Para além disso, durante estas actividades “vai haver uma
estreita colaboração entre a universidade e as empresas da região”. Como
tal, “foram convidadas também empresas ligadas ao sector têxtil a virem
aqui apresentar as suas colecções”, afirma. 
Eduardo Alves
MEDICINA
UBI quer obstetras
brasileiros

A Universidade da Beira Interior (UBI),
na Covilhã, pretende receber obstetras e ginecologistas brasileiros,
“mas há muitos obstáculos pela frente”. A confirmação desta ideia foi
dada à Agência Lusa, Martinez de Oliveira, responsável pela iniciativa,
segundo o qual, a UBI e o Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB )
cooperam desde Setembro de 2006 com a universidade de Botucatu (S.
Paulo).
O reconhecimento das licenciaturas tiradas no Brasil por universidades
portuguesas é a principal dificuldade. “Há protocolos estabelecidos
entre os dois países, mas não funcionam e as comissões responsáveis
levam imenso tempo a decidir”, refere.
Martinez de Oliveira, director do Departamento de Saúde da Criança e da
Mulher do Centro Hospitalar da Cova da Beira, falava à margem das
Jornadas Luso-Brasileiras de Actualização em Ecografia, Obstetrícia e
Ginecologia, que reuniu perto de 200 especialistas portugueses e
brasileiros.
Por esta altura, Martinez de Oliveira esperava já acolher oito
especialistas brasileiros para prestarem serviço no centro hospitalar,
fazerem investigação e darem aulas na Faculdade de Ciências da Saúde. “A
cooperação inclui as três áreas. Em Portugal há uma grande carência de
obstetras e ginecologistas, mas no Brasil há muitos interessados no
nosso país. No entanto, em nove meses de cooperação, só conseguimos
trazer uma pessoa”, lamenta Martinez de Oliveira.
Os especialistas licenciados na União Europeia têm equivalências
automáticas. No caso do Brasil, “existe um acordo luso-brasileiro que
prevê uma situação especial de reconhecimento mútuo, mas que não
funciona”, explica.
“Parece que lá não reconhecem os nossos cursos e por isso cá também não
há disponibilidade para reconhecer os brasileiros”, lamenta, apelando a
todas as entidades dos dois países que promovam “um entendimento e
equilíbrio nesta situação”.
Luís Graça, presidente do colégio de ginecologia e obstetrícia da Ordem
dos Médicos, que também marcou presença no encontro da Covilhã,
aconselha ponderação. “Eu não daria grande abertura aos médicos com
especialidades tiradas na América do Sul porque a maioria das formações
têm três anos, enquanto nós temos seis”, prazo que Luís Graça defende
ser o adequado para “consolidar” conhecimentos. “Forçosamente serão
especialistas de segunda categoria”, refere.
O responsável da Ordem dos Médicos reconhece a falta de especialistas em
ginecologia e obstetrícia em Portugal, mas salienta que a situação tende
a ficar resolvida dentro de cinco a seis anos, “dado o aumento do número
de internatos da especialidade”.
UNIVERSIDADE TÉCNICA DE
LISBOA
Protocolo com Vilnius

A Universidade de Vilnius e o Instituto
Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de
Lisboa, assinaram no passado dia 31 de Maio, um protocolo de colaboração
com o objectivo de promover a mobilidade de alunos e professores entre
as duas instituições e apoiar a cooperação ao nível da investigação.
A cerimónia de assinatura do documento contou com a presença do
Presidente da República da Lituânia, Valdas Adamkus, o Ministro dos
Negócios Estrangeiros, Petras Vaitiekunas, o Vice-Ministro da Economia,
Vytautas Nauduzas, a Directora do Instituto de Relações Internacionais e
Ciências Políticas da Universidade de Vilnius, Margarita Seselgyté, e o
Reitor da UTL, Professor Fernando Ramôa Ribeiro.
Ainda na sequência da visita de Estado do Presidente da República da
Lituânia, realizou-se no Palácio da Ajuda um Jantar oferecido pelo
Presidente da Republica, Aníbal Cavaco Silva, em homenagem ao Presidente
da República da Lituânia.
Eduardo Alves
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