Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano IX    Nº101    Julho 2006

Universidade

CARLOS REIS, REITOR DA UNIVERSIDADE ABERTA

"Universidades não estão preparadas
para implementar Bolonha"

«Elevar a qualificação dos portugueses» é o objectivo primordial do Reitor da única instituição nacional que ministra ensino à distância. Carlos Reis argumenta ainda que o ensino superior está longe da maturidade e que Bolonha não é panaceia para os problemas do sistema, uma vez que as «rotinas académicas, os professores, os alunos e as instalações não mudam num piscar de olhos».

No discurso de posse manifestou o desejo de ter uma Universidade «duplamente aberta». O que é que quis dizer com isso?

Duplamente aberta do ponto de vista técnico e simbólico. Em primeiro lugar e tecnicamente esta universidade é aberta no sentido em que ministra um ensino à distância. Quem ligar a televisão ao sábado de manhã no segundo canal vê as lições da UA e não há forma mais aberta de estar na comunidade do que essa. Numa outra perspectiva, mais simbólica, ela é aberta à inovação, às mudanças sociais e às novas tendências.

Qual é o papel da UA no contexto educativo dada a sua especificidade e filosofia de actuação distinta em relação às restantes?

Fiel à sua missão, a UA é uma instituição pública – e convém sublinhar este aspecto – , que corresponde às expectativas de estudantes que não podem ou não puderam sê-lo de modo formal numa universidade presencial. De certa forma, esta é uma universidade de segunda oportunidade ou de reformatação de trajecto profissional.

Ser uma entidade pública é hoje, numa altura em que tanto se fala de privatizar universidades e certos serviços, uma vantagem?

A realidade diz que a experiência do ensino superior privado em Portugal não tem sido bem sucedida. Na Europa em geral, o ensino universitário particular nunca teve a pujança como por exemplo nos EUA, por razões de ordem cultural, religiosa e até filosófica. O ensino regulado e apoiado pelo Estado sempre teve uma melhor aceitação no «velho continente» e, claro está, em Portugal. Não vejo que fosse possível inverter essa tendência de décadas. Admito que se privatizem alguns serviços educativos nalguns nichos de funcionamento das instituições públicas, mas é preciso acautelar uma certa voragem para privatizar, podendo correr-se o risco de se sobrepor uma lógica comercial que se adequa mal às exigências das faculdades. O mercado «diz» que os diplomas das universidades privadas são geralmente desqualificados, mas é óbvio que não incluo neste lote, por exemplo, a Universidade Católica que tem uma qualidade reconhecida.

Qual é o perfil do estudante da UA?

Neste momento, temos aproximadamente 7 mil alunos, situados numa faixa etária predominantemente acima dos 30 anos. A UA é uma universidade de público adulto e maduro, inserido na vida, com uma disponibilidade psicológica para aprender mais tarde. O nosso objectivo é elevar a qualificação dos portugueses e dotar de mais saber aqueles que fazem da sua valorização pessoal uma meta constante. 

É um exagero de linguagem chamar à UA «universidade virtual»?

Usa-se cada vez mais essa designação. Aliás, esse foi um tema discutido no recente encontro da Associação de Universidades da Língua Portuguesa em Macau, onde foi abordado a universidade virtual da Língua Portuguesa. Uma universidade virtual remete para instituições sem um porte fisico muito visível nem um corpo de pessoal denso e que trabalhem a partir de plataformas tecnológicas e processos do chamado «e-learning». 

A Língua de Camões esta a perder falantes à escala planetária?

Confesso a minha preocupação. A Língua Portuguesa tem um grande potencial no mundo mas depende de dois motores: o Brasil e a economia. Se nos afirmarmos nessas áreas o idioma nacional ganhará uma projecção correlativa. 

Porque é que a UA se define como uma instituição de «ensino transnacional, sem números clausus e de massas»?

É transnacional no sentido que cumprimos uma missão de cooperação relativamente forte – tanto assim é que temos uma pró-reitora só para a cooperação que se desenvolve, sobretudo, com os PALOP’s, mas ela é também transnacional porque um estudante no Luxemburgo ou na Venezuela, pode estudar pela UA, devido à inexistência de fronteiras fisicas. Não tem números clausus porque os requisitos de admissão estão subordinados à idade mínima de 21 anos e com os requisitos académicos, de ter feito o exame de acesso. Ou seja, são estudantes com características que não concorrem com os seus congéneres das universidades presenciais. Quanto ao ser uma instituição de «massas», isso acontece porque privilegia um ensino de qualidade, o mesmo é dizer que trabalha com um número alargado de pessoas. 

O financiamento estatal chega para as necessidades?

Os recursos financeiros nunca são aquilo que queremos. A lógica de financiamento de uma instituição como a nossa é distinta das outras, porque parte-se do princípio que o ensino à distância não envolve certos gastos que outras universidades têm que ter, como por exemplo, a Acção Social Escolar. No entanto, esquece-se, por vezes, os investimentos tecnológicos que são necessários e fundamentais ao nosso funcionamento. Creio que as entidades oficiais terão de repensar a lógica instalada. As universidades estão cada vez mais dependentes de receitas próprias o que introduz uma lógica de mercado, com a inevitável publicitação de serviços em jornais ou revistas com o intuito de captar alunos. Lamentavelmente, alguns anúncios que vemos encontram-se no limite da publicidade enganosa: veja a forma como se tem apregoado universidades já a funcionarem pelo processo de Bolonha, quando muitas vezes o que acontece é apenas uma operação de cosmética curricular. Bolonha é mais do que isso: é uma alteração radical do modo de funcionamento das instituições, do modo de aprendizagem, da relação com os estudantes, o que não se consegue do dia para a noite. O que eu critico é que as universidades estejam a publicitar Bolonha como uma espécie de panaceia para os problemas do ensino superior, quando de todo não o é. As rotinas académicas, os professores, os alunos e as instalações não mudam num piscar de olhos. 

Bolonha é um desafio ou uma oportunidade?

Julgo que nenhuma universidade portuguesa está preparada para Bolonha, mas tratando-se de algo que é irreversível, é um risco que temos de correr. Outros sectores da nossa vida colectiva assumiram esse risco e os resultados estão à vista: a agricultura, as pescas, os têxteis. Num mercado aberto temos de ser melhores que os outros para que aquilo que oferecemos seja escolhido. 

As suas palavras não são a de uma pessoa optimista...

Têm o lado positivo de forçar a mudança de mentalidades, mas há coisas que não se transformam como que por um passe de mágica, tanto do lado dos professores como do lado dos estudantes. Quando lemos pessoas bem informadas a denunciarem a existência de uma espécie de «agenda oculta» em torno do processo de Bolonha, tal pode significar que no médio prazo muitas universidades vão desaparecer e que a lógica prevalecente será a transnacional. Isto quer dizer que um estudante que queira aprender matemática ou filosofia e encontre melhores condições de estudo em Sevilha, Poitiers, Edimburgo ou Heidelberg, provavelmente irá para lá. Os programas universitários de intercâmbio, como o Sócrates e o Erasmus, mais não foram do que um balão de ensaio para esta permeabilidade que cada vez mais vigora no espaço europeu de ensino superior.

O ministro do Ensino Superior anunciou a reforma do modelo jurídico para o sector. Pensa que as instituições universitárias carecem de mais autonomia?

A minha opinião é que as universidades têm usado mal a autonomia e não se têm sabido comportar como entidades «adultas». A multiplicação absurda de cursos, licenciaturas, cadeiras, evidencia que o sistema não se soube regular. Do mesmo modo é incompreensível assistir à criação de universidades e politécnicos, a poucos quilómetros de distância e com a mesma oferta educativa. 

A lista de problemas do ensino superior é demasiado longa para esperar uma resolução célere?

Não creio que os problemas sejam muito difíceis de resolver, mas há aspectos que revelam que o ensino superior continua longe da maturidade. Por exemplo: a duração dos semestres lectivos é demasiado curta e os estudantes das universidades portuguesas dão mostras de serem muito pouco profissionais – estudam para passar e não para saber. Provavelmente é a cultura instalada que os motiva a isso...

Nuno Dias da Silva
(texto e foto)

 

 

UNIVERSIDADE DE COIMBRA

Escolas associadas

Desenvolver a qualidade de formação dos professores e dos próprios alunos das escolas é o principal objectivo do protocolo “Formação Pedagógica Inicial”, assinado, em Junho pela Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra e diversas escolas da Região Centro.

Entre as cláusulas do protocolo, reforça-se a necessidade da supervisão dos estudantes-estagiários, que será levada a cabo por parte dos docentes orientadores das escolas, juntamente com os docentes orientadores do ensino superior. Fica igualmente assente que as escolas irão receber um número máximo de três alunos-estagiários e que, de acordo com a disponibilidade do docente orientador da escola, será atribuída a leccionação de uma turma por estagiário.

A cerimónia pública de assinatura deste acordo, que decorreu na passada segunda-feira, no Auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra, foi conduzida por Ana Teixeira, Presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Ciência do Desporto e Educação Física, Carlos Jorge Gomes, Director Regional Adjunto da Direcção Regional de Educação do Centro e Fernando Maia, Coordenador dos Estágios da Faculdade.

 

 

 

UNIVERSIDADE DE ÉVORA

UE cria unidade de apoio

A Universidade de Évora já tem uma unidade específica para apoio ao acesso e admissão naquela instituição. A nova unidade, através do Núcleo de Apoio ao Estudante, tem como principal objectivo dar resposta às solicitações dos pais e dos alunos que desejam recolher informações essencialmente sobre formas de admissão, matrícula e funcionamento interno da universidade. 

Segundo Cristina Centeno, Coordenadora do Núcleo de Apoio ao Estudante da Universidade de Évora, a transição do ensino secundário para o ensino superior é considerada por muitos especialistas como uma fase complexa. “Aparentemente uma simples prossecução de estudos, pode revelar afinal o fosso existente entre estes dois mundos com características que são bem diversas e cuja transposição nem sempre é fácil. A missão pode até revelar-se praticamente impossível, gerando desânimo, desmotivação, vontade de desistir, estados de espírito nada condizentes com o novo ciclo que se perfila no horizonte dos estudantes”, disse. A responsável do Núcleo considera, ainda, que as reformas actualmente em curso nas universidades sobre o Processo de Bolonha “tornam difícil a disponibilização, neste momento, de informação concreta sobre todos os cursos para o ano lectivo de 2006/2007, motivo que causa alguma apreensão junto dos alunos, não só daqueles que estão neste momento a equacionar a sua vinda para a universidade como de todos aqueles que já se encontram matriculados no ensino superior”.

Assim, e de acordo com as suas palavras, a unidade de apoio primeiramente funcionará como uma resposta às dúvidas de pais e alunos, e depois terá como funções o acompanhamento aos alunos durante os primeiros tempos na Universidade de Évora. “Este apoio, assenta no pressuposto de que o acompanhamento regular dos estudantes permitirá uma identificação precoce de situações que poderão contribuir para o aumento do insucesso e abandono académico, criando-se soluções e estratégias para os combater. Paralelamente e num quadro de exigência requerido pelo Processo de Bolonha, esta unidade vai estar dotada de informação relativa ao mesmo, de forma a poder esclarecer os alunos em relação às diversas dinâmicas deste processo”, sublinhou Cristina Centeno
.

Noémi Marujo

 

 

 

UNIVERSIDADE DO ALGARVE

Novas licenciaturas em Portimão

A Universidade do Algarve vai abrir no ano lectivo de 2006-2007 no Campus de Portimão duas novas Licenciaturas, uma em Informação e Animação Turística e outra em Assessoria de Administração. Ambas as Licenciaturas se encontram organizadas de acordo com o novo formato de Bolonha, tendo a primeira uma duração de 3 anos em regime diurno e a segunda uma duração de 4 anos em regime pós-laboral.

A Licenciatura em Informação e Animação Turística surge da detecção de novas oportunidades de mercado nos domínios do Turismo e do Lazer. Quanto ao principal propósito da oferta da Licenciatura em Assessoria de Administração no Campus de Portimão tal prende-se com o alargamento ao barlavento algarvio do êxito que esta Licenciatura vem tendo desde há vários anos em Faro, apresentando uma surpreendente taxa de empregabilidade, seis meses após conclusão da Licenciatura, de 98,1%.

 

 

 

CAMPUS LITERÁRIO

Rita Travassos vence prémio

Rita Cunha Travassos, aluna da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da UALG, foi a grande vencedora do Campus Literário. A aluna foi contemplada com três prémios, o primeiro da categoria Poesia e os primeiro e segundo lugares da categoria Conto. 

Organizada pela Associação Académica da Universidade do Algarve, a iniciativa teve a sua sessão final a 28 de Junho, na Biblioteca Central da Universidade do Algarve, no Campus de Gambelas, onde decorreu a cerimónia de entrega de prémios do 1º Concurso “Campus Literário”. 

Os prémios foram atribuídos por um júri de três elementos designados pela Associação de Jornalistas e Escritores do Algarve (AJEA): Tito Olívio Henriques, Regina Jerónimo e Brazão Gonçalves. O presidente do júri foi José Carlos Vilhena Mesquita, docente da Faculdade de Economia da UALG e presidente da Associação de Jornalistas e Escritores do Algarve;
De referir que o concurso “Campus Literário” iniciou-se em Março deste ano, e os trabalhos foram entregues até ao dia 22 de Maio de 2006.

 

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