Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano IX    Nº102    Agosto 2006

Universidade

ESTUDO NA UNIVERSIDADE DE ÉVORA

A importância dos avós para os netos

Um investigador da Universidade de Évora defende que a relação entre avós e netos ainda tem um peso muito importante na sociedade actual, como suporte dos pais, mas que estes não devem “demitir-se” das suas atribuições educativas ou afectivas.

Em declarações à agência Lusa, José Ilhéu, assistente convidado do Departamento de Sociologia da Universidade de Évora, sublinhou que os avós não devem ser encarados como “empregados domésticos” dos seus filhos, tendo a sua autonomia de ser respeitada na hora de tomar conta dos netos.

“Quem tem que tratar dos filhos, são os pais. É claro que todos os avós ficam agradados por poderem tomar conta dos netos, mas não podem ser encarados como tendo que estar sempre disponíveis”, sustentou.

Para o investigador, especializado na temática da terceira idade e que confessa não existirem “muitos estudos que abordem a relação entre avós e netos” , o respeito mútuo entre as gerações mais velhas e as mais novas “deve sempre imperar”.

“Os idosos que são avós podem, perfeitamente, ter uma vida activa e os filhos têm que compreender isso. Podem ter programado ir passear ou ir ao cinema e, nesses casos, os netos não lhes devem ser impostos, pois, os pais é que os têm que educar”, acrescentou.

Apesar desta premissa, José Ilhéu realça que, tanto os avós, como os netos, beneficiam de uma “troca mútua de afectos” permanente e regular: “O que as crianças têm para dar ao idoso é o carinho, um sorriso, não um ordenado. E os idosos transmitem esses mesmos afectos”.

Nos três distritos alentejanos (Beja, Évora e Portalegre), segundo dados recolhidos por este docente no início dos anos 90, de 279 idosos entrevistados que residiam no seu próprio domicílio, quase metade tomava conta dos netos.

“O que mais faziam em conjunto era passear e levar os netos à escola, e enquanto muito poucos iam ao cinema, o que também não surpreende porque essa geração mais velha não tinha esse hábito e as salas de cinema, nessa altura, não existiam em todo o lado”, afirmou.

Mais recentemente, num trabalho desenvolvido na Escola Superior de Enfermagem de Évora, centrado naquele concelho específico, verificou-se que, em caso de doença, um terço das crianças costumava ficar entregue aos avós.

“Toda esta temática não está muito estudada, mas quando se fazem investigações parcelares, constata-se sempre esse importante papel que os avós desempenham a dois níveis, um deles de utilidade social e o outro, muito esquecido, em termos económicos”, argumentou.

Segundo José Ilhéu, quando os netos ficam com os avós, além dos “pais ficarem mais descansados no trabalho, da relação solidificar a própria família e contribuir para a construção da personalidade da criança”, há também um valor económico que tem que ser quantificado nesse voluntariado.

“Este dado é, muitas vezes, ignorado, mas quanto é que vale, economicamente, o facto de uma mãe ou de um pai não terem que faltar no emprego para ficar com um filho doente, não terem que se deslocar para transportar a criança à escola? Há aqui um rendimento económico que não é gasto e que deve ser valorizado”, defendeu.

A possibilidade da criança poder contactar com gerações mais velhas é outro dos aspectos realçados pelo sociólogo, referindo que os mais novos “constróem a imagem do idoso à medida da imagem que têm dos avós”.

“É extremamente importante que a criança tenha uma representação adequada do idoso, beneficiando, por isso, do contacto com os avós para não adquirir estereótipos”, precisou.

Os “ganhos” da relação entre os avós e os netos “são para ambos os lado s”, mas José Ilhéu alerta que, no futuro, com o aumento da idade da reforma, a sociedade deve acautelar o alargamento das redes formais de suporte aos pais, ou seja, a criação de berçários, creches e jardins-de-infância.

“Até agora, os avós reformavam-se mais cedo e ainda tinham tempo para cuidar dos netos, mas com o progressivo aumento da idade de reforma, o que pode acontecer é que os avós já não tenham tanta disponibilidade, pelo que deve haver maior cobertura no país das redes sociais formais”, alertou.

Ao mesmo tempo, a nível demográfico, a esperança média de vida aumenta e as crianças nascem cada vez mais tarde, pelo que José Ilhéu defende a abertura de mais berçários, creches e jardins-de-infância: “Seria uma boa política para impulsionar a taxa de natalidade”.

 

 

 

JOVENS VESTEM A BATA DE CIENTISTAS

Ciência é no Algarve

Os laboratórios do Centro de Ciências do Mar (CCMAR), na Universidade do Algarve, estão a receber, ao longo de catorze dias, alunos do ensino secundário, participantes do Programa de Ocupação Científica de Jovens, do Centro de Ciência Viva. 

Os estudantes vão contactar com outra realidade que lhes permitirá conhecer melhor a biologia marinha e a investigação produzidas neste Centro. No total, o CCMAR disponibiliza este ano cinco estágios, que ajudarão os alunos a perceber o que comem as larvas de sardinhas, como se faz o cultivo de peixes marinhos, de que forma se reproduzem as algas, como se identifica o ADN ou como se pode clonar um gene, ou seja, tudo o que faz um verdadeiro cientista!

O mundo da ciência é explicado aos mais novos, numa iniciativa que o presidente do CCMAR diz ser bastante enriquecedora. Adelino Canário refere que este é o segundo ano em que o Centro adere à iniciativa e garante que a satisfação dos participantes é generalizada, até porque “esta é uma oportunidade de verificar in loco como se faz ciência no dia-a-dia, o que será de extrema utilidade para quem idealiza prosseguir uma carreira científica”.

VERÃO. A Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade do Algarve (UALG) vai realizar, de 4 a 8 de Setembro, uma Escola de Verão para os alunos do ensino secundário, que irão iniciar no próximo ano lectivo o 11º ou 12º anos.

“E Viva a Luz” é o tema unificador deste projecto que englobará mini-cursos de Física, Química e Matemática. Estando planeadas actividades práticas nos laboratórios da Faculdade, para além de sessões teóricas subordinadas aos temas: O que vemos quando iluminamos, Dos fotões aos lasers, A luz através de um cone.

Pretende-se, com esta iniciativa, estimular o interesse dos jovens pelas ciências exactas e desafiar a sua curiosidade, levando-os à descoberta do mundo electromagnético, com o apoio e a colaboração de especialistas.

A Escola de Verão contará com a participação de 19 jovens, provenientes de diversas regiões e escolas secundárias a Sul do Tejo. A estes participantes será proposto um programa que incluirá alguns momentos de confraternização e oportunidades para conhecerem um pouco da realidade envolvente.

Durante três manhãs e três tardes, com um dia livre no meio para um passeio turístico, os alunos terão a possibilidade de aprender e de contactar com docentes e investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia, numa perspectiva adequada a alunos do ensino secundário que desejam aprofundar o seu conhecimento na área das ciências.

 

 

 

NOVOS CURSOS

UBI com 1200 vagas

A Universidade da Beira Interior apresenta a concurso, este ano, mais de mil e 200 vagas. O curso de medicina tem 100 vagas disponíveis e o de Ciências Biomédicas 50.

Os cursos de Engenharia Civil (70 vagas), Arquitectura, Ciências do Desporto e Gestão (ambas com 60) são as ofertas formativas com mais espaço disponível aos candidatos ao ensino superior.

De entre as novas licenciaturas que este ano a UBI oferece destaca-se a Matemática. As 15 vagas atribuídas ao curso deixam os responsáveis pelo Departamento “bastante esperançados” no concurso nacional. Luísa Maria Jota Pereira Amaral, presidente do Departamento de Matemática da UBI, explica que nos últimos anos “têm sido inúmeras as novas áreas de aplicação directa dos conhecimentos de Matemática”. A responsável exemplifica com actividades industriais e serviços diversos para reforçar “o importante papel importante que esta ciência desempenha no desenvolvimento técnico e tecnológico”.

E foi a pensar nestas novas necessidades que os responsáveis elaboraram um plano de estudos inovador “que permitirá uma formação orientada para carreiras na indústria e serviços”. Facilitar a inserção dos jovens licenciados no mercado de trabalho e aprofundar a formação em Matemática são também objectivos deste novo curso. Esta licenciatura está já adequada aos novos padrões de Bolonha e conta com um primeiro ciclo de três anos para a licenciatura e um de dois para o grau de mestre. 

A presidente do Departamento adianta já algumas das possíveis áreas profissionais para os futuros licenciados, gabinetes de planeamento, empresas de consultoria, seguradoras, bancos, empresas de sondagens e estudos de mercado e empresas das áreas de energia ou comunicação, são apenas exemplos. Para além da licenciatura, o Departamento de Matemática assegura ainda a formação com vista ao doutoramento em Matemática, encontrando-se em elaboração propostas de terceiros ciclos em Matemática, em Aplicações da Matemática e em Didáctica da Matemática. E cursos de mestrado em Ciências da Computação (adequado a Bolonha), em Ensino da Matemática, em Matemática, em Estatística para as Ciências da Saúde, da Vida e do Ambiente, um curso Pré-Universitário, curso de Matemática 12+, onde se pretende essencialmente consolidar os conhecimentos de Matemática, como preparação para a prova específica de ingresso na Universidade.

 

 

 

PARA FACILITAR ACESSO

Museu abre portas

A entrada para o Museu dos Lanifícios da Universidade da Beira Interior foi melhorada, e permite a entrada, de forma fácil, para pessoas com deficiência. No dia da inauguração, a alegria era contagiante, tal como o burburinho que se fazia sentir na entrada do Museu de Lanifícios. Esta estrutura, que recebeu já milhares de visitantes, foi agora percorrida por pessoas muito especiais. Mais de uma centena de jovens do Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian estiveram na Covilhã para descobrir as magias e as histórias guardadas no Núcleo da Real Fábrica de Panos. A deslocação destes jovens, desde a capital, até à cidade serrana tem um propósito muito específico, o de inaugurar as novas acessibilidades para deficientes ao núcleo museológico.

O Museu esteve encerrado ao público durante dois dias para a instalação de várias rampas de acesso. Uma intervenção que permite agora a visita de pessoas em cadeiras de rodas ou com dificuldades de locomoção ao núcleo museológico. As várias rampas de acesso, instaladas, sobretudo, na entrada principal desta estrutura foram pensadas para dar acesso aos deficientes, de forma a não chocar com o ambiente natural de toda a Fábrica Real de Panos.

O grupo, composto por mais de cem alunos do centro de reabilitação, contou com 32 pessoas que se deslocavam em cadeiras de rodas. Estas novas rampas permitem que todas as pessoas percorram este núcleo museológico de forma mais cómoda, do que até aqui. Outro dos aspectos que foi também melhorado diz respeito a toda a entrada no museu. A zona reservada às primeiras apresentações da estrutura museológica e à história dos lanifícios sofreu agora também alguns melhoramentos e apresenta uma nova disposição na área museológica.

Eduardo Alves

 

 

 

COVILHÃ

Loja Ponto Já abre no mercado

A data de inauguração da loja Ponto Já na Covilhã está agendado para o dia 20 de Outubro. Depois de vários episódios com avanços e recuos por parte dos responsáveis a estrutura orientada pelo IPJ vai abrir portas na cidade serrana.

A loja vai fica instalada junto ao Mercado Municipal da Covilhã e vai permitir que a acção do IPJ “se estenda até aqui”, adianta Miguel Nascimento, delegado distrital do IPJ. O também vereador socialista na Câmara da Covilhã refere que todo o processo de instalação das lojas teve de ser repensado.

Segundo Nascimento, a prioridade de instalação destas estruturas foi dada “às capitais de distrito”. Só este ano se vai avançar para a instalação de mais duas lojas nas duas maiores cidades dos respectivos distritos. Covilhã e Fundão vão assim receber as duas novas lojas Ponto Já.

 

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