Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano VIII    Nº92    Outubro 2005

Dossier

ANA MARIA VAZ, PRESIDENTE DO IPCB

Politécnico é referência nacional

Cinco meses depois de ter tomado posse como presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco, Ana Maria Vaz faz um balanço positivo do trabalho desenvolvido. Numa altura em que o IPCB assinala as bodas de prata, aquela responsável mostra-se satisfeita por a instituição que dirige ter sido uma das mais procuradas a nível nacional pelos candidatos ao ensino superior. De caminho, aponta as soluções para que o interior do país consiga captar público no litoral e mostra-se insatisfeita com o ministério da Ciência e do Ensino Superior, o qual até ao fecho desta edição, ainda não havia adjudicado mais uma fase da obra do Campus da Talagueira, apesar do concurso já ter sido feito. Uma situação que não aceita de maneira nenhuma.

O Instituto Politécnico de Castelo Branco foi o quarto mais procurado, em todo o país, pelos candidatos ao ensino superior na primeira fase de candidaturas. Era este o resultado esperado?

Em termos de colocação ficámos satisfeitos, já que poderemos considerar que ficámos em terceiro lugar, uma vez que o Politécnico do Cávado e Ave tem poucos alunos e não pode ser alvo de comparação. No entanto, ao nível da instituição gostaríamos de ver mais candidatos colocados, sobretudo nas escolas superiores de Educação, Tecnologia e Agrária. Espero que a segunda fase possa aproximar-se das nossas expectativas. Convém referir que pela primeira vez foi imposta a nota mínima de 9,5, o que não afectou o nosso Politécnico, e que cada vez são menos os candidatos ao ensino superior no nosso país. E este último é o grande problema, pois as instituições do interior do país são as mais lesadas.

Como é que se pode contrariar essa tendência?

Através de uma maior envolvência do tecido empresarial da nossa região e das próprias autarquias - não só Castelo Branco, mas também o Fundão e Idanha-a-Nova. Os estudantes se souberem que vêm estudar para o nosso politécnico e que depois têm garantido mercado trabalho, então será essa a sua escolha. E esta é uma vantagem que os politécnicos têm em relação às universidades, pois o ensino tem uma maior componente prática. Mas os estudantes procuram também instituições de referência, como a nossa. O Politécnico de Castelo Branco tem um corpo docente de excelência, com doutorados e mestres em várias áreas, e tem apoiado os jovens na inserção no mercado de trabalho.

É preciso também procurar novos públicos?

É e isso já está a ser feito, pois é esse novo público que vem ao Politécnico fazer pós-graduações e mestrados que vão ser a referência do IPCB. Uma das novidades que apresentaremos este ano lectivo, é o chamado ano preparatório, o qual se destina aos alunos que terminaram o 12º que poderão frequentar disciplinas de apoio, de forma a que no próximo ano possam fazer as provas com vista à sua entrada no ensino superior. As próprias disciplinas singulares, as quais permitem que qualquer pessoa se inscreva, vão continuar a ser uma aposta forte do instituto. 

As novas tecnologias também podem ser um instrumento para a captação de novos públicos...

A esse nível estamos a dar grandes passos nesse sentido. O e-learning já está a ser implementado nos Campus Virtuais, o qual permitirá que os estudantes tenham acesso às matérias das disciplinas dos seus cursos ou que possam tirar dúvidas. Esta é uma forma de captar mais estudantes para o Politécnico, por exemplo ao nível dos trabalhadores estudantes, pois há a possibilidade deles receberem a matéria em suas casas. Essa plataforma pode ser utilizada a vários níveis, desde pós-graduações, cuja parte presencial nas aulas seja feita aos fins-de-semana - o que permite apoiar as pessoas que não prosseguiram os estudos e que estão no mercado de trabalho, a outros cursos.

Qual a data prevista para a entrada em funcionamento dos campus virtuais?

No final deste ano civil. Temos praticamente tudo certificado, pelo que estamos na fase final da implementação do projecto.

Quando tomou posse falou no reforço da ligação entre o Instituto, a comunidade e o meio empresarial. Isso está a ser conseguido?

O Ceder está a desenvolver vários projectos nesse sentido, o que é fundamental para a nossa instituição. Neste momento estamos a trabalhar com as entidades que são mais empregadoras e vamos avançar com Gabinete de Empreendedorismo, o qual apoiará os estudantes que concluam os seus cursos e que tenham um projecto seu para criar uma empresa. Além disso, empenhamo-nos para que os nossos quadros superiores sejam inseridos nas empresas.

Uma das novidades do Politécnico foi a abertura de um curso na cidade do Fundão. É intenção do Instituto abrir nessa cidade mais oferta formativa?

Temos um estudo efectuado, mas ainda é prematuro avançar com pormenores. De qualquer modo é nossa intenção apresentar novas licenciaturas na área do turismo e da gestão hoteleira ao Ministério da tutela, já para o próximo ano, e de acordo com a Declaração de Bolonha.

O processo de Bolonha está também a ser implementada nos outros cursos?

Está. A ideia é transformar os cursos em unidades de crédito, de forma a permitir a mobilidade dos alunos. Neste momento estamos a aguardar qual a decisão do ministério sobre a duração desses curtos. De qualquer forma o Politécnico já está a trabalhar com os alunos, para ver que tempo os estudantes necessitam de trabalhar para cada disciplina, de forma a que as unidades de crédito sejam o mais fiéis possível.

Outra das medidas anunciadas foi a criação de um Gabinete de Formação Avançada. Já foram dados passos nesse sentido?

Estamos a trabalhar nessa área, a qual consideramos prioridade, já que vão abrir novos mestrados e uma vez que cada instituição de ensino superior não têm condições de dar mestrados em todas as áreas. Nesse sentido nós queremos começar a trabalhar com esse gabinete o qual terá um papel importante. A ideia passa por criarmos, por exemplo, uma rede de mestrados e pós-graduações nos distritos de Castelo Branco, Guarda e Portalegre, de forma a que não haja repetições de cursos.

Ainda em relação aos mestrados, de acordo com Bolonha o segundo ciclo corresponde a essa pós-graduação. Essa formação será financiada?

A indicação que temos é que os mestrados vão ser financiados em 80 por cento, o que de resto acontece já com as universidades. Esperamos que isso se concretize.

 

 

 

CAMPUS EM RISCO

Ministério trava obra

A presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco, Ana Maria Vaz, não aceita a demora do governo em adjudicar mais uma fase da construção do campus da Talagueira. Já com as infra-estruturas construídas, o IPCB aguarda a adjudicação da segunda fase da obra por parte do ministro Mariano Gago, o que coloca em risco dinheiros de fundos comunitários já garantidos, mas que não são desbloqueados para a obra se a adjudicação não for feita.

Ana Maria Vaz lembra mesmo que parte das verbas para a construção desta fase do campus “estiveram em risco de não ser inseridas no Piddac deste ano. A própria Escola Superior de Saúde continua em risco já que a obra ainda não foi adjudicada pelo ministro, já que o concurso está concluído desde Julho”. A presidente do Politécnico lembra que este atraso vai afectar a Escola Superior de Saúde. “As obras nunca estarão prontas a tempo do ano lectivo 2006/2007 e a escola de Saúde não tem hipóteses de funcionar nas actuais instalações, pelo que terá que ser outra escola do Instituto a ceder espaços”. 

A justificação por parte do Ministério é nula. “Sempre pensei que houvesse alguma receptividade do Ministério em esclarecer este assunto. Uma resposta todos nós merecemos”. Este atraso está também a deixar descontentes as forças locais, como a própria autarquia albicastrense, liderada por Joaquim Morão, a qual adquiriu os terrenos e os cedeu ao Politécnico para a construção do campus.

 

 

 

ESART EM BOM PLANO

Grande Fórum em Abril

A Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco foi uma das mais procuradas pelos candidatos ao ensino superior em Portugal, preenchendo todas as vagas disponíveis. Fernando Raposo, director da escola, revela que “as notas dos candidatos foram bastante altas”. Ainda assim, a nível nacional, o panorama dos cursos de arte não é tão bom como há alguns anos atrás. “No país ficaram muitas vagas por ocupar nesta área”.

A aposta da Esart passa, por agora, por consolidar a formação que está a ser ministrada. “Até porque os espaços que nós temos começam a colocar-nos algumas limitações, pois a oferta que proporcionamos aos nossos alunos já é significativa”, explica. Com 550 alunos, a Escola Superior de Artes Aplicadas poderá, no entanto avançar com uma ou outra opção na área da música, como a variante de canto. “O que importa é implementar o processo de Bolonha nos nossos cursos e consolidar a formação que temos”.

Quanto a pós-graduações, Fernando Raposo não fecha as portas aos mestrados e lembra que “a ideia que possamos oferecer mestrados nas áreas artísticas. Neste momento estamos a preparar o corpo docente, e depois esperaremos pelos critérios do Governo”.

Uma das grandes novidades para este ano lectivo é a realização de um Grande Fórum, que reúna o simpósio de modo e fóruns relacionados com todas as áreas formativas. “Vamos manter todas as actividades que anualmente realizamos, até porque fazem parte do plano curricular dos cursos. Mas a aposta para este ano passa por concentrar todas as iniciativas no Fórum Esart, em Abril”, explica Fernando Raposo.

O director da Escola de Artes Aplicadas sublinha o facto deste tipo de iniciativas “dar respostas a uma preocupação que temos e que passa por enquadrar os profissionais de vários sectores na escola, partilhando as suas experiências. Isso tem sido feito nesses grandes eventos, onde temos reunido alguns dos melhores especialistas”. O grande Fórum Esart deverá funcionar durante duas semanas, numa das quais não haverá actividades lectivas. 

Fernando Raposo adianta que todas as outras actividades culturais vão manter-se ao longo do ano, bem como o projecto Esart Ensemble (uma orquestra semi-profissional) e na Zip TV. No que respeita à televisão inter-activa aquele responsável revela que a ideia é alargar o projecto às escolas secundárias. Já no que toca à orquestra semi-profissional, Fernando Raposo revela que a estreia será na Coupe Mundial de Acordeão e que a apresentação será no dia 30, no Fundão. “A ideia é que as autarquias e as empresas apoiem este projecto”.

 

 

 

ESG

Escola entre as melhores da Gestão

A Escola Superior de Gestão do Instituto Politécnico de Castelo Branco (ESG), com cerca de 700 alunos, é referência nacional no ensino da área da contabilidade e da gestão, sendo também nas outras áreas de formação uma das que mais se tem destacado no panorama nacional. Com cinco licenciaturas (Contabilidade e Gestão Financeira, Recursos Humanos, Marketing, Solicitadoria e Direcção e Gestão Hoteleira), um mestrado em administração pública e pós graduações a funcionar, a ESG tem a particularidade de ser a única escola a funcionar fora da sede do Politécnico.

Situada em Idanha-a-Nova e com uma extensão na cidade do Fundão, a ESG foi uma das escolas do Politécnico mais procurada. António Pinto, o novo director da Superior de Gestão mostra-se satisfeito com esse facto e lembra que os primeiros meses de trabalho da sua equipa passaram por começar o ano lectivo da melhor maneira e por envolver mais os docentes nas actividades da ESG. “Nesse sentido deixámos de ter os chamados departamentos e passámos a funcionar por áreas científicas e por cursos. Portanto já foi feito um grande trabalho por parte dos docentes no sentido de reestruturar os currículos dos cursos, o que irá melhorar os programas das diferentes disciplinas”, refere.

Ao nível da entrada de novos candidatos, António Pinto sublinha que “a escola tem uma grande maturidade e o início das actividades lectivas começou bem. Houve a abertura do curso no Fundão, onde tivemos que centralizar as nossas atenções. No que respeita à entrada de novos alunos, tivemos um bom desempenho, pois, dentro do Instituto, apenas se mantiveram à nossa frente as superiores de Saúde e de Artes Aplicadas”. Ainda assim, António Pinto lembra que a falta de candidatos ao ensino superior é um problema geral. “O número de alunos que se candidata é cada vez menor, o litoral é cada vez mais atractivo e a oferta é maior. Por isso, temos que apostar na diferença em relação às outras instituições”. O director da ESG enumera algumas como o facto da escola “ser pequena, onde os alunos têm um tratamento familiar, especial e individual”. O director da ESG considera que outro dos caminhos é apostar em cursos “com uma grande vertente prática”.

No que respeita às saídas profissionais, António Pinto garante que o mercado de trabalho tem absorvido os diplomados pela escola. O director da Superior de Gestão considera que a ESG “está a entrar numa fase de maturidade, pelo que teremos que apostar na estabilidade da oferta formativa e do corpo docente”. Ainda assim, já no próximo ano poderá vir a abrir mais uma licenciatura numa das áreas de formação da escola. 

Outro dos pontos positivos da escola prende-se com o funcionamento do mestrado em administração pública e das pós graduações. “Vamos manter esta oferta e no próximo ano lectivo poderemos abrir mais uma especialização ou uma pós-graduação e prosseguir com uma segunda edição do mestrado”, assegura. A concluir, António Pinto lembra o excelente campus que a ESG possui. “Quer em equipamento, quer em instalações, temos excelentes condições, ímpares no país”.

 

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