JORGE SAMPAIO NOS 25 ANOS
DO IPL
Ensino superior está
desregulado

O Presidente da República, Jorge Sampaio, considera que o ensino superior em Portugal está “desregulado”, com uma rede “que não faz qualquer
sentido. O sistema [do ensino superior] está em dificuldade”, disse Jorge Sampaio, para quem é “importante” haver a noção de que Portugal “não tem uma taxa de licenciados muito elevada” quando comparada com os seus “competidores directos”. Jorge Sampaio falava na cerimónia dos 25 anos do Instituto Politécnico de Leiria, que
decoreu, no passado 14 de Novembro.
Para o Presidente da República, Portugal “precisa de mais licenciados para estimularem, eles próprios, mais emprego”. Sobretudo, sublinhou, “precisamos de comunidades académicas com tudo o que isso significa, não precisamos de vivendas que, da noite para o dia, se transformam em instituições de ensino superior”.
“Está a chegar a hora decisiva em que tudo isto tem que ser regulado”, disse o Chefe de Estado, defendendo que a aposta tem que assentar na “inovação e na flexibilidade”.
Sampaio falava minutos depois do presidente do Instituto Politécnico de Leiria, Luciano Almeida, ter caracterizado duramente a situação do ensino superior em Portugal.
RAZÕES. Para Luciano Almeida, “o sistema de ensino superior é um sistema completamente desregulado, com instituições e cursos a mais, com um sistema de acesso mau e pouco sério”.
Este sistema “perdeu a confiança dos cidadãos, em boa parte mercê de um discurso populista e pouco sério de alguns responsáveis pela tutela do Ensino Superior”, disse Luciano Almeida, criticando também a expansão da rede de instituições do ensino superior, que rondam as três centenas em todo o país.
“O actual Governo consagrou no seu programa uma moratória de legislatura durante a qual não será criada nenhuma nova instituição de ensino superior pública”, disse o também presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, acrescentando que o Governo “não autoriza a criação de novas escolas, mas autoriza a criação de pólos de escolas superiores já existentes”.
“É matéria em que, como podemos verificar, o Governo não é exemplo para ninguém, mantendo, pelos vistos, a função de desregulação que tão bem exerceu ao longo dos anos”, criticou.
Segundo Luciano Almeida, ao longo dos últimos anos “foram criados cursos que ninguém sabe para que servem, com denominações que não permitem identificar os conhecimentos e competências que visam conferir”.
Merecedoras de crítica foram ainda as “anunciadas avaliações abrangentes internacionais”, nomeadamente a avaliação global do sistema de ensino superior português a realizar pela OCDE.
“Um país que entrega a uma organização internacional a definição dos seus objectivos estratégicos para o ensino superior e o estudo da sua contribuição para a satisfação das suas necessidades sociais e económicas passa um atestado de menoridade a toda a comunidade científica nacional”, disse o presidente do Politécnico de Leiria.
Lusa
25 ANOS DO IPCB
Campus é prioridade
A construção do Campus da Talagueira, que engloba as novas instalações das escolas superiores de Saúde e de Artes Aplicadas, continua a ser uma prioridade para o Politécnico de Castelo Branco. No dia em que assinalou os 25 anos de vida, uma das instituições referência do ensino superior no Interior do País criticou o Governo por ainda não ter adjudicado a segunda fase daquele complexo. A presidente do IPCB, Ana Maria Vaz, frisou que o “contributo das escolas superiores de Saúde e de Artes Aplicadas para o desenvolvimento do Politécnico é inegável”.
Com cerca de cinco mil alunos, 360 docentes (a maioria mestres ou doutores), 280 funcionários, 39 licenciaturas (distribuídas por seis escolas, CEDER e Serviços Centrais) e um conjunto de pós graduações ímpares, o Instituto Politécnico de Castelo Branco é, aos 25 anos de existência, uma das instituições referência a nível nacional no que ao ensino superior diz respeito. Ana Maria Vaz sublinhou isso mesmo, mas mostrou-se preocupada com os avanços e recuos do Governo, no que respeita à construção do Campus da Talagueira. “Estamos profundamente preocupados com o futuro do Campus da Talagueira, que tem já em construção as infra-estruturas gerais para a construção da Escola Superior de Saúde e da Escola Superior de Artes Aplicadas. A Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias, necessita urgentemente de instalações condignas, o que não acontece, pois continua em dois edifícios alugados, um deles com instalações degradadas (onde chove no Inverno e ainda não há aquecimento porque a instalação eléctrica não o permite) e cujos encargos são de mais uma centena de milhar de euros anuais”.
A presidente do IPCB recordou que “a Escola Superior de Enfermagem viu concretizada a sua integração no Politécnico em 2001, com a sua conversão em Escola Superior de Saúde, o que não foi apenas uma questão de denominação, já que através dela se alargaram os horizontes de intervenção, permitindo-lhe a formação graduada em áreas das ciências da saúde o que até então lhe estava vedado. Funcionam hoje naquela Escola, além do curso de Enfermagem, os cursos de Fisioterapia, Análises Clínicas e de Saúde Pública, dos quais saíram este ano os primeiros licenciados e os cursos de Radiologia e
Cardiopneumologia, que se encontra no segundo ano de funcionamento”.
Por tudo isto, Ana Maria Vaz considera que “o futuro daquela escola e a sua expansão que é considerada estratégica para este Instituto, está condicionada à construção das novas instalações. Por isso não nos conformamos com os obstáculos que, quase diariamente, nos colocam ao avanço da adjudicação da obra das suas futuras instalações”.
Já no que respeita à Esart, a presidente do Politécnico lembra que “surgiu em 1999, pela necessidade da criação de uma escola de ensino superior artístico no interior do país, até à data única, continua, como se sabe, a funcionar em instalações gentilmente cedidas pela Câmara Municipal de Castelo Branco e ainda em instalações anteriormente ocupadas pela Escola Superior Agrária, ou seja, em instalações que consideram também precárias e provisórias”.
JOAQUIM MORÃO GARANTE
APOIO
Câmara ao lado do
IPCB
Joaquim Morão, presidente da Câmara de Castelo Branco, foi directo no que à questão da construção do campus da Talagueira diz respeito. No entender do autarca “vão ser encontradas soluções para a construção daquelas estruturas, como aconteceu no passado noutras ocasiões”. Ainda assim, o presidente da Câmara albicastrense, eleito pelo Partido Socialista, sublinhou que “em circunstância alguma serei subserviente ao Governo e ao partido a que pertenço, pois os interesses dos albicastrenses e do concelho estão em primeiro lugar”.
O autarca lembrou que no que respeita ao processo de construção do campus, para o qual a autarquia adquiriu e cedeu os terrenos ao Politécnico, tem que ter uma solução. “Não nos podemos acomodar ao facto dos projectos do Instituto não andarem para a frente. Isto tem que acabar e temos que bater o pé ao actual Governo, dizendo-lhe que basta”. Joaquim Morão acrescenta: “dado o cargo que ocupo irei dizer aos senhores governantes que não estamos dispostos a aceitar isto. É importante que o camplexo da Talagueira seja construído, pois as escolas superiores de Saúde e de Artes são determinantes para o Politécnico e as actuais instalações não permitem que o Instituto cumpra o seu projecto”.
Para Joaquim Morão, “a região vive das empresas e de instituições como o Politécnico. Mas para que cumpram o seu papel é importante que os seus responsáveis tenham as condições necessárias. No momento próprio iremos encontrar soluções”, referiu, enquanto garantiu ir discutir o assunto “com o ministro”.
INAUGURAÇÃO DE NOVA
RESIDÊNCIA
Valter Lemos dá nome
O anterior presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco mostrou-se satisfeito e ao mesmo tempo emocionado por o IPCB ter dado o seu nome a uma das residências de estudantes que possui na cidade. “Inicialmente não aceitei”, começou por referir, para depois esclarecer: “o facto de ter falado com os meus filhos, os quais apoiaram a ideia, e de se tratar de uma residência de estudantes, foram motivos suficientes para aceitar emprestar o meu nome”.
Valter Lemos, num discurso onde as emoções de quem esteve sempre ligado ao Politécnico, falaram mais alto, acrescentou: “toda a minha vida tenho feito coisas de que gosto, mas nunca deixei de me considerar como professor desta instituição e não faço intenções de se poderem ver livres de mim. Estou com a minha gente e as homenagens dos nossos são as mais sentidas”.
A residência de estudantes Valter Lemos situa-se no complexo de residências que o IPCB detém na cidade e foi
inaugurada em Outubro de 2003. Tem uma capacidade de 100 camas, é uma residência mista, e nela funciona, desde Fevereiro deste ano, o novo refeitório dos Serviços de Acção Social do IPCB, com 160 lugares.
Tendo em vista o aumento da capacidade de alojamento, o IPCB iniciou a construção da Residência de Estudantes III em Dezembro de 2001 tendo o custo total sido de 1.949.259 Euros, obra que foi co-financiada pelo FEDER -Fundo Europeu para o Desenvolvimento Regional – Programa PRODEP
III.
PRODUÇÃO ANIMAL
Agrária com mestrado
As candidaturas para o Mestrado em Produção Animal que vai decorrer na Escola Superior Agrária de Castelo Branco decorrem até ao próximo dia 9 de Dezembro, devendo o curso ter início a 20 de Janeiro, com um número máximo de 25 alunos. Este mestrado, tal como na primeira edição, é organizado em parceria com a Universidade dos Açores e vem abrir boas perspectivas de realização de trabalhos com aplicabilidade regional, como aconteceu na primeira edição.
De acordo com informação a que tivemos acesso, dos 18 alunos que estiveram na primeira edição deste curso, alguns trabalhos têm aplicabilidade directa nas produções agrícolas da região, nomeadamente no que diz respeito à produção de leite e queijo. De acordo com Moitinho Rodrigues, coordenador local do Curso, “há quatro trabalhos sobre a produção de leite numa zona onde é muito importante, dada a existência de duas multinacionais, como a Danone e a Yoplait, além de unidades mais pequenas que transformam leite de vaca em queijo. Depois há ainda um grande conjunto de unidades que transformam o leite de pequenos ruminantes”.
Entre as temáticas destes trabalhos estiveram ainda questões como a dos resíduos microbianos no leite, mas também as caseínas, as quais são muito importantes pois permitem aumentar o rendimento na transformação do leite em queijo ou iogurte. Outro trabalho abordou a contagem das células somáticas do leite de pequenos ruminantes, enquanto um quarto estuda os conjugados de ácido clinoleico no leite de vaca, o qual tem um efeito anti-cancerígeno nos humanos.
Olhando a estes e outros temas Moitinho Rodrigues afirma que o conjunto de trabalhos é “muito interessante”, além de ter “aplicabilidade regional”, com a vantagem de vários deles estarem a ser desenvolvidos por alunos que “têm actividade profissional na região”. Já outros são mais gerais mas abordam temas actuais, como a futura proibição do uso de antibióticos como medida preventiva de doenças.
“O antibiótico é um medicamente recente, de meados do século passado, que está a ser utilizado indevidamente como preventivo. Como medicamente poderoso que é, deve ser usado para combater a doença e não para a prevenir”, adianta Moitinho Rodrigues, alertando para o facto de existirem alternativas que podem ser usadas como preventivos, evitando que possam chegar resíduos de antibióticos aos consumidores.
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