Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano VIII    Nº87    Maio 2005

Dossier

KATTY XIOMARA EM ENTREVISTA

"Não é fácil vingar na moda"

A estilista Katty Xiomara elogia o facto de existir no Interior do País uma escola de artes com um curso de moda diferente do habitual e espera que os formados em Castelo Branco possam vingar no mundo da moda.

É que, apesar de faltarem apoios e possibilidades de estágio em Portugal, muitos dos alunos querem passar pelo estrangeiro após o curso. Um estrangeiro onde a moda portuguesa se vai afirmando, apesar de faltar alguma coordenação ao trabalho desenvolvido.

De caminho, a estilista refere os traços gerais da colecção Outono/Inverno 2005-2006 que se prepara para apresentar em Castelo Branco, cidade onde participa num desfile pela primeira vez, o que faz com uma grande expectativa, pois sabe que o público já conhece algo do seu trabalho.

Como é que define os traços gerais do que vai apresentar no desfile?

Vou apresentar a colecção de Outono/Inverno 2005-2006, a qual tem como base uma história em torno do luxo. Funciona um pouco como uma ironia e uma brincadeira sobre as posições, as classes sociais, as necessidades de mostrar, de exibir produtos de luxo para nos distinguirmos. 

Por isso muitos dos motivos brincam com frases do género condessa de lata, falsos reis. Há também algumas jóias estampadas e outras reais, aplicadas nas peças. Existe uma mistura do real e irreal que é visível nos materiais, pois há mistura de materiais mais nobres com materiais menos nobres, por exemplo, veludos com algodões, sedas com lãs.

Em termos de cores, como é que define a colecção?

Há uma grande miscelânea de padrões. Em termos de cores, uma das principais é o preto, por ser símbolo de elegância, mas existe também o dourado, obviamente pela relação com o ouro, e ainda algumas cores de pedras preciosas como o azul turquesa, os verdes entre o turquesas e esmeraldas, as rosas, os brancos em tons de pérolas. Anda tudo à volta destas cores.

Esta é a primeira vez que participa num desfile no Interior, ou já participou noutros?

Em Castelo Branco é a primeira vez.

E quais são as expectativas em relação a um desfile nesta zona do País?

Olhando ao feed-back que tenho tido e às estagiárias dessa zona que já tive, tenho boas expectativas, pois noto que, apesar de ser uma zona do Interior, há bastante informação que chega lá e as pessoas estão sempre muito interessadas. Acho que vai ser óptimo e não um tiro no escuro, uma vez que as pessoas já conhecem minimamente o trabalho, o que vai ser interessante.

A Escola Superior de Artes Aplicadas é a única do género no Interior do País. O que lhe parece a existência de uma escola deste género nesta área de Portugal?

Acho óptimo, porque é sempre tão complicado as pessoas chegarem aos centros, onde os cursos já existem, casos de Lisboa e do Porto. O facto de existir um curso de moda noutra zona do país permite que outras pessoas tenham acesso a estudar nestas áreas sem terem de se deslocar para os grandes centros.

Hoje há muitos jovens portugueses ligados à moda?

Sem dúvida. Já se nota há algum tempo que existem pessoas novas, ideias novas. Não é fácil vingar, mas pelo menos já existe uma maior abertura que os jovens podem aproveitar.

E esses jovens podem contar com algum espírito de entre-ajuda por parte de quem já está no mundo da moda?

Existe dentro da medida do possível, porque não temos todos os recursos necessários. Também vivemos dificuldades e, por vezes, por mais que queiramos, torna-se difícil dar o apoio necessário. Mas dá-se o possível, o que já é importante.

Disse que já teve estagiárias do Instituto Politécnico de Castelo Branco. Com que visão ficou do trabalho desenvolvido pela Esart a partir dessa experiência?

O curso é completamente diferente daquele que eu fiz e daqueles que conheço. De qualquer modo, não estou em condições de fazer uma avaliação completa do curso, até porque o estágio não é feito no final, mas algures no meio. De qualquer modo, penso que essa diferença, essa visão diferente do mundo da moda deve existir e é importante.

Em termos de internacionalização da moda portuguesa, em que ponto considera que ela estará?

A moda portuguesa tem sido insistente em termos de internacionalização, pelo menos ultimamente, com uma periodicidade maior, ou seja, não desaparece com uma colecção e volta depois. Fazemos esforços para que ela continue a ser apresentada lá fora, o que acontece. Provavelmente, essa internacionalização não estará a ser feita da forma mais certa, pois umas vezes vão uns nomes, outras vezes vão outros. Ora, o público não está propriamente interessado em saber se é moda portuguesa, mas identificam o produto pela marca e daí é que sabem a proveniência dela. Isso é muito bom porque permite ultrapassar preconceitos e abre a possibilidade de depois dizermos que as marcas portuguesas também podem vingar.

Como é que deve então ser feita essa internacionalização da moda portuguesa?

Tem de ser feita de uma forma mais organizada e, provavelmente, com mais apoios.

Muitos alunos da Esart, quando questionados em relação às suas perspectivas de futuro, referem que querem ir para o estrangeiro. Como é que entende esta vontade de irem para outros países?

A nossa tradição em moda é bem mais pequena do que a grande maioria dos países da Europa e bem menor que as de cidades como Paris, Londres ou Milão. Isso já conta bastante. Por outro lado, nós somos poucos, ou seja, os que podem dar estágio em Portugal são poucos. Daí que eles, lá fora, vejam mais possibilidades, mais escolhas e o facto de poderem enriquecer mais o currículo e voltar com mais conhecimentos. Não vejo isso como uma atitude de menosprezo, mas como uma vontade de aprender mais.

 

 

 

4º SIMPÓSIO DA MODA E DO TÊXTIL

Palestras de alto nível

Durante o dia 9 de Junho três especialistas vão abordar temas diferentes sobre Marketing e Moda. Fique a conhecer as ideias daqueles responsáveis, na pequena sinopse que nos enviaram.

«TENDÊNCIAS PRIMAVERA/VERÃO 2006»
Paulo Gameiro


A estação de Verão 2006 renova-se cromaticamente, e procura uma nova simplicidade através do despojamento do “acessório”, em oposição ao Barroco da anterior estação.

A urbanidade e o lazer afirmam-se fáceis de usar, sem nunca negligenciarem a sofisticação e a qualidade. Reintroduzem-se os valores seguros do universo náutico, trabalhados para um público mais jovem e divertido. Um novo minimalismo apresenta-se, igualmente destacado pela cor, mais quente e palpável. A urbanidade reformula-se delicada, subtil e quase “romântica”.

A natureza mantém-se, sempre, uma fonte de inspiração ampla, desta vez com referências nas diferentes paisagens da América Latina. O exotismo é evidente em apropriações do longínquo pelo Ocidente. O Oriente surge opulento, mas vintage, misterioso e dramático.

 

«GUIA PRÁTICO DE MARKETING DE MODA PARA JOVENS DESIGNERS»
Luís Rosa

Esta comunicação pretende ser uma abordagem a diversas ferramentas de Marketing que estão ao dispor dos recém-licenciados para o lançamento de uma marca.

Serão abordados diversos aspectos concedendo especial atenção, dentro das variáveis do Marketing Mix, às áreas da comunicação, distribuição e produto.

 

«MARKETING DAS LINHAS DE MODA DA NIKE»
Catarina Vicente

Nesta apresentação será abordado fundamentalmente o marketing dirigido a linhas de moda de empresas de desporto, mais especificamente, o trabalho que a palestrante desenvolve na Nike Portugal.

Para uma contextualização adequada da problemática em questão, serão abordados: a evolução do calçado desportivo, os “ténis” enquanto objecto de culto (sneaker culture) e as colaborações entre a moda e o desporto.

Uma breve passagem pela história da empresa American Nike S.A. até à actualidade possibilitará compreender a sua missão e a sua abordagem à cultura desportiva transposta para a moda/quotidiano.

A apresentação abrangerá, ainda, a importância da integração entre os departamentos de produto, vendas e marketing da empresa. Focará o posicionamento das linhas da Nike que se destinam exclusivamente ao mercado de moda e a sua relação com o resto das linhas. Será feita uma explicação geral sobre os processos gerais de marketing da empresa, tendo em vista a compreensão das diferenças dos processos e das estratégias de marketing no que diz respeito às linhas da Nike exclusivas para o mercado de moda
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