Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano VIII    Nº90    Agosto 2005

Politécnico

MOBILIDADE ATÉ ESPANHA

Guarda na Galiza

Terminou o seu curso de Professores do Ensino Básico de Português/Inglês no ano lectivo passado e candidatou-se a uma mobilidade, no âmbito do programa Comenius, para Assistente de Língua num estabelecimento de ensino. A sua candidatura foi aceite e Nuno Carvalho esteve na Galiza, numa escola secundária perto de Ourense a viver a sua experiência enquanto Assistente de Língua Comenius. 

Como teve conhecimento da possibilidade de ser Assistente de Línguas Comenius?

Tive conhecimento do programa COMENIUS através de uma amiga (Regina Melanda) que frequentava o meu curso (Port./Ingl.), e que também fazia parte do meu grupo de estágio.

Teve dificuldades de adaptação, no seio da comunidade escolar galega?

Não encontrei nenhuma dificuldade de adaptação à comunidade galega pois tive um apoio muito grande da minha coordenadora do programa e de todos os professores em geral, que me ajudaram em tudo o que precisei. O facto de compreender bem a língua e de a falar um pouco, foi um factor que também contribuiu bastante para a minha integração.

A aceitação por parte dos outros professores e alunos como foi?

Todos os professores e auxiliares de educação me ajudaram bastante na integração e fizeram de tudo para que me sentisse bem e à vontade. Os meus alunos são todos pessoas amáveis que sabem ouvir e respeitar tudo o que eu lhes digo e peço. Tenho alunos de diferentes faixas etárias, com idades compreendidas entre os 12 e os 18/19 anos. Os anos de ensino corresponderiam em Portugal ao 7º ano de escolaridade até ao 12º, ou seja o 3º ciclo e o ensino secundário, que em Espanha se apelidam de “E.S.O.” e “Bachillerato” respectivamente.

Quais as principais diferenças que notou relativamente ao processo de ensino/aprendizagem?

Ao nível do processo de ensino/aprendizagem, sinto que os alunos têm bastante dificuldade no que concerne à aprendizagem de línguas estrangeiras. A minha primeira “luta” foi fazer com que estes perdessem a timidez de falar uma língua estrangeira. Ultrapassado este obstáculo, notei que afinal eles até conseguiam produzir frases bastante coerentes. É de salientar que a minha função como Assistente de Língua incide apenas na parte oral. Tenho como principal objectivo fazer com que os alunos percebam a utilidade que uma língua pode ter na sua vertente mais prática.

Acha que a formação académica que recebeu no Politécnico da Guarda o preparou para os desafios da vida profissional?

Penso que a minha formação no I.P.G. foi suficientemente boa, mas é de referir que esta não foi orientada para estes níveis de ensino. O facto de ter um bom conhecimento da língua inglesa contribuiu bastante para um melhor grau de desempenho. Quero deixar um especial agradecimento a duas professoras com as quais aprendi bastante, que foram Maria João Costa, docente da disciplina de Língua e Linguística Portuguesa, e Rosa Branco, docente da disciplina de Língua e Literatura Inglesa. Só lamento o facto de não ter tido estas duas excelentes profissionais como orientadoras de estágio porque certamente teria aprendido bastante mais. 

Que importância atribui a este tipo de experiência?

Penso que esta oportunidade que me foi dada contribui bastante para o meu desenvolvimento e formação profissional. É, sem dúvida, uma experiência bastante gratificante e inovadora que me prepara para enfrentar novos desafios que poderão surgir na minha vida futura. A possibilidade de contactar com um sistema de ensino bastante diferente do nosso dá-me uma visão mais ampla de uma realidade que, no fundo, tem um objectivo comum a todos os sistemas de ensino: o facto de educar e incutir nos jovens o gosto em aprender para desta forma poderem ser membros activos da sociedade em que se inserem.

Repetiria esta mobilidade? Em Espanha ou noutro país?

Se me fosse dada outra oportunidade deste género, não hesitaria em aceitá-la mas, se pudesse escolher, talvez optasse desta vez por um país com uma cultura e sociedade mais distinta da nossa como, por exemplo, a sociedade Britânica, na qual penso que iria aprender bastante, para desta forma evoluir mais como pessoa e também como profissional da Educação.

 

 

 

NA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DE SETÚBAL

Luís Souta preside

Implementar com qualidade o Curso de promoção Artística e Património, aproveitar a oportunidade de organizar mestrados, adaptar as formações a Bolonha, alargando-as a outros públicos, restruturar internamente a escola e criar formas de articulação com o Politécnico e outras unidades orgânicas são metas fundamentais do novo presidente do Conselho Directivo da Escola Superior de Setúbal, Luis Souta, que tomou posse a 14 de Julho.

Na cerimónia, o novo presidente referiu que a conjuntura não é favorável para as superiores de educação, uma vez que o excesso de oferta em termos de professores diminui o número de candidatos. “Estamos a ser duplamente penalizados por um Sistema Educativo que não cresce e por um número de candidatos que diminui”, adiantou. 

Entende porém que o problema actual também se deve a outros factores, como ao “efeito de uma rede privada que entrou no mercado da formação apenas para «facturar»”, pois, em sua opinião, “as ESEs da rede pública chegavam perfeitamente para as necessidades nacionais”.

Por isso, no caso da Superior de Educação de Setúbal, o novo presidente quer apostar em novos rumos para a escola, pois entende que “há outras necessidades de formação para colmatar”. Algo que pensa conseguir com “muito trabalho, empenho, criatividade, inovação e unidade em torno dos propósitos essenciais que a ESE traçar”.

Para já, ante a falta de candidatos na formação de professores, na escola surgiram outras áreas, como as de Comunicação Social, Tradução e Interpretação de Língua Gestual Portuguesa (e o de Educação de Infância para Apoio à Educação Bilingue da Criança Surda), Desporto de Recreação, Animação e Intervenção Sociocultural e, agora, também o de Promoção Artística e Património, o qual considera aquela área de formação como “jovem e desafiante no campo académico e profissional”.

Deste modo, no próximo ano lectivo a escola terá cinco cursos na área do ensino – Educação de Infância, Professores de 1º ciclo, Educação Musical, EVT e Matemática-Ciências da Natureza – e cinco noutros domínios, os quais “introduziram alterações e exigem reconversões significativas na forma de pensar e organizar a formação”, adaptando-a às necessidades do mercado. “Hoje, as nossas preocupações devem estar a montante e a jusante. Porque, em alguns casos, estamos perante perfis profissionais emergentes”, refere. 

Nesse sentido, o Conselho Directivo vai propor uma Parceria, no campo da formação e da educação, ao Grupo SONAE/ Imoareia, proprietária dos terrenos de Tróia, e responsável pelo empreendimento turístico Troiaresort, que ocupará 440 hectares, com unidades hoteleiras entre 5 e 6 mil camas disponíveis, prevendo-se a construção de uma marina, de um novo cais de embarque dos ferry-boats e o aproveitamento das ruínas romanas de Tróia, que estarão abertas ao público daqui a 6 anos.

Para já foram celebrados protocolos celebrados entre a Imoareia, o Instituto Português do Património Arquitectónico e o Instituto Português de Arqueologia em finais de Junho (24/6/05). A escola pretende ainda articular a sua acção com o Núcleo Escolar de Hotelaria e Turismo de Setúbal, na sequência de um protocolo tripartido, rubricado em 1998, pela Região de Turismo da Costa Azul, a Comissão de Coordenação da Região de Lisboa e Vale do Tejo e o Inftur (Instituto de Formação Turística) – e que vai arrancar em 2005-06 com cursos em 5 áreas (formação de nível II e IV). 

Luis Souta defende ainda que é necessário aproveitar a “autonomia científica” que permite às ESEs a organização de cursos de mestrado, além de agarrar a oportunidade de Bolonha e conseguir captar novos públicos, de diferentes idades, criando cursos livres em horário pós-laboral, cursos pós-secundários (CET´s), além de continuarem a investir na formação contínua na área das didácticas e das necessidades educativas especiais.

“É perante este novo quadro trabalho, de grande exigência e responsabilidade, que temos de mudar a nossa organização e os processos de tomadas de decisão. Precisamos de prestar melhores serviços. Há, para isso, que introduzir rupturas”, refere o novo presidente, para defender a reorganização departamental da ESE, a constituição de um Sector de Investigação e Avaliação, além de pensar outras formas de articulação com o Politécnico.

“Estamos conscientes de que uma parte das nossas dificuldades não tem solução no quadro estreito de uma escola. Temos que deixar de olhar para o «umbigo institucional», conclui Luis Souta, ao mesmo tempo que aponta como fundamental a articulação entre escolas, concretização de acções comuns e rentabilização conjunta dos recursos humanos (mobilidade de professores e funcionários não-docentes).

 

 

 

EM CASTELO BRANCO

Biofer abre escola

O Grupo Biofer, o maior espaço nacional de formação profissional privado na área dos cuidados especiais, acaba de abrir em Castelo Branco um centro para formação de cabeleireiros e estética. A nova estrutura ficará afecta à empresa Belalbi e vem juntar-se aos outros já existentes em Famalicão, Porto, Viseu, Aveiro, Coimbra, Figueira da Foz, Lisboa e Quarteira.

As inscrições para os cursos já se encontram abertas e podem ser feitas através dos telefones 808202443 ou 969841055. A leccionar desde 1984, o grupo Biofer tem todos os seus cursos certificados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional e são acreditados pelo Instituto para a Qualidade de Formação. 

O sucesso das acções desenvolvidas é avaliado pela elevada taxa de aprovação e de empregabilidade, por isso, aquele grupo considera ter "dado um contributo decisivo na integração sócio-profissional e valorização de centenas de profissionais. Um bom exemplo disso são as inúmeras empresas de cabeleireiros que têm surgido através de antigos alunos".

 

 

 

LEIRIA

Saúde entrega diplomas

«Parece que foi ontem», afirmou a representante dos alunos finalistas do 4.º ano de enfermagem da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Leiria (ESS-IPL), durante a cerimónia de entrega dos certificados de final de curso. «Para muitos, o dia 23 de Setembro de 2001, representou ficar longe da família, dos amigos e da terra que os viu nascer». Quatro anos depois, o dia 22 de Julho de 2005 marcou o fim dessa etapa quando familiares, pais e amigos encheram a sala do teatro José Lúcio da Silva, em Leiria, para acompanhar os jovens em mais um momento marcante, que assinalou o fim do percurso universitário. Para trás ficam as frequências, as aulas e os estágios. «Agora temos de trabalhar com dedicação para os doentes e suas famílias», concluiu a aluna.

Pela frente surgem novos desafios, como fez questão de enumerar o professor José Carlos Gomes: «o envelhecimento da população, as doenças infecto-contagiosas, as doenças crónicas e degenerativas». A realidade com que os jovens se vão deparar no exercício da profissão está em constante mutação o que exigirá «uma imensa capacidade de adaptação e actualização», reforçou o docente. Porque, se o século XIX conheceu grandes desenvolvimentos na área da química, com o desenvolvimento de numerosos medicamentos, o que teve significativas consequências na melhoria da qualidade dos cuidados de saúde prestados; o século XX foi «o século da física» com o desenvolvimento de diversos equipamentos; e o século XXI será «da mente».

«A adaptação a novos contextos é da vossa responsabilidade. Temos de ter a ousadia e a coragem de repensar a enfermagem». E, como exemplo, José Carlos Gomes referiu o médico português, Egas Moniz: «Na época o desenvolvimento da lobotomia valeu-lhe um Nobel. Hoje esse processo está completamente ultrapassado».

Apesar das constantes mudanças, há algo que deverá permanecer: «a nossa obrigação continuará a ser sempre prestar cuidados de qualidade», alertou o professor.

A partir de agora, como fez questão de salientar o presidente do Conselho Directivo da ESS-IPL, «cada aluno é responsável pela continuidade da sua própria formação». Este é, acima de tudo, um «processo que nunca estará terminado».

Nesta cerimónia, foram ainda entregues certificados aos alunos que terminaram o curso complementar de enfermagem. Na sua intervenção, o representante destes enfermeiros deixou uma palavra aos colegas mais novos que vão agora iniciar a vida profissional: «estejam certos de que vão passar por alguns momentos menos agradáveis, mas tenho de admitir que o balanço que faço da minha experiência profissional é, até aqui, muito positivo».

Até porque, a prática de cuidar, como afirmou o representante da Associação de Estudantes da ESS-IPL, é «uma arte», na qual, «o coração será tão exercitado como a mente».

 

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