Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano VIII    Nº86    Abril 2005

Cultura

GENTE & LIVROS

Federico García Lorca

Gazal Do Amor Que Não Se Deixa Ver
Apenas por ouvir /o sino da Vela/ pus-te uma coroa de verbena.
Granada era uma lua/ afogada entre as heras.
Apenas por ouvir/ o sino da Vela/ lacerei o meu jardim de Cartagena.
Granada era uma corça / cor-de-rosa nas veletas.
Apenas por ouvir/ o sino da Vela/ ardia no teu corpo/ sem saber de quem era.

In Divã do Tamarit

Poeta e dramaturgo espanhol, Federico García Lorca nasceu a 5 de Junho de 1898 em Fuentevaqueros, Granada, e morre em Viznar, Granada, a 19 de Agosto de 1936.

O filho mais velho de quatro irmãos do proprietário rural Federico García Rodriguez e da professora Vicenta Lorca Romero, começa em 1914 os estudos de Direito, Filosofia e Letras na Universidade de Granada. Cinco anos depois muda-se para uma residência de estudantes em Madrid e na capital prossegue os estudos até 1928. Conhece os elementos da chamada “Geração de 27”, entre eles estava o cineasta Luis Bruñuel, o mestre do surrealismo Salvador Dalí, e o poeta Juan Ramón Jiménez. Em Madrid nascem as suas primeiras obras literárias: Libro de Poemas (1921); e a obra teatral, Marina Pinedo (1925). Funda em 1928, em Granada, a revista literária Gallo, mas não serão publicados mais que dois números. O segundo número da Gallo publica O Manisfesto Anti-Artístico Catalão assinado por Dalí.

Habitado por uma alma de artista, a par da literatura os interesses de García Lorca ligam-se à música e à pintura. 

Logo que termina os estudos universitários em Madrid, García Lorca viaja até aos Estados Unidos. Estuda e dá conferências na Universidade de Columbia em Nova Iorque e dessa experiência nasce o livro Poeta em Nova Iorque (1929). Viaja depois até Cuba e Argentina. Da viagem a Cuba trará uma impressão muito forte.

De volta a Espanha cria o teatro Universitário ambulante “La Barraca”, que representa obras de grandes mestres espanhóis como Calderón, Cervantes e Lope de Vega.

No ano de 1936 os Franquistas conquistam o poder em Espanha e Federico García Lorca será uma das primeiras vítimas do regime nacionalista. Apesar de não pertencer a nenhum partido político, como artista moderno, escritor e homossexual Lorca é por definição um inimigo do regime ditatorial. No dia 19 de Agosto de 1936 Federico García Lorca era arrastado para um descampado e sumariamente assassinado com um tiro na nuca. 

A bibliografia do escritor inclui os títulos de poesia: Poemas Del Cate Jundo (1921);Primeras Canciones (1922); Canciones (1921-1924); Romancero (1924-1927); Llanto (1935); Seis Poemas Galegos (1935); Diván del Tamarit (1936); e no teatro: El Maleficio de la Mariposa (1919); Marina Pineda (1925); La Zapatera Prodiogiosa (1930); Bodas de Sangre (1933) Yerma (1934); La Casa de Bearda Alba (1936).

Página coordenada por
Eugénia Sousa

 

 

 

NOVIDADES

Livros

RVJ EDITORES. A Escola que Aprende - Tecnologia, Informação e Conhecimento, da Associação Nacional de Professores, Secção de Castelo Branco, acaba de ser lançado no mercado. Com a coordenação de António Trigueiros «A Escola que Aprende» engloba as Actas das XIII Jornadas Pedagógicas, VII Transfronteiriças realizadas na cidade de Castelo Branco. Com as comunicações de Carlos Marcelo Garcia, Américo Peres, Isabel Cabrita, João Ruivo, Paulo Afonso, Mário Ceitil e João Grancho as conclusões são de Vítor Tomé e João Carrega.

 

EUROPA-AMÉRICA. Convoquem a Alma de Fernando Carvalho Rodrigues. O professor, cientista e escritor leva-nos a uma viagem pelas estrelas, em que a astronomia, a física, a matemática mas também a filosofia e a poesia marcam lugar e o mais importante é a tripulação, ou seja, os humanos. A páginas tantas, num capítulo chamado As Mãos de Deus, o escritor diz: «Quem tem relógio não tem tempo. Quanto mais caro o relógio menos tempo tem. Suga o tempo. O relógio. Quem mo disse não tinha relógio. Tinha todo o tempo que queria. Era um daqueles, pouquíssimos milionários do tempo. (...)». Convoquem a alma, vale a pena parar, esquecer o relógio, e reservar tempo para ler um livro assim.

 

EUROPA-AMÉRICA. Na colecção Grandes Biografias, a editora publica Maria Callas de David Lelait. Maria Callas, a maior cantora lírica do século XX, encarnou magistralmente as grandes heroinas da ópera tais como, Norma, Tosca, Carmen, Turandot ou Aida. Dividida entre a arte e o amor, sacrificando a sua vida pessoal a uma arte que ela sentia que a transcendia, a Diva Grega nascida em Nova Iorque haveria de dizer sobre si mesma: «Tive o privilégio de conhecer um destino extraordinário. Sou uma criatura do destino. Apoderou-se de mim, marcou o meu caminho. Não me pertenço, sou antes a testemunha exterior da minha própria vida».

 

PERGAMINHO. O Zahir de Paulo Coelho. Zahir, palavra árabe que significa visível, presente, incapaz de passar despercebido. Algo ou alguém, que uma vez contactado, ocupa o nosso pensamento até nada mais interessar. «Zahir é algo que, uma vez tocado ou visto, nunca é esquecido - e vai ocupando o nosso pensamento até nos levar à loucura. O meu Zahir tem um nome, e o seu nome é Esther.» Zahir conta a história de um escritor de sucesso, com uma vida estável e um casamento feliz. Mas um dia a sua esposa desaparece misteriosamente, levando-o a repensar toda a sua vida e a encetar uma viagem para descobrir Esther e a sua própria alma. Paulo Coelho dispensa tradução e apresentação, este brasileiro é o escritor mais lido em Portugal. 

 

PERGAMINHO. Em Defesa da Felicidade de Matthieu Ricard. Quando um dia em Hong Kong um jovem abordou o monge budista Mathieu Ricard dizendo-lhe: «Pode dar-me uma só razão para continuar a viver?» o autor decidiu escrever este livro, que como ele mesmo diz, é uma tentativa humilde de responder a uma pergunta que todos nós, em algum momento das nossas vidas, já colocamos , mesmo que em silêncio. A felicidade, antes de qualquer outra definição, é o amor pela vida, um estado espiritual de serenidade que o autor de uma forma simultaneamente filosófica, científica, espiritual e muito bela nos ensina a conquistar.

 

CAMPO DAS LETRAS. Posso Entrar?- 30 Estórias com Animais. De uma parceria feliz entre a pintora Graça Marto que ilustrou e organizou o livro e de grandes nomes das letras portugueses como Agustina Bessa Luís, José Jorge Letria, José Saramago Mário Claúdio e Urbano Tavares Rodrigues nasceu este livro, dedicado aos nossos amigos menores, os animais. Graça Marto é uma acérrima defensora dos direitos dos animais, criou o MIDAS - Movimento Internacional de Defesa dos Animais e o lucro obtido com este livro reverterá para essa instituição, ou seja para os animais. Pela beleza dos textos e das ilustrações, pela beleza do projecto, pode entrar e pode ficar connosco.

 

ASA. Os Impostores de Santiago Gamboa. Um jornalista colombiano que vive em Paris e ambiciona ser escritor; um filólogo alemão disposto a seguir um escritor que admira; e um professor de literatura peruano, escritor fracassado mas disposto a tudo para se tornar famoso: eles são os impostores. Os três viajam para Pequim cada um com o seu objectivo, mas ignorando que esse objectivo é comum: descobrir um famoso manuscrito. Intriga, mistério, ironia, humor, está apresentado Os Impostores.

 

AMBAR. A Pequena Sereia de Hans Christian Andersen, uma edição comemorativa dos 200 anos do nascimento de um dos mais extraordinários escritores de literatura infantil, com a ilustração de Lisbeth Zwerger. A Pequena Sereia disse Andersen «A única de todas as histórias que escrevi que me perturbou enquanto a escrevia.» e que nos emociona profundamente enquanto leitores. Inesquecível a estória de uma menina sereia que se apaixona por um humano, num gesto de auto-sacrifício, abdica desse sentimento dando ao mundo dos humanos uma magnífica lição de amor. 

 

LIVROS DO BRASIL. A Europa Possível de Luís Beirôco. «Os europeístas, por seu lado, pensam que é precisamente o fim do mundo bipolar que impõe que se acelere o passo a caminho da união política. Por duas ordens de razões. Em primeiro lugar, porque acolher os países da “outra Europa” obriga a um reforço da solidariedade e da coesão. Em segundo lugar, porque a Europa deve assumir um papel autónomo na nova ordem internacional que se pretende construir.» Luís Beirôco.

 

LIVROS DO BRASIL. O Exílio e o Reino de Albert Camus. Jean Paul Sartre e Albert Camus constituíram-se como os dois nomes mais emblemáticos do existêncialismo. O Exílio e o Reino é um conjunto de seis histórias: A mulher Adúltera, O renegado, Os Mudos, O Hóspede, Jonas e A Pedra que Cresce que têm um tema em comum o tema do exílio. «O Exílio, de certo modo, mostra-nos as vias de acesso a essa outra vida, desde que saibamos nele recusar ao mesmo tempo a servidão e a posse». Albert Camus. 

 

UBI. ...À Beira - II Encontro de Literatura e Cultura no Espaço Ibérico. O Departamento de Letras da Beira Interior organizou a segunda edição do seu Encontro de Literatura e Cultura no Espaço Ibérico. Na revista publicam-se as Actas desse encontro onde estiveram presentes poetas, narradores, professores, do lado de cá e lá da fronteira que comunicaram sobre relações humanas, artísticas e científicas.

 

 

 

FESTIVAL INTERNACIONAL DE MÚSICA DE CASTELO BRANCO

Primavera mais musical

O Quarteto Borodine, o duo de acordeões Nicolay Sivshuk e Alexei Peresidlky (campeões do mundo) e o Grupo Muzenza (que apresentará a história da capoeira) são os cabeças de cartaz da 11ª edição do Festival Primavera Musical, que se realiza de 2 a 21 de Maio, em Castelo Branco. 

O programa tem uma forte componente de música de câmara, mas abrange outras áreas e continua a dar destaque à presença de jovens intérpretes. A presença do grupo brasileiro Muzenza, que fará uma actuação sobre a história da capoeira, acções junto das crianças, através de ateliers, e animação de rua, constitui a outra face do Festival. 
Carlos Semedo destaca ainda a presença na iniciativa da soprano Ana Ester Neves, e de Paulo Jorge Ferreira e Carlos Alves. A grande novidade do festival deste ano prende-se com o modo compacto como ele se irá realizar. A aposta do Conservatório Regional de Castelo Branco passa por realizar todos os espectáculos em apenas duas semanas. “Esta aposta pretende inverter a tendência decrescente de público”. As actividades decorrerão em diferentes dias e em locais distintos, num total de 17 iniciativas.

Carlos Semedo, que dirige com Guenrikh Elessine, o mais antigos dos festivais de música realizados no interior do país, considera que na região se torna necessário que os promotores de eventos culturais encontrem um ponto de encontro. “Uma espécie de fórum, onde entre todos possamos discutir estratégias comuns, os ciclos culturais e outros aspectos, de modo a evitar que haja sobreposição de iniciativas nos mesmos dias na cidade. Os públicos podem ser diferentes, mas não faz sentido que uma cidade como Castelo Branco tenha duas iniciativas semelhantes no mesmo dia. É urgente rever isto, para que no próximo ano isto não se repita”.

Além dos concertos musicais e das actividades desenvolvidas pelo grupo brasileiro Muzenza, o Festival Primavera Musical apresenta ainda três documentários integrados no programa Gulbenkian Criatividade e Criação Artística, que se realizarão no Cybercentro.

Outra das novidades do festival diz respeito à política de preços a praticar. Dada a intensidade dos espectáculos, o valor dos bilhetes diminuiu, sendo preço avulso de cinco euros, e assinatura para todas as actividades de 30 euros. Para os documentários e para a apresentação do livro sobre Óscar Silva, a entrada é livre. Os bilhetes já se encontram à venda no Conservatório Regional de Castelo Branco e, depois nos dias e locais do concertos, uma hora antes dos espectáculos.

 

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