Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano VII    Nº81    Novembro 2004

Destaque

ANIVERSÁRIO DO INSTITUTO POLITÉCNICO DE PORTALEGRE

Determinação rumo ao fututro

A comemorar mais um aniversário, o Instituto Politécnico de Portalegre abraça o futuro com determinação, lutando contra as adversidades da interioridade e contra o apoio que nem sempre surge por parte da tutela. Apesar dessas contrariedades, Nuno Oliveira, o seu presidente, sublinha o papel que a instituição tem tido no desenvolvimento regional, assumindo-se como a principal âncora do Distrito. 

Em entrevista ao Ensino Magazine, Nuno Oliveira faz um balanço do último ano, sublinha a excelente taxa de empregabilidade dos cursos do Instituto Politécnico de Portalegre. “O Instituto Politécnico de Portalegre garante aquilo que os alunos querem, que é emprego. Há escolas que têm 100 por cento de empregabilidade”, assegura. De caminho, crítica o Ministério do Ensino Superior e o Governo pela falta de apoio ao IPP. Diz mesmo que no Piddac para 2005 apenas foram contabilizados cerca de um euro por aluno, quando a média ronda os 130. 

O presidente do Politécnico desconhece as razões de um «tratamento» que já não é novo. Ainda assim, diz com orgulho que foi possível fazer obra, como a abertura das novas instalações da Escola Superior Agrária de Elvas, feitas com fundos próprios e com a mão de obra dos funcionários. O futuro revela-se um desafio, e segundo Nuno Oliveira o IPP está preparado para o enfrentar.

Para o presidente do IPP, o último ano foi positivo. “Houve alguns projectos que se conseguiram concretizar. Entre Junho e Outubro conseguimos fazer a adaptação do Quartel do Trem, em Elvas, para aí instalarmos a Escola Superior Agrária. Esta obra foi muito importante, pois a escola estava dividida por seis locais diferentes. Apesar das restrições financeiras que nos foram impostas pelo Governo, conseguimos fazê-la”, começa por explicar.

De resto, as obras do Quartel do Trem foram desenvolvidas com o recurso à mão de obra da casa, de forma a minorar os gastos. “Só assim é que foi possível. Constituímos uma equipa de oito pessoas, todos funcionários dos mais variados serviços de Portalegre e Elvas que com a sua dedicação, empenho e trabalho, participaram, em pleno verão com um calor tórrido, nesta obra. Eles conseguiram fazer aquela obra que ninguém acreditava, transformando aquela ala do Quartel numa Escola, com o apoio dos nossos serviços técnicos”.

Nuno Oliveira recorda ainda outros projectos desenvolvidos. “Tem sido importante a nossa participação ao nível dos campos virtuais, da biblioteca científica digital e da biblioteca nacional”. Os protocolos assinados com Instituto Nacional de Estatística e com outras instituições também são referidas por aquele responsável com satisfação. O presidente do IPP sublinha, no entanto, o facto de todas as realizações terem sido feitas sem o recurso a grandes fundos financeiros. “Estamos a falar de projectos que não envolveram grandes importâncias do ponto de vista financeiro”.

O presidente do Instituto Politécnico crítica o facto da instituição a que preside não poder ir mais longe noutros desafios, que obrigam a maiores investimentos. “De qualquer modo dou-me por satisfeito com aquilo que fizemos ao longo do último ano. Recordo que também conseguimos fazer a recuperação da cobertura de todo o edifício dos serviços centrais, o que nos permitiu também ampliar essas instalações, pois no sótão instalámos salas e arquivos. As únicas verbas que tivemos em Piddac para 2004 serviram apenas para recuperar a cobertura e mais nada, num total de cerca de 100 mil euros”.

SAÚDE. A transformação da Escola Superior de Enfermagem em Escola Superior de Saúde é outro dos objectivos do Instituto. “Neste momento estamos a aguardar que essa integração seja feita”. Com essa transformação, Nuno Oliveira garante que se mantém a intenção de “criar uma nova oferta formativa em Elvas. As instalações que passaremos a dispôr em Elvas são suficientemente qualificadas para poder receber outras formações, que não passem apenas pela escola agrária”.

A este propósito, o presidente do IPP, sublinha o excelente entendimento entre o IPP e a Câmara de Elvas. “A autarquia tem tido uma entrega e uma cooperação com o Instituto louvável a todos os níveis, mostrando total disponibilidade e um enorme respeito pelo IPP”. Nuno Oliveira considera ainda que “a proximidade transfronteiriça com Espanha deve ser aproveitada. Elvas fica a poucos quilómetros do país vizinho onde não existem alguns cursos na área da saúde. Há técnicos espanhóis que os querem tirar e frequentar e, por ironia do destino, nós quando vamos a um hospital português o que encontramos são médicos e técnicos espanhóis a trabalhar. Ou seja, há qualquer coisa que está errada!”.

 

 

 

SAÍDAS PROFISSIONAIS

Emprego máximo garantigo

Cerca de 85 por cento dos ex-alunos dos cursos de Escolas integradas no Instituto Politécnico de Portalegre (IPP) estão empregados, na sua maioria no Distrito de Portalegre. Esta é a principal conclusão do estudo levado a cabo pelo IPP, junto de alunos que terminaram a sua formação superior numa das Escolas do Instituto - Escolas Superiores de Educação (ESE), de Tecnologia e Gestão (ESTG), de Enfermagem (ESENF) e Agrária (ESAE).

Segundo apurámos, no que respeita às taxas de emprego, o destaque vai para a Escola Superior de Enfermagem, onde 98% dos seus diplomados estão empregados. Seguem-se a Escola Superior Agrária de Elvas, com 89% de empregados, a Escola Superior de Tecnologia e Gestão (86%) e a Escola Superior de Educação (70%). Quanto aos cursos com mais saída profissional o destaque vai para Engenharia Electromecânica, a funcionar na ESTG, que consegue colocar a totalidade dos seus diplomados num posto de trabalho, em contraste com o curso de 1º Ciclo do Ensino Básico (ESE), onde apenas 40% dos diplomados consegue obter colocação.

O estudo revela ainda que a esmagadora maioria dos diplomados (89%) obtém um posto de trabalho num espaço máximo de seis meses após a conclusão do respectivo curso, no sector privado (57%) ou no público (43%). Por outro lado, daqueles que ainda não conseguiram colocação no mercado de trabalho, a maioria (86%) procura um posto de trabalho há menos de um ano, enquanto apenas 1% está nessa situação há mais de 3 anos.

Além disso, a maioria dos diplomados por escolas do IPP é oriunda do Distrito de Portalegre (29%), situação que se verifica na totalidade dos respectivos cursos, seguindo-se-lhes os provenientes dos Distritos de Santarém (12%), Évora (11%) e Lisboa (8%).

Para o Politécnico, o estudo constitui um precioso manancial de informação para o conhecimento aprofundado dos alunos do IPP, sendo intenção dos seus responsáveis repeti-lo regularmente, e com base nos dados obtidos, definir as políticas respeitantes às ofertas formativas a disponibilizar.

Ana Ventura

 

 

 

IPP e BOLONHA

Formação em análise

Ao nível da formação inicial, Nuno Oliveira revela que para o próximo ano dificilmente haverá cursos novos. “Pelo menos é isso que está previsto ao nível do Conselho Coordenador dos Politécnicos, mas não sei se essa lógica se irá concretizar ou não. A concretizar-se terá que ser para todas as instituições. Pois o que normalmente acontece é que as limitações só são para alguns, pois há sempre uma maneira de alguns fugirem aos acordos estabelecidos ou a uma palavra que foi dada”. 

De qualquer modo, diz aquele responsável, “as escolas foram alertadas para esta situação e neste momento estão a trabalhar em ofertas formativas diferenciadas. Mas o problema coloca-se com alguma equidade face à implementação do processo de Bolonha, pois não sabemos qual vai ser a duração dos ciclos ou qual será a lei da autonomia. Ou seja, há um conjunto de indefinições que aconselham, por uma questão de prudência, que todas as instituições, mas mesmo todas, assumam os compromissos de não abrir novas ofertas formativas em 2005/2006”. 

Sobre as mudanças nos cursos de formação inicial, decorrentes da Declaração de Bolonha, Nuno Oliveira tem uma opinião diferente da divulgada pela ministra Maria da Graça Carvalho, que apontava para um primeiro ciclo de três anos. “Esse período é muito curto, pois três anos corresponde a uma formação rápida de mais algumas áreas. Penso que essa questão está mais relacionada com o factor de financiamento das instituições, do que com questões didácticas e pedagógicas. Não acredito que um engenheiro ou um economista se consiga formar em três anos”. 

O presidente do Politécnico considera que o problema se coloca em saber quem “vai financiar o segundo ciclo de formação (mestrado)” e coloca algumas perguntas: “como é que ele vai ser financiado? Será que os Politécnicos podem ministrar esse segundo ciclo, como estava previsto? Será que esses mestrados serão financiados, ou terão que pagar os alunos mais propinas?”. Por isso, diz aquele responsável, “é importante que nós saibamos que estamos a dar aos nossos alunos condições para poderem vingar no mercado competitivo como é o europeu e mundial”. 

POLITÉCNICO. Seja qual for o caminho a seguir, Nuno Oliveira lembra que o importante é que “seja feita uma defesa intransigente do ensino politécnico, independente do nome das instituições se Institutos Politécnicos, se Universidades Politécnicas”. O presidente da IPP sublinha que “o ensino politécnico se for caracterizado na sua matriz própria e praticado com as especificidades que deve ter, é um ensino que é decisivo para qualquer sociedade. Isto porque, respeitando o ensino universitário, onde eu próprio me formei, entendo que deve haver uma matriz com outras características que o ensino politécnico lhe poderá transmitir, para bem da sociedade”. 

Para comprovar esta teoria, Nuno Oliveira recorda o inquérito feito pelo Politécnico a antigos alunos. “Os dados tratados estatisticamente revelam que 85 por cento dos alunos estão empregados, a maioria dos quais na região de Portalegre e uma parte significativa dos restantes em regiões do interior. Ou seja estamos a cumprir a vocação dos politécnicos, contribuindo para evitar a desertificação e proporcionar o desenvolvimento das regiões. Esses alunos cuja ligação ao mercado de trabalho está maioritariamente ligado ao curso que tiraram, cujo seu rendimento médio mensal é superior a 1250 euros, vêm demonstrar que o ensino politécnico tem futuro, quer chamando-se universidade ou Instituto”.

PÓS-GRADUAÇÕES. O Instituto Politécnico de Portalegre está apostado em desenvolver ofertas formativas ao nível das pós graduações, dos cursos de especialização tecnológica e de mestrados. Recentemente abriu uma pós graduação em gestão de unidades de saúde, organizada pela ESTG e Superior de Enfermagem. O presidente do IPP, lembra que é provável que outras ofertas pós-graduadas venham a surgir, de forma transversal no Instituto.

O protocolo assinado com a Universidade Lusíada também vai permitir ao IPP desenvolver alguns projectos no âmbito de mestrados e doutoramentos, “em diferentes áreas relacionadas com as nossas escolas. Por outro lado, é provável que, no próximo ano, promoveremos alguns cursos de especialização tecnológica, pois já fomos solicitados para isso”. 

Ao nível dos mestrados Nuno Oliveira lembra que os Politécnicos não podem continuar a ser prejudicados nessa matéria. “Não pode acontecer que haja muitos docentes do ensino politécnico a leccionar cursos de mestrados em universidades, e que depois nos seus próprios institutos, que têm condições, não o possam fazer”. 

Aquele responsável conclui: “o Instituto Politécnico de Portalegre deverá caminhar para uma oferta formativa noutros mercados que não sejam apenas os da formação inicial”.

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