MEDICINA
Custos do Ensino

A administração do Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB) anunciou, no início deste mês, a encomenda a uma empresa especializada de um estudo para avaliar os custos reais do ensino universitário naquela unidade de saúde. O próprio reitor da UBI, Santos Silva, já sugeriu a majoração do índice de financiamento dos hospitais universitários para 1.1 ou 1.2, “como acontece no norte da Europa”, o que Vasco Lino considera ser “uma boa opção”.
“Temos de recorrer a uma empresa especializada, que nos ajude a fazer uma identificação e quantificação desses custos”, disse o administrador Vasco Lino, responsável pela área financeira.
Em causa está o tempo de serviço dos profissionais de Saúde, que passou a estar repartido entre a prestação de cuidados de Saúde e o acompanhamento dos alunos da Universidade da Beira Interior
(UBI).
No final de 2002 o Ministério da Saúde pediu uma indicação dos custos que poderiam advir do facto de o CHCB acolher o ensino universitário.
No plano de negócios para os quatro anos seguintes, a estimativa apontava na altura para uma quebra de produção de 30 por cento, “mas não eram número seguros”, referiu Vasco Lino.
O estudo que agora vai ser encomendado vai permitir “alcançar um maior rigor”, acrescentou.
ENTRE A UBI E O FUNDÃO
Bombeira estudante

Vera Antunes, de 24 anos, é aluna do 4º ano de Ciências da Comunicação e simultaneamente, bombeira na Associação dos Bombeiros Voluntários do Fundão. Vera confessa que nem sempre é fácil conciliar estas duas actividades, não deixando no entanto de fazer os seus piquetes de fim-de-semana. “Estudo na Covilhã e sou bombeira no Fundão. Tenho aulas todo o dia e, por vezes, quando toca a sirene, não posso ir. Nem sempre tenho disponibilidade”, explica a jovem.
Foi em 1992, com apenas 12 anos, que Vera decidiu seguir o exemplo do seu irmão e das suas colegas de infância, já então bombeiros. Mas é sobretudo a sua paixão pelo outro e o poder fazer algo pela sociedade que motiva a estudante a ser uma soldado da paz. “Sempre gostei de ajudar os outros e sinto-me útil à sociedade. Há situações em que a vítima chega à unidade hospitalar sem vida e não podemos fazer nada. Mas há outras em que conseguimos manter a vítima viva até ao hospital e isso é muito gratificante. Com o carinho que nos dão somos recompensados”, esclarece Vera. Destemida e aventureira, a bombeira recorda uma situação em que sentiu perigo ao constatar que o fogo fez remoinho e se dirigia para a sua equipa.
Vera Antunes relata mesmo outro episódio em que ia sofrendo um acidente de viação no carro de bombeiros que a transportava. Os fogos do Verão passado na Serra da Estrela tocaram muito a voluntária que os combateu corajosamente. “Tivémos um fogo que durou duas semanas. Nesse período de tempo fui dormir a casa dois dias”, recorda. Vera Antunes enveredou pelo ramo de Publicidade e Relações Públicas e espera que a sua futura situação profissional seja favorável a que continue a missão de voluntariado a que, ainda em criança, se propôs.
Marta Nogueira
30º ANIVERSÁRIO DA
UNIVERSIDADE DE ÉVORA
Futuro exige
reconstrução

A Universidade de Évora comemorou, no passado dia 5 de Janeiro de 2004, o 30.º Aniversário da tomada de posse da Comissão Instaladora do Instituto Universitário de Évora.
Manuel Ferreira Patrício, Reitor da Universidade de Évora defendeu, no seu discurso, uma “verdadeira reconstrução institucional da universidade”. O que, segundo ele, é “uma consequência inevitável” da nova Lei da Autonomia das Universidades, que espera ver aprovada em breve.
Logo, referiu que “não nos deve bastar uma revisão estatutária, por profunda que viéssemos a fazê-la. Será melhor que a Lei da Autonomia seja boa do que seja má. Mas venha ela a ser o que soará, está nas nossas mãos aproveitá-la até onde for possível para pormos de pé uma arquitectura institucional digna do século agora inaugurado: aberta, flexível, auto-responsabilizadora, ambiciosa a toda a medida da missão universitária, comprometida com o progresso da comunidade e consequentemente anti-corporativa (incluindo o corporativismo paradoxalmente individualista tão em moda), avessa à mediocridade e só complacente com a qualidade e a excelência, aristocrática no sentido etimológico do termo”.
Ao falar do futuro da universidade, o responsável por aquela instituição disse que é necessário redefinir “todo o projecto inicial, consolidar e continuar o redesenho de todo o quadro da oferta de formação inicial e pós-graduada, e também da pré-graduada, porque a mudança foi imensa neste milénio de 30 anos, temos de reequacionar o quadro dos domínios científicos e áreas de investigação, temos de reconstruir as nossas metodologias até à invenção de novas metodologias, temos de reordenar a formação dos nossos docentes, alunos e funcionários, para implementar o paradigma da aprendizagem propugnado pela Declaração de Bolonha, temos de viver em processo inesgotável de criação permanente e de avaliação”.
Manuel Ferreira Patrício sublinhou ainda que o futuro da universidade não deve ser “instrumentalizado”, particularmente, pelos “agentes económicos ou políticos”. “Queremos a sua plena afirmação enquanto templo da verdade e casa do conhecimento”, frisou.
Dirigindo a sua intervenção para o desenvolvimento do Alentejo, o Reitor da Universidade de Évora salientou que aquela instituição “tem de arranjar formas que a constituam como motor de desenvolvimento” da Região. Ou seja, considera que seria no “mínimo uma cegueira e no máximo crime de lesa-Pátria e de
lesa-Alentejo” não colocar a universidade no centro do eixo da roda do desenvolvimento do Alentejo. Por isso, acrescentou que o Estado “não pode alienar as suas responsabilidades quanto ao financiamento da universidade”. Pois, considera que cabe ao estado “garantir as condições financeiras de existência e funcionamento” daquela instituição.
Sob o ponto de vista do conhecimento, e segundo a opinião de Manuel Ferreira Patrício, a universidade deve “edificar uma estratégia de desenvolvimento do Alentejo radicada no conhecimento”.
Noémi Marujo
seguinte >>>
|