Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano VII    Nº72    Fevereiro 2004

Politécnico

DOMINGOS BUCHO, DOCENTE DA ESEP

Marvão a Património Mundial

A Vila de Marvão poderá vir a ser classificada como Património Mundial. A aspiração já é antiga, mas nunca a candidatura portuguesa esteve tão optimista quanto a essa escolha. Domingos Bucho tem sido o rosto do projecto nacional e este mês explica ao Ensino Magazine o que tem Marvão de tão especial, como está a região alentejana a reagir a todo este processo e quais as esperanças nacionais.

Quais as razões que levaram ao aparecimento da candidatura de Marvão a Património Mundial pela Unesco?

Trata-se de uma velha aspiração dos marvanenses, já tentada anteriormente, e que é consequência imediata, de quem conheça aquela realidade. De facto, estamos em presença de uma Obra Singular do Homem e da Natureza – como costumo dizer -, que sobreviveu até aos nossos dias e que merece ser preservada como valor documental, estético e simbólico.

Quais os argumentos que Marvão apresenta para ser classificada de património mundial?

... Olhe, não tenho melhores palavras que aquelas que escrevi para a “síntese” da argumentação: O Sítio de Marvão é o melhor exemplo das vicissitudes a que o confronto entre o Norte Cristão e o Sul Islâmico conduziram o habitat humano entre os sécs. VIII e XV (Período Islâmico e da “Reconquista”). Estrategicamente situada no topo inóspito de um rochedo, só as funções militares justificaram a construção da vila, sendo que, ainda no séc. XVIII, era pouco mais do que quartel e presídio. Manteve-se até aos nossos dias em invulgar estado de conservação, não excedendo, a sua área urbana, a que já apresentava no final daquele período. O sítio resultou de uma simbiose invulgar entre o Homem e a Natureza, constituindo, para além de um fenómeno, a um tempo geológico, biológico e humano, muito interessante, um miradouro de elevado interesse estético no seio de um parque natural.”

É isto! Tenho viajado imenso, nestes últimos anos, procurando situações similares para comparação e, de facto, encontrei povoações que se formaram com as mesmas raízes e que se apresentam hoje com características muito aproximadas. Só aqui na Península, posso apontar-lhe, como exemplos, Albarracim e Ainsa. Agora, com a localização de Marvão, no topo de um rochedo, com o seu grau de preservação, com a ausência de habitação extramuros, com a beleza paisagística que a envolve, com o peso da sua História e com o facto de ser uma vila viva e não um “pastiche” plastificado pelo turismo...sinceramente que ainda não encontrei paralelo.

Que benefícios essa classificação trará para a região e para o País?

Em termos imateriais, o benefício da simples classificação, que é o mais alto galardão em termos de património...é mundial! Deve-nos orgulhar a todos, e não só aos marvanenses, que são apenas 185 intramuros. No que diz respeito a benefícios materiais, a componente turística é fundamental. O aumento do fluxo turístico, devidamente controlado, revitaliza as actividades socioeconómicas e culturais e permite a sustentabilidade. Mas também o seu anunciado estatuto, só por si, permite a aprovação de projectos que de outra maneira seria muito difícil vingarem. Em que factores fundamentais, que não os turístico-culturais, poderá assentar um plano estatégico para a sobrevivência e desenvolvimento de Marvão!?

Qual o papel do Politécnico na candidatura?

O técnico-científico; por meu intermédio, como representante do IPP na candidatura, coordena todo o processo. Mas a iniciativa nasceu de um almoço, bem ao jeito português, nos finais de 1998, entre o Sr. Presidente da Câmara, o então Governador Civil – Dr. Galinha Barreto -, o Sr. Presidente da Região de Turismo de São Mamede – Sr. Ceia da Silva – e eu próprio, cuja área de especialização académica é exactamente esta, a do Património. Depois...olhe, tem sido uma aventura, um trabalho ciclópico que está a chegar ao fim.

Quando é que saberão os resultados da candidatura?

A análise do processo e a visita da UNESCO e (ou) do ICOMOS, terão lugar durante o presente ano; a decisão final ocorrerá em 2005.

Qual o organismo responsável pela candidatura?

Todas as candidaturas a Património Mundial são da responsabilidade do Estado. Na prática, quem as desenvolve são comissões de especialistas, constituídas para o efeito, enquadradas, geralmente, pelas câmaras municipais. No caso de Marvão, existe uma Comissão Técnico-Científica, uma Comissão Consultiva (em jeito de comissão de honra) e uma Comissão de Acompanhamento da Vila, constituída por marvanenses em reunião geral de moradores convocada para o efeito. Sempre foi para mim um ponto de honra que esta candidatura se desenvolvesse por vontade e com o acompanhamento da população.

Que apoios recolheu a candidatura?

Pode-se dizer total, o apoio, de pessoas e de instituições regionais e nacionais. No concreto, as coisas são muito mais difíceis; quem se envolver num processo destes tem que contar, sobretudo, com as próprias forças, com a prata da casa.

Como é que a comunidade de Marvão está a reagir à possibilidade da vila ser considerada património mundial?

Inicialmente, havia um grande receio pelo agravar dos condicionamentos à intervenção nas edificações; explicámos esta situação vezes sem conta, e agora, todos compreenderam que a UNESCO não interfere na legislação nacional: o IPPAR é e será o único organismo cujo parecer é decisivo; não esqueçamos que antes de todo este processo se iniciar, Marvão já era classificada, em bloco, carecendo do parecer do IPPAR para toda e qualquer intervenção. Depois, as pessoas começaram a ver que, mesmo durante o processo de candidatura, Marvão era mais falada nos media, o turismo subiu mais do que em qualquer outra localidade do distrito, as actividades culturais e científicas beneficiaram de um grande incremento; realizou-se, pela primeira vez, um encontro científico internacional, o Forum Marvão – Encontros Internacionais do Património, do Turismo e da Animação, e, provavelmente, decorrerá em Marvão, já no próximo ano lectivo, um mestrado nesta área, promovido pelo Instituto Politécnico em colaboração com a Universidade de Évora; a recuperação de casas degradadas é evidente; a Pousada da INATUR está em obras de ampliação. Ora tudo isto veio provar, à população, que a candidatura foi útil e que a consagração do Sítio de Marvão, como Património da Humanidade, é não só um direito, como um dever, como uma necessidade para o progresso da vila
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CINE CLUBE LANÇA

Contos para cinema

O Cine Clube do Norte Alentejano, com o apoio do Instituto Politécnico de Portalegre, está a promover um concurso de contos para cinema. A Iniciativa decorre até ao final do mês e destina-se a promover a escrita de contos que pela forma como são escritos permitam a sua transcrição para a linguagem cinematográfica. 

No âmbito do concurso, o Cineclube promotor deste concurso apoiará a produção de uma ou mais curtas-metragens baseadas nos melhores contos apresentados a concurso, solicitando os apoios adequados para o efeito. O tema dos contos a concurso é livre excepto no que respeita aos locais da acção que terão de ser na área geográfica do Alentejo (paisagem física) ou se passados fora do Alentejo deverão versar sobre pessoa ou pessoas de origem alentejana (paisagem humana).

De acordo com o regulamento, os textos a concurso devem ter entre dez e cinquenta páginas em formato A4 com espaçamento 1,5 e tamanho 10. A iniciativa está aberta a Pessoas de origem alentejana ou vivendo no Alentejo, elementos definidos no Bilhete de Identidade, cuja cópia deverá ser anexa a todos os textos enviados a concurso.

Às três primeiras obras serão atribuídos prémios pecuniários de 500, 350 e 200 Euros. Às obras classificadas entre a quarta e a décima posição serão atribuídos prémios de 100 Euros. Já os dez primeiros classificados, desde que tenham menos de trinta anos, serão ainda premiados, com um fim-de-semana, para duas pessoas, numa Pousada da Juventude. O Júri poderá atribuir menções honrosas a todas as obras que entenda merecerem essa distinção. Os prémios serão entregues durante uma sessão especialmente organizada para o efeito que terá lugar durante a primeira quinzena de Abril de 2004, prevendo-se a presença dos membros do Júri. As obras concorrentes deverão dar entrada nos serviços de relações públicas do Politécnico até ao dia 29 de Fevereiro ou, se enviadas por correio, com o carimbo dessa data.

 

 

 

INSTITUTO POLITÉCNICO DE BEJA

Ramalho em S. Tomé

O Presidente do IPB, José Luís Ramalho, deslocou-se, no passado mês de Janeiro, a São Tomé e Príncipe para participar, na qualidade de membro convidado, numa reunião do Conselho Científico do Instituto Superior Politécnico daquele país.

No âmbito desta deslocação, foram desenvolvidos contactos com o Ministério da Agricultura, Desenvolvimento e Pescas, no sentido do Instituto Politécnico de Beja vir a assegurar a criação e apoio do ensino profissional na área agrícola, através da criação de cursos profissionais de nível III, com a colaboração efectiva da Escola Superior Agrária de Beja.

Em reunião com o Ministro da Educação e Cultura de São Tomé foi também discutida a hipótese de se proceder à assinatura de um novo protocolo com aquele Ministério, e os Institutos Politécnicos de Beja e de Leiria e a Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, os quais estabeleceram uma parceria para a cooperação tendo em vista o apoio a alguns cursos existentes e a outros que eventualmente se venham a criar no âmbito do ensino profissional ou superior. Os contactos oficiais terminaram com uma reunião com a Primeira Ministra, Maria das Neves, onde foi reiterada a vontade de desenvolver uma cooperação mais efectiva no domínio do ensino profissionalizante e em áreas estruturantes, como é o caso concreto da área do turismo. Foi igualmente analisada a hipótese de alunos formados pelo IPB virem a realizar estágios profissionais naquele país. No imediato ficou acordado a ida de três alunos do curso de informática para o Banco Internacional de São Tomé e Príncipe pelo período de três meses.

 

 

 

BEJA

Estig ajuda aeroporto

A Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Beja está a desenvolver o sítio Internet da EDAB (Empresa para o Desenvolvimento do Aeroporto de Beja), que tem como função instalar o futuro aeroporto civil em Beja.

O projecto, denominado EDABnet, está ser desenvolvido ao abrigo de um projecto de final de curso de Engenharia Informática (licenciatura) dos alunos Nuno Mendes e João Pexirra e está a ser orientado pelos docentes da ESTIG, Luís Garcia e Luís Bruno.

O site pretende disponibilizar informação, entre outros tópicos, sobre os objectivos e vantagens da instalação do aeroporto, das actividades desenvolvidas pela empresa para a prossecução da sua missão, do ponto de situação do estado do projecto e de notícias relevantes. Por outro lado, o sítio terá algumas funcionalidades com mais interacção com o utilizador, como são o funcionamento de um fórum de discussão, uma mailing list e um mecanismo de comentário aos seus conteúdos.

O EDABnet possuirá também um sistema gestor de conteúdos que permitirá àquela empresa gerir dinamicamente o sítio em termos da estrutura de acesso à informação (menus), conteúdos das páginas e algumas configurações da sua apresentação ao utilizador. Este sistema será fácil de utilizar e possuirá flexibilidade suficiente para os serviços da EDAB actualizarem o sítio autonomamente.

O desenvolvimento deste projecto está a ser feito em diferentes fases, casos da concepção, implementação e testes dos sítios Web. De entre as tarefas projectadas destacam-se a elaboração e disponibilização de um inquérito que tem como função identificar os principais tópicos de interesse dos futuros utilizadores, bem como a execução de que pretendem identificar qual é o grau de facilidade e de satisfação dos utilizadores quando em ambiente de utilização. É importante destacar que o EDABnet está a ser projectado para acolher a utilização de pessoas com necessidades especiais, estando para tal a ser desenvolvidos testes de acessibilidade.

 

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