Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano VI    Nº69    Novembro 2003

Dossier

NUNO OLIVEIRA, PRESIDENTE DO POLITÉCNICO DE PORTALEGRE

Alentejo entre os melhores

O presidente do Instituto Politécnico de Portalegre considera positivo o início do ano lectivo nas suas unidades orgânicas, sobretudo no que respeita à entrada de novos alunos para a instituição. Aquele responsável sublinha o facto do politécnico a que preside ter sido um dos mais procurados. “Ficámos em quinto lugar, entre os politécnicos de todo o país, no que respeita a entrada de novos. Se considerarmos que o Instituto do Cávado e Ave tem apenas uma escola, conclui-se que apenas fomos ultrapassados em matéria de colocações por Lisboa, Porto, Setúbal e Leiria”.

O resultado obtido, além de motivador, é, na opinião de Nuno Oliveira, o reflexo da qualidade dos cursos ministrados nas quatro escolas do Instituto: Superior de Tecnologia e Gestão, Educação, Enfermagem e Agrária. “Se olharmos para todo o universo do ensino superior português, ficámos colocados em 14º lugar. Esta situação, quando comparada com o mercado potencial de consumidores que temos no nosso distrito, é muito motivadora. No distrito de Portalegre há apenas oito escolas com o 12º ano de escolaridade, quatro das quais muito pequenas. O que significa que o nosso Politécnico, para ter cerca de 700 alunos colocados, apresenta uma mais valia qualitativa quer ao nível do ensino, quer das infraestruturas”.

Nuno Oliveira adianta que a batalha da qualidade é permanente e que o trabalho desenvolvido por docentes e funcionários é reconhecido. No entanto, a questão de entrada de novos alunos no ensino superior deve levar o governo a lançar medidas de discriminação positivas para as instituições do interior do país. “Além dessa mais valia qualitativa, tem que haver medidas discriminativas para as instituições do interior, de forma a poder atrair os alunos para Portalegre. Certamente que não há outro distrito em Portugal que tenha apenas oito escolas com 12º ano”. 

DIFICULDADES. Para Nuno Oliveira a grande desilusão, no que respeita a colocação de alunos, foi o curso de Gestão de Espaços Verdes, na Escola Superior Agrária de Elvas. “A procura ficou muito aquém das expectativas, cifrando-se nos 15 por cento. Como se tratava de um curso novo, deveria ter despertado mais a curiosidade dos candidatos”, explica.

Os outros cursos menos procurados acabaram por seguir o panorama nacional. “Já se esperavam dificuldades nas engenharias, como electromecânica, industrial e informática. O que de resto aconteceu em todo o País. Nas ciências agrárias também houve dificuldade em preencher os cursos de agricultura tradicionais, o que também se verificou no Instituto de Agronomia. Por isso, há que repensar os cursos de agricultura tradicional na Escola Superior Agrária”.

Ao nível da Escola Superior de Educação, o Instituto optou por fechar temporariamente os cursos de português/inglês, português/francês e matemática ciências. “Decidimos abrir ainda o de educação visual e tecnológica, mas tal como aconteceu em todo o país, teve poucos candidatos. Nos restantes preencheram-se todas as vagas”. Nuno Oliveira lamenta ainda o facto do Ministério não ter “aprovado um curso relacionado com biblioteca e documentação”.

Para ultrapassar as dificuldades naqueles cursos, Nuno Oliveira adianta que tem já preparada uma proposta de novos cursos e de reformulação de cursos actuais, que vai ser discutida na Comissão Permanente, com todos os presidentes dos conselhos directivos.

A discussão deve, no entender do presidente do Politécnico, ser alargada dentro dos órgãos das escolas, para que em Janeiro se possam apresentar propostas
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INSTITUTO POLITÉCNICO DE PORTALEGRE

Lutar contra a maré

Com um orçamento para 2004 inferior ao de 2003 o Instituto Politécnico de Portalegre promete lutar contra a maré de cortes de que foi alvo pelo Ministério da tutela. A acrescentar à diminuição do orçamento está o facto de não ter visto qualquer obra ser comparticipada em Piddac. “Em todo o país há três politécnicos que tiveram zero euros inscritos em Piddac, entre os quais está Portalegre. A questão é saber porque é que isso aconteceu. E em meu entender, está relacionado com o facto do Politécnico de Portalegre estar a ter algum protagonismo e evidência, o que será inconveniente para outras instituições de ensino superior”.

Sem verbas atribuídas em Piddac, a construção da nova escola Superior Agrária de Portalegre, que passa pela reconstrução do Quartel do Trem, poderá ficar comprometida. Ainda assim, Nuno Oliveira lembra que há a possibilidade de fazer a obra. “A ESA de Elvas teve inscritos em Piddac anterior cerca de 180 mil contos. Neste momento, acontece que nós já fizemos alguns trabalhos de reconstrução do Quartel do Trem. Por motivos de natureza legal o concurso foi anulado, mas continuo a ter, na conta do Instituto Politécnico de Portalegre depositados na Direcção Geral do Tesouro cerca de 150 mil contos. Só que estou proibido de os utilizar. Ou seja, o Estado português não me permite utilizar essa verba, mas paga-me juros sobre ela”. 

O caso é ainda mais curioso, já que fruto daquela proibição, o Instituto Politécnico de Portalegre é obrigado a pagar rendas de “edifícios e propriedades em Elvas para funcionamento da Escola. Além disso, impede-me de pagar uma renda ao Ministério da Justiça, pela utilização da Herdade de Vila Fernando, que está totalmente devoluta. Por outras palavras, o Estado português está a ser um mau gestor e a prejudicar o desenvolvimento da Escola Superior Agrária de Elvas!”.

Para Nuno Oliveira a situação é inaceitável, tanto mais que existe um projecto onde é possível recuperar o Quartel do Trem, para aí instalar a escola. “Com essa verba e com os 90 mil contos disponibilizados pela Câmara de Elvas é possível fazer essa obra, embora com uma outra dimensão daquilo que inicialmente foi projectado”, assegura.

Todos aqueles assuntos já foram levados ao ministério da Ciência e do Ensino Superior, mas até ao momento as respostas não são conclusivas. “O anterior ministro, Pedro Lynce, disse que o ministério não estaria disponível para investir no quartel do Trem, pelo que iria falar com o seu colega da Agricultura, para que se pudesse articular a utilização da estação de olivicultura. Mostrou disponibilidade também em falar com a ministra da Justiça, Celeste Cardona, para que pudéssemos utilizar a Herdade de Vila Fernando. O que se verifica é que as coisas estão paradas, provavelmente pela mesma razão com que se atribuiu ao Politécnico de Portalegre zero euros no Piddac de 2004”.

OBRAS. Apesar das dificuldades, o Instituto Politécnico de Portalegre tem em marcha algumas obras. O novo edifício da Escola Superior de Tecnologia e Gestão, que deverá ser inaugurado no Dia do Instituto, a 25 de Novembro. O novo edifício, localiza-se na zona poente da Escola (em frente à sala de CAD-CAM). Naquela infraestrutura existirão três salas/laboratórios de ensino, um auditório para o mesmo efeito, instalações sanitárias e uma zona técnica de apoio. O auditório terá capacidade para 120 pessoas e estará equipado com sistema de som. As salas de aula, que serão divididas por painéis amovíveis insonorizados, podem transformar-se num espaço único, com 90 lugares sentados, que será de extrema utilidade em épocas de exames.

Já a cantina dos Serviços Centrais , Nuno Oliveira viu-se obrigado a suspender o concurso, pois a obra acabou por não ser contemplada em Piddac. “Tenho documentos escritos a garantir o financiamento para a construção da cantina. Só por isso é que abri o concurso, após o visto do Tribunal de Contas. Já fizemos a contestação desse facto à Direcção Geral do Ensino Superior e Gabinete de Gestão Financeira, para que se possa avançar com a construção desse espaço”. Nuno Oliveira sublinha ainda o facto de o Estado ter poupado “muito dinheiro na elaboração dos projectos da nova cantina e da extensão da ESTG, pois foram desenvolvidos no Gabinente Técnico do Politécnico. Acontece que depois não vemos qualquer recompensa de racionalizarmos os meios. Espero que ainda haja o bom senso de arrepiar caminho, sobretudo no que respeita ao Piddac. É que a primeira prioridade que o Politécnico enunciou para o Piddac foi o arranjo do telhado dos serviços centrais, onde chove, com uma verba de apenas 30 mil contos. Isto é inaceitável!”.

 

 

 

5000 ALUNOS EM 2006

Meta é possível

O plano de desenvolvimento do Instituto Politécnico de Portalegre aponta para que em 2006 aquele organismo tenha cerca de cinco mil alunos. Um número que, a avaliar, pelo excelente nível de colocação de novos estudantes, pode ser possível de ser alcançado. No entanto, para que isso se concretize é necessário, no entender de Nuno Oliveira que se cumpram três requisitos: “criação de uma Escola Superior de Serviços em Ponte de Sôr, transformação da escola Superior de Enfermagem em Superior de Saúde e a criação de uma extensão da ESTG em Elvas, cujas propostas estão no ministério”.

Neste momento ainda nenhum dos pressupostos foi atingido. “A Escola Superior de Serviços dificilmente será criada. No entanto, se tivermos a possibilidade de transformar a Enfermagem em Superior de Saúde, criando uma extensão em Elvas, e se for criado o pólo da ESTG em Elvas, é possível atingirmos esse número de alunos”.

Para Nuno Oliveira o grande problema da falta de candidatos ao ensino superior não resulta da recessão demográfica. “O grande problema está relacionado com o facto de 50 por cento dos alunos do secundário não prosseguirem estudos no ensino superior. Portugal, mesmo depois do alargamento a leste da União Europeia, continuará a ser o país com menor número de licenciados. O que significa que não estamos perante um problema de recessão demográfica, mas sim de falta de atractividade e condições para que os alunos não abandonem o ensino secundário e, mais tarde, o superior”.

O alargamento do ensino obrigatório ao 12º ano poderá ser um factor importante para contrariar essa tendência. “As próprias escolas profissionais têm um papel importante a desempenhar nesta matéria. Recentemente fizemos um protocolo com uma escola profissional, para desenvolver dois cursos de especialização tecnológica de forma a que esses alunos tenham prioridade na entrada de alguns cursos no Politécnico
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