Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano VI    Nº69    Novembro 2003

Dossier

ESTG DE PORTALEGRE

Na vanguarda do futuro

A Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Portalegre é aquela que apresenta maior número de alunos entre as suas congéneres do Instituto Politécnico. Para Patrício Vilar, presidente do Conselho Directivo da ESTG, o início do ano lectivo começou de uma forma muito positiva, no que respeita à entrada de novos alunos. “Apesar da nossa localização geográfica, foram ocupadas a quase totalidade das vagas nesta segunda fase”, diz. 

Ainda assim Patrício Vilar garante ser necessário implementar projectos que permitam que o crescimento da escola no futuro. “É importante mantermos a tendência de crescimento que a escola tem tido ao longo destes dez anos, onde quadriplicámos o número de alunos”. Com mais de dois mil estudantes, a ESTG de Portalegre está empenhada em precaver o futuro. “As estatísticas apontam para um decréscimo da população estudantil no ensino superior. Por isso, temos que desenvolver projectos que nos distingam das outras instituições em matéria de oferta de ensino superior”. Caso isso não seja feito, Patrício Vilar adianta que a escola, dentro de alguns anos, poderá passar pelas dificuldades com que se debatem algumas instituições de ensino”.

METAS. Patrício Vilar e a sua equipa têm definidas as metas a atingir, assim como os caminhos a percorrer. “Com os recursos que temos é difícil implementar determinadas ideias. Aquilo que seria ideal passava por diferenciar a escola numa especialização concreta. Isto é, a ESTG tem cursos de vários domínios do conhecimento, mas isso não impede que encontrássemos aqui uma aposta comum. Isso já foi feito noutros países, como na Finlândia, que é um país conhecido também pela marca de telemóveis Nokia. Uma marca que resultou de uma experiência de uma escola politécnica. E é esse tipo de especialização que devermos perseguir”. 

O presidente da Escola continua: “no caso da nossa escola essa especialização é possível, pois temos uma oferta global, que vai desde os cursos de tecnologia aos de ciências empresariais. Daí que possamos unir as várias valências para alcançar esse objectivo, dando também aos alunos os instrumentos para que desenvolvam o seu próprio negócio”. A ESTG está, de resto, a desenvolver alguns projectos de desenvolvimento, que envolvem professores e alunos, com o apoio de programas comunitários. “Projectos que permitem a realização de investigação aplicada, que ainda é a grande falha do ensino politécnico”, explica. 

A grande questão é que o ensino politécnico não tem meios, diz Patrício Vilar. “O financiamento às instituições de ensino superior tem sido mais apertado, o que causa muitos problemas para o desenvolvimento de estratégias ambiciosas”. A solução de parte do problema passa pela participação das empresas. “Para recorrer ao patrocínios das empresas, temos que lhes apresentar projectos concretos que interessem a essas empresas. Esta tem que ser a estratégia”. Patrício Vilar e a sua equipa garantem que “já foram dados alguns passos. Contudo, o universo das empresas que existem na região não é grande”. Daí que a Escola tenha procurado também outros parceiros. “Já assinámos protocolos com a IBM e brevemente serão assinados outros com empresas de grande dimensão. Estamos também em contactos com empresas espanholas e está a ser feito algum trabalho conjunto com a Universidade da Extremadura”.

Para Patrício Vilar é importante que se trabalhe depressa nesta área. “Com a chegada do TGV e a abertura do porto de carga de Sines, ficamos com uma frente de desenvolvimento muito importante. E nós temos que estar preparados para isso”. Segundo aquele responsável, “há a possibilidade do Alentejo ter no seu território um conjunto significativo de grandes empresas”. O desenvolvimento desta estratégia, está também ligada à formação dos próprios docentes, ao nível de mestrado e doutoramento. “Isso obriga a um esforço muito grande de todos nós”, conclui.

Ao nível dos cursos, Patrício Vilar avança com a avaliação do desempenho pedagógico das cadeiras e não os professores. “A nossa intenção, e a de qualquer gestor, não passa por avaliar esta ou aquela pessoa, mas sim, e neste caso concreto, o desempenho das disciplinas. São estes instrumentos básicos que têm que começar a funcionar”
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ESA DE ELVAS

Agrária com balanço positivo

Em período eleitoral para a escolha do novo presidente do seu Conselho Directivo, a Escola Superior Agrária de Elvas tem pela frente desafios importantes, que passam pela resolução do problema das instalações, com a construção da nova escola, e pela adaptação dos cursos à Declaração de Bolonha. Gonçalo Barradas é presidente daquela instituição há vários anos. Nas próximas eleições não vai ser candidato, diz que é necessário dar a vez a outras pessoas e a novas ideias. Mas o balanço que faz do trabalho desenvolvido é positivo. “Conseguimos implantar a escola num momento difícil para o ensino superior, mas sinto-me satisfeito pois a escola cresceu, e hoje desempenha um papel importante para a região”.

Com a nova residência de estudantes a funcionar e com dois novos cursos abertos neste ano lectivo, Gonçalo Barradas considera o início do ano escolar positivo. “Este ano abrimos dois novos cursos, que constituíam um factor decisivo para o crescimento da escola. Um desses cursos preencheu totalmente as vagas”. Já quanto aos cursos que a escola vinha ministrando, a procura parece ter seguido a lógica nacional. Facto que poderá levar a escola a repensar as ofertas. “Algo que só pode ser feito de uma forma global em todo o país, de forma a clarificar-se quais os cursos que são importantes, quais devem acabar e quais devem abrir de novo”.

Os cursos ministrados na Esae vão também sofrer algumas alterações, de forma a estarem de acordo com a declaração de Bolonha, onde prevê apenas um grau de formação inicial. De qualquer modo o figurino vai manter-se muito semelhante”.

Com o problema das instalações definitivas por resolver, Gonçalo Barradas lembra que “a escola está no limite máximo no que respeita ao número de alunos. Por isso, esse é um problema que tem que ser resolvido a muito curto prazo, para que quando os quatro cursos estiverem em pleno funcionamento tenhamos condições”. O presidente do Conselho Directivo da Esae lamenta “todos os atrasos no início da construção das novas instalações. Nós tínhamos todas as nossas esperanças depositadas nessa obra, que se estivesse concluída teria permitido um grande crescimento à escola”
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ALBANO SILVA, PRESIDENTE DA ESEP

Aposta nos contrato-programa

Com a suspensão de dois cursos de formação inicial de professores e sem ver qualquer das propostas de novos cursos viabilizada pelo Ministério (apenas foi aceite a reconversão do curso de Jornalismo), a Superior de Educação de Portalegre quer manter e melhorar a qualidade dos cursos de formação inicial, celebrar contratos-programa com os ministérios da Educação e Ensino Superior, desenvolver parcerias com a comunidade e apostar nas especializações e pós-graduações.

A garantia é do presidente do Conselho Directivo, Albano Silva, para quem “as ESE´s do Interior contribuíram fortemente para o desenvolvimento regional, e não podem perder esse papel”, pelo que quer potenciar os recursos humanos e materiais que a escola possui, no sentido de criar novas possibilidades de intervenção e contribuir para a melhoria do sistema educativo da região.

“Esta é a altura ideal para olharmos em frente, analisando as realidades do Distrito, pensando de uma vez por todas na educação de adultos e no combate à fuga à escolaridade obrigatória”, algo que pode implicar o incremento de colaboração com as escolas, alargando-a às autarquias, bem como a contratualização com a Administração Central.

Outra vertente de trabalho passará pelas especializações e pós-graduações, designadamente complementos de formação e aos mestrados, tendo avançado este ano o primeiro, em parceria com a Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, entidade com a qual tem havido uma sã e já longa colaboração.

Albano Silva quer apoiar ainda a investigação e a realização de iniciativas culturais e académicas no interior da escola, no sentido de formar melhores técnicos superiores, para o que diz precisar de mais recursos, seja na construção de salas, seja no dinheiro necessário para reequipamento.

“A recessão financeira é um facto. Espero que ela não corresponda a uma recessão de ideias e de profissionalismo. Queremos responder ao estado anémico que se vive, com experiências e vivências positivas, parcerias institucionais válidas, que sejam fontes de esperança numa melhor cultura, numa melhor escola e na educação para todos”.

FUTURO. Albano Silva não tem dúvida que dentro de alguns anos será necessário reabrir cursos de formação de professores, o que deverá acontecer, diz, numa lógica de rede coordenada em termos centrais e não com todas as escolas a reabrir os mesmos cursos ao mesmo tempo.

Como exemplo, dá o caso do encerramento dos cursos de 1º Ciclo no final dos anos 80, que reabriram depois em catadupa. “Um estudo do Ministério conclui que dentro de 10 anos serão necessários professores de Matemática e de Ciências que agora não estamos a formar. Penso que as ESE´s se deveriam ter entendido, definindo quem tinha mais recursos e em que área. Não o fizeram e agora teremos de o fazer”.

Espera agora uma atitude governativa. “Se é importante existirem politécnicos em Beja, Portalegre, Castelo Branco, Guarda e Viseu, deve ser definida que discriminação positiva fazer, no sentido de terem valências formativas diferentes das que há no Litoral. É um trabalho decisivo, que se devia fazer, mas que não se faz. Só assim se compreende que este ano a Universidade de Évora abriu um curso de turismo quando já existe um na ESE de Portalegre e outro na ESE de Beja. Faz sentido o Alentejo ter três cursos de turismo?”.

 

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