Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano VI    Nº63    Maio 2003

Dossier

PROPOSTAS DE SAMPAIO

Educação e inovação

O Presidente da República, Jorge Sampaio, considera que “é no sistema de ensino que tudo se vai jogar no futuro de Portugal”, pelo que propõe medidas como a formação contínua de professores, uma maior exigência em relação aos alunos, melhor cooperação entre escolas, empresas e autarquias, tendo em conta as exigências de inovação. Entende que o caminho é difícil, mas só pela competitividade, inovação, criatividade e conhecimento é possível gerar uma nova coesão económica e social.

Afirma que o crescimento do Ensino Superior em Portugal foi dos maiores ao nível dos países da OCDE, pelo que existe hoje um parque escolar de qualidade, novas áreas de formação, oportunidades para mais jovens, bons corpos docentes e bons equipamentos. “É grato verificar hoje a fixação de jovens nas cidades do Interior, bem como o real impacto na economia local e regional”.

Considera assim que “seria inaceitável reduzir a capacidade instalada, porque ela é potenciadora da inovação, do desenvolvimento tecnológico e educativo e da criação artística e cultural”. E como “não temos diplomados a mais”, entende que é “necessário desenvolver ainda mais a nossa capacidade de formação”.

As palavras foram proferidas no seminário “O Ensino Superior Politécnico e o Desenvolvimento do País”, que decorreu a 8 de Maio, na Escola Superior de Comunicação Social, em Lisboa. Uma oportunidade no decorrer da qual Sampaio deixou cinco desafios fundamentais para que o Ensino Superior se afirme e possa ajudar à revolução tranquila que o País tem de realizar para se aproximar da produtividade média europeia.

O primeiro desafio consiste “na criação de um sistema de educação ao longo da vida”, qualificando activos, valorizando o ensino à distância, além de repensar métodos de ensino, a organização pedagógica, formação e avaliação de docentes. O segundo desafio passa pela racionalização da oferta formativa, pelo que pede às instituições que se entendam nesta área e na do desenvolvimento da investigação científica.

Numa terceira vertente defende o cumprimento da escolaridade obrigatória e a “prevenção dos abandonos precoces”, a que se deve juntar uma maior qualidade no Básico e no Secundário, designadamente ao nível da Matemática e da Língua Materna. O quarto desafio passa pela colaboração entre autarquias, empresas e instituições de Ensino Superior. Finalmente, alerta para que a organização da formação tenha em conta as tendências europeias, nomeadamente depois de Bolonha.

 

 

 

 NO SEMINÁRIO SOBRE O ENSINO POLITÉCNICO EM LISBOA

Autarcas não pagam mais

A nova forma de financiamento do Ensino Superior pode deixar de partir do número de alunos, mas não deve sobrecarregar as autarquias, as quais já apoiam significativamente o Ensino Superior. Esta é, pelo menos, a opinião dos presidentes de câmaras presentes no seminário de Lisboa, o qual contou com a presença do Presidente da República, Jorge Sampaio, além de professores, alunos, autarcas e empresários de todo o País.

“O Estado não pode passar para as câmaras municipais a responsabilidade dos financiamentos que só ao Estado pertencem. A Câmara de Castelo Branco já deu terrenos e, no caso de Idanha, deu as instalações, pagava as despesas e chegou a pagar aos professores, através de transferências que fazia para o Politécnico. Ora, se agora tivesse, num altura destas, de suportar mais custos, o Politécnico poderia deixar de ser uma alavanca de desenvolvimento, para funcionar como instituição limitadora da actividade da Câmara”.

As palavras são do presidente da Câmara de Castelo Branco, Joaquim Morão, o qual foi um dos dois autarcas presentes. O outro foi o presidente da Câmara de Setúbal, Carlos Sousa, para quem “é impossível pedir às câmaras que financiem os politécnicos, dado que já o fazem. Isto além de terem assumido encargos que não lhes cabiam, como foi o caso dos transportes escolares, sem terem sido compensadas por isso”.

DESENVOLVER. Apesar desta impossibilidade, Carlos Sousa afirma que tal não pode significar um desinvestimento, pois, “o País precisa de ter quadros formados, a fim de cativar investimento estrangeiro. Se não os tiver será muito difícil, ainda mais com a entrada de 10 novos países na União, nos quais, como se sabe, a formação das pessoas tem um nível mais alto que o verificado em Portugal”.

Com cinco escolas, 400 professores e cerca de cinco mil e 500 alunos, o Politécnico de Setúbal está ainda relacionado com empresas e autarquias, cooperação no âmbito da qual tem desenvolvido projectos, nomeadamente na área das novas tecnologias. Uma posição que também acontece em Castelo Branco, com o Politécnico a ter cerca de 200 acordos de cooperação com instituições e empresas.

Assim, para Joaquim Morão, “a Câmara de Castelo Branco está contra qualquer decisão que faça regredir o Ensino Superior Politécnico, porque ele não pode voltar para trás, dado ser a alavanca determinante para o desenvolvimento da cidade e da região. Deve assim ser reforçado, como aconteceu recentemente com a criação de duas novas escolas, que vão ter edifícios novos em terrenos oferecidos pela Câmara e avaliados em centenas de milhar de contos”.

Joaquim Morão referiu que o Politécnico de Castelo Branco conta com cinco mil alunos, 418 docentes, 250 funcionários (85 técnicos superiores), o que é significativo numa cidade com cerca de 35 mil habitantes. A fechar, o presidente do Politécnico de Castelo Branco, Valter Lemos, referiu no debate que “entenderia muito mal qualquer perspectiva em que as câmaras tivessem de financiar politécnicos ou universidades, uma vez que já o fazem”.

 

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