PARA FAZER FACE À QUEBRA
DEMOGRÁFICA
Évora renova cursos
A oferta formativa da Universidade de Évora vai sofrer alterações já no próximo ano, passando os cursos a ter mais variantes, a fim de redistribuir melhor os alunos dentro da própria instituição, ao mesmo tempo que poderão melhorar os níveis de empregabilidade após a conclusão da formação. A confirmação é do reitor da instituição, Manuel Ferreira Patrício, o qual levanta um pouco o véu em declarações do Ensino Magazine.
“Estamos a procurar estratégias de defesa perante o fenómeno da quebra demográfica”. O primeiro passo dado mobilizou a Universidade inteira e consistiu “na reforma do quadro global da oferta de formação inicial. Oferecemos um certo conjunto de licenciaturas em 2002/2003, o qual será diferente no próximo ano. Envolvemo-nos completamente nisso e procurámos marcar passo por Bolonha”.
A lógica passa por adaptar a oferta da Universidade àquilo que foi definido em termos de Superior a nível europeu em Bolonha e Praga. “Embora não tenha sido publicada a legislação, tomámos como referência documentos importantes como o parecer do Conselho de Reitores, os pareceres do Conselho Nacional de Avaliação do Ensino Superior relativos a Bolonha e ao ECTS”, este último o sistema europeu de transferência de créditos, o qual permite que as aprendizagens possam ser reconhecidas noutras instituições nacionais e europeias, sendo que cada ano académico deve corresponder a 60 créditos.
“Queremos acertar o passo com o futuro, embora se mantenha o respeito pelo quadro legal vigente. É como se tivéssemos jogado em duplas. Mantemo-nos no quadro legal, mas estamos preparados para mudar para a moldura bolonhesa”, refere Manuel Ferreira Patrício.
Para efectuar toda a mudança, a Universidade avaliou as preferências manifestadas pelos alunos na candidatura de Julho de 2002 em termos de cursos e definiu a oferta de formação no sentido que apontam as preferências, o que pode significar fecho de cursos e abertura de outros. “O plano passa pela suspensão de cursos. Abandonámos uma determinada oferta e refizemos a oferta”. Continuarão a existir dezenas de cursos na Universidade, mas alguns deles, designadamente na área de formação de professores, sofrem alterações.
“Respondemos a essa crise com a criação de licenciaturas com variantes, isto é, a uma mesma licenciatura de base, de espectro largo, correspondem depois variantes para flexibilizar, o que permite uma redistribuição dos alunos já dentro da Universidade na altura em que devem fazer essa opção”. Um dos exemplos será o do Curso de História, considerada de crise em termos do ensino. “Com as variantes, poderemos dar aos alunos uma formação base em História e
redistribui-los de acordo com as variantes, o que parece uma forma económica, flexível e inteligente de resolver o problema”.
Já em relação à extinção de cursos, Ferreira Patrício defende que será má política tomar já decisões, uma vez que as diferentes formações continuarão a ser necessárias. Não serão necessárias é em tão grande quantidade. “Importa que o Ministério da tutela encare a questão com um olhar largo, atendendo ao universitário público, ao politécnico público, mas também ao particular e cooperativo. A reponderação deve compreender a todos e não apenas a alguns”.
DE 11 A 14 DE MARÇO
Todos à UBI
A continuidade da exposição “100 Obras de Engenharia Civil do Século XX”, que deveria terminar a 28 de Fevereiro, está garantida até ao final dos dias da UBI, iniciativa da Universidade da Beira Interior que tem como fim mostrar o que se faz no interior da instituição e que no ano passado contou com mais de cinco mil visitantes de vários pontos do País. Mas está também garantido teatro e um conjunto de actividades que já são referência no mundo académico nacional e que vão decorrer no Pólo Central, Pólo Ernesto Cruz e na Reitoria (Pólo
II).
Uma delas, que se estreou no ano passado e garantiu um grande êxito, será o Hospital dos Bonecos, uma actividade lúdica e pedagógica direccionada para crianças. Mas a iniciativa vai mais longe, divulgando outras capacidades científicas, técnicas e culturais, com visitas aos diversos departamentos, centros e aos serviços de documentação, onde se sucedem exposições, conferências, experiências em laboratórios, tecnologias computacionais e
multimédia.
Nesse sentido, o Departamento de Ciências Médicas não vai ficar por aqui, e este ano deverá mesmo avançar com a denominada gincana anatómica, ou seja, os visitantes percorrerão várias salas, sendo cada uma delas dedicada a um órgão do corpo humano. Há ainda a possibilidade de visitar as salas de auto-aprendizagem e de ficar a conhecer o testemunho de futuros médicos, estando agendados debates sobre temas como Cancro, Sida e clonagem.
Do ano passado transitam algumas actividades que motivaram uma grande adesão, caso das pontes de esparguete criadas no Departamento de Electromecânica, o Jogo da Bolsa, do Departamento de Economia, e as experiências a realizar no Departamento de Física. No Departamento de Matemática serão ainda realizadas actividades de jogos e enigmas, entre outras.
O Departamento de Informática vai centrar a sua actividade em exposições que abordam a multimédia, a história dos computadores, a estrutura do curso e projectos de fim de curso, além das actividades dos alunos. Interessante será também a visita a laboratórios pertencentes aos diversos departamentos, bem como os ateliers e exposições agendados para a Unidade de Artes e Letras, na qual não faltarão encontros com a poesia, visitas guiadas e
mini-aulas.
O Centro de Recursos e Audiovisuais, o Museu de Lanifícios e os serviços de documentação da Biblioteca serão outras das estruturas abertas ao público e possivelmente das mais visitadas, tal como deverá acontecer com o cybercentro, no qual serão desenvolvidas actividades que vão desde a iniciação à Internet à captação de vídeo, CD Multimédia, entre muitas outras possibilidades. No cybercentro, a novidade passa ainda pela projecção do primeiro filme português integralmente feito em três dimensões, de nome “Karma”, realizado por Telmo Martins a partir de um conto de Rui Zink, o escritor que o Ensino Magazine entrevista nesta edição. Os pormenores do programa podem ser consultados no site
www.ubi.pt.
MUSEU. O Museu de Lanifícios da UBI também está integrado na rota dos “Dias da UBI” com visitas guiadas ao núcleo museológico e à Oficina Têxtil. Serão também realizadas visitas ao Arquivo de Documentação / Arquivo Histórico com a apresentação do banco de dados e imagens Arqueotex e pesquisa do espólio têxtil incorporado.
CONSELHO CIENTÍFICO DE
ÉVORA ANALISA
Quadro de formação
em análise
A Universidade de Évora pretende oferecer, já no próximo ano lectivo, um quadro de formação adequado aos princípios do “Processo de Bolonha”. Na última reunião do Senado, que se realizou entre os dias 27 e 28 de Janeiro, foram aprovadas 32 propostas de reestruturação curricular de cursos de licenciatura. A instituição opta, deste modo, pela passagem à prática de Bolonha de uma forma integral e sistémica, e avança determinadamente para a construção do espaço europeu do ensino superior.
A necessidade de se adaptar ao Processo de Bolonha fez com que toda a comunidade universitária (Conselho Científico Geral da U.E., Comissões de Curso e Conselhos Científicos das Áreas Departamentais) se empenhasse numa profunda renovação dos cursos de licenciatura. Os resultados obtidos do extenso trabalho realizado são satisfatórios e, em 2003/2004, os novos alunos terão a oportunidade de acesso a uma nova oferta de formação. Formação esta que, segundo o Presidente do Conselho Científico, Ricardo Serralheiro, se caracteriza por maior qualidade, mas também por maior mobilidade interna do estudante.
Das propostas de reestruturação curricular, 19 sofreram revisões, oito são substituições de licenciaturas existentes e cinco são completamente novas. Os graus de reestruturação que se verificam nesta profunda renovação vão desde a simples adaptação da contagem das unidades de crédito em ECTS até à suspensão e à criação de novas licenciaturas. Deste modo, existirá uma maior optimização das disciplinas entre os vários cursos. Verifica-se, ainda, que alguns cursos integram a formação de troncos comuns, o que proporciona ganhos de economia e, sobretudo, de mobilidade dos estudantes. Para além disso, várias das licenciaturas prevêem variantes ou minors que constituem oportunidades adicionais de resposta formativa e profissionalizante.
Na reorganização curricular das licenciaturas, algumas mantêm-se nos quatro anos, outras passaram de cinco para quatro, e outras mantiveram-se nos cinco anos. Muitas pensaram no futuro, na flexibilidade e na hipótese de adoptar o sistema de 3+2, outras o de 4+1. Está, também, previsto o complemento (+2 ou +1) que constituirá o mestrado em moldes previstos no “Processo de Bolonha”.
Trata-se, de facto, de um modelo de formação que implica maior responsabilização dos docentes e dos estudantes. A Universidade de Évora pretende, com tudo isto, um menor número de horas presenciais com outros métodos de ensino mais baseados no trabalho do aluno, e muito maior disponibilidade dos docentes para acompanharem e orientarem esse trabalho. Para a referida instituição, esta dinâmica nova vai constituir uma melhoria grande da qualidade e da oferta das licenciaturas, com abertura para as pós-graduações.
No que diz respeito às licenciaturas que se mantêm em cinco anos e se estas seguem ou não os trâmites de Bolonha, o Presidente do Conselho Científico disse que “temos de facto algumas licenciaturas com cinco anos, mas já estão preparadas para se adaptarem aos princípios de Bolonha. Portanto, este 5.º ano será um ano complementar onde se prevê aí a obtenção de uma pós-graduação, de acordo com os critérios de Bolonha”.
Noémi Marujo
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