Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano VI    Nº70    Dezembro 2003

Politécnico

LUCIANO ALMEIDA, PRESIDENTE DO IPL

Leiria com o pleno

No presente ano lectivo entraram cerca de dois mil alunos novos para o Instituto Politécnico de Leiria (IPL). Um número que tornou aquela instituição de ensino como uma das maiores da região centro, com cerca de 10 mil alunos. Para Luciano Almeida, presidente do IPL, o início deste ano lectivo correspondeu às expectativas. “Entre a primeira e a segunda fases preenchemos cerca de 98 por cento das vagas de acesso. As dificuldades sentidas verificaram-se nos cursos de formação de professores. No curso de tradução, onde a procura tem decaído, e no de engenharia da produção, que ainda não está devidamente afirmado, as vagas também não foram ocupadas”, explica aquele responsável.

Apesar do sucesso que o IPL tem tido na procura dos seus cursos, e das excelentes instalações que possui, Luciano Almeida recorda a necessidade de serem construídas as novas instalações da Escola Superior Tecnologias do Mar, localizada em Peniche. “Essa escola preenche, sistematicamente, as vagas disponíveis. Só que o número de alunos que não se matriculam é grande. Isto porque os alunos quando são confrontados com as actuais instalações acabam por não se matricular”. Luciano Almeida garante que o projecto está pronto e que as obras deveriam ter-se iniciado no ano passado. “Acontece que no Piddac de 2004 a obra já não surge contemplada com qualquer verba. Para fazer face à carência de instalações e para que a escola não entre num processo de extinção por omissão –com as instalações que tínhamos não era possível receber alunos este ano -, o IPL avançou com a construção de três pavilhões pré-fabricados, destinados a salas de aula, laboratórios e cantina”. 

As obras já concluídas permitirão o crescimento da escola para os próximos dois anos e foram feitas com verbas próprias da instituição. No entanto, Luciano Almeida considera imprescindível a construção das instalações definitivas para que o projecto da escola se afirme. Apesar de não conhecer os timings da tutela, Luciano Almeida diz, com alguma ironia, que “no ano anterior às eleições a obra deverá ser inscrita em Piddac”.

Nesta matéria, presidente do IPL recorda que “para o equipamento dos laboratórios já foram disponibilizados em Piddac cerca de 500 mil Euros”. Luciano Almeida lembra também o apoio que a Câmara de Peniche tem dado ao projecto. “Neste momento a autarquia suporta o arrendamento do edifício onde está instalada a escola, tendo suportado metade do custo da construção dos três pavilhões”. De resto, o apoio das autarquias para com o Politécnico é uma constante, o que se verifica em Caldas da Rainha e Leiria.

QUALIDADE. O futuro do ensino superior passa por uma grande aposta na qualidade. Mas não só. Luciano Almeida considera que a esse factor deve juntar-se uma forte aposta na adequação às necessidades de formação. “Nos últimos quatro anos, o IPL passou por um processo único a nível nacional. Extinguiu dois pólos de escolas, em Peniche e em Caldas da Rainha. Isto porque, os estudos que tínhamos concluíam que, a curto prazo, iríamos entrar numa concorrência de formação entre nós próprios. Por outro lado, a manutenção dessa situação, iria obrigar a contratar recursos, que colocariam em perigo o normal funcionamento do Instituto”.

Os exemplos da adequação às necessidades formativas não se ficam por aqui. Além de encerrar dois pólos, que no seu conjunto já tinham mil alunos, o Politécnico de Leiria extinguiu 11 cursos de formação inicial. “Algo que foi feito apresentando soluções alternativas, tendo como princípio que as novas ofertas não resultavam das necessidades internas do Instituto face ao número de professores, mas sim das necessidades da comunidade”, adianta. A harmonização das designações dos cursos foi outro caminho percorrido. “Houve o cuidado de colocar designações aos nossos cursos que correspondessem fielmente àquilo que ministram e fossem o mais claras e tradicionais possíveis”.

Luciano Almeida frisa ainda a reconversão que foi feita ao nível de algumas ofertas formativas. “Reconvertemos alguns cursos de especialização, em cursos de banda larga, corrigindo tendências anteriores”. 

Por tudo isto, o presidente do IPL é da opinião que a procura que o Instituto tem tido (cerca de 70 por cento dos alunos vêm de outras regiões do País) se deve mais “às alterações efectuadas, do que ao facto de se situar no Litoral”.

 

 

 

POLITÉCNICO DE LEIRIA

Empresários presentes

Inserido numa região industrialmente desenvolvida, o Instituto Politécnico de Leiria tem, no entender do seu presidente, conseguido um forte intercâmbio com o tecido empresarial do distrito. “Nesse capítulo passou-se aqui um fenómeno curioso. O tecido empresarial tinha uma grande apetência para discutir as questões ligadas ao Instituto. Uma das mais valias do Politécnico foi saber tirar partido disso mesmo, fazendo com que as associações empresariais, já representadas nalguns órgãos do instituto, passem a ter uma representação real”.

Através daquela filosofia, hoje o tecido empresarial da região participa activamente no desenvolvimento do Politécnico. “Esse facto permitiu que o Conselho Científico da ESTG integrasse três empresários. No próprio Conselho Geral foi transmitida a ideia que a participação dessas pessoas era importante”. O resultado, na opinião daquele responsável é positivo e é reconhecido pela própria região. “O presidente da associação empresarial de Leiria já reconheceu isso mesmo, lembrando que o desenvolvimento que Leiria conhece hoje é possível com o Instituto Politécnico, mas não o seria com uma universidade, que certamente seria mais avessa a uma forte interacção com a sociedade civil”.

INTERCÂMBIO. No domínio da formação Luciano Almeida sublinha que a elaboração dos currículos é feita de forma a que os alunos adquiram as competências que é suposto obterem ao longo da sua formação. No entanto, a participação do tecido empresarial no IPL permitiu que se fosse mais além nesta matéria. “Nalgumas áreas do ensino as próprias empresas participam na formação dos nossos alunos. Nós estamos inseridos numa zona que possui tecnologia de ponta na indústria de moldes. Como é impossível ao Instituto ter nos seus laboratórios as últimas inovações nessa área, apostámos em colocar nos laboratórios os melhores equipamentos base”.

Aquela aposta, aliada ao facto das empresas, para acompanharem o mercado, terem que investir em tecnologia de ponta, resultou na realização de protocolos com diversas firmas. “O que sucede é que há determinadas aulas práticas que decorrem em ambiente empresarial”, explica. Para Luciano Almeida este aspecto é importante, já que além de constituir mais uma “motivação para os alunos, resulta em novas oportunidades para os empresários. Além disso, com alguma frequência os quadros dessas empresas colaboram no processo de formação”.

PÓS-GRADUAÇÕES. Em matéria de mestrados e doutoramentos, Luciano Almeida contesta a limitação, por via legislativa ou administrativa, dos Politécnicos para conferirem o grau de mestre e doutor. “Deve ser fixado, para todas as instituições, Politécnicas ou Universitárias, um conjunto de requisitos objectivos a que a instituição deve obedecer para poder conferir esses graus. Verificados esses requisitos e enquanto eles se verifiquem, universidades ou politécnicos, poderão ministrar essas formações”.

Para Luciano Almeida é “importante que haja critérios legais que permitam aferir quando é que uma instituição reúne as condições para realizar essas formações”. O presidente do IPL acrescenta: “não me preocupa nada se chegarmos à conclusão de que o nosso Instituto não pode desenvolver esses cursos. Assim ficamos a saber o que temos que cumprir, com a certeza de que conseguiremos alcançar esse objectivo, com os passos necessários. Não sou adepto de facilitismo, têm é que haver requisitos comuns a todos!”. 

Luciano Almeida considera que as dificuldades em colocar os requisitos como forma para a realização de mestrados e doutoramentos só não foi feita, devido “a uma reserva de mercado, garantido a continuidade desses cursos naqueles que já as ministram”.

 

 

 

SAÚDE É APOSTA

Alunos satisfeiros

Cerca de 90 por cento dos alunos que estudam no Instituto Politécnico de Leiria, acabam por arranjar o seu primeiro emprego no Distrito. “Um número importante de alunos indica, como factor de escolha de uma escola do IPL, a opinião de colegas que aqui estudaram. Desse número cerca de 85 por cento acabam por se fixar na Região, o que demonstra a influência que o desenvolvimento da região tem junto dos candidatos ao ensino superior”. A esse facto acrescentam-se os “90 por cento de alunos que tem como primeiro emprego a empresa onde fazem estágio”, diz Luciano Almeida.

Outro factor que o presidente do IPL considera importante para a escolha dos candidatos pelo Instituto, diz respeito ao rigor na selecção de alunos. “Este ano adoptámos as mesmas regras que são utilizadas nas universidades”.

Em matéria de crescimento do número de alunos, Luciano Almeida recorda que há “duas escolas que ainda se encontram em desenvolvimento, pelo que haverá um crescimento natural. Além disso, temos condições para alargar a formação na área da saúde. Se isso se concretizar, temos possibilidades de atingirmos os 11 ou 12 mil alunos, em velocidade cruzeiro”. No entanto, aquele responsável adianta que, num prazo de quatro, esse número poderá reduzir-se para 10 a 11 mil alunos, por força da diminuição do número de candidatos ao ensino superior. “Por isso, estamos a ser cuidadosos no que respeita à gestão do corpo docente”.

A transformação da Escola Superior de Enfermagem em escola Superior de Ciências da Saúde constitui um dos objectivos do IPL. “A proposta já foi feita, mas ainda não foi aprovada. É uma área onde estranhamente as instituições públicas têm dificuldades em ver os seus projectos aprovados, ao contrário do que sucede com as privadas”.

 

seguinte >>>


Visualização 800x600 - Internet Explorer 5.0 ou superior

©2002 RVJ Editores, Lda.  -  webmaster@rvj.pt