MALACA CASTELEIRO NA
ORAÇÃO DE SAPIÊNCIA
Falar Português

A língua portuguesa é, a par da bandeira, “o último reduto da soberania do nosso País”, pelo que deve ser preservada dentro e fora de portas, seja através da sua promoção e ensino, seja garantindo a sua evolução natural, a qual permite o aparecimento de novas palavras por composição e também por empréstimo.
A opinião é de Malaca Casteleiro, professor da Universidade de Lisboa e da Universidade da Beira Interior, que esteve no Politécnico da Guarda para proferir a oração de sapiência no dia da instituição, tendo escolhido como tema “A língua portuguesa no limiar do século
XXI”.
E se internamente considera que a língua portuguesa é bem preservada, sobretudo no escrito, dado que há muita produção literária, científica e técnica, a verdade é que certas palavras poderiam ser melhor integradas, sobretudo as que chegam por empréstimo a partir do inglês. “As palavras que nos chegaram a partir do árabe ou do francês estão bem integradas, ao contrário de algumas que chegam do inglês”.
O investigador dá como exemplo termos como marketing, self-service ou leasing, cada vez mais usados, mas não integrados como o termo futebol (football). E se a integração será um caminho, o distanciamento em relação à língua para a poder estudar será outro, tal como a defesa da oralidade. “O escrito é importante mas não é tudo. O discurso é fundamental, pelo que os programas têm de o defender e promover. Quem fala bem tem sempre uma porta aberta”.
Já externamente, é importante que Portugal execute uma política nacional de promoção da sua língua, a qual seja transversal à política e aos políticos. “Essa deveria ser a primeira componente da nossa política externa, sobretudo concertada com o Brasil e outros países”, refere Malaca Casteleiro, o qual deixa ainda duas soluções possíveis para o fazer.
Uma passa pela atenção a dar aos asiáticos, sobretudo chineses e japoneses, que querem aprender cada vez mais o português, pois vêem a língua como uma porta de entrada no Brasil e em África, sobretudo em Angola e depois da paz. A outra poderia passar por um entendimento com o mundo de língua espanhola, criando uma comunidade bilingue que juntaria os 210 milhões que falam português aos 350 milhões que falam espanhol. “Construiríamos a maior comunidade linguística do mundo”, conclui.

PIDAC FOI BOM, MAS...
Dois projectos

Se em termos de financiamento o ano será difícil para o Politécnico da Guarda, em matéria de Piddac, a instituição foi a quarta mais contemplada. Embora grande parte das verbas diga respeito a projectos iniciados em anos anteriores, ainda conseguiu a aprovação de dois novos, caso da transformação de campo de jogos dos Serviços de Acção Social num pequeno pavilhão multiusos.
O pavilhão que agora será construído era uma das falhas, pois “o Politécnico da Guarda é dos poucos institutos que não tem um pavilhão gimnodesportivo”. Além disso, “é uma estrutura que vai permitir prestar serviços à comunidade, pelo que os Serviços de Acção Social poderão conseguir verbas com o seu uso fora das horas em que estará destinado a actividades lectivas”.
O outro projecto diz respeito ao bloco onde ficará a Associação de Estudantes e outros serviços, há uma verba considerável para 2004 e o restante previsto para 2005. “Em 2004 será terminada a obra, e em 2005 procede-se à aquisição e instalação do equipamento. É um espaço que servirá a Associação e os estudantes em geral, através de serviços a instalar em várias salas e na cave”.
Dos projectos que transitam de anos anteriores, conta-se o equipamento do novo edifício da Escola Superior de Turismo e Telecomunicações, bem como do novo espaço da Superior de Enfermagem, cuja obra será entregue em Fevereiro.

ESTG DA GUARDA
Situação
satisfatória e esperançadora

O director da Escola Superior de Tecnologia e Gestão da Guarda está satisfeito com o início deste ano lectivo. “A situação é satisfatória e esperançadora. Este ano registámos uma recuperação, no que respeita à entrada de alunos nos cursos, embora tenhamos sentido alguns problemas que iremos tentar corrigir, mas que afectaram todo o País”. Constantino Rei falava ao Ensino Magazine durante mais um aniversário do Instituto Politécnico da Guarda, assinalado no passado dia 3 de Dezembro.
De acordo com aquele responsável, a taxa de ocupação dos cursos ministrados na escola, por novos alunos, ronda os 80 por cento, quando no ano passado não ultrapassou 55 por cento. Os cursos relacionados com as engenharias foram os menos procurados, mas para Constantino Rei foi um facto que se verificou um pouco por todo o País. “É um problema que se registou em todo o território e que tem que ser resolvido, pois o país precisa de técnicos e de engenheiros. Da parte dos alunos tem havido uma fraca apetência pela procura por essas formações, o que se deve a vários factores. Por um lado surge a preferência cíclica por determinadas áreas, por outro há questões relacionadas com as preparações dos alunos e com o grau de exigência que se pede no acesso e nos cursos”.
No entender de Constantino Rei, o futuro da Escola Superior de Tecnologia e Gestão deve passar pela qualidade. “Temos que afirmar naquilo que fazemos, por fazermos bem. Não podemos estar a pensar numa estratégia que vise a quantidade, mas sim em pensar naqueles alunos que podemos captar por termos qualidade nos nossos cursos”. Um trunfo que o director da ESTG considera fundamental. “Se nós pensarmos que há um decréscimo no número de candidatos e que a oferta se mantém excedentária, nós não temos qualquer hipótese de captar alunos de outras zonas se não for por uma diferenciação baseada na qualidade. Ou seja se um aluno tem um curso de engenharia civil perto do local onde reside, porque é que ele vai escolher a Guarda. Ele só o fará se houver mais qualidade aqui, se a Guarda for uma referência”.
Situada numa zona raiana, paredes meias com Espanha, a Escola Superior de Tecnologia e Gestão da Guarda tem desenvolvido algumas iniciativas com o outro lado da fronteira. Algo que, segundo Constantino Rei, ainda têm sido feitas de um modo muito ténue. “Neste momento ainda não estão criados os mecanismos para que, por exemplo, nós possamos captar alunos espanhóis para estudar na Guarda. Actualmente eles só podem vir através de concursos especiais e a legislação em vigor não permite que nós possamos abrir um contingente apelativo para que possamos trazer os alunos”.
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