Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano V    Nº55    Setembro 2002

Dossier

Iª BIENAL DE HUMOR RAIANO

Uma península a dois povos

O cartoonista do jornal A Bola, Zé Manel, foi o grande vencedor da Iª Bienal de Humor Raiano, uma iniciativa integrada na Feira Raiana e que consistiu em desafiar cartoonistas portugueses e espanhóis a representarem as relações entre os dois povos ibéricos em regiões de fronteira. A resposta foi muito boa e contou com cerca de 100 trabalhos de 34 cartoonistas, número que deverá crescer, dado que na segunda bienal, dentro de dois anos, espera-se a participação de mais de 100 artistas, com 200 ou 300 trabalhos.

Essa é, pelo menos, a esperança do mentor do projecto, Osvaldo Macedo de Sousa, proprietário da Humorgraf, uma empresa que organiza eventos relacionados com o cartoon em toda a Península Ibérica. “Já há vários anos que tinha feito esta proposta, mas só este ano é que estiveram reunidas as condições para avançar, o que se fez. Porém, o tempo foi muito curto. Neste tipo de concursos costumamos dar quatro a seis meses, quando aqui demos apenas 30 dias”.

Ainda assim, apesar de muitos dos participantes terem participado por solidariedade e de não ter surgido tanta juventude como a esperada, Osvaldo de Sousa afirma que “o concurso contou com a elite do lado português e do lado espanhol, pelo que conseguimos um nível de qualidade excepcional, apesar de não termos representantes de todas as regiões espanholas. Faltou-nos por exemplo um basco, um andaluz...” 

Seja como for, os cartoonistas espanhóis não deixaram os seus créditos por mãos alheias e conseguiram o segundo lugar, com o tema Vacas, de Agustin Favelis. Já o terceiro lugar coube a Alain Voss, com o tema Narcisismo. As três menções honrosas foram para Rui Pimentel (com o trabalho Fronteiras), José Luis Cabañas (com O Recorte) e ainda para Bruno Janeca, o cartoonista do Ensino Magazine desde o número zero, e para o co-autor Dinis Gardete.

O Júri foi constituído por: Armindo Jacinto, vice-Presidente da Câmara de Idanha; Paulo Longo, coordenador geral da Bienal; Osvaldo Macedo de Sousa, coordenador artístico da Bienal; e ainda por dois artistas plásticos espanhóis, Juan Carlos Montero Lancho e Agustín Gallardo Casado.

FUTURO. Os desenhos participantes no concurso vão agora ficar em exposição no Centro Cultural Raiano e dentro de dois anos haverá mais para mostrar. “Conheço muitos cartoonistas na Península Ibérica e a verdade é que não houve tempo de os contactar a todos, o que iremos fazer na próxima edição”.

Na segunda bienal poderá ser mantido o actual tema, dado que “há ainda muito por explorar nesta relação transfronteiriça, dos racismos à tolerância, aos nacionalismos. Há imensas ideias e muitas pessoas que agora não participaram, que o poderão fazer então”, refere Osvaldo de Sousa, para quem esta bienal tinha a opção da caricatura ou da sátira humorística.

“A ideia era a de ligar a temática à Feira, pelo que se decidiu abordar a irmandade de povos, as relações entre portugueses e espanhóis em regiões de fronteira, sobretudo numa altura em que, no actual contexto europeu, é vago falar de fronteiras. Tem mais sentido falar de vizinhos, estejam eles mais próximos ou mais afastados”.

Já na avaliação dos trabalhos concorrentes à bienal, Osvaldo de Sousa considera que “se fez uma análise sociológica através do humor e em relação à questão das convivências. Alguns autores optaram pelo contraste entre portugueses e espanhóis, outros aproveitaram até a não entrada de Francisco Louçã em Espanha, houve quem se preocupasse com o terrorismo, mas este é um tema muito mais rico, que dá aso ao humor e lugar a muitas ideias”
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ARMINDO JACINTO QUER NOVA CENTRALIDADE

É preciso pensar grande

Mais que promover o Concelho de Idanha e as suas potencialidades, a Feira Raiana deve promover uma área maior, uma centralidade que se justifica por estar a meio caminho entre Lisboa e Madrid, zonas onde se realizam grandes certames. A opinião é de Armindo Jacinto, vice-presidente da Câmara de Idanha, o qual diz já ter lançado este repto à Associação Raia/La Raya.

“Dada a nossa situação geográfica, temos de dar uma projecção à Feira ao nível do que acontece com os certames realizados nas duas capitais. Os nosso amigos espanhóis partilham desta ideia e estão envolvidos no projecto, para que, quando o certame decorre do lado de lá, haja uma promoção efectiva e em grande”.

Este ano, a Feira é veículo de promoção do turismo e desenvolvimento. “Vamos mostrar o que a região tem de melhor nesta área. Organizamos por isso um colóquio onde estarão responsáveis políticos, operadores e outros interessados nesta áreas, sejam portugueses ou espanhóis”.

Nesta área, Armindo Jacinto considera que existem “áreas fundamentais, como o eco-turismo. Na nossa região só não podemos praticar pesca submarina. De resto, temos todas as condições para o turismo, desde as paisagens, ao relevo, às aldeias preservadas, os recursos hídricos, entre muitos outros”.

Associada à promoção turística surge a gastronómica. “Realizámos um concurso que teve o apoio da revista Turismo Hotel, do Expresso e do Público e os finalistas do concurso terão os melhores pratos nos restaurantes ao longo dos dias da Feira. No espaço do certame existirá também um restaurante com ementa de grande qualidade, além de 17 tasquinhas típicas, agora recuperadas”.

DESPORTO. Outra das áreas associadas e que terá um relevo especial este ano será a do desporto na natureza nas vertentes de recreio, lazer e aventura. “Entrámos em contacto com vários clubes, associações e federações para que promovessem aqui actividades de desporto na natureza. Contamos com um total de 12 actividades, que vão desde o campismo aos passeios a cavalo e de jipe. Na quinta-feira, por exemplo, vão estar na Idanha 20 jornalistas do Canal Odisseia, que vão fazer a Rota do Contrabando, da empresa A Canada.

A par de toda a área turística, Armindo Jacinto destaca ainda a Bienal de Humor (ver peça ao lado). “Queremos chamar as pessoas a participar nas nossas actividades, além de cimentar a relação com o povo espanhol. Os trabalhos participantes irão estar expostos no Centro Cultural Raiano durante os dias da Feira, mas depois integrarão uma exposição itinerante, que passará por vários pontos de Portugal e de Espanha”.

No âmbito da Feira Raiana, a Câmara de Idanha apostou na promoção através da comunicação social, pelo que são esperados mais de 100 jornalistas. A TSF transmitirá em directo de Idanha, o mesmo sucedendo com a RTP, estação de televisão na qual Idanha aparecerá nos programas Acontece e Iniciativa, este último a emitir na manhã do próximo sábado. Além destes, estarão presentes muitos jornais locais e nacionais, além de existir um site na Internet, com imagens on-line da Feira, permitindo também que as pessoas coloquem perguntas aos responsáveis pela autarquia.

A juventude será uma das áreas em que mais apoios e actividades haverá, pelo que a organização trará mais de 600 jovens do primeiro e segundo ciclos e de ambos os lados da fronteira, a fim de visitarem o certame.

 

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