MINISTRO DA CIÊNCIA E
ENSINO SUPERIOR
Situação é delicada

O Ministro da Ciência e do Ensino Superior, Pedro Lynce defendeu, em Évora, a necessidade de um “orçamento de rigor” para as universidades. Na cerimónia do Dia da Universidade de Évora, Pedro Lynce referiu que o país está a atravessar um período difícil caracterizado por problemas económicos e financeiros que exigem, no momento presente, o “sacrifício de todos” e a “necessidade de realizar reformas importantes com vista a garantir um futuro melhor”. “É incontestável que as dificuldades que são sentidas a nível nacional chegaram às universidades traduzidas por um orçamento de rigor”, realçou.
No caso concreto da Universidade de Évora, o governante referiu que “a situação é mais delicada se tivermos em conta o défice acumulado do passado”. No entanto, Pedro Lynce salientou que o esforço da U.E. será recompensado. “Juntamente com o magnífico procuraremos ultrapassá-lo”, disse.
O ministro referiu, ainda, que o desenvolvimento das universidades portuguesas deverá passar por três eixos prioritários: Igualdade de oportunidades, Qualidade do ensino leccionado e Credibilização do sistema de ensino superior, principalmente, a nível internacional.
No final da sua intervenção, Pedro Lynce dirigiu o seu discurso para o Presidente da Associação de Estudantes e, ao responder às críticas deste, salientou que as grandes prioridades são “a expansão da área da saúde e da acção social”. “Mesmo num período difícil continuamos a apoiar a acção social escolar de modo a garantir que nenhum jovem com vontade e mérito para prosseguir os seus estudos não o deixe de fazer por dificuldades económicas”, afirmou.
Noémi Marujo
DIA DA UNIVERSIDADE DE
ÉVORA
"A hora é de
crise"
Na abertura solene do novo ano académico, que se realizou no passado dia 1 de Novembro, o Reitor da Universidade de Évora (U.E.), Manuel Ferreira Patrício classificou a actual conjuntura como uma “hora de crise”.
Preocupado com os desafios do presente e do futuro, Manuel Ferreira Patrício disse que chegou ao reitorado da U.E. numa “hora muito difícil”. “O aperto orçamental e financeiro que encontrei senti-o de imediato como um garrote. Falta gravemente à verdade quem apresentar da realidade outra imagem. A política de contenção de despesas, ainda assim temperadamente severa, que se adoptou não tinha, não tem, alternativa”.
Contudo, e apesar da crise, salientou que a sua reitoria está a fazer esforços para obter resultados positivos. “No enorme esforço da recuperação nos temos empenhado. Estamos a conseguir resultados. Alcançaremos em tempo razoável os nossos objectivos”, sublinhou o reitor da
U.E.
O responsável daquela instituição abordou, também, o problema da baixa procura das universidades por parte dos estudantes. Considera que as causas deste fenómeno são “complexas”, mas não acredita que a “regressão demográfica seja suficiente para o explicar”. “Penso que há causas endógenas ao ensino superior propriamente dito e que urge repensar este na sua globalidade”, afirmou.
Numa análise ao quadro nacional de colocações no ensino superior, Manuel Ferreira Patrício sublinhou, no seu discurso, que as universidades mais penalizadas pela quebra da procura “são as universidades do interior e as das Regiões Autónomas”. Ainda, segundo a sua análise, considera que existe uma “relação entre a procura e os cursos oferecidos”. “Certos cursos são preferidos e outros preteridos. Os cursos de recorte clássico, de banda larga e correspondentes às áreas científicas de objecto bem definido, são preferidos, sendo preteridos os de banda estreita, correspondentes a espaços científicos e profissionais de especialização”.
Outra linha de análise leva o Reitor da U.E. a concluir que “os cursos cuja saída profissional está fechada ou é muito problemática são fracamente objecto da escolha dos estudantes. Contrariando as expectativas de muitos, as Artes revelam-se atractivas para os estudantes”.
Apesar de tudo o Reitor da U.E. mostrou-se optimista e revelou que, para o ano lectivo 2003-2004, o quadro da oferta de formação será diferente. “Arrisco desde já a previsão de que teremos para 2003-2004 um quadro da oferta de formação significativamente diferente do que tem sido o dos últimos anos”. No entanto, acrescentou que para a concretização desse objectivo espera contar com a “compreensão” e o “apoio” do Ministro da Ciência e do Ensino Superior.
Conforme disse, a reitoria pretende reconstruir um quadro de oferta de formação que englobe as pós-graduações, os mestrados e os doutoramentos. Referiu, ainda, que o investimento nas formações pós-iniciais está a ser feito desde há alguns anos e corresponde a uma “estratégia assumida pela universidade”. Trata-se de um investimento, que segundo Manuel Ferreira Patrício, pode “compensar a diminuição da procura ao nível da formação inicial”. “A reitoria tudo fará para que venhamos a pôr de pé sem demora um Centro Integrado de Pós-Graduações”, acrescentou.
No que concerne ao processo de Bolonha, o Reitor da U.E. salientou que pretende “privilegiar a organização da auto-formação dos docentes e dos alunos, para que seja possível, saltar do paradigma do ensino para o paradigma da aprendizagem”.
Na sua intervenção defendeu, ainda, que a área da investigação é importante para a universidade. “Em primeiro lugar, porque ela é a fonte criadora de conhecimento da instituição. Em segundo lugar, porque o prestígio da universidade, a sua reputação na comunidade académica e científica, é consequência dessa dimensão. Em terceiro lugar, porque ela é fonte de recursos para a universidade: em dinheiro, equipamentos, pessoas”, sublinhou Manuel Ferreira Patrício.
Dirigindo o seu discurso para o Ministro da Ciência e do Ensino Superior, Manuel Ferreira Patrício frisou que está “consciente da gravidade da situação” do país e da “difícil situação ” das universidades, sobretudo, a da Universidade de Évora. Neste âmbito, reconhece que é necessário uma “política de contenção e rigor”. Mas, pensa que “há limites que não podem ser ultrapassados, sob pena de sacrificarmos os fins aos meios. Os reitores, congregados no Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, têm dialogado com V.
Exa. para que o orçamento não se situe abaixo da linha de água da qualidade mínima exigida pela natureza e dignidade da instituição universitária”.
O reitor da U.E. salientou que está ao lado do Ministro Pedro Lynce “por um orçamento que promova efectivamente a qualidade do ensino na universidade”. “Queremos que a política de promoção da qualidade se articule com uma política de desenvolvimento no ensino superior”, acrescentou.
Noémi Marujo
SOCIEDADE
Escola sem violência
Lutar por uma escola sem violência foi o principal objectivo do VII Congresso da Associação da Educação Pluridimensional e da Escola Cultural (AEPEC) que se realizou, entre os dias 24 e 26 de Outubro de 2002, no Auditório da Universidade de Évora.
O Presidente da AEPEC, Manuel Ferreira Patrício, e simultaneamente Reitor da Universidade de Évora, na sua intervenção referiu que, actualmente, a escola não está a promover a aprendizagem, a formação e a disciplina. “Está a promover a impreparação, a indisciplina e a violência. É necessário aproveitar a embalagem da recente aprovação do Estatuto do aluno e reivindicar o passo decisivo que consiste em reclamar um outro modelo de escola: uma escola que seja uma Escola-outra. Que seja Escola de Disciplina. Ou seja, uma Escola Cultural”. Logo, salientou que a estratégia de combate à violência escolar implica a “adopção de políticas e práticas que incidam sobre a escola e também sobre a sociedade”.
Durante as conclusões do congresso, Manuel Ferreira Patrício sublinhou que “os sistemas educativos têm de reajustar-se em função das novas realidades sociais e das novas formas de violência social escolar”. Considera que o quadro de protagonistas da violência é “variado e complexo”, uma vez que compreende os alunos, os professores, os funcionários, a própria família e outros agentes “cujos interesses incidem sobre as crianças e os jovens”. Neste âmbito, referiu que a violência na escola assume várias formas e que é necessário tomar medidas (pedagógicas, psicológicas, de vigilância e de policiamento) de combate a essa violência.
Por último, disse que o VII Congresso da AEPEC foi “positivo” e veio demonstrar que “o movimento da Escola Cultural está vivo e bem vivo”. “A ideia e o projecto de escola sem violência é mobilizadora dos agentes educativos como o congresso o comprova”, acrescentou.
Refira-se que o congresso dividiu-se em cinco painéis (A Violência na Escola. Conceito e Formas; História da Violência na Escola. Causas e Origens; Protagonistas da Violência na Escola; Que Medidas Tomar; Em Que Escola?), e contou com a presença de vários especialistas, professores e investigadores que, durante três dias, debateram e reflectiram sobre a temática em questão.
Noémi Marujo
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