Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano V    Nº57    Novembro 2002

Dossier

INSTITUTO POLITÉCNICO DE PORTALEGRE

Desafios para o futuro

O Instituto Politécnico de Portalegre está a comemorar mais um aniversário. Numa altura em que a crise no sector educativo chegou ao nosso País, havendo mais vagas disponíveis que candidatos para as preencher, o Politécnico de Portalegre tem pela frente desafios importantes a vários níveis, para que continue a ser o grande pólo de desenvolvimento daquela região do País. Ciente das dificuldades, mas confiante na sua equipa, o presidente da Instituição, Nuno Oliveira, traça ao Ensino Magazine quais as metas a atingir. Mas conta também como é possível ultrapassar as dificuldades numa região do Interior do País. O segredo parece estar na força de vontade, na qualidade dos cursos apresentados e na disponibilidade de todos os que compõem o Instituto, o que já permitiu a conquista de pequenas vitórias, como está a acontecer com a recuperação dos serviços centrais.

Para este ano lectivo entraram no Instituto Politécnico de Portalegre 668 novos alunos. Um número que satisfaz Nuno Oliveira, embora o responsável por aquela instituição relembre que há ofertas formativas que devem ser revistas. “Tivemos um preenchimento superior a 70 por cento das vagas na primeira fase, preenchendo as restantes na segunda, à excepção dos cursos de variante da ESE (Português-Inglês; Matemática-Ciências da Natureza, e Visual e Tecnológica) e em engenharia Agrária, na ESAE. De resto, mesmo nos outros cursos de engenharia Industrial e da Qualidade e de Electromecânica, onde tradicionalmente há dificuldades, tivemos um bom nível de entradas”.

No entender de Nuno Oliveira, e com a segunda fase dos concursos de acesso já realizada, há que analisar os números e promover algumas alterações de oferta formativa, sobretudo nas escolas onde entraram menos alunos. “No caso da Superior Agrária de Elvas, o seu Conselho Científico já se reuniu para debater esse problema, de forma a que possam ser apresentadas propostas de novos cursos na área das ciências agrárias. Mesmo no Conselho Permanente do Instituto, os responsáveis das escolas, sobretudo da ESE e da ESAE, foram alertados para a necessidade de se procurarem novas ofertas formativas. E neste momento, em qualquer dos Conselhos Científicos esse problema já foi abordado”, explica.

Assim sendo, tudo indica que o Instituto Politécnico de Portalegre se prepare para apresentar ao Ministério da Ciência e do Ensino Superior novos cursos. “Isso vai ser feito, não só naquelas duas escolas, mas também na Superior de Tecnologia e Gestão onde voltaremos a apresentar os cursos que este ano não foram aprovados”, acrescenta. Para Nuno Oliveira, a análise dos números referentes às colocações no presente ano lectivo, não só no IPP, mas também a nível nacional, deixam claras algumas ideias. “No caso da Superior de Educação, os cursos relacionados com as variantes, como Português-Inglês e na Matemática-Ciências da Natureza, não irão ter, nos tempos mais próximos, uma grande procura por parte dos alunos”.

A opinião de Nuno Oliveira foi já transmitida ao Ministro da Ciência e do Ensino Superior, Pedro Lynce. Na reunião que aqueles dois responsáveis mantiveram, o presidente do Politécnico focou aqueles aspectos, apresentando-lhe mesmo um dado que Nuno Oliveira considera curioso, mas que é sintomático de como a crise está a atingir algumas áreas formativas. “Na variante de Português-Inglês, à excepção das ESE’s de Lisboa e do Porto, o número de candidatos foi tão baixo que se juntássemos os alunos da primeira fase de todas as outras ESE’s do País, daria apenas para fazer uma turma, pois somados não vão além dos 29 estudantes”
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DIA DO INSTITUTO POLITÉCNICO DE PORTALEGRE

O futuro segundo Nuno Oliveira

“Se o Instituto Politécnico tiver, para além das escolas que já possui – apresentando novos cursos na Agrária, Educação e Tecnologia -, a Superior de Saúde e os pólos da Saúde e da Tecnologia em Elvas, poderá vir a atingir, até 2006, os cinco mil alunos”. As palavras são de Nuno Oliveira e espelham bem o desenvolvimento que os responsáveis da instituição querem dar ao Politécnico. “Cinco mil alunos é o número aceitável e para lá do qual nós não poderemos ter ambições”. Uma meta que está também aliada às novas infraestruturas do Instituto, casos da Residência e Escola em Elvas, a cantina central nos serviços centrais e a extensão da Superior de Tecnologia, para o qual já existe projecto. “Com esta reformulação que estamos a fazer até 2006, haverá depois tempo para se pensarem noutros projectos para o Politécnico, como a concretização da Residência Académica, para a qual já existe uma verba simbólica em Piddac e que estou a procurar articular com a Câmara de Portalegre para o projecto conjunto da Fundação Robinson”.

Portalegre e Elvas assumem-se assim como os grandes pólos de desenvolvimento do Instituto. Mas as apostas de Nuno Oliveira passam também pela formação para terceira idade e pela formação à distância. “Esses são projectos que estão a ser desenvolvidos. O Instituto tem tido um papel decisivo no desenvolvimento da Região e esse aspecto não foge à regra, arrastando para esse desenvolvimento outras associações e instituições. Por isso, e como somos parceiros da associação Portalegre Distrito Digital vamos apresentar uma candidatura para o desenvolvimento de projectos nessa área”. 

O presidente do Politécnico de Portalegre sublinha ainda a importância da recuperação que está a ser feita ao nível dos serviços centrais, o que tem sido possível através da dedicação dos funcionários da instituição. Uma recuperação que vai permitir alojar nesse imóvel a Portalegre Distrito Digital, além de outras valências como um auditório, uma sala de actos e outras estruturas. E é com todas estas estruturas e meios que o projecto de informação à distância vai ser desenvolvido.

A um outro nível, surge também a Associação de Desenvolvimento Regional, que integra as escolas do Instituto, as associações de estudantes e os serviços de acção social. “Um organismo que se vai responsabilizar pela implementação do POC educação e de inventariação nalgumas escolas de outras instituições, como na Esgin, em Idanha-a-Nova”
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NUNO OLIVEIRA DEFENDE

Medidas para o Interior

O presidente do Instituto Politécnico de Portalegre defende a criação de medidas discriminativas positivas para o Interior. No seu entender essa é uma matéria há “muito defendida por nós. Na realidade, os Politécnicos do Interior representam para estas regiões uma mais valia que não pode, de forma nenhuma, ser desaproveitada pelo País”. Nuno Oliveira explica: “o peso que um Politécnico de Portalegre, de Castelo Branco, Guarda, Bragança ou Beja, é proporcionalmente muito mais importante do que outros como Lisboa, Porto ou Coimbra. Daí que seja fundamental que exista, da parte de quem governa este País, a perspectiva que estas instituições são demasiado importantes para um desenvolvimento homogéneo, para a redução das assimetrias que todos dizem defender, mas que na prática nós não encontramos respostas activas nem reactivas. Não se pode exigir a um Instituto Politécnico, como o de Portalegre, nas condições em que trabalhamos neste momento, o mesmo que se exige a um Instituto de Lisboa ou de Setúbal. Isto da mesma forma que não se pode exigir ao Hospital de Portalegre o mesmo que se exige a um hospital central de Lisboa”.

Segundo Nuno Oliveira é com essa discriminação positiva que será possível “ter condições para atrair técnicos, alunos, docentes e, em suma, ter condições para dar mais qualidade ainda ao ensino que estamos ministrando. O esforço que aqui fazemos é incomparavelmente maior do que aquele que é feito noutros politécnicos”.

ESCOLAS. Apesar das dificuldades, o Instituto Politécnico de Portalegre tem o seu plano de desenvolvimento bem definido e o futuro poderá passar pela transformação da Escola Superior de Enfermagem em Superior de Saúde e pela abertura de um pólo dessa nova escola em Elvas. Ainda em Elvas a construção das novas instalações da Escola Superior Agrária continua a ser uma prioridade. Desafios que Nuno Oliveira acredita que não serão prejudicados pelas contenções orçamentais do Ministério. “Relativamente às novas instalações da Superior Agrária, há dinheiro inscrito e requisitado em Piddac, pois já fiz despesas para a elaboração do projecto. Chegou-se mesmo a fazer um concurso público que, depois, por vários motivos, acabou por ser anulado. Na reunião que mantive com o Ministro tive a oportunidade de lhe explicar aquilo que é o nosso ponto de vista para a Agrária de Elvas”.

No entender do responsável máximo do Politécnico de Portalegre, com o dinheiro já inscrito e requisitado em Piddac, “se houver uma comparticipação dos fundos comunitários - e não percebo por que é que o Prodep não intervém aqui -, o Estado português não necessita de despender qualquer verba. Pois para fazer a obra, que ronda o milhão de contos, se temos em nosso poder cerca de 160 mil contos, precisamos de mais 90 mil contos para a perfazer os 25 por cento da comparticipação nacional. Mas como temos a disponibilidade da Câmara de Elvas para apoiar a obra nesse montante, só necessitaremos da comparticipação comunitária”. Assim sendo, Nuno Oliveira acredita, que “vai haver, da parte do Ministro, abertura para que se possa vir a instalar a Escola Superior Agrária de Elvas com dignidade”.

No que respeita à abertura de um pólo de ensino relacionado com as tecnologias da saúde em Elvas, o presidente do Politécnico adianta que primeiro há que transformar a Superior de Enfermagem em Superior de Saúde. “Isso está legislado, pelo que a partir do momento em que essa transformação seja feita, há total disponibilidade da Câmara Municipal de Elvas – que tem respondido afirmativamente a todos os desafios que lhe lançamos -, para que nos possamos instalar gratuitamente nessa cidade. Esta foi mais uma das ideias e preocupações que foram transmitidas ao Ministro, que parece ter ficado entusiasmado. Não só no que diz respeito à Superior de Saúde, mas também à Superior Agrária e até mesmo à abertura de um pólo da Superior de Tecnologia e Gestão em Elvas”.

A aposta em Elvas, além da excelente parceria que tem existido com a Câmara Municipal, resulta também do facto daquela cidade alentejana se encontrar a dois passos de Espanha. “Elvas fica localizada a meia dúzia de quilómetros de uma cidade que tem 150 mil habitantes (Badajoz), ou seja que tem mais gente sozinha que o Distrito de Portalegre todo junto. Por isso temos que aproveitar essa proximidade geográfica e essa característica transfronteiriça, pelo que há que ter vontade política para que esses desafios se concretizem”. Nuno Oliveira adianta ainda que para “aquelas apostas a curto prazo não há necessidade de grandes esforços financeiros. O problema da Escola Superior Agrária pode ficar resolvido com os fundos comunitários, o da Superior de Saúde e da Tecnologia e Gestão também não levanta qualquer problema. Além disso, na área da saúde poderá haver a comparticipação de empresas multinacionais que têm todo interesse que cursos da área da sua especialidade fiquem instalados aqui”
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