Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano IV    Nº44    Outubro 2001

Dossier

AGRÁRIA QUER VETERINÁRIA

Reflexão precisa-se

A Escola Superior Agrária de Castelo Branco não desiste de avançar com o Curso de Medicina Veterinária e essa, a par do Curso de Engenharia Biológica e Alimentar poderá ser uma boa solução para diversificar áreas de formação nas quais o país ainda é deficitário. Essa é pelo menos a opinião do director da instituição, José Carlos Gonçalves, para quem a ideia não será aumentar números clausus, mas sim reduzir em áreas onde há saturação e abrindo outras nas áreas tecnológicas, para as quais a escola está preparada, até porque este ano existiram mais vagas que candidatos.

Este ano aquela que é a maior escola do Politécnico perdeu já cerca de 30 alunos em virtude das vagas não terem sido todas preenchidas, o que aconteceu pela primeira vez, o que justifica uma reflexão, a qual, segundo o director, deve ser feita em termos nacionais. Ainda assim, a Agrária continua com cerca de mil e 400 alunos, mantendo assim um bom nível, dado que a escola deverá ter entre mil e 300 e mil e 500 alunos.

“O ensino agrícola foi bastante afectado pela redução do número de candidatos em termos nacionais, pelo que apenas foram preenchidas 50 por cento das vagas. Nós tivemos um índice de colocações de 40 por cento, o que nos preocupa e queremos reflectir sobre ela, mas pensamos que essa reflexão deve incluir o próprio Ministério, no encontrar de soluções”, refere José Carlos Gonçalves.

Ainda assim, e como o sucedido já era esperado, a escola já tinha idealizado algumas soluções, as quais foram propostas e continuam sobre a mesa. “Reforçamos a nossa qualidade em termos de equipamentos e meios, de forma a melhorar a qualidade do ensino ministrado. Sabemos também que a formação inicial já não é tudo, pelo que temos desenvolvido a área de pós-graduação, com a abertura de um curso de mestrado em gestão e conservação da natureza, cuja receptividade superou as melhores expectativas”.

Concretamente ao nível dos equipamentos, o laboratório de Sicad está a funcionar em velocidade cruzeiro e presta serviços à comunidade. Neste momento está a ser feito o trabalho de digitalização da Serra da Malcata, que será a base do plano de ordenamento da Reserva. O Centro de Ensaios de Solos e Fertilidade já realizou alguns trabalhos. O picadeiro está em construção e será concluído no início de 2002, o qual será importante para a escola e para a comunidade.

Já o laboratório de reprodução animal foi outra aposta. Fica na antiga Casa da Queijeira e será importante na área da saúde animal, bem como no futuro da instituição, porque “a escola ainda não desistiu de instalar o Curso de Medicina Veterinária. É uma aposta com alguns anos, a qual é conhecida do Ministério, e neste momento temos uma base de infraestruturas e de meios humanos capaz de suportar e desenvolver a actividade relacionada com esse curso”.

E neste momento, os objectivos da Agrária ganham novo fôlego com a integração da escola de enfermagem e transformação em Superior de Saúde. “Hoje a saúde humana e a saúde animal estão ligadas. O Politécnico tem agora uma experiência interessante com a Escola de Saúde e pensamos que seria um completar muito importante se pudesse vir a ser implementada uma área de saúde animal, a qual teria reflexos para a escola, mas fundamentalmente para a região onde nos inserimos”.

Noutros campos, a escola está atenta à aplicação das indicações da conferência de Bolonha, nomeadamente ao nível da redução dos cursos superiores de cinco para quatro ou três anos. “Isso leva-nos a repensar e reestruturar a nossa capacidade formativa, o que queremos fazer com tranquilidade para não perturbar o plano de estudos dos alunos que temos, o que é prioritário. É certo que a lógica dos cursos bi-etápicos trouxe alguma turbulência, mas as mudanças acontecem rapidamente e nós não nos podemos manter estáticos”.

Possivelmente seguindo já esta lógica poderá abrir finalmente o Curso de Engenharia Biológica e Alimentar, o qual foi apresentado este ano pela primeira vez. “O curso mereceu um parecer favorável por parte da comissão técnica e científica do Ministério, pois cumpria todos os requisitos em termos de estrutura curricular, das infraestruturas, dos meios, equipamentos e corpo docente, mas só não foi aprovado por decisão política. Mas estamos em crer que este ano o Ministério será sensível aos nossos argumentos”
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DEPOIS DA REDUÇÃO DE ALUNOS COLOCADOS

Superior de Educação procura soluções

A Escola Superior de Educação de Castelo Branco já está a estudar soluções para fazer face à redução do número de alunos colocados em alguns cursos, nomeadamente nas da formação de professores, nas variantes de Português/Francês, Português/Inglês e Educação Física. Uma das alternativas poderá mesmo passar pela realização de cursos de professores de segunda via, ou seja cursos para professores que estão no sistema, mas que não têm formação pedagógica, nomeadamente nas áreas da informática e da música.

Mas para já e antes de tudo, o director da escola, José Pires, considera que é necessário reflectir globalmente sobre a formação inicial de professores. “Pela primeira vez, ficaram vagas pro preencher a primeira fase na ESE de Castelo Branco. Com excepção dos cursos de Educadores de Infância e de Professores do 1º Ciclo, todos os outros não preencheram todas as vagas. E se alguns têm uma redução pequena, não deixa de ser preocupante em termos globais, pelo que é necessário fazer uma análise sobre a reorganização e reestruturação de alguns cursos”.

De qualquer modo, José Pires pensa que a reflexão terá de ser global, pois “o esforço individual de uma escola poderá ser significativo para resolver o seu problema, para o atenuar ou para procurar paliativos. Mas se não há um esforço global de reflexão sobre a formação inicial de professores e sobre a sua perspectivação a partir daqui, a qual já deveria ter sido feita, será difícil estruturar o futuro com alguma segurança”.

Ainda assim, a ESE fica com 955 alunos, quando no ano passado tinha mil e 11, pelo que, afirma o director “se parte com alguma tranquilidade no sentido de encontrar respostas, tendo a certeza que a nada vai ficar como estava”. Para já existem algumas respostas, casos da oferta de novas áreas de formação que, “mesmo ligadas à formação de professores, não sejam exclusivamente nas áreas tradicionais da formação inicial, como é o caso da formação de professores de segunda via”.

Outra solução será o reforço dos cursos de complemento de formação, o qual também deverá seguir uma lógica nacional. Também poderá ser alargado o número de vagas na educação pré-escolar, além de outras hipóteses a equacionar, como a formação contínua de professores em áreas curriculares não disciplinares, como Área Projecto, Formação Cívica e Estudo Acompanhado.

Em troca, poderão ser então encerrados alguns cursos. Algo que só acontecerá com alternativas já definidas. “Encerrar ipsis verbis, sem mais nada, é estrategicamente errado. São necessárias alternativas que tornem eficaz o aproveitamento dos recursos docentes e da sua qualificação na escola e, por outro lado, possibilitem chegar a nichos de mercado e a outro tipo de formações para as quais a escola tenha capacidade de resposta e que se identifiquem como necessidades ao nível da comunidade e do mercado envolvente”.

 

 

 

PAULO AFONSO

O êxito vem da ESE

Paulo Afonso é um dos ex-alunos da ESE que ficou a trabalhar na instituição logo após a conclusão da Licenciatura em Matemática e Ciências da Natureza, que frequentou entre 1986 e 1990. Ainda teve uma passagem pelo ensino básico, na Escola Afonso de Paiva, entre Setembro e Novembro de 90, mas acabou por entrar para a ESE como assistente de primeiro triénio logo depois.

Em 91 conseguiu entrada no mestrado em Tecnologia Educativa, na Universidade do Minho, o qual terminaria em 95, depois de defender a tese com o título “O vídeo como recurso didáctico para a identificação e desenvolvimento de processos meta-cognitivos em futuros professores de Matemática durante a resolução de problemas”. Entretanto já vira renovado o contrato na ESE, onde ficou como assistente de segundo triénio e, desde 1996 que é professor-adjunto.

Actualmente é doutorando da Universidade de Salamanca, também em Tecnologia Educativa e encontra-se de licença, ao abrigo do Prodep até 2004, altura em que espera concluir o doutoramento. Um grau académico para o qual continua a investigar na área da resolução de problemas, precisamente aquela onde acaba de publicar um livro, onde defende a tese que o método da resolução de problemas será o futuro em termos de desenvolvimento da capacidade lógica dos alunos com os consequentes efeitos positivos nos resultados na disciplina de Matemática.

O livro denomina-se Uma Aventura Matemática na Internet, foi lançado pelas Edições ASA e acaba de ser apresentado na ESE. De alguma forma, Paulo Afonso coloca em oposição o método da resolução de problemas, fomentado pelo professor virtual, e as aulas mais à base de exercícios, memorização e exercitação, ministradas pelo professor que os alunos têm na escola. Trata-se por isso de “um livro eminentemente didáctico que retrata uma paixão de anos sobre o tema da resolução de problemas, a qual resultou dos bons professores que tive na ESE e que me motivaram para esta questão, bem como da presença em encontros nacionais de professores de Matemática, depois da formação inicial”.

Segundo diz, “a resolução de problemas é uma área que o Ministério da Educação e a Associação de Professores de Matemática reconhece como um eixo que devia atravessar todo o currículo da Matemática no Básico e no Secundário, dado que desafia os alunos, coloca-os em situação de confronto consigo próprios, suscita a partilha entre eles, a exposição de ideias e as tomadas de posição”.

 

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