Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano IV    Nº44    Outubro 2001

Dossier

ESGIN

Pós graduações em elaboração

Com cerca de 600 alunos a Escola Superior de Gestão, em Idanha-a-Nova, está apostada em avançar para outras áreas de formação, como os mestrados ou a pós-graduações especializadas. Isso mesmo garantiu ao Ensino Magazine, João Ruivo, director da Escola. A sofrer do mesmo mal de todas as outras escolas de gestão do País –quebra no número de entrada de alunos -, a Esgin tem os seus objectivos bem definidos. “Vamos procurar novos públicos e mercados. Até ao final de Novembro já teremos todas as nossas propostas elaboradas e a ideia é que esses cursos de pós-graduação se iniciem em 2002/2003”. 

As declarações de João Ruivo foram também reforçadas pelo próprio presidente do Instituto Politécnico, Valter Lemos, que adiantou ao Ensino que é provável que no próximo ano além das pós-graduações especializadas se inicie um curso de mestrado na área da gestão, muito provavelmente em sintonia com o Iscte. Para inverter a quebra do número de alunos nas áreas da gestão, João Ruivo vai apresentar de novo a proposta ao Ministério da Educação, no sentido de ver criada, já para o próximo ano lectivo, a licenciatura em Marketing. “Infelizmente a história deu razão a esta escola. Todos os parceiros da região apontava como prioritária a abertura de um curso de marketing. A proposta foi feita ao Ministério, mas o anterior secretário de Estado, José Reis, decidiu não abrir esse cursos e abrir outros de gestão na Beira Interior, que ficaram também com poucos alunos. Ora toda os cursos de marketing a nível nacional preencheram a totalidade das vagas, enquanto que os de gestão ficaram com poucos alunos”. João Ruivo reafirma mesmo o facto de “não existir nenhum curso de marketing na área de influência da Comissão de Coordenação da Região Centro”. Por isso, o responsável pela Esgin não percebe o porquê do curso de marketing da Esgin não ter sido aprovado.

Perante este cenário, João Ruivo diz que “agora não interessa chorar ao travesseiro, pois não podemos ser parte do problema temos que ser parte da solução. Por isso vamos apresentar ao novo secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Lourtie, uma proposta de abertura de um curso de marketing”. Além dessa proposta, o director da Superior de Gestão diz que em cima da mesa de trabalho está também a reformulação curricular dos cursos existentes. “A estrutura curricular da escola foi feita numa altura em que se privilegiavam as licenciaturas bi-etápicas. Isso significa que apenas existe um bacharelato de acesso a três licenciaturas. Logo o que aparece na candidatura dos alunos é o curso de bacharelato e não as licenciaturas que já estamos a ministrar. Ou seja, por exemplo, um aluno que queira licenciar-se em gestão de recursos humanos jamais escolheria a ESGIN, pois no boletim de candidatura apenas lhe surge o bacharelato e Contabilidade e Gestão”.

João Ruivo espera apresentar essas alterações já para o próximo ano lectivo. “É nossa ideia rever toda a estrutura curricular, já com bases nas regras da convenção de Bolonha, ou seja transformar as licenciaturas em quatro anos (três bacharel e um de licenciatura) e autonomizar os bacharelatos de acesso à licenciatura”. No entender de João Ruivo o facto deste ano a escola ter optado pelo estabelecimento de nota mínima de entrada, não prejudicou o preenchimento das vagas. “Essa era uma questão de princípio da escola, pois mais cedo ou mais tarde teria que o fazer. Foi um risco calculado, mas que não prejudicou em larga medida a escola. Por exemplo, no ano passado, em que ainda não se exigia a nota mínima, dos 127 alunos que foram colocados no primeiro, mais de 100 tinham médias superiores a 9,5”. Ainda assim, o director da Esgin lembra que este ano houve um constragimento. “Todos os alunos que entram nesta escola têm que ter a disciplina de matemática e este ano as notas nacionais foram muito baixas”.
De acordo com João Ruivo aquilo que se verificou este ano foi o primeiro “impacto da quebra do número de alunos no ensino secundário em Portugal. daí a nossa aposta na procura de novos mercados, de formação pós-graduada”
.

 

 

 

UM CASO DE SUCESSO

Contabilidade total

Chama-se Teresa Costa e foi uma das primeiras alunas a estudar na Escola Superior de Gestão do Instituto Politécnico. Na altura ainda era conhecida como Escola Superior de Tecnologia e Gestão. Lembra-se do primeiro ano e de ver, em cima da placa de um dos edifícios o então presidente da Câmara de Idanha-a-Nova, Joaquim Morão. Procedia-se, então, ao arranjo das antigas cavalariças e faltava colocar o telhado. Quase dez anos depois, Teresa Costa, que concluiu os cursos de Gestão financeira e gestão de pessoal, é responsável pelo sector de contabilidade de uma multinacional ligada ao mundo da moda.

Persistência é a palavra chave que Teresa Costa encontra para dar voz ao sucesso que teve. “Quando terminei o Curso de Gestão Financeira, foi-me dito que poderia arranjar um estágio no estrangeiro, através do programa Erasmos. Consegui arranjar esse estágio em Badajoz, nos Cafés Delta. Foi uma experiência enriquecedora. O Estágio foi de seis meses, mas convidaram-me a ficar por mais meio ano, agora com contrato”, explica a agora responsável pelo sector de contabilidade da Promod, em Lisboa.

Finalizado o contrato em Espanha, e após um mês em casa, Teresa Costa acabou por ir trabalhar, de novo, para a Delta Cafés, mas agora em Campo Maior. É também nesse período que tira o curso de gestão de pessoal, na Escola Superior de Gestão, em Idanha-a-Nova. “Cinco anos depois, e como em Campo Maior já estava limitada profissionalmente, concorri para a Promod, em Lisboa, onde me encontro”.

Hoje recorda os tempos de estudante em Idanha-Nova. “Lembro-me que quando lá cheguei tive um choque. Fiquei assustada, pois andava o então presidente da Câmara em cima do telhado de um dos edifícios. Mas com o decorrer do tempo fiquei muito satisfeita. Mesmo aos fins-de-semana nunca houve o risco de me sentir sozinha”. Natural da Guarda, Teresa Costa confessa que ainda se matriculou na licenciatura, mas o facto de trabalhar em Lisboa não tem permitido a sua conclusão.

 

 

ARMINDO JACINTO

Da ESA à banca

Armindo Jacinto, 37 anos, natural de Idanha-a-Nova, mas com origens em Penha Garcia é bacharel em engenharia de produção agrícola, pela Escola Superior Agrária. A sua história acaba por ser um misto de sacrifício e gosto pela agricultura. Hoje é responsável pelo balcão da Boa Esperança da Caixa Geral de Depósitos de Castelo Branco, onde tem a categoria de sub-gerente. Além disso vai abrir a primeira eco-loja no Distrito e foi fundador do Clube Equestre Rancho das Casinhas, em Penha Garcia.

O Curso que tirou na Escola Superior Agrária tem-lhe sido útil na sua vida profissional. “Engenharia Agrícola está relacionado com aquilo de que eu sempre gostei. Sempre estive ligado às biologias, fui fundador da Quercus em Castelo Branco e do Grupo de Ecologia da Escola Superior Agrária”. Armindo Jacinto foi também presidente da Associação de Estudantes daquela instituição, mas depois de ter concluído o primeiro ano, concorreu para a Caixa Geral de Depósitos. “Nunca pensei entrar, mas isso aconteceu e interrompi os estudos durante vários anos. Quer dizer fui fazendo as disciplinas menos práticas. Só quando vim trabalhar para Castelo Branco é que voltei à escola de forma mais assídua. Nessa altura abdiquei das férias para poder concluir o bacharelato. Ainda estou inscrito na licenciatura, mas o tempo não é muito”.

No trabalho que desempenha na Caixa Geral de Depósitos, Armindo Jacinto considera que o curso que concluiu se revela muito útil. “Na Caixa existe uma grande componente agrícola, e na região há uma grande componente ambiental, sobretudo com as agro-indústrias”, explica. No entender daquele responsável, “deve-se apoiar quem vai para o mundo rural e dar-lhe os instrumentos para que ele também funcione como empresário” Quanto à sua progressão na carreira, Armindo Jacinto diz que “a formação académica ajuda muito, mas é preciso ter capacidade de trabalho”. 

Da Escola Superior Agrária ainda guarda a memória dos encontros que promoveu sobre ambiente, onde trouxe à Escola o então secretário de Estado da tutela. Numa altura em que pensa abrir a primeira Eco-Loja do Distrito, em Castelo Branco, Armindo Jacinto recorda o trabalho de final de curso que efectuou e que lhe permitiu avaliar a evolução da economia na agricultura desde os anos 50.

Outra das áreas em que tem interferido diz respeito ao recreio e foi também um dos fundadores do Rancho Das Casinhas, o clube equestre de Penha Garcia, que hoje tem mais de 30 associados e que já promoveu duas rotas do contrabando, de forma a homenagear os antigos contrabandistas de Penha Garcia.

 

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