Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano IV    Nº45    Novembro 2001

Dossier

ABÍLIO AMIGUINHO, PRESIDENTE DA ESE PORTALEGRE

Formação mais contínua

Com 880 alunos na formação inicial e cerca de 200 na formação complementar, a Escola Superior de Educação de Portalegre parte para este ano lectivo com um dos seus problemas resolvidos, a falta de espaço. Para este ano, a Escola Superior de Educação já dispõe de mais um edifício, a cerca de 300 metros do principal, que tem seis salas de aula, espaços de informática e gabinetes para docentes. Abílio Amiguinho, presidente do Conselho Directivo da Escola, refere que “as novas instalações garantem boas condições de funcionamento da escola. Neste momento estão a decorrer as obras de melhoramentos desse espaço. Também no edifício central foram feitas algumas obras de melhoramento”.

Abílio Amiguinho, que além de responsável pela ESE é também presidente da direcção da Associação das Escolas Superiores de Educação (Aripese), adianta que, a curto prazo, não está prevista nenhuma reformulação nos cursos de formação inicial. “Neste momento a formação inicial encontra-se priosioneira das tão esperadas alterações. Este quadro que já não era nada favorável, encontrou agora novos contornos face à redução do número de candidatos aos cursos de formação inicial. Por isso há que fazer uma análise de toda a situação, para se saber que sentido faz termos formação inicial para o 3º ciclo, juntamente com a do 2º e do 1º, num momento em que os níveis de procura de formação inicial já se refletem em alguns cursos”, explica.

No entender de Abílio Amiguinho é importante que as Escolas Superiores de Educação venham a formar docentes para o 3º ciclo, pelo que reclama legislação. “Nós já fizemos várias tentativas junto do Ministério. Recentemente, entre a Aripese e o Conselho Coordenador dos Politécnicos fizemos uma proposta concreta quanto a essa matéria, para que de uma vez por todas o problema se resolvesse”, diz. O presidente da ESE de Portalegre recorda também, que “grande parte dos cursos nas universidades também tiveram um retrocesso em termos de procura. Aliás, essa procura foi superior nas Eses que nas universidades. Por isso, este é um momento mais adequado para constarmos que ao crescermos unicamente na formação inicial, provocamos um crescimento desequilibrado”. Daí que Abílio Amiguinho sublinhe que se chegou à conclusão que o caminho a seguir não é a formação inicial na sua exclusividade. “Há que procurar outras alternativas. Nessa matéria temos diversas propostas para discutir com o Ministério, que passam por dar uma maior atenção à formação contínua, promovendo acções de uma forma mais regular, sendo alvo de um programa nacional, negociado entre o Ministério e as Eses, onde as escolas possam, à partida, saber com aquilo que podem contar, e não estarem dependentes de algumas migalhas de financiamentos pontuais”.

No entender de Abílio Amiguinho, além da formação contínua, o futuro das Eses e em especial a de Portalegre, pode passar também por outro tipo de actividades que envolvam docentes da escola. “Todas as Eses estão a fazer apoio ao processo de reorganização curricular flexível, com equipas formadas a partir de pequenos apoios que vêm do Departamento de Educação Básica. Se nós pudermos prolongar esse tipo de apoio, poderemos ter uma área de intervenção que permita ocupar os recursos existentes libertados da formação inicial”.

Confrontado com o facto de haver cursos saturados em termos de mercado de trabalho e com poucos candidatos, Abílio Amiguinho recorda que a ESE de Portalegre suspendeu o curso de Português/Francês há cerca de três anos, precisamente por verificar isso mesmo. No entanto, para o presidente da ESE de Portalegre, encerrar todos esses cursos que estão nessa situação é um caso que deve ser muito bem pensado. “Isto para não corrermos o risco por que passou a Dinamarca, que encerrou algumas formações e chegou a um momento em que as pessoas diplomadas faltaram nessas áreas”. É dentro desta perspectiva que Abílio Amiguinho defende que se “devem procurar alternativas que possam ocupar recursos existentes libertados da formação inicial, para que quando for necessário retomar essa formação não ter que se começar tudo de novo. Além disso, este período pode ser bastante rico para esses docentes, já que melhoram também a sua formação”.

 

 

NUNO GARÇÃO, EX-ALUNO DA ESE

Investigar por prazer

Depois de uma experiência na Academia Militar, Nuno Garção, 25 anos, decidiu concorrer para a licenciatura de Matemática e Ciência da Escola Superior de Educação de Portalegre. Uma aposta que o levou a concluir que afinal a sua vocação era ser professor e investigador. Hoje, é docente na Escola EB 2/3 nº 2 de Elvas e está a frequentar o mestrado na área da Didáctica de Matemática, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. “O gosto de ser professor e os conhecimentos adquiridos na ESE contribuíram muito para a minha opção de continuar a estudar e a investigar”, explica.

Natural de Portalegre, Nuno Garção recorda que à medida que a licenciatura ia avançando “mais motivado me sentia em concluir o curso”. A média com que terminou a licenciatura, 17 valores, permitiu-lhe colocação no mercado de trabalho. Mas a primeira experiência foi uma prova de fogo, no Colégio de Vila Fernando, uma instituição ligada à reinsersão social. “Foi uma experiência muito gratificante, pois aprendi imenso na relação que se pode ter com os alunos”.

A sua aposta do momento, além de ensinar matemática e ciências, e as novas «disciplinas» estudo acompanhado e área de projecto, passa por concluir o mestrado. “Investigar sobre educação é algo que me dá prazer. As alterações que estão a decorrer no mundo do ensino e a descoberta dos caminhos a percorrer, são aspectos que me estão a motivar imenso, para que eu também possa dar o meu contributo ao desenvolvimento do ensino no País”.

Outra das apostas de futuro podem ser os cursos de mestrado. “Nós queremos cimentar essa possibilidade, que terá que ser em colaboração com universidades, mas só o faremos quando tivermos um número de doutorados na ESE que garanta que 60 por cento seja da nossa responsabilidade. Porque ter um mestrado em que os docentes não são nossos, não abona a favor desse mestrado”. Um dado que poderá ser clarificado já no próximo ano, pois nessa altura a ESE já disporá do número que Abílio Amiguinho considera suficiente para avançar com esses cursos pós-graduados. Mas a avançar com o mestrado, o presidente do Conselho Directivo sublinha que ela terá que estar relacionado com a própria especificidade da Região. Quanto a parceiros, aquele responsável recorda que “o Instituto Politécnico tem acordos com universidades espanholas, como a da Extremadura, mas gostaríamos também de envolver instituições portuguesas”.

 

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