Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano IV    Nº45    Novembro 2001

Dossier

POLITÉCNICO DE PORTALEGRE

Formar inovando

O Instituto Politécnico de Portalegre vai avançar com a formação à distância. Esta é apenas uma das apostas inovadoras de um organismo que acaba de comemorar mais um aniversário, e que pretende também desenvolver a ideia de lançar formação para a terceira idade. Apostas claras no futuro, numa altura em que, em termos nacionais, pela primeira vez na história do ensino superior português, houve mais vagas disponíveis do que candidatos. Nuno Oliveira, presidente do Instituto Politécnico de Portalegre, fala destes e de outros projectos, que vão permitir àquele organismo continuar a assumir-se como um pólo activo no desenvolvimento daquela região e do País.

Uma das grandes apostas que o Instituto Politécnico de Portalegre poderá fazer é a formação à distância. Ou seja, além dos cursos de pós-graduação (sem atribuição de título académico, destinado a várias áreas, de forma a suprimir dificuldades existentes nessas áreas, onde as escolas do instituto podem ter um papel importante), dos mestrados e da formação inicial, o Instituto quer alargar a sua área de intervenção, utilizando as novas tecnologias. “Neste momento o projecto está a ser desenvolvido pela Associação de Desenvolvimento do Instituto e pela Portalegre Distrito Digital, e vai permitir alargar a formação a todos os interessados e não só aos da Região”, explica Nuno Oliveira.

A ideia da formação à distância, que não atribuirá título académico, é defendida por Nuno Oliveira, que pretende ter “a disponibilidade por parte dos docentes do Instituto e de profissionais experientes de diversas áreas, aproveitando também o Programa Operacional da Sociedade de Informação. Penso que, deste modo, através da Internet e por meio de um código de entrada, o Politécnico poderá levar esse tipo de formação a todo o lado”.

Outra das apostas de Nuno Oliveira passa pela criação do Politécnico da Terceira Idade. “Há um conjunto de pessoas que já deixaram de estar na vida activa, mas que querem continuar a valorizar-se”. Por isso, diz aquele responsável, nada melhor do que ir de encontro à ideia do actual secretário de Estado, “da formação ao longo da vida”. Projectos que neste momento estão a dar os primeiros passos, com os colaboradores da Associação de Desenvolvimento Regional do Instituto, e com o Portalegre Distrito Digital. 

OBRAS. Ao nível de espaços físicos, o Instituto Politécnico de Portalegre tem em curso investimentos importantes, como acontece em Elvas com as instalações da Escola Superior Agrária de Elvas, conforme adiantou, ao Ensino Magazine, Nuno Oliveira, já na nossa edição de Setembro. “Neste momento estão a decorrer as obras de recuperação do Hotel Alentejo, que será a residência de estudantes da ESA. Inicialmente houve um problema com a recuperação do sexto piso, o que nos obrigou a contactar o gabinete de arquitectos. Isso já foi ultrapassado e as obras estão a decorrer em bom ritmo”, diz Nuno Oliveira. A obra está orçada em 300 mil contos, e o presidente do Politécnico gostaria que em 2002/2003 a residência de estudantes já estivesse a funcionar.

Outra estrutura importante que está a ser implementada em Elvas é a construção do novo edifício da Escola Superior Agrária, que passa pela reconstrução do antigo Quartel do Trem, orçado em um milhão de contos. De referir que a nova Escola Superior Agrária de Elvas vai ter capacidade para cerca de 500 alunos e neste momento é uma das obras prioritárias ao nível do Politécnico de Portalegre. Uma das novidades divulgadas pelo presidente do Politécnico, diz respeito à possibilidade da ESAE poder vir a utilizar uma Herdade em Vila Fernando, para aí desenvolver as actividades de campo.

Já na Escola Superior de Educação, “foi assinado um protocolo com a Direcção Regional do Alentejo para que o Politécnico pudesse utilizar seis salas de aula, vários gabinetes e uma sala de informática, no edifício da residência de estudantes do ensino secundário, uma estrutura que estava sub-aproveitada. Ainda numa solução a curto prazo, a ESE vai utilizar, para a área de educação visual e tecnológica, uma grande sala nos serviços centrais”, explica.

 

 

 

NUNO OLIVEIRA LEMBRA

É preciso competitividade

“Aquilo que se perspectiva é que vão existir fusões ao nível do ensino superior privado. Ao nível do público, e no caso dos Politécnicos, as suas unidades orgânicas têm que ser mais competitivas, e essa competição passa por uma afirmação de qualidade”. É deste modo que Nuno Oliveira perspectiva o futuro do ensino superior, numa época em que o número de vagas disponíveis supera os candidatos. O presidente do Politécnico de Portalegre lembra que os factores qualidade, competitividade e afirmação, são ainda mais importantes em regiões como a de Portalegre. “Trata-se de uma região com problemas demográficos acentuados, onde as dificuldades não se colocam apenas ao nível dos candidatos ao ensino superior, mas sim ao nível das entradas para o ensino secundário. Daí que o Politécnico de Portalegre, tenha que apostar na qualidade e noutros caminhos alternativos”.

Apesar das dificuldades por que passaram todas as instituições de ensino superior em Portugal, no que respeita à colocação de alunos, Nuno Oliveira sublinha o facto de existirem cursos que não encontraram qualquer obstáculo ao preenchimento total, ou quase total das suas vagas. “Exemplos disso são as áreas de design e técnicas gráficas, as variantes existentes na ESE, relacionadas com o turismo e termalismo, jornalismo e comunicação, animação educativa e sócio cultural. Cursos que não têm problemas, nem nunca os terão”. Aquilo que se verificou, nos últimos anos, é que os candidatos têm escolhido cursos diferentes dos tradicionais. “Não sei se esse facto passa por uma questão de moda. Talvez surja devido aos jovens se adaptarem mais ao mercado de trabalho. No entanto, há a excepção das engenharias, onde o mercado de trabalho é vasto e os cursos foram pouco procurados. Facto que poderá estar relacionado com a disciplina de matemática, mas também com o tipo de profissão que é exercida. E se formos ver nas engenharias mecânica, electromecânica , onde é preciso trabalhar mais, os alunos fugiram. Por outro lado, se formos ver cursos que dão outro estatuto social, os alunos procuram-nos”.

Mas para Nuno Oliveira a solução do problema terá que passar também pela diminuição do número de vagas nalguns cursos. “Veja o que se passa nos cursos de Direito, cujo mercado está saturado, e que preenche a totalidade das vagas. Trata-se de um problema de ordem social. É necessário reflectir tudo isto, e aproveitando a qualidade do secretário de Estado do Ensino Superior, é uma oportunidade única para que essa reflexão seja feita”.

Composto pelas escolas superiores de Educação, Tecnologia e Gestão, Enfermagem e Agrária, o Instituto Politécnico de Portalegre é um dos pólos principais de desenvolvimento da Região em que está inserida. Com cerca de 3500 alunos, o Politécnico aposta na afirmação de todas as suas unidades orgânicas, de forma a consolidar o trabalho que tem sido desenvolvido. Nessa perspectiva, o presidente do Politécnico, defende a ideia de que há alguns cursos que vão ter que sofrer alterações. “Essa é uma matéria que é da competência dos Conselhos Científicos das escolas, mas penso que é uma situação necessária. Do meu ponto de vista não se devem oferecer mais cursos, deve-se diversificar a oferta dos cursos que existem”.

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