Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano IV    Nº37    Março 2001

Politécnico

AULP EM VISEU

A língua é tema de conversa

A Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP) realiza, nos próximos dias 26 e 27 de Abril, o seu XIº encontro. Uma iniciativa que decorrerá em Viseu, no Instituto Politécnico, mas que irá envolver outros municípios vizinhos, como Tondela e Mangualde. Segundo apurámos, as jornadas estão divididas em três grandes áreas, a saber: «ensino superior: responsabilidade social», «ensino superior e investigação» e «cooperação: que políticas». Além daqueles aspectos, vai ainda ser abordada a certificação de tradutores e intérpretes de língua portuguesa.

De acordo com o programa provisório, o início dos trabalhos está agendada para a manhã do dia 26 de Abril, no Instituto Politécnico de Viseu, onde será debatido o primeiro dos temas. Pelo meio haverá um almoço, oferecido pela autarquia de Tondela, e à noite cabe ao Governador Civil de Viseu fazer a oferta de uma jantar de gala, no Teatro Viriato, onde actuarão a orquestra sinfoneta do Instituto Politécnico do Porto e a Companhia de Dança da Escola Superior de Dança Do Instituto Politécnico de Lisboa.

Para sexta-feira está agendada uma sessão plenária que debaterá, na parte da manhã, o segundo grande tema das jornadas (ensino superior e investigação). Nesse dia cabe à autarquia de Mangualde receber os participantes com um almoço. Na parte da tarde falar-se-á de cooperação e das políticas a seguir. As jornadas terminarão com um jantar, oferecido pela autarquia de Viseu, que agendou também uma noite cultural, com a participação de tunas académicas.

Para garantir a qualidade das jornadas, a organização convidou prelectores de referência internacional. Assim, o primeiro tema será abordado por Cristovam Picanço Dinis, reitor da Universidade Federal do Brasil, Carlos Machili, reitor da Universidade Pedagógica de Moçambique, e Maria Teresa Ambrósio, da Comissão Nacional de Educação de Portugal. Já o ensino superior e a investigação serão abordados por Mauro Marcondes Rodrigues, presidente da Finep-Financiadora de Estudos e Projectos, do Brasil, e por Adelina Machado, da Universidade Eduardo Mondiane.

A terceira vertente, que debaterá as diversas formas de cooperação e as políticas a seguir, tem também um painel de luxo, constituído por Jacques Marcovitch, reitor da Universidade de São Paulo, Brasil, Rui Machete, da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, Corsino Tolentino, da Fundação Calouste Gulbenkian, e Dulce Pereira, secretária da CPLP. Finalmente, a certificação de tradutores e intérpretes de língua portuguesa será debatida por Francisco José de Magalhães, presidente da Associação Portuguesa de Tradutores, Renato Borges de Sousa, do Centro Internacional de Aprendizagem de Línguas, e por Manuel Santiago Ribeiro e Isabel Feijó, ambos da Associação Nacional de Intérpretes de Conferência.

 

 

CONTRA O INSTITUTO UNIVERSITÁRIO EM VISEU

Protesto geral

“A situação de Viseu é um sintoma da perfeita esquizofrenia em que entrou a posição portuguesa nesta matéria. Nenhum português sensato pode perceber que existindo uma instituição de ensino superior politécnico em Viseu com sete mil alunos, o Estado vá dispender do dinheiro público para construir outra ao lado. Por mais razões que se tentem encontrar, não há razão”.

É deste modo que Valter Lemos, também presidente da Associação dos Institutos Politécnicos do Centro (Politécnica), encara a criação de um instituto superior universitário em Viseu, dependente da Universidade de Aveiro. E adianta: “O que as pessoas podem entender é que o Estado considere que são necessário mais escolas e mais cursos. Se é assim, basta desenvolver o Politécnico existente, porque todas as pessoas percebem que esta solução é menos onerosa”.

Aquele responsável afirma que se o Estado se queixa muito que no País há instituições de ensino superior e cursos em demasia, não se compreende a decisão. “Só faltava chegar às 15 cidades onde existem politécnicos e criar, ao lado, institutos universitários. Ninguém de bom senso aceita uma decisão destas e isso teria consequências desastrosas, não só para o ensino superior, como para o orçamento do Estado Português”.

Mas como uma das decisões está tomada e se fala nos bastidores da possibilidade de idênticas soluções acontecerem em Bragança e Alcobaça, Valter Lemos quer saber qual é a justificação para se tomarem decisões deste género. “Já alguém ouviu alguma explicação do senhor ministro da Educação ou de algum responsável político. Ainda ninguém disse: Nós fizemos isto em Viseu porque... E porque é que não o fizeram? Porque não há razões”.

Num tom mais duro, também assumido numa conferência da Politécnica, realizada no Politécnico de Viseu (na foto) este mês, finaliza: “As razões que se possam adiantar são de tal forma ridículas que ninguém as aceita como razões de Estado ou como razões de interesse público. E essas são as únicas que podem justificar as decisões de um governante. Como não as há, os políticos têm que se esconder atrás das decisões”.

 

 

 

ESTG E ESE DE VISEU

Protocolos para melhorar

O Pólo Universitário Transfronteiriço de Castilla y Léon e da Região Centro de Portugal reuniu este mês, na Escola Superior de Tecnologia de Viseu para debater alterações ao protocolo que marcou a sua constituição. No final do encontro foi dito que aquele organismo precisa de mais apoio oficiais para poder desenvolver acções de formação contínua e para ter mais actividades.

A reunião teve como pano de fundo a necessidade de dotar o Pólo Universitário Transfronteiriço, criado em 1994, de instrumentos que melhorem a sua eficácia. É que aquela instituição, constituída por oito universidades e cinco politécnicos, e presidida actualmente pela Universidade da Beira Interior, não tem conseguido desenvolver os objectivos a que se propôs aquando da sua criação.

Entre os objectivos iniciais que mais foram acentuados, pretendia-se criar uma rede estável de instituições de ensino superior, fazer a gestão de fundos comunitários para a investigação e desenvolvimento regional, ter acção na mobilidade dos professores formação contínua, além de gerir programas destinados à cooperação entre universidades e politécnicos e as empresas.

ESE. A Escola Superior de Educação (ESEV) do Instituto Superior Politécnico de Viseu (ISPV), através da área científica de psicologia, acaba de elaborar um protocolo de colaboração com o Núcleo da Associação de Cegos e Ambliopes de Viseu (ACAPO). O protocolo visa, com o apoio do Centro de Documentação e Informação da ESEV, implementar uma biblioteca para deficientes visuais. Para esse efeito já foram estabelecidos contactos com o Secretariado Nacional de Reabilitação, Comissão de Braille e Comissão de Leitura Especial para a deficiência visual.

A referida biblioteca está projectada para funcionar nas actuais instalações do CEDOC, pelo que se prevê aí incluir duas salas contíguas com esse objectivo. Além dos livros em Braille e gravados, que já estão a ser recebidos de várias instituições vocacionadas para esta área, aguarda-se a chegada do equipamento solicitado que inclui desde as tradicionais máquinas de escrever em Braille a equipamentos mais sofisticados como computadores com sintetizador de voz, linha Braille, impressora Braille, scanner.

As obras a adquirir abrangem interesses diversificados, indo desde a leitura infantil de iniciação, até obras mais complexas na área da literatura ou da filosofia. O mobiliário também será apropriado a este tipo de utilizadores contemplando uma sinalética própria para o efeito.

A ESEV propõe-se assim dar resposta às necessidades da comunidade envolvente, abrindo esta extensão do Centro de Documentação a todos os interessados.

Esta instituição e o Núcleo da ACAPO pensam ainda promover cursos de formação com uma componente de sensibilização à deficiência visual e outra de preparação de técnicas de mobilidade, da mesma forma que prevêem cursos na área da educação para a postura orientada para cegos de nascença.

No âmbito de um estágio desenvolvido por uma psicóloga do Núcleo está ainda a proceder-se, entre outras actividades, ao levantamento do número de deficientes visuais do distrito de Viseu, sob a orientação da Professora Adjunta da área científica de psicologia, Esperança do Rosário Ribeiro.

Recorde-se que ACAPO criou muito recentemente um Conselho Consultivo, para o qual convidou alguns elementos da ESEV, que ajudará a consolidar e estreitar a colaboração entre as duas entidades.

 

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