Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano IV    Nº37    Março 2001

Politécnico

DIA DE REFLEXÃO

Nome discrimina o Politécnico

O Politécnico de Castelo Branco quer passar a chamar-se Universidade Politécnica de Castelo Branco. Um anúncio feito publicamente na jornada de reflexão que se realizou a 14 de Março em todo o País, e que em Castelo Branco, depois de reuniões realizadas em todas as escolas, na parte da manhã, justificou uma cerimónia que encheu por completo o Cine-Teatro. Não faltaram professores, alunos e funcionários das seis escolas da instituição e dos serviços centrais.

Em causa não está uma mudança de atitude em relação ao ensino ministrado ou perfis de saída ou entrada. Valter Lemos, o presidente da instituição, adianta que quer manter o cariz politécnico em todos os cursos, que até agora diz terem funcionado bem, o que justifica com os elevados níveis de empregabilidade dos formados. Esta mudança, que já foi aprovada em Conselho Permanente e em Conselho Geral, visa apenas e só a troca de nome.

“A designação de Politécnico tem sido usada para desvalorizar a instituição, porque no nosso País os nomes contam mais do que as realidades”, diz, referindo-se ao facto das universidades terem mais direitos instituídos que os politécnicos, nomeadamente em termos de criação de cursos, de pós-graduações e ao nível da acção social. Algo que diz não entender, como refere ao Ensino Magazine.

“Somos uma instituição moderna e queremos deixar esses fantasmas. Mudar de nome deveria ser uma questão irrelevante, porque o que interessa são os professores, os cursos, as instalações. Mas em Portugal não é assim e depois não nos dão determinadas capacidades de intervenção simplesmente devido ao nome. E já que é assim, decidimos que queremos passar a universidade politécnica, o que não é uma promoção, mas uma forma de reclamar direitos iguais”.

Ao mesmo tempo afirma que deveriam ser fixados critérios específicos para definir que instituições poderiam intervir e a que níveis. Como isso não acontece, entende que se vive “num fundamentalismo religioso como o do apartheid. Acredita-se que originariamente há uma diferença e não se explica. Mesmo que o Politécnico de Castelo Branco cá tivesse todos os prémio Nobel do mundo, continuava sem poder fazer pós-graduações. Só porque se chama politécnico. Mas nunca nenhum responsável político explicou porquê. Apenas adiantam que é a Lei, mas a Lei são esses responsáveis que a fazem”.

Ciente que certos cursos de pós-graduação funcionam em universidades, mas apenas com professores do Politécnico, Valter Lemos diz que os governantes terão de assumir um dia as consequências do que estão a fazer neste momento, pois considera que o facto dos politécnicos não terem os mesmos direitos que as universidades provoca uma discriminação entre o Litoral, onde predominam as universidades, e o Interior, cuja rede de ensino superior é sobretudo politécnica.

“Esta não é só uma questão de política educativa e de emprego. Há aqui questões relacionadas com a política do desenvolvimento nacional. Quando um político discrimina entre um politécnico e uma universidade, sabe que está a discriminar o Interior relativamente ao Litoral. E fá-lo conscientemente e com uma intenção, porque não há inocência em política. E há aqui uma questão política do mais importante significado nacional”.

De caminho diz que esta discriminação apenas acontece em Portugal, já que noutros países o Politécnico é reconhecido ao mesmo nível das universidades. Está integrado na Associação de Universidades de Língua Portuguesa e na Associação Ibero-Americana de pós-graduação, sendo ao nível deste último órgão a única instituição nacional, além da Universidade de Coimbra.

“O Politécnico é tratado pela Comissão Europeia, pelo Conselho da Europa e por todas as instituições nas mesmas condições que qualquer universidade. Não pode ser o Estado Português a discriminar internamente o que exteriormente é tratado ao nível de todas as outras instituições”
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POLITÉCNICO DE CASTELO BRANCO

O que vai mudar nas escolas

“Acima de tudo, o Politécnico tem indicadores de qualidade. Sabe o que quer e o que quer está consciencializado no contexto do Politécnico e da região”. É deste modo que o presidente do Politécnico justifica o novo plano agora apresentado, o qual adianta linhas de rumo para cada uma das suas seis escolas

Na Escola Agrária poderão nascer os cursos de Engenharia Rural, Ordenamento de Recursos, Engenharia Biológica e Alimentar, e Veterinária. Na área das pós-graduações, o plano prevê a realização de mestrados profissionais nas áreas de maior capacidade científica instalada, casos das Ciências Agrárias e Ambiente, e em cooperação com universidades portuguesas e estrangeiras, politécnicos e outros organismos.

Na Superior de Educação, além de sedimentar a formação em Educação Básica, está previsto o reajustamento dos cursos de 2º Ciclo, para que os formados possam leccionar até ao 3º Ciclo, algo que o ministro da Educação garantiu resolver este ano civil. O novo curso poderá ser o de Português e Espanhol e a formação docente, mesmo em horário pós-laboral, bem como a investigação, serão aspectos sedimentar e desenvolver.

Manter o número de vagas para Engenharia Informática e Engenharia Civil, devido à adaptação ao mercado de trabalho, bem como a fixação de nota mínima são objectivos a conseguir na Superior de Tecnologia. Noutra vertente, pretende-se qualificar o corpo docente e incluir profissionais do tecido produtivo, continuar e incrementar a ligação às empresas ao nível da investigação aplicada, desenvolvimento experimental, prestação de serviços e inserção de diplomados. Poderá ainda abrir a formação de segunda oportunidade, em regime de pós-laboral.

Em Idanha-a-Nova, a novidade poderá ser a criação do Curso de Marketing, que já era para ter sido criado no ano passado. Haverá também nota mínima e maior qualificação do corpo docente, será mantida a ligação às empresas, que é considerada de sucesso, e será alargada a estratégia de prestação de serviços, bem como serão criados cursos de formação especializada, em função das solicitações do mercado, e que não irão conferir qualquer grau.

A Escola de Artes, que tem apenas dois anos, pretenderá alargar as opções do Curso de Música e sedimentar os cursos de Artes da Imagem e Design de Moda e Têxtil. O novo curso poderá ser o de Teatro e a intervenção na escola, seja através da Orquestra ou outros serviços prestados, será alargada, além de serem disponibilizados mais equipamentos e instalações. O recrutamento de mais profissionais e artistas reconhecidos será outra vertente a desenvolver.

Finalmente, após a integração da Escola de Enfermagem Lopes Dias, o objectivo passará por alargar o número de vagas e aumentar o corpo docente. Os novos cursos, no quadro da articulação com o Politécnico da Guarda, serão os de Fisioterapia (2001), Análises Clínicas e Saúde Pública (2001), Farmácia (2003), Higiene e Saúde Ambiental (2004) e Radiologia (2004). Ao nível da enfermagem será criada a formação especializada nas áreas de saúde materna, obstetrícia e reabilitação.

 

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