CONGRESSO
TRANSFRONTEIRIÇO DE ESCOLAS DE GESTÃO
Futuro com qualidade
“O ensino superior está a atravessar uma fase importante para o seu futuro. A década de 90 foi uma das mais importantes na história da educação em Portugal. O nosso País, ao nível da OCDE é um caso único de crescimento do ensino superior, tendo nesse período, quadriplicado a taxa de frequência”. Foi assim que Valter Lemos, presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco, deu o mote para o Iº Congresso Transfronteiriço das Escolas Superiores de Gestão, realizado no final do mês de Novembro, na Escola Superior de Gestão em
Idanha-a-Nova.
Valter Lemos lembrou que “neste momento está a atingir-se os limites de crescimento do ensino superior. Por isso vamos entrar num novo momento, que passará pela racionalização dos recursos disponíveis, pela excelência das instituições e dos cursos, pois a função qualidade vai ser determinante e pela internacionalização do ensino”. O responsável pelo politécnico de Castelo Branco focou ainda a aplicação da Declaração do Bolonha e lembrou que “a existência de dois graus de formação inicial está a terminar”.
Com o mote dado, coube a Nuno Oliveira, presidente do Politécnico de Portalegre fazer a primeira prelecção do Congresso. Os estágios curriculares foram sublinhados por aquele responsável, para quem “ são fundamentais, já que servem para que alunos e docentes tenham uma intervenção decisiva nas instituições onde fazem os estágios”. Foi dentro dessa perspectiva que aquele responsável lembrou a necessidade de “intensificar a relação entre o ensino Politécnico e o mundo do trabalho”.
Outro aspecto salientado por Nuno Oliveira, diz respeito ao “recurso, pelas escolas, a profissionais qualificados na área de gestão. Essa presença pode ser muito positiva, pois além de melhorar a formação prestada vai permitir às escolas realizarem serviços especializados para a comunidade, o que vai gerar receitas próprias para as instituições, além de as aproximar com a região em que estão envolvidas”.
PME. Composto, na sua maioria, por Pequenas e Médias Empresas, o tecido empresarial português necessita de pessoal técnico e eficaz. Foi assim que Carlos Grenha, representante da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas deu o mote para uma intervenção, onde tentou definir qual o caminho que a escolas de gestão devem tomar para se adaptarem à mudança no mundo do trabalho. No entender daquele responsável, as escolas para responderem aos novos desafios, têm que ter em conta a “competitividade do ensino na Europa, assim como a mobilidade e a empregabilidade no espaço europeu. E para que nos próximos 10 anos a Declaração de Bolonha seja aplicada, há várias iniciativas que podem ser desenvolvidas pelas escolas, como a realização de debates e colóquios, a discussão dos sistema de créditos, cooperação internacional e o aproveitamento das novas tecnologias para a formação à distância”.
As novas tecnologias foram também tema de discussão. Carlos Osório, da Universidade da Beira Interior, apresentou a experiência que está a ser feita naquela instituição e que permite aos alunos consultarem as aulas, via
Internet. Facto que no entender de Carlos Osório tem diminuído a frequência dos alunos na sala de aula. “Aquilo que se verifica é que eles andam mais motivados. Deste modo, os alunos, e todo o público, têm acesso às aulas, podendo fazer perguntas aos professores e algumas críticas”.
Como nota final ficou a ideia de que o ensino superior deve contribuir para o desenvolvimento das regiões em que está inserido. Além disso, o ensino superior deve contribuir para estudar formas de encontrar riqueza e desenvolvimento.
Para a organização o Congresso correspondeu às expectativas e como a internacionalização do ensino foi um dos aspectos debatidos, a próxima edição vai realizar-se em Espanha, na Universidade da Extremadura, enquanto que a terceira será promovida pelo Politécnico de Portalegre, regressando um ano depois a Espanha, mas desta vez a Cáceres.

FERNANDEZ FERNANDEZ,
UNIVERSIDADE DE EXTREMADURA
Palavra de decano

Fernandez Fernandez, decano da Facultad de Ciencias Económicas y Empresariales da Universidad da Extremadura, em Badajoz, considera importante o intercâmbio entre as diferentes instituições raianas de ensino superior. Para o docente espanhol, a educação “não tem fronteiras. Durante muitos anos os povos português e espanhol, sobretudo os que viveram na raia, estiveram de costas voltadas. Mas desde há alguns anos que há um movimento de aproximação e de união. O Congresso Transfronteiriço das Escolas de Gestão constitui mais um passo importante nessa aproximação. A comprovar isso mesmo está o facto de no próximo ano o congresso se realizar em Badajoz e no seguinte em Portalegre”.
Também no que respeita aos cursos de pós-graduação, Fernandez Fernandez lembra que tem “havido um intercâmbio entre a Universidad da Extremadura e instituições de Lisboa e de Brasil. No futuro estamos disponíveis em avançar com cursos de mestrado em colaboração com Institutos Politécnicos, como poderá acontecer aqui na Escola Superior de Gestão”. Os doutoramentos também foram lembrados por Fernandez Fernandez. “Em Espanha os doutoramentos têm uma certa tradição e regra geral mal se acaba a licenciatura entra-se para o doutoramento, que dura entre cinco a sete anos. Em Portugal esses cursos foram, por tradição, a um ciclo muito restrito de pessoas. Hoje, aquilo que se verifica é que cada vez há mais alunos portugueses na nossa universidade para concluir o doutoramento”.
O Congresso de Idanha-a-Nova serviu também para que os responsáveis pelas escolas aproveitassem a oportunidade para conhecerem um pouco mais o ensino ministrado nos dois lados da fronteira. “O nível de ensino deve ser similar, no entanto é através destes encontros que poderemos conhecermo-nos melhor”. Fernandez Fernandez lembrou que em Espanha desde 1983 que “o ensino superior tem sofrido reformas. Durante estes ano houve influências anglo-saxónicas, como a introdução de créditos ao sistema de ensino. Durante as últimas duas décadas foram feitas diversas alterações. Por exemplo, na gestão passaram a existir dois ciclos. O primeiro, de três anos, atribui o grau médio, o segundo, de cinco anos, diploma licenciados”. Mas para o Decano da Facultad de Ciencias Económicas, há aspectos que devem ser mudados. “Os cursos de grau médio, no que respeita aos estudos económicos, têm que incidir sobre aquilo que o mercado de trabalho exige no momento. Por isso seria importante que esse ciclo de formação fosse mais especializado, em contabilidade, finanças ou informática, por
exemplo”.

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