Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano III    Nº33    Novembro 2000

 

Universidade

JÚLIO FERMOSO DÁ CONFERÊNCIA NA UBI

Ensinar e aprender medicina

Um ensino mais prático, quase sem aulas magistrais e logo sem salas repletas de alunos a ouvirem orações de sapiência. A experiência laboratorial será privilegiada, bem como a coordenação de matérias inclusivé entre disciplinas, assim como o contacto com os doentes desde cedo.

No primeiro ano haverá ainda um computador por aluno, no qual serão introduzidos dados a partir de um computador central. E esses dados, leia-se conteúdos, serão alvo de estudo por parte do aluno, individualmente e em grupo, sempre com ligação à prática e com dias livres para o fazer. Para ajudar é criada a figura do tutor, que reúne com os alunos em pequenos grupos para os ajudar a encontrar caminhos para resolver problemas.

Estes serão os métodos inovadores de ensino-aprendizagem seguidos na futura Faculdade de Ciências da Saúde, já hoje praticados em algumas faculdades europeias, caso da Faculdade de Medicina de Albacete, em Espanha. E foi precisamente o presidente da Comissão Assessora da Universidade de Castilla-la-Mancha para a implementação da Faculdade de Medicina de Albacete, Júlio Fermoso, que veio comunicar estes métodos à UBI, a 10 de Novembro.

Antigo reitor da Universidade de Salamanca, catedrático da Faculdade de Medicina, Júlio Fermoso é consultor de vários organismos internacionais, como a Unesco e a União Europeia. E para explicar o tipo de ensino que defende nas ciências médicas no século XXI, recorre ao humor dizendo que na faculdade teve três tipos de professores: os que não ensinavam mas deixavam aprender, os que não ensinavam nem deixavam aprender e outros, muito poucos, que ensinavam a aprender.

É deste terceiro tipo de professores que defende. E em Albacete, a melhor faculdade de medicina espanhola, o esforço foi grande. Realizou-se um total de 15 ateliers com professores e para professores a fim de se discutir como ensinar. É que “Para se montar um sistema de caminho de ferro hoje, não se optaria pela máquina a vapor. Do mesmo modo, não se ensina medicina hoje como se ensinava no século XIII, quando nasceu a Universidade de Salamanca”.

 

 

 

Flashes da Faculdade

A Faculdade de Ciências da Saúde da UBI vai avançar com 60 alunos na Licenciatura em Medicina. No segundo ano entrarão mais 60. No terceiro ano, já em novas instalações, entrarão 100 novos alunos, número que se irá manter nos anos seguintes. Todos eles beneficiarão de sistemas personalizados de tutoria, além de um ensino multidisciplinar e de trabalho em equipa.

 

Para já, a Faculdade avança em instalações provisórias situadas na fase VI, junto ao pólo I, e na antiga Fábrica do Moço, onde funcionará a parte administrativa, salas de aula, e muitas salas tutoriais, onde os professores se reunirão com pequenos grupos. Um anfiteatro para 100 pessoas, destinado a seminários, plenários e a uma ou outra aula magistral (as quais escasseiam no tipo de ensino pretendido) é outra das valências da faculdade, a par da biblioteca, a qual já está a ser equipada e ficará provisoriamente junto ao Departamento de Matemática.

 

Os alunos da faculdade terão acesso a vários laboratórios, sendo um deles integrado, e outros mais específicos, como é o caso do laboratório de investigação. Neste campo da investigação, os projectos ainda não estão definidos, mas a investigação ocorrerá nas áreas de Imunologia Básica e Clínica, Bioquímica, Genética e Biologia Molecular, Clínica e Epidemiologia.

 

A pós-graduação estará ligada às necessidades de saúde do meio local, sem esquecer outros níveis mais abrangentes. Além dos mestrados e doutoramentos serão realizados cursos de formação e reuniões de actualização. O mestrado em Imunologia Clínica deverá avançar em Abril de 2001, enquanto o de Oncologia só surgirá em 2003/2004. Os doutoramentos serão em Medicina e Biomedicina.

 

A Faculdade de Ciências da Saúde estará articulada com o Hospital da Cova da Beira, Hospital Amato Lusitano (Castelo Branco), Hospital Sousa Martins (Guarda) e centros de saúde dos distritos de Castelo Branco e da Guarda. A articulação estará a cargo da Comissão Mista Permanente, enquanto o controlo pedagógico será feito pelas unidades de saúde e pelo Gabinete de Educação Médica. A ideia é conseguir um modelo simbiótico entre unidades de saúde e faculdade para se conseguir uma verdadeira “cidade da saúde” junto ao centro hospitalar.

 

 

 

Santos Silva confiante

A Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior vai receber mais cinco professores doutorados, a juntar aos actuais oito, e tem todas as estruturas a avançar para iniciar a actividade lectiva já em Setembro de 2001.

A garantia é do reitor da Universidade, Santos Silva, que falava no seminário o Ensino da Medicina no século XXI, que decorreu na UBI e reuniu professores da Faculdade de Ciências da Saúde. A palestra principal esteve a cargo do o antigo reitor da Universidade de Salamanca, Júlio Fermoso (ver peça ao lado).

Para Santos Silva, neste momento falta apenas a articulação entre a faculdade e as unidades de saúde dos distritos da Guarda e Castelo Branco para que se desenvolvam as actividades de ensino ainda não está definida, mas a portaria que a irá definir já está nas mãos de Santos Silva. E como muitos médicos já manifestaram o seu interesse, o processo deverá avançar em breve.

Santos Silva refere também que as linhas gerais de orientação do curso estão definidas, o que considera um excelente trabalho realizado pela Comissão de Instalação.

O Gabinete de Educação Médica é outra das novidades da Faculdade. Segundo Santos Silva, “tem como objectivo principal o desenvolvimento e gestão dos programas de formação específicos do ensino do Departamento de Ciências Médicas”. Em constituição está a Comissão Externa de Acompanhamento.

Já o Departamento de Ciências da Saúde, “terá um presidente eleito no corrente mês de Novembro, passando assim a Faculdade a ficar representada nos órgãos de Governo da Universidade”.

Perante estes dados, o reitor da UBI afirma que a Universidade está a “desenvolver um trabalho sério, devidamente planificado, e que dispõe já de todos os meios que permitirão levar a bom termo um projecto que apontará melhores condições de vida para as populações do Interior”.

 

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