UBI QUER FORMAR MELHORES
PROFISSIONAIS
Jornalistas porquê?

A Comunicação Social regional tem ou não uma identidade que a torna específica em relação à restante comunicação social? A pergunta não tem uma resposta fácil, mas pode dizer-se que há uma identidade regional, a qual precisa de ser vincada porque corre o risco de ser esbatida.
Esta é uma das conclusões do I Encontro de Órgãos de Comunicação Social da Beira Interior, organizado pela UBI e pelo Grupo de Instrução do Rodrigo, e que se realizou na Covilhã este mês.
No encontro João Correia, docente da UBI, considerou que a agenda dos jornais está desfasada dos interesses dos leitores. João Morgado, da empresa Kreamus, foi mais longe: “Os jornais publicam notícias locais, mas o jornalismo é cada vez mais de agenda, mais cinzento, mais fechado, sobretudo devido a falta de meios económicos, falta de formação e falta de critérios”.
A alteração, prossegue, só poderá surgir com um espírito crítico mais aguçado, de forma a gerar uma massa crítica que tenha influência sobre a região, pois “na nossa região há cada vez mais cabeças para fazer vénias do que para pensar por si, o que é perigoso, porque pode levar ao caciquismo”. É preciso então ultrapassar a crise de opinião abrindo esse espaço, alargando o leque de colunistas.
Os jornais precisam ainda de ter melhores profissionais, pois, muitos são formados em cursos de comunicação que não têm directamente a ver com o jornalismo. E se o acesso à profissão é hoje mais condicionado em função da formação, existe um conflito, nomeadamente entre jornalistas licenciados e os que não o são, o qual pode começar a ser superado com a inclusão de uma cadeira de ética nos cursos.
Manuel Santos, da UBI, refere, por exemplo, que é preciso mostrar aos alunos que a Imprensa Regional é importante e tem um papel activo, e que não é apenas a televisão e os grandes órgãos. João Cavilhas, também da UBI, cimentou esta ideia dizendo que não há jornalistas nacionais nem jornalistas regionais, mas sim jornalistas.
A diferença nacional/regional estaria nas audiências, mas as novas tecnologias transformam os jornais regionais em mundiais, com a diferença apenas ao nível dos conteúdos em relação aos outros. Considera por isso que é importante investir na formação a todos os níveis, levando ao ensino superior aqueles que são jornalistas e não passaram por lá e levando os jornais às universidades e escolas superiores para que os alunos tenham contacto com o que é a realidade.
Falou depois da necessidade do recrutamento de recém formados, não esquecendo a questão da remuneração compatível. O encontro serviu assim para alertar as empresas para a importância de contratar licenciados, ao mesmo tempo que se pretendeu definir que formação de base necessita um jornalista, a fim dessas necessidades serem respondidas no curso de Ciências da Comunicação da Universidade da Beira Interior.
As relações entre o jornalismo e a política também estiveram em discussão. A este respeito, o director do Ensino Magazine, João Ruivo, perguntou se “a discussão entre o jornalismo e a política não será a discussão do poder? É que os jornalistas roubam espaço aos políticos e o palco regional é curto para ambos. E no emergir de uma nova classe política da parte dos jornalistas está grande parte da conflitualidade a que hoje
assistimos”.
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