Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano III    Nº33    Novembro 2000

 

Politécnico

CARLOS CORREIA, INVESTIGA

O mundo virtual não tem fim

No início da década de 90 foi um dos responsáveis pelo aparecimento do primeiro Cd-Interactivo português. Hoje é dos homens de quem se fala, sempre que o espaço virtual entra na conversa. Chama-se Carlos Correia, é natural de Castelo Branco e no passado dia 15 de Novembro esteve na Escola Superior de Tecnologia da cidade que o viu nascer para apadrinhar o projecto Castelo Branco Cidade Digital. Um projecto orçado em cerca de 116 mil contos e ao “qual diz sentir-se ligado de forma afectiva. Um ano depois do início deste processo penso que Castelo Branco está no bom caminho, e isso passa pela criação de infra-estruturas, pela evolução para que o projecto cresça aquilo que os albicastrenses quiserem”.

Com 53 anos, Carlos Correia é uma referência não só no meio cibernáutico e das novas tecnologias, mas também no mundo da literatura. Venceu vários prémios como autor de livros para crianças, escreveu diversos livros de ficção, como «Alex, o amigo francês», «O Mistério das Bonecas Holandesas», «o Pião das Nicas» e «Um passeio psicólogo», entre outros. É também autor de diversas peças para teatro, como «Saltimbancos», «O Chapéu Mágico», «A Laminuta» ou a «Revolta dos Micróbios». Para breve diz apresentar mais uma obra, mas desta vez em hiper-texto, que é como quem diz nas novas tecnologias. 

Professor na Universidade Nova de Lisboa e na Universidade de Mets, em França, conta ao Ensino Magazine como evoluiu o mundo virtual, quais as suas capacidades e até onde pode ir. É que na sua opinião a “Internet é a maior invenção de comunicação deste século”. Palavra de investigador.

No início da década de 90 foi um dos responsáveis pelo aparecimento do primeiro cd-interactivo em Portugal. Daí para cá o que é que mudou no mundo das novas tecnologias?

Em 1992/93, quando criámos esse CD onde falámos de Lisboa, a Internet já existia, mas ainda não existia a world wibe web, o seja o www. Só a partir dessa altura, quando a rede WWW foi implementada, se democratizou o sistema e se fez uma inversão no paradigma. Aquilo que parecia ser um modelo off-line evoluiu para um modelo on-line, com felizes consequências, como o aumento do número de pessoas que utilizam a Internet. Estamos aqui a falar, num momento em que estão 270 milhões de pessoas na Internet sobre a Internet, pelo que esta foi a revolução comunicacional mais importante registada neste século.

Isso que dizer que a Internet não tem fim?

Segundo os cientistas não tem. Eles neste momento estão a pensar lançá-la para o espaço. E não se trata de ficção científica, mas sim de dados concretos, para que através de satélites e das naves que estão no espaço possa haver comunicação. É que a Internet foi, sem dúvida, a mais importante invenção de comunicação do século que agora está a acabar.


Castelo Branco apanhou o combóio das cidades digitais, como é que classifica o projecto da cidade albicastrense?

Eu estou ligado a esse projecto de uma forma afectiva e não institucional. Quando há um ano e meio falei com o presidente da Câmara e vi o seu entusiasmo sobre o projecto, e vejo-o agora a ser implementado, sinto-me gratificado. Parece-me que Castelo Branco está no bom caminho. Agora há que criar infra-estruturas, criar bases e a partir daí evoluir, para que o projecto cresça até onde os albicastrenses quiserem.


Num dos seus livros, sobre a Net, escreveu que se sentiria muito preocupado e entristecido se um dia chegar a ver um sistema semelhante a ser usado pelas comunidades de portugueses, mas desenvolvido e implementado por estrangeiros. Referiu ainda que se isso acontecer, perdeu-se mais uma batalha importante na defesa da identidade nacional e a Diáspora será cada vez mais uma figura de retórica a embelezar certos discursos do 10 de Junho. Mantém essa preocupação?

De facto continua a ser um perigo real. Hoje não me parece que sejam tanto os estrangeiros. Neste momento o que me falta apurar é na lusofonia quem é que vai prevalecer, nós ou os brasileiros. Repare que os brasileiros estão com muita força na Internet, são mais que nós. Nós somos melhor que eles, claramente, mas na balança da Internet, a presença deles já inclina o prato para o lado de lá do Atlântico. Agora não convém esquecer um dado significativo, é que nós somos a sétima língua na Internet, e isso é muito importante.


Quais são os projectos que o Centro de Investigação para as tecnologias interactivas, de que é um dos mentores, tem em marcha?

Neste momento colocámos na Net o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, que são dois monumentos paradigmas de Portugal. Estamos a trabalhar em projectos nacionais, recentemente fizemos o inventário artístico de Portugal. Por outro lado estamos a estudar as ligações das universidades, pois fazemos parte de um consórcio de seis universidades europeias e estamos a criar uma espécie de academia virtual online.


Essa rede poderia ser transposta também para Portugal, com as universidades e politécnicos?

Nesta fase piloto não, apenas vamos trabalhar entre as universidades de Mets e Paris 8 (França), Bruxelas, Atenas e da Lapónia, além da Nova. Portanto temos um programa comum, com um MBA europeu em audiovisual e multimédia, e para já vamos criar esta academia, e fundamentá-la bem do ponto vista técnico e científico. Depois se as pessoas gostarem da nossa escolinha, nós emprestamo-la a quem quiser brincar com ela.


Tem o feed-back que os alunos estão a optar pela Internet como biblioteca virtual?


Estão a pesquisar muito sem dúvida. Sobretudo nos Estados Unidos, que nos levam muitos anos de avanço, e onde há tesouros de bibliografia, até mesmo em versões integrais. Daí que haja uma grande procura, eu próprio sou um dos estudantes mais assíduos dessas bibliotecas...

Além das novas tecnologias, está também ligado ao mundo dos livros, do teatro. Carlos Correia como autor está um pouco em standby, ou vêm aí obras novas?


...Está um bocado na clandestinidade. Eu ultimamente tenho publicado pouco, mas é provável que dentro de um ano e ano e meio saia alguma coisa em hipertexto. Estou fascinado pelas possibilidades de escrita na área hipertextual. Mais uma vez será uma obra de ficção.

 

 

 

Enfermagem entra em 2001

A Escola Superior de Enfermagem será integrada no Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) até ao final do ano. A garantia foi dada pelo próprio Secretário de Estado do Ensino Superior, José Reis, durante as comemorações dos 20 anos do IPCB. “A proposta de decreto Lei que visa essa integração já foi aprovada em reunião de Secretários de Estado e será aprovada em Conselho de Ministros. E no Piddac de 2001 estão inscritos 300 mil contos para qualificar a escola de enfermagem de Castelo Branco”, referiu aquele membro do Governo, para quem o Politécnico tem contribuído de forma decisiva “para uma rede nacional de ensino superior sólida”.

José Reis respondia assim ao desafio lançado por Valter Lemos, presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB), durante as comemorações dos 20 do IPCB. Com aquelas declarações Ana Maria Vaz, directora da Escola Superior de Enfermagem Dr. Lopes Dias tem razões para sorrir, após mais de um ano de indefinições. Com a integração da Escola de Enfermagem no Instituto Politécnico vai ser criada a Escola Superior de Saúde, que terá além da enfermagem outras valências no âmbito das tecnologias da saúde, que funcionarão num edifício a construir de raiz no Campus Politécnico, junto à Superior de Tecnologia.

Com cerca de cinco mil alunos, o Instituto Politécnico de Castelo Branco é uma das maiores instituições de ensino superior da Região, tendo neste momento a funcionar cinco Escolas (além da Enfermagem), casos da Superior de Educação, Superior de Tecnologia, Superior Agrária, Superior de Gestão e Superior de Artes Aplicadas. Escolas que entre si leccionam 25 licenciaturas, servidas por 350 docentes e 250 funcionários.

 

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