ENGENHARIAS COM CASA NOVA
Dois milhões de obras
A visita de António Guterres e de três dos ministros do seu Governo terminou já muito próximo das 16 horas, depois de um almoço que decorreu no novo edifício das engenharias que António Guterres inaugurou cerca das 13 horas.
A nova estrutura, orçada em cerca de dois milhões de contos, pertenceu à antiga Empresa Transformadora de Lãs e foi construído em 1920, tendo sido desenhado pelo arquitecto Ernesto Korrodi, caracterizando-se por uma elevada qualidade arquitectónica ao nível da construção e dos elementos decorativos.
As obras realizadas preservaram toda a fachada do edifício, que funcionou como empresa de 1920 a 1994 e se situa na zona da Fonte do Lameiro, junto à Ribeira da Degoldra. Esta foi mesmo a maior obra realizada sob responsabilidade da Universidade e incidiu sobre uma área de 12 mil metros quadrados de área bruta, sendo cerca de oito mil de área útil.
Um dos departamentos que ficará ali situado será o Departamento de Engenharia Civil, nos pisos 1 e 2, onde estão instalados os laboratórios de construção, geotecnia, mecânica e estruturas, hidráulica e saneamento, planeamento e turismo, além da sala de projecto e do secretariado. Haverá ainda um espaço para o núcleo de estudantes, espaço para investigação e para a prestação de vários serviços, entre eles o de sistemas de informação geográfica.
Mas o edifício receberá ainda outros cursos de engenharia. Uma área que atravessa alguns problemas em Portugal. De acordo com o próprio Primeiro-Ministro, no ano passado foi o primeiro ano em que ficaram vagas por preencher ao nível das engenharias no ensino superior público. Algo que António Guterres atribui aos maiores critérios de exigência (caso da nota mínima) e a problemas de vocação.
Segundo diz, num inquérito realizado numa secundária lisboeta, a esmagadora maioria dos alunos quer seguir cursos de jornalismo ou de relações internacionais. Algo preocupante, pois “a sociedade actual apela mais ao desenvolvimento tecnológico, dado que está em mudança permanente”. Por isso, Guterres entende que as instituições de Ensino Superior devem fazer o que estiver ao seu alcance para inverterem a tendência verificada ao nível das
engenharias.
ENSINO SUPERIOR
CLARIFICADO?
Ministro dá garantias
O Reitor da Universidade da Beira Interior, Santos Silva, considera que a UBI é uma instituição de cariz descentralizado, que neste momento procura melhorar a imagem externa para captar cada vez candidatos mais qualificados.
Neste momento está a ser criada uma Comissão Consultiva, com a participação de elementos externos à Universidade, “de modo a permitir discutir e acompanhar o desenvolvimento estratégico da instituição”. O objectivo é tornar a UBI mais criativa, exigente, de algum modo irreverente, mais aberta e disponível para colaborar.
Acérrimo defensor da autonomia universitária, diz entender o papel regulador do Estado no sistema de ensino superior, nomeadamente ao nível da definição dos quadros que são necessários aos País. E entende também que o rumo é a qualidade, para que a universidade, com a situação geográfica em que se insere, possa vingar.
“Esta filosofia levou-nos a ser pioneiros no processo de auto-avaliação, podendo hoje dizer-se que se criou uma verdadeira cultura da avaliação que tem permitido reflectir e debater os Planos de Estudo, introduzindo correcções e tentando solucionar os mais variados problemas de ordem pedagógica”, afirma.
Santos Silva diz também que a UBI sempre teve e tem “em consideração as recomendações das Comissões de Avaliação Externa, no sentido da implementação de melhorias no sistema de ensino”. Outro dos problemas que quer resolver é o da acreditação dos cursos de engenharia pela Ordem dos Engenheiros, o que considera um objectivo de curto prazo.
“Julgo poder afirmar que a qualidade do corpo docente e as infra-estruturas de suporte ao ensino e investigação têm recebido, nesta área, uma nota positiva por parte das comissões de acreditação”, afirma, enquanto reforça que foi criado o regime tutorial, reestruturaram-se horários, criaram-se regimes de prescrições e precedências e fixaram-se notas mínimas.
Por todo este esforço, e porque 92,4 por cento do orçamento atribuído à instituição já é aplicado em encargos de pessoal, o Reitor afirma que é preciso “rever os actuais critérios de financiamento, de forma não só a ter em consideração a especificidade de cada instituição, mas sobretudo a atingir-se rapidamente o Orçamento padrão e a evitar que a aplicação sistemática de factores de convergência que acabam por penalizar sempre as mesmas instituições”.
SUPERIOR? Perante todo este cenário, Santos Silva deixou um recado ao ministro da Educação. “Num país em que existem dois sistemas de ensino superior, o universitário e o politécnico, público e privado, é urgente uma clarificação dos respectivos campos de actuação, de modo a evitar sobreposições e a rentabilizar as potencialidades instaladas, tendo ainda em consideração o decréscimo significativo de alunos previstos para os próximos anos”.
Uma afirmação que complementa, ao dizer esperar “que a Proposta de Lei de Ordenamento e Organização do Ensino Superior, apresentada pelo Ministério da Educação, venha, a curto prazo, contribuir para que o País disponha de um adequado sistema de Ensino Superior”.
Em resposta, Guilherme d´Oliveira Martins não escondeu o jogo. “É chegado o tempo de ter regras e requisitos transparentes e universais, e de assumir a diversidade e a complexidade do sistema, encarado como uma rede de redes. Trata-se de encontrar critérios gerais de qualidade, de rigor, de relevância e de inovação. O sistema binário, envolvendo Universidade e Institutos Politécnicos tem, assim, de ser preservado e consolidado, através do assumir claro das vocações e dos modos de organização específicos de cada instituição”.
O ministro da Educação referiu ainda que já passou o tempo de se criarem instituições de cima para baixo, de forma profundamente hierarquizada. O crescimento tem de ser sustentado, numa lógica de planeamento estratégico e esforço de avaliação prospectiva, dando lugar à igualdade de oportunidade e combatendo a exclusão.
A terminar, recordou que se está “a iniciar um novo ciclo na vida do ensino superior em Portugal (...). A internacionalização, a procura de novos públicos, o aperfeiçoamento da igualdade de oportunidades, a ligação entre ensino e vida activa ou vida empresarial, a mobilidade, a relevância das formações, a importância dos reconhecimentos e qualificações (...). E o novo ciclo corresponde à exigência de dar corpo a melhor organização, a mais racionalidade e a maior exigência”.
Foi no seguimento desta palavras que falou em melhor formação, melhor avaliação sistemática, pública e transparente. Falou na necessidade de uma lógica de coordenação e parceria, e disse que “na parceria cabe uma articulação efectiva entre a avaliação do ensino e a certificação profissional das formações”.
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA
SAÚDE EM OUTUBRO DE 2001
Haja
médicos na Beira Interior
GUTERRES, OLIVEIRA
MARTINS E ARCANJO
A
palavra do Governo
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