Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano III    Nº28    Junho 2000

 

Universidade

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE EM OUTUBRO DE 2001

Haja médicos na Beira Interior

A Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior deverá entrar em funcionamento em Outubro de 2001. O contrato de desenvolvimento da Faculdade já foi assinado, numa cerimónia realizada este mês, em que estiveram presentes o Primeiro-Ministro, os ministros da Educação, da Saúde e do Ambiente e o Reitor da Universidade da Beira Interior.

Para já, e ao longo de dois anos, o Governo irá entregar à UBI cerca de 450 mil contos para a implementação do Curso designadamente no que diz respeito a meios humanos, meios técnicos e às tecnologias necessárias, que serão muitas, pois é intenção da Universidade dar um grande impulso à investigação na área das ciências da saúde.

A investigação será uma das áreas que pretende marcar a diferença em relação aos cursos de medicina e de outras áreas da saúde que já existem ou a criar em Portugal. Mas as novidades não ficam por aqui. Nos cursos a criar pretende-se implementar também o regime tutorial, já existente nos restantes cursos da UBI, e que passa por um maior e mais próximo acompanhamento dos alunos, desde a integração aos restantes anos do curso.

Agora, porém, segue-se ainda uma fase de implementação da nova faculdade, que decorrerá até Março de 2001. Então, a UBI apresentará o último relatório do trabalho desenvolvido, que será avaliado por uma comissão de peritos. A resposta chegará até Julho. E se o processo decorrer como previsto, a faculdade entrará em funcionamento em Outubro.

Então será também desbloqueada uma verba da ordem dos três milhões e 600 mil contos, que se destinará à construção e equipamento do Pólo III da Universidade, situado junto ao Hospital da Cova da Beira, onde ficará instalada a Faculdade de Ciências da Saúde. Um edifício que terá cerca de 10 mil metros quadrados de área útil e que já permitirá que entrem 100 alunos por ano no curso de Medicina. Até à construção do edifício entrarão 60 alunos por ano.

CONDIÇÕES. No final da assinatura do contrato, o Reitor da Universidade da Beira Interior, Santos Silva, aproveitou a ocasião para falar dos projectos que a UBI tem associados à nova faculdade.

Referindo-se à zona do futuro pólo III, afirma: “Pretendemos aí instalar centros e institutos de investigação, uma residência universitária e unidades alimentares de apoio e ainda abrir um espaço à iniciativa provada no domínio da saúde, de forma a constituir-se um verdadeiro Pólo ou Campus da Saúde”.

De seguida, Santos Silva referiu que a UBI solicitou professores a nível nacional e internacional, o que se traduziu num “número significativo de candidatos doutorados, a maioria dos quais de nacionalidade portuguesa, que se mostraram dispostos a integrar o projecto de uma nova faculdade”. E como as boas vontades não chegam, pediu apoio ao Governo, no sentido de poder integrar esses professores da melhor maneira possível.

Muitos dos docentes, além das novas metodologias de ensino que pretendem utilizar, desenvolvem projectos de investigação. Logo, é preciso garantir a integração dos docentes “nas instituições de saúde, nas melhores condições possíveis e de acordo com as suas habilitações, pelo que haverá que as dotar de meios e, sobretudo, de condições administrativas para o efeito”.

Por outro lado, a ligação forte às instituições de saúde, tendo como unidade nuclear o Hospital da Cova da Beira, além de outras unidades de saúde dos distritos da Guarda e de Castelo Branco, terá outras vantagens. Serão importantes “não só para que se criem as condições de acolhimento dos alunos, mas também para que se permita a fixação e a formação dos docentes que irão participar nas actividades assistenciais e de ensino”.

Só dessa forma, conclui o Reitor, será possível esbater as diferenças geográficas existentes entre a faculdade a criar e as já existentes. É por isso também que a UBI quer “constituir, no mais curto espaço de tempo possível, um corpo docente próprio, adequado em número e qualidade”.

 

 

GUTERRES, OLIVEIRA MARTINS E ARCANJO

A palavra do Governo

O Primeiro-Ministro António Guterres, que presidiu à assinatura do contrato de desenvolvimento, considerou no final que, tal como a selecção portuguesa fez no jogo que marcou a sua estreia no europeu de 2000, frente à Inglaterra, a Medicina em Portugal também está a perder por 2-0, mas vai ganhar por 3-2.

Preocupado com a falta de médicos no nosso país, Guterres disse que há mais motivos de preocupação, nomeadamente a falta de outros profissionais de saúde. “Estão em causa décadas de negligência e de erros em relação à formação de profissionais de saúde, particularmente de enfermeiros e de outros técnicos”.

Refere que em 1986 apenas entraram 190 novos alunos nos Cursos de Medicina, o que foi um erro. E nos anos seguintes, o número não foi crescendo. Com a dispensa que os médicos têm dos serviços de urgência a partir dos 55 anos e da urgência nocturna, a partir dos 50 anos, “o sistema auto-limitou-se”.

Mas a auto-limitação do sistema não ficou por aí, pois, “ao exigirem-se classificações altíssimas, ficaram de fora grandes vocações”. Algo que o Governo quer mudar ao avaliar também o candidato a médico ao nível da sua formação humanista e não apenas pelas provas de acesso ao curso.

Por outro lado, quer evitar que continuem a ir alunos portugueses estudar medicina para Espanha e que continuem a chegar médicos espanhóis para trabalharem em Portugal. A ideia é porém entrar numa situação de equilíbrio que ainda levará algum tempo.

As soluções para o problema estão em curso e foram apontadas pelo Primeiro-Ministro: duas novas faculdades de ciências da Saúde (Minho e UBI), um aumento de 30 por cento nas vagas para Medicina já no próximo ano e um ensino com maior qualidade.

MINISTROS. O ministro da Educação justificaria minutos antes o aumento de 30 por cento nas vagas para Medicina já no próximo ano lectivo. “O número de vagas em 1999 foi de apenas 70 por cento do número de 1980”. E referiu de seguida que o que se pretende neste momento não é apenas formar mais médicos e depressa.

Guilherme d´Oliveira Martins adianta que Portugal está a proceder “pela primeira vez, à adopção de uma estratégia integrada, visando a constituição de uma rede coerente e complementar de instituições de formação nas áreas da medicina, da enfermagem e das tecnologias da saúde”.

Esta nova tendência de desenvolvimento integrado surge numa perspectiva que aquele membro do Governo considera inovadora e pioneira. “O ensino terá de ser desenvolvido no quadro de uma rede de centros de educação e de formação que na área da saúde envolvem centros de saúde e hospitais”.

Na área da educação ficam mais próximos universidades e politécnicos, nomeadamente no caso da Beira Interior, algo que, na sua perspectiva, terá “como virtualidade o melhor aproveitamento de recursos, a maior relevância das qualificações e a complementaridade em equipamentos sociais”.

Considerando fundamental a ligação entre as duas áreas referidas, o ministro concluiu: “Daí termos recusado o caminho fácil das medidas avulsas e termos optado por recorrer a um esforço redobrado de coordenação entre as políticas de educação e de saúde, do mesmo modo que adoptamos a ligação efectiva entre educação e formação, na lógica do novo paradigma de uma qualificação ao longo de toda a vida”.

Finalmente, a ministra da Saúde, Manuela Arcanjo, referiu-se sobretudo à necessidade de uma maior humanização da saúde em Portugal, fazendo esforços para melhorar a qualidade do serviço prestado. Em relação à faculdade de Ciências da Saúde da UBI, adiantou que será importante “na fixação local de profissionais de saúde” e na formação de novos, tendo sempre em conta nesta última vertente que “os perfis requeridos para os profissionais de saúde têm vindo a ser alterados”.

 

 

 

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