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Director: João Ruivo    Publicação Mensal    Ano III    Nº28    Junho 2000

 

Cultura

 

ARIANO SUASSUNA, POETA E DRAMATURGO BRASILEIRO

Se fosse alemão... era mudo

Defender a língua portuguesa é uma coisa levada muito a sério... pelos brasileiros. Basta ouvir falar o poeta e dramaturgo paraibano Ariano Suassuna para perceber que assim é. E foi ele, uma vez mais, que durante o 5º Congresso Internacional de Jornalismo de Língua Portuguesa que recentemente decorreu na cidade do Recife (Brasil) saiu em defesa do português contra os “estrangeirismos” hoje tão em voga. Porque, como tão bem explica, “toda a unanimidade é burra”.

Ariano é um homem já com uma idade um pouco avançada (tem mais de setenta) mas com um espírito de fazer inveja. É daquele tipo de pessoa que prefere antes quebrar que torcer e daí que a defesa da língua seja apenas uma das suas batalhas. A outra, tão importante como a primeira, é a defesa dos livros e do papel que o papel desempenha.

Apesar de ter uma vida recheada de bons momentos, nunca saiu do Brasil. Viajou muito, mas foi sempre para fora lá dentro, daquele que é um dos maiores territórios do mundo. Uma vez conheceu pessoalmente o ex-Presidente da República Portuguesa, Mário Soares, que o convidou a visitar Portugal. Ariano explicou-lhe que nunca tinha saído do Brasil, mas deixou-lhe a promessa: “Se um dia eu sair do Brasil é precisamente para ir a Portugal”.

E a justificação que então deu a Mário Soares, continua actual e demonstra na perfeição quem é Ariano Suassuna: “Digo isto senhor presidente porque Portugal é o único país do Mundo que tem o bom senso de falar português”. Mais palavras para quê, é o Ariano no seu melhor.

Por isso se compreende a sua cruzada pela língua portuguesa e a adopção de uma já célebre frase de um vulto da literatura nacional – “Nós devemos falar patrioticamente mal a língua dos outros” – como bandeira. E vai mais longe, num jeito coloquial de enternecer: “Nada de aprender essas línguas difíceis... a que está certa é esta mesmo, a nossa”. No mesmo estilo, garante que “se eu nascesse na Alemanha... era mudo”.

Mas, Ariano Suassuna, como bom amante dos livros e do papel, tem actualmente um problema: os computadores. Aliás, ele tem mesmo fama de ser inimigo dos computadores. Só que não é. Ele explica, melhor do que ninguém: “Não é justo que digam isso... do ponto de vista do computador, ele é que é meu inimigo. Eu não tenho nada contra o computador não. Eu só não gosto é que digam que vão acabar com o livro... e isso eu não suporto, não acredito e mais... até já nem tomo atenção nessas besteiras”.

No fundo, a grande questão é que “não gosto que mandem em mim”. Ao ponto de justificar com o facto de “todas as invenções serem géneros e, ainda por cima, géneros narrativos, ou seja formas de comunicar”. Lembra que o próprio Homero continua a ser lido e considera isso como o ”verdadeiro ‘show de permanência’, o verdadeiro êxito”.

Porque, como esclarece, o pessoal de hoje em dia confunde o êxito verdadeiro com o sucesso fácil. Em seu entender, “a verdadeira genialidade das criações é que faz a universalidade das coisas e cada um precisa é de saber bem aquilo que quer e ter paciência”. “Dante, que era Dante”, refere Ariano Suassuna, “escreveu a Divina Comédia num único exemplar e à mão”. Daí que dê mais importância à questão fazer do que à questão editar.

E como, para ele, a literatura é mesmo uma enorme vocação, o trabalho e a festa são coisas que se conjugam na perfeição. Só assim se consegue uma paixão pela vida que o leva a afirmar que “a literatura foi apenas a forma que encontrei para respirar”. E volta aos computadores: “daí que eu esteja sempre disponível para entender tudo, agora o que eu não faço é colocar-me ao serviço dessas coisas... se elas estiverem ao meu serviço, tudo bem”.

 

 

PORTUGAL ENVOLVIDO NO ANO EUROPEU DAS LÍNGUAS

Mais línguas, mais Europa

Os politécnicos portugueses estão envolvidos no projecto Ano Europeu das Línguas, que vai ser assinalado em toda a Europa no ano de 2001. A ideia é desenvolver muitas actividades a nível nacional que contribuam para uma maior familiarização e afirmação das línguas europeias.

O projecto foi lançado pelo Conselho da Europa em colaboração com a União Europeia, e tem também como fim “promover e facilitar a cooperação e informação entre os vários países no campo do ensino/aprendizagem de línguas vivas, além de criar uma base sólida para o reconhecimento de qualificações e diplomas ao nível de todos os países europeus”.

Em Castelo Branco, o processo está a ser está a ser coordenado por Helena Menezes, tarefa na qual conta com o auxílio de Virgínia Brunheta. Professora do Departamento de Língua Portuguesa e Línguas Estrangeiras da Escola Superior de Educação, Helena Menezes tem o doutoramento em Information, Comunication, Technology in Modern Languages, e lecciona Linguística Inglesa e Informática.

Segundo diz, há várias actividades programadas para serem realizadas em Portugal. Ao nível dos politécnicos, essas actividades estão a ser programadas de forma integrada. Serão desenvolvidas ainda durante o ano de 2000 para serem apresentadas no ano de 2001.

Entre as actividades em que estão envolvidos os politécnicos, entre eles o de Castelo Branco, estão projectos como «A Europa na Escola, identidade cultural», o intercâmbio transfronteiriço, “que pretende dar a conhecer a língua portuguesa e espanhola”, a dinamização de ludoteca, “para dar a conhecer novas línguas e modos de vida de outros povos.

Um outro projecto será o da elaboração do portfolio do Ensino Superior, “um documento oficial do Conselho da Europa que entrará em vigor já no próximo ano em todo o espaço europeu”.

Mais específica será a realização do encontro «Europa Multilingue, Portugal Plurilingue», que pretende fazer “uma reflexão sobre a diversidade linguística e cultural das comunidades residentes em Portugal, além de desenvolver meios, práticas e métodos para a aprendizagem das línguas em Portugal”.

OBJECTIVOS. A nível nacional estão outros projectos em curso, caso da organização das Olimpíadas de Línguas em todo o País e da publicação da Agenda AEL 2001 sob o título É Bom Falar Português. Tudo com o objectivo de desenvolver as competências linguísticas, para gerar e permitir “a compreensão mútua, a estabilidade democrática, o emprego e a mobilidade”.

Já entre os objectivos gerais, serão de destacar o de “celebrar e promover a herança linguística da Europa, motivar os cidadãos europeus para atingirem competências comunicativas num número diverso de línguas, incluindo as que são menos utilizadas. Pretende-se também apoiar a aprendizagem das línguas ao longo da vida, de modo a dar resposta às mudanças económicas, sociais e culturais da Europa”.

Ao dar a oportunidade de aprender línguas a todos os cidadãos, dando mais valor à diversidade linguística, este projecto da União Europeia, pretende ser aberto a toda a comunidade e a todas as comunidades, a todas as pessoas, independentemente da idade.

Nesse sentido, qualquer cidadão poderá participar em eventos públicos e em concursos, aprendendo desse modo novas línguas. Os especialistas e estudantes podem “explorar novos meios para a aprendizagem das línguas, enquanto as personalidades ligadas à política de línguas podem abordar assuntos relacionados com a diversidade linguística”.

O projecto prevê também a colaboração de organizações não governamentais, as quais terão a possibilidade de “utilizar o Ano Europeu das Línguas como plataforma para lançarem ideias novas sobre a aprendizagem das línguas e sobre as políticas linguísticas”.

O papel dos meios de comunicação passa por sensibilizarem o público para participar, abordando para isso assuntos linguísticos. Finalmente, as empresas e fundações são convidados a apoiar e a participar em actividades, de modo a terem um papel importante no Ano Europeu das Línguas.

Todos os interessados em participarem neste programa, que tem como missão naturalizar relações entre povos do espaço comunitário, poderão obter mais informação no site http://culture.col.fr/lang.

Este é o site geral do Ano Europeu das Línguas em que podem participar pessoas de todos os países. Uma participação que Portugal começou da melhor maneira, ao conseguir que o seu slogan “Mais línguas, mais Europa” tenha obtido o terceiro lugar entre os slogans seleccionados
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GENTE & LIVROS

Arturo Perez-Reverte

 

 

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Shall We Dance?

 


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