JOSÉ RAFAEL, DOCENTE NA
ESE
O poder da mente
José Rafael (na foto) é professor na Escola Superior de Educação de Castelo Branco vai para 14 anos. Elemento do departamento de Ciências Sociais e Educação, daquele estabelecimento de ensino, está desde os finais da década de 60, ligado à área da hipnose. Hoje, com 52 anos, feitos há pouco tempo, refere que muitas pessoas já lhe solicitaram apoio. Licenciado em Filosofia, mestre em Psicologia Pedagógica, José Rafael tenta manter um relacionamento saudável com os seus alunos. “Devemos cativar os alunos pelos seus aspectos positivos. Gosto que eles discutam as avaliações comigo”, explica.
Foi ainda nos tempos de estudante em Braga, na Faculdade de Filosofia, que José Rafael se começou a interessar pelo mundo da hipnose. “Houve um grupo de teatro, que integrava o professor Karma, que foi a Braga. Ele fez um espectáculo de hipnotismo, e um dia foi ter comigo ao café, onde conversámos sobre as possibilidades da hipnose e as características que era necessário ter para se ser hipnotizador, entre outros assuntos”, lembra José Rafael. “As respostas foram simples. O professor Karma disse que todos nós, desde que tivéssemos alguns conhecimentos técnicos e científicos sobre as questões do psiquismo humano, entre outras características, poderiam sê-lo”.
É naquela altura que José Rafael começa a dar os primeiros passos no mundo da hipnose e do hipnotismo. “Aprofundei os meus conhecimentos e fiz algumas experiências”, diz, enquanto esclarece que a primeira pessoa que hipnotizou foi um soldado no quartel em Castelo Branco, onde cumpriu parte do serviço militar obrigatório. “Havia aqui um soldado, que eu considerava muito inteligente, mas que não conseguia fazer a 4ª Classe. O cavalheiro mostrava-se com um voluntarismo extraordinário para os serviços militares. Houve um dia que eu lhe sugeri que conversasse comigo mais profundamente. Isso foi feito, travou-se um certo grau de confiança entre nós, dois dias depois levei-o a casa, e expliquei-lhe aquilo que se poderia fazer para resolver o seu problema”. José Rafael continua: “A minha sugestão foi que ele percebesse a grande oportunidade que tinha para fazer a 4ª Classe. Descobri que tinham existido tensões entre ele e um antigo professor, de que resultou a fuga da escola e a impossibilidade de ele concluir o ensino. Depois de algumas sessões acabámos por entrar em conversas mais directas, e o rapaz concluiu a 4ª Classe”.
Aquele foi apenas um dos muitos casos em que José Rafael conseguiu ajudar alguém que necessitava. Enquanto docente, já apoiou diversos alunos. “Acima de tudo é importante transmitirmos confiança, simpatia, seriedade, respeito e inteligência, além de evidenciarmos muita capacidade de querer fazer o bem”, esclarece. Para José Rafael um bom hipnotista, tem que ter muitos conhecimentos teóricos, sobretudo sobre os mecanismos psíquicos do indivíduo. “Tem que existir uma vivência humana das situações, temos que ter, ao longo da vida, aquilo que eu chamo de auto-didatismo pelo bem”.
Durante a sua carreira, enquanto docente, José Rafael realizou várias acções com os seus alunos, mas sempre numa perspectiva científica. “A ideia foi tentar mostrar aos alunos os efeitos positivos da hipnose. Fiz algumas experiências interessantes, com alunos com os quais falava muito, depois das aulas, e que tinham alguns problemas de adaptação. Através da hipnose tentávamos encontrar algo que pudesse explicar mais facilmente os seus problemas”.
Apesar das solicitações, José Rafael diz não “abusar da hipnose enquanto tal. Prefiro usar a hipnose indirecta, procurando auto-convencer as pessoas, para perderem medos, receios, de forma a tornarem-se mais estáveis”. E esclarece: “as pessoas mais inteligentes, mais extrovertidas são mais fáceis de hipnotizar”. Em jeito de conclusão José Rafael afirma que “uma pessoa hipnotizada não vai cometer actos que afrontem a sua moral, a sua dignidade ou a sua disposição pessoal”.
A TAREFA É POSSÍVEL
Parto sem dor
"Hipnose é tudo, menos aquilo que, por vezes, as pessoas consideram. E normalmente consideram-na como qualquer coisa que tem a ver com superstição, um poder extraordinário por parte do hipnotista”, as palavras são de José Rafael, para quem as “experiências com a hipnose já são muito antigas”. Segundo alguns autores, remontam mesmo à antiguidade, quando na Índia e Egipto fazia parte de uma ciência experimental, considerada secreta, à qual só tinham acesso castas privilegiadas.
Na opinião de José Rafael, “o grande papel da hipnose está em levar a pessoa a concentrar-se em determinadas situações, desviando a sua atenção de outras. Ou seja, a hipnose leva a pessoa a concentrar-se e a acreditar de que é capaz de fazer um determinado tipo de tarefas”. Aquele docente, revela ainda que “todos os dias qualquer pessoa é confrontada com efeitos de auto-hipnose e hetero-hipnose. Nós podemos falar na hipnose como qualquer coisa que acontece todos os dias. Quando um professor sugere aos alunos um determinado tipo de actividade e consegue impelir os alunos para as concretizarem. Ou quando o médico diz ao doente que com determinado medicamento se pode curar”.
José Rafael explica que é possível ir-se ao dentista, arrancar um dente, sem anestesia, e não sentir dor. O mesmo sucede num parto, onde uma mulher pode dar à luz sem sentir qualquer dor. “A hipnose pode servir como
posicionamento anestésico. A partir do momento em que a pessoa foi sugerida que quando se sentar na cadeira do dentista, não vai sentir a dor, quando for ao dentista não sente, de facto, qualquer dor. O processo é semelhante ao que nos acontece quando temos uma preocupação profunda em acordar em determinada hora. Colocamos o despertador para tocar, mas normalmente acordamos antes que isso suceda”.
Depois de ter leccionado no antigo Liceu de Castelo Branco, na Escola Comercial e Industrial, e no Magistério Primário, José Rafael continua a ensinar transmitindo aos seus alunos sugestões positivas. Ele que praticou desporto, e que a certa altura lhe foi diagnosticado uma rotura de ligamentos num joelho. Teria que ser operado, mas até hoje não foi... “fiz um esforço nesse sentido”, lembra.
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