EM CASTELO BRANCO
Agrária mais
biológica

A Escola Superior Agrária de Castelo Branco é a única instituição do Ensino Superior do País que ministra a disciplina de agricultura biológica autonomamente. E a disciplina está a dar frutos, dado que vai ser desenvolvido um projecto de investigação na área do olival biológico, que visa combater as pragas de moscas da azeitona.
O projecto está agora em fase inicial, e de acordo com o responsável da disciplina, José Coutinho, um professor adjunto de 48 anos, natural de Alcobaça, vai ser delimitado um espaço superior a um hectare para que esta e outras investigações venham a ser desenvolvidas. Mas o projecto reveste-se ainda de mais importância, dado que a Beira Interior é a região do País que mais tradição tem em olival biológico.
“Este semestre vamos implantar uma parcela de olival biológico partindo de um olival tradicional. Queremos comparar possibilidades novas com as tradicionais, especialmente ao nível da protecção contra pragas. Tentaremos uma prática inovadora relativamente a uma praga. Em lugar de utilizarmos um pesticida directamente aplicado sobre a cultura, vamos utilizar armadilhas com atractivos”.
De acordo com aquele professor, “o insecticida estará dentro de sacos com atractivos para a mosca. Com esse método não se interfere nada no ambiente, porque o insecticida está dentro do saco, está delimitado. O contacto com o ambiente é mínimo”.
De acordo com os resultados, este sistema poderia depois ter aplicação em explorações. “Penso que poderá vir a ter mais aceitação no caso do olival para produção de azeitona de mesa. Depois ainda terão de ser avaliados os custos, que estará também em jogo, além da eficácia do sistema”.
Nesta fase inicial apenas estão envolvidas pessoas da escola, nomeadamente da área de protecção e produção. “Vamos estudar essencialmente a fertilidade do solo e o comportamento das técnicas de agricultura biológica. Começamos com o olival porque as técnicas tradicionais não serão muito diferentes das utilizadas em agricultura biológica. E será fácil transitar para o olival biológico sem grandes problemas de adaptabilidade”.
Os primeiros resultados deverão surgir no próximo ano. “Poderemos ter alguns dados, ainda pouco significativos, pois, por exemplo, os relativos à fertilidade do solo levam alguns anos a apurar. Num ano não constataremos grandes diferenças”. E de futuro, com alguns apoios, espera-se que os resultados sejam aplicáveis
Esta será uma forma de estreitar laços com os muitos agricultores biológicos da Beira Interior, que normalmente procuram a escola através das associações que os representam. “O feed-back tem sido feito pela Associação Regional de Agricultores Biológicos da Beira Interior. Exceptuando um caso ou outro, tem sido assim. Mas, dentro das nossas possibilidades, estamos receptivos a esse intercâmbio, que será positivo para a escola e para os agricultores”.
DISCIPLINA. Com uma carga horária de 60 horas, à razão de quatro por semana, a disciplina de Agricultura Biológica da Agrária de Castelo Branco divide-se em aulas teóricas e práticas. É ministrada no 4º Ano das Licenciaturas em Engenharia das Ciências Agrárias. No ramo de Produção Agrícola é obrigatória, e em Produção Animal é opção. No presente ano estão envolvidos na cadeira cerca de 130 alunos, o que é positivo, pois só começou a ser ministrada no ano passado.
Além de José Coutinho, tem contado com a participação de várias pessoas com formação específica nesta área e de algum modo ligadas a esta actividade, seja a nível de instituições estatais, associações de produtores, empresas de comercialização e até de outras escolas superiores e faculdades do País. Uma medida que José Coutinho considera ter resultado.
“Faço um balanço positivo, que é traduzido pelo entusiasmo dos alunos nas palestras. Essas pessoas trazem conhecimentos da realidade porque são pessoas que têm um contacto a diversos níveis com a agricultura biológica. Depois, as palestras são importantes pela informação que trazem aos alunos e à comunidade, pois participaram também agricultores, dirigentes associativos, pessoas dos serviços regionais de agricultura e tiveram impacto na Imprensa escrita e na televisão”.
Estas palestras devem por isso repetir-se no próximo ano. “Espero que sejam feitas com outros intervenientes, pois gostaria que não caíssem numa rotina. Pretendem-se abordar áreas diferentes dentro da Agricultura Biológica. Para o ano privilegiaria a área de produção animal, porque é muito importante na nossa região e não foi tão abordada porque há menos pessoas ligadas a ela”.
E se por cá a disciplina é nova, na Europa já existe em alguns países, nomeadamente na Universidade de Vagnigen, na Holanda. “Essa foi uma das primeiras universidades a ter cursos da área da Agricultura Biológica, inclusiva-mente com área de investigação”, refere José
Coutinho.
Por cá, os objectivos da cadeira passam por “alertar os alunos para este modo de produção além de fornecer alguns conhecimentos técnicos, o saber fazer, para que os alunos possam integrar-se nesta área quando acabarem o Curso. Seja em explorações, associações de agricultores”.
Especificamente, pretende-se “sensibilizar para um sistema de agricultura integrada, humana, ambiental, e economicamente sustentável” e também “transmitir os princípios da agricultura biológica e as técnicas de produção utilizadas, além de apresentar e fomentar a discussão sobre os principais factores de desenvolvimento deste tipo de agricultura”.
CURSO. Já em relação à possibilidade de ser criado um curso específico de agricultura biológica, José Coutinho pensa que não haveria, para já, viabilidade para avançar. “Um dos grandes entraves é a falta de docentes que estejam habilitados com formação específica para ministrar esse curso. Na área agrícola, os professores estão numa fase de adaptação. Mas, por exemplo, na produção animal, há uma carência muito grande de conhecimentos”.
Embora fale assim, José Coutinho considera que, a prazo, “todos os cursos terão que evoluir no sentido da agricultura sustentável, na qual se enquadra a agricultura biológica. Assim, ao longo do tempo, será mais fácil ir adaptando mais disciplinas e áreas ao sistema de agricultura biológica. Mas, a curto prazo, um curso específico de agricultura biológica não será viável. A não ser que houvesse uma vontade do Ministério e muito dinheiro para investir”.
Aquele professor adianta ainda que o facto da agricultura portuguesa continuar a perder peso na economia, dado que tem dificuldades em concorrer com a dos outros países europeus, limita a possibilidade de se criar um curso de áreas específicas de agricultura. Mas está convencido que a agricultura biológica vai ter uma importância grande. Até porque as políticas europeias apontam para isso e Portugal tem condições excelentes para a pôr em prática, nomeadamente no Interior. Logo, vai haver muita necessidade de conhecimentos nesta área.
EM MARÇO
Superior de Artes
expõe Egas Moniz

Os alunos da ESART de Castelo Branco, em conjunto com os professores Pedro Salvado e Alexandra Cruchinho, acabam de fazer um levantamento histórico – fotográfico sobre a passagem do Doutor Egas Moniz, prémio Nobel da Medicina e Fisionomia, pelo Distrito de Castelo Branco.
Em criança, Egas Moniz estudou durante três anos no antigo Colégio Jesuíta de S. Fiel. Tal acontecimento não faz parte dos seus dados bibliográficos publicados, daí o interesse na pesquisa, uma vez que se comemora o centenário do efeito.
O resultado final do levantamento implica várias exposições fotográficas. A primeira decorre a partir do próximo dia 10 de Março na sala de exposições do Arquivo Distrital de
Castelo Branco. Outras se seguirão em locais ainda a destinar. Esta actividade inseriu-se na área de investigação extra-curricular da Esart e todo o material obtido será publicado em livro.
Sérgio Pereira
CASTELO BRANCO
Politécnico abre
novos cursos
O Instituto Politécnico de castelo Branco acaba de apresentar ao Ministério da Educação a intenção de abrir novos cursos nas suas escolas superiores. Na Escola Superior de Educação foram apresentadas novas licenciaturas no âmbito da formação de professores, destinadas ao 3º ciclo do Ensino Básico. As áreas solicitadas são História-Geografia; Português-Espanhol; Português-Francês; Português-Inglês; Educação Física e Educação Visual e Tecnológica. Cursos, que no entanto ficam pendentes pela regulamentação do ministério. Outra das propostas é a criação de um único curso de licenciatura na área da Tradução e Seretariado, abrangendo os dois actuais existentes na ESE, que apenas conferiam o grau de bacharel. Neste caso, os alunos que frequentem os actuais cursos vão ser integrados nos novos, sob uma regulamentação específica.
Na Escola Superior Agrária a aposta passa pela Licenciatura em Engenharia Rural, que integra um dos ramos da Engenharia das Ciências Agrárias. Deste modo, a ESA de Castelo Branco tem todos os cursos com o grau de licenciatura.
Na Escola Superior de Gestão, em Idanha-a-Nova, vai nascer um novo curso de Gestão de Marketing. Trata-se de uma licenciatura bi-etápica, que assim constitui mais uma opção para quem gosta de gestão e de marketing.
Finalmente na Escola Superior de Artes Aplicadas vão nascer muitos cursos novos. No domínio da música, às licenciaturas já existentes de viola, violino contrabaixo, e violoncelo, vão juntar-se os de flauta, clarinete, obué, fagote, trompa, piano e acordeão. Além disso, a Esart apresenta uma novidade nacional, pois leccionará em conjunto com a Escola Superior de Educação, o curso de Ensino da Música.
No domínio das artes da imagem, a Esart propôs as licenciaturas de design gráfico e multimédia e audiovisuais. Já na área dos tecidos, está prevista a abertura de cursos de Design Moda e Têxtil.
VALTER. Valter Lemos, presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco, acaba de ser seleccionado pelo Ministério da Educação, para integrar o grupo de missão que vai fazer a avaliação do Instituto Politécnico de S. Tomé e Príncipe. Um organismo fundado no início da década de 90, que hoje já se encontra em funcionamento.
SAÚDE. O Ministro da Educação garantiu aos Institutos Politécnicos que a integração das Escolas de Enfermagem nos respectivos Institutos Politécnicos vai ser feita este ano. Guilherme D’Oliveira Martins referiu ainda que muitas das escolas de enfermagem serão transformadas em Escolas Superiores de Saúde, como acontecerá em Castelo Branco. O Ministro da Educação justificou o atraso, devido à mudança de Governo e colocou já um prazo ao Grupo de Missão para apresentar as suas conclusões sobre o assunto.
ESART. A Escola Superior de Artes Aplicadas vai assinar um protocolo com a RTP, no âmbito dos cursos da imagem. Deste modo, os alunos poderão vir a desenvolver parte da sua formação prática, junto da RTP. Do mesmo modo, vão surgir cooperações na produção de materiais televisivos entre os dois organismos.
TIMOR. Seis docentes do Instituto Politécnico de Castelo Branco vão integrar a missão nacional de apoio aos professores timorenses. Luís Costa, director da Escola Superior de Educação, é o responsável por constituir a equipa, que depois viajará para Timor, onde dará aulas de formação a professores timorenses. Os docentes albicastrenses estarão em Timor três meses. Até ao fecho da nossa edição ainda não eram conhecidos os nomes dos docentes escolhidos por Luís
Costa.
ESGIN
Idanha
abre residência
PORTALEGRE
Debate de engenheiros
SUPERIOR DE ENFERMAGEM DA
GUARDA
O mundo dos idosos
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