Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano XIV    Nº156   Fevereiro 2011

Opinião

ARQUIVO MORTO

A vida segundo Wang

“Tudo o que pode ser feito está feito antes de ser feito”. A máxima define a vida de Wang de Azevedo, Fá-si para os amigos, nascido em Macau, em 1928, fruto do inesperado encontro entre um segundo-tenente da Armada e uma beldade local. O traço mais saliente da mãe, a vidência inata, era atribuída ao excessivo consumo de chá de lótus azul pela avó, durante a gravidez. Em todo o caso, previu acertadamente o brilhante, embora obscuro, destino do filho. Ainda jovem, Wang demonstrou uma propensão para as línguas, dominando facilmente cinco mil ideogramas, além do português, japonês, inglês, latim, grego, hebraico, sânscrito, provençal, francês, castelhano, alemão e russo, entre outros idiomas do seu tempo. Ao contrário de Vladimir Nabokov, detestava borboletas de qualquer espécie, mas sentia uma forte atracção pela geografia dos espaços amplos, característica essa que o levou a embarcar cedo e a percorrer mundo. Anos mais tarde, quando relembrou esse período de juventude, dizia com nostalgia, mas não pouca ironia, ser uma espécie de “papagaio poliglota”, capaz de imitar qualquer som, sem o ter compreendido verdadeiramente. Chegava a lamentar não saber marciano, mas “dar uns toques” de venusiano. E acrescentava: “nunca encontrei um vulcano que não provocasse a ira de um klingon”, frase carregada de um profundo sentido metafísico. Fá-si era um ironista sem fronteiras. Consta que se correspondeu com Ezra Pound, levando o velho vate ao desespero, quando lhe deu a entender que as versões chinesas de Fenellosa não eram de confiança.

As suas obras, tardias na concepção, mas intemporais no escopo e alcance, reflectem uma permanente oscilação entre o desejo de ser aceite pela volúvel “república das letras”, e a orgulhosa rejeição dos cânones, tiques e prebendas que a mesma possa outorgar. Era um não integrado, quiçá um apocalíptico envergonhado. Cuidou sempre em sobrelevar o conteúdo à forma, numa época em que o “esvazismo”, como lhe chamava, era de regra. Obras singulares, únicas, inclassificáveis, foram o seu legado, que tarde consignou ao papel, algumas delas descobertas recentemente na quinta da família paterna, no Alto Douro. Depois de ter escapado com vida às convulsões da década de quarenta, não se ouviu falar dele na década seguinte. Mas a publicação em Xangai, numa edição restrita, de “O Voo da Carpa : alguns aspectos”, marcou de forma indelével os estudos da simbólica comparativa. Seguiram-se alguns opúsculos breves, onde se destacam: “ As Cinco Verdades do Panda Celeste”, homenagem aos velhos imortais taoístas, “Bambu: metáforas”, curiosa digressão sobra a poesia tradicional chinesa, e o inesperado poema narrativo, “O Grande Rio sem Timão”, infelizmente ainda não traduzido, onde se detectam claras influências da filosofia natural butanesa. Um seu biógrafo classificou esta obra como sendo “ a demonstração clara e inequívoca” da universalidade do escritor. A década de sessenta foi algo controversa, pois assinala-se a sua presença em diversas capitais, aquando das revoltas juvenis, mas nenhuma chancelaria é capaz de assegurar a sua influência nos acontecimentos. Há, no entanto, notícia de que a sua passagem pela Califórnia, deixou um rasto de sementes que haviam de florir no chamado “Renascimento de Malibou”, onde participaram músicos, poetas e artistas, dando voz a grupos musicais do calibre de um “Yellow Goose”, “Dead Heart and the Caribus”, sem esquecer “Tea & Lotus”, este de nítido pendor “folk”.

Documentos recentes, descobertos em Macau, apontam para a sua ligação, embora ténue e não comprovada, a uma escola de pensamento, cujo principal desígnio é o de assegurar que os princípios da “ livre observação” não se diluam na enxurrada do bric-a-brac contemporâneo. O professor Tucídides Malcata, um estudioso epicurista, afirma que se trata da mais refinada forma de “ataraxia”, ou “enstase”, o que a ser verdade, pode confirmar, ou não, a profunda identificação do nosso autor ao velho aforismo “deixa arder” – fórmula de altíssimo significado metaliterário, para não dizer patafísico. No final da vida – a data do seu passamento continua incerta, dedicou-se à poesia breve, ainda inédita, bem como aos estudos de estética aquática.

A sua verve também foi dirigida contra certos “ódios de estimação”, como lhes chamava. Um deles, era a “torpe vilania” com que apelidava o “Acordo Ortopédico”, uma “brutal entorse ao idioma de Camões”. Outra “solene embirração”, os congressos literários, onde “uns fulanos fazem gala da mais urbana hipocrisia”, enquanto “bebem umas copas e tasquinham umas tapas”. Segundo os herdeiros, está a ser preparada a edição da Obra Completa, “com varietur”, apoiada pelo governo macaense. E foi lançada uma subscrição pública para angariar fundos destinados a um busto que perpetue a memória de tão distinto homem de cultura, émulo de tão grandes vultos como Luís Vaz, Camilo Pessanha e Wenceslau de Moraes.
 
(extraído do “Boletim Geral do Rio das Pérolas”, nº 8, vol. 88, ano MMVIII).

José Gudardado Moreira

 


José Guardado Moreira (n. 1952, Castelo Branco) passa a assinar esta coluna no Ensino Magazine. Licenciado em Antropologia, colabora há três décadas na imprensa escrita. Actualmente escreve sobre livros no semanário “Expresso” e na revista “Ler”. Consultor literário em várias editoras. Publicou uma dezena de títulos, a maioria de poesia, mas também conto, teatro e ensaio. Em 1985 recebeu o Prémio de Teatro da Associação Portuguesa de Escritores. O “Arquivo Morto” recolhe relatos diversos sobre a vida e obra de personagens obscuras para o grande público, em artigos que foram sendo descobertos ao sabor do acaso em diversas publicações avulsas e quase desconhecidas.
 

 

 

 

REORDENAMENTO DA REDE DE ENSINO SUPERIOR

Uma reforma Inadiável

Vivemos hoje um tempo de inúmeras dificuldades. Certamente o momento mais difícil depois de Abril. Contudo, as causas dessas dificuldades, sentidas de forma mais intensa e incisiva por aqueles que mais precisam, não são apenas de agora. Nelas todos temos responsabilidades, uns mais do que outros. O país foi crescendo de forma desordenada. Nunca, ou raramente, obedecendo a um plano de desenvolvimento integrado do país que fosse analisado, discutido e amplamente consensualizado. Esse crescimento foi sendo condicionado, umas vezes por impulsos de natureza corporativa, outras por lógicas de cumplicidade partidária e calendário eleitorais. E assim se foi redesenhando o país ao ritmo das “enxurradas” financeiras provindas da Europa. Foram-se criando inúmeros serviços, dotando-os de recursos e equipamentos nem sempre devidamente ponderados. Nalguns sectores do Estado, existe hoje capacidade instalada sub-aproveitada, que pelas redundâncias criadas e os custos que elas implicam compromete, inevitavelmente, a qualidade dos serviços que prestam.

Se a crise que temos vindo a viver pode ter algum efeito positivo é o de, pelo menos, contribuir para uma maior consciencialização de todos sobre a necessidade imperiosa de reordenar e racionalizar os serviços que o Estado presta aos cidadãos de acordo com critérios de sustentabilidade do país, já que este não pode viver acima das suas possibilidades. Porque o país não tem os recursos necessários - e tendo-os eles não são inesgotáveis – não é possível ter de tudo em todo o lado, pelo menos em qualidade exigível.

Importa pois repensar o país em todos os sectores e dimensões da vida em sociedade, na perspectiva do desenvolvimento harmonioso e equilibrado de todo o território nacional. Impõe-se assim, em nome dos que diariamente se confrontam com inúmeras dificuldades, dos que menos podem e daqueles que não podem prescindir da oferta de um serviço público de qualidade. Sobretudo em nome daqueles para quem o estado social, enquanto instrumento de distribuição mais justa da riqueza, de solidariedade e de garantia da igualdade de direitos e oportunidade, é urgente que nos consciencializemos da necessidade inadiável duma reforma profunda do país, designadamente na reorganização administrativa do território, no reordenamento da rede de saúde e racionalização dos serviços que presta, no reordenamento da rede do ensino superior e da racionalização da oferta formativa, entre outros, de modo a optimizar os recursos do país que serão certamente mais escassos quanto maiores forem as necessidades e exigências dos cidadãos.

Assim, por razões de natureza profissional e em consequência da experiência e conhecimentos que fui adquirindo ao longo de onze anos de gestão e direcção de uma instituição de ensino superior do interior do país, procurarei, neste jornal e de forma regular, dar o meu contributo, ainda de que forma modesta, sobre os desafios que hoje se colocam ao ensino superior.

Fernando Raposo
(Docente da ESART)

 

 

 

CRÓNICA SALAMANCA

Los estudiantes son el corazón de la Universidad

Hace pocos días ha salido publicado el decreto sobre el “Estatuto del Estudiante Universitario”, en el que se concretan sus muchos derechos y algunas obligaciones, siempre en relación con su condición transitoria de ser miembros de una institución como la universidad, en este caso la universidad pública. Hablaremos de este documento oficial para la sociedad y la universidad española, en tantas ocasiones solicitado, cuando no reivindicado, por asociaciones estudiantiles, responsables de la gestión universitaria, y ciudadanos en general.

Cuando tanto, y tan alto, hoy se vocea sobre la universidad competitiva e investigadora, su función empresarial, la proyección económica que ejerce en la ciudad donde se asienta, la alta cultura que destila, y otros muchos elementos de las misiones que tiene atribuidas la universidad, a veces se olvida por completo dónde está la clave de la vida real de las universidades, que no es otra que entre sus estudiantes.

Desde luego, nadie mejor que el Rey Alfonso X el Sabio , ya en el siglo XIII, cuando hablaba de la por entonces incipiente Universidad de Salamanca (1218), supo definir en sus famosas Partidas “el Estudio est ayuntamento de maestros et escolares”, o sea <la Universidad como unión de profesores y estudiantes>. No hay posibilidad alguna de universidad sin profesores, pero desde luego tampoco es posible pensarla sin estudiantes. Ambos grupos de miembros universitarios, maestros y alumnos, bien conectados, resultan forzosamente necesarios para que exista universidad. Y cada uno, seguramente, con sus deseos y derechos, con sus responsabilidades y obligaciones, asumidas o impuestas.

Un reconocido pedagogo español del siglo XX, Lorenzo Luzuriaga, escribió desde su exilio argentino, en 1945, un precioso libro titulado “Reforma de la educación”. En esta obra nuestro autor reflexiona sobre el reto que tiene la educación en un contexto internacional que acaba de vivir y padecer la terrible segunda guerra mundial, y debe recomponerse, también desde el buen hacer educativo. En un centenar largo de brillantes páginas nuestro autor recorre algunos de los elementos centrales de lo que debe ser prioridad para la educación en la segunda mitad del siglo XX, y sus debidas reformas.

Luzuriaga escribe en este libro dos lúcidos capítulos sobre el tema que nos ocupa. Uno lo dedica a la universidad y la vida de los estudiantes, y en el mismo incide sobre el compromiso que cada universidad debe asumir en la formación del universitario total, del hombre completo, dice el autor, idea que nos lleva de inmediato al pensamiento de Giner de los Rios, su maestro. Por tanto, las universidades han de preocuparse por el bienestar físico y material de sus estudiantes, facilitar los seguros sanitarios, la vivienda, y otros servicios, la seguridad plena en lo posible. El segundo capítulo se refiere de forma expresa a la educación de los estudiantes, a su formación intelectual, estética, física. Lo cual, según él, obliga a que cada universidad ponga en marcha los programas adecuados para cumplir estos fines de manera correcta. En resumen, al paso de los años esto ha venido a cuajar y resumirse en un cupo de derechos de los estudiantes respecto a la institución universitaria pública.

Pero también nuestro autor, Luzuriaga, finaliza con una reflexión y sugerencia de actuación para los jóvenes estudiantes universitarios, y no es otra que la de sus obligaciones y responsabilidades. Estas son tareas que los jóvenes universitarios deben asumir de manera ordenada y honesta mientras forman parte de la institución de educación superior, en el buen funcionamiento interno, pero también con la debida conciencia de proyectarse sobre la sociedad que sostiene la universidad. Es decir, tienen que cultivar una idea decidida de compromiso por devolver a la sociedad que les forma a través de la universidad lo mucho que les ha sido asignado. Lo cual significa que como ciudadanos, sin duda privilegiados, y como profesionales cualificados, han de asumir esa tarea de devolver y mejorar la sociedad de la que proceden en todos los aspectos en que puedan incidir.

El estatuto del estudiante recién publicado para las universidades de España debe invitar no sólo a una mera aplicación de exigencias, sino también de obligaciones compartidas entre profesores y estudiantes. Sólo de esa forma será posible hacer realidad una universidad que busque día a día la formación del profesional y del hombre más completo posible.

José María Hernández Díaz
Universidad de Salamanca
jmhd@usal.es

 

 

 

UNIVERSIDAD DE SALAMANCA

Las Edades del Hombre

El vicerrector de Economía y Gestión, Ricardo López Fernández, ha mantenido una reunión ordinaria en la Sala de Retratos del Rectorado con la Comisión Asesora de Patrimonio de la Universidad de Salamanca para, entre otros temas, acordar el préstamo temporal de la obra “San Juan Bautista”, de Felipe Bigarny, alojada actualmente en el Museo de la Universidad, a la Fundación “Las Edades del Hombre” para la nueva exposición que se desarrollará a partir de mayo de 2011.

En esta reunión ordinaria, se ha aprobado el préstamo temporal de la talla policromada del siglo XVI para la próxima exposición de “Las Edades del Hombre”, que se pondrá en marcha el próximo mes de mayo en Medina del Campo y Medina de Rioseco bajo el título de Passio.

La obra en cuestión es el “San Juan Bautista” de Felipe Bigarny, actualmente localizada en el Museo de la Universidad, en el Edificio de Escuelas Menores. De estilo gótico, se trata de una talla de madera policromada en la que el santo aparece de pie, vestido con una túnica de piel de camello ceñida con un sencillo cinturón. Cabe pensar que la figura originariamente señalaba con el dedo índice de la mano derecha, que falta actualmente, al cordero divino que sostiene sobre el libro que porta en la mano izquierda. Este “San Juan Bautista” forma parte de las 14 obras que Bigarny realizó para el antiguo retablo de de la capilla universitaria, de las cuales sólo se conservan 6 en la actualidad.

Por otra parte, el la Comisión Asesora de Patrimonio de la Universidad de Salamanca aprobó la restauración de dos tablas por parte de la Consejería de Cultura de la Junta de Castilla y León. Son dos pinturas de Juan de Borgoña originales del siglo XVI, “La Anunciación” y “La Adoración de los Magos”, ambas de estilo renacentista. Estas dos obras se exponen actualmente en el Museo de la Universidad aunque originalmente formaron parte del retablo de la capilla del Hospital del Estudio y destacan por el intimismo y recogimiento que transmiten, logrados en gran medida gracias a la sencillez y economía de elementos que las componen.

En la reunión ordinaria estuvieron presentes, además de López Fernández, José María Martínez Frías, Emmanuel Jiménez Franco, Eduardo Azofra Agustín, Antonio Casaseca Casaseca, María Soledad Corchón Rodríguez, Jesús Liz Guiral, Manuel Pérez Hernández y Rafael Sánchez-Carralero López, todos ellos miembros de la Comisión Asesora de Patrimonio de la Universidad de Salamanca.

 

 

 

CRÓNICA

Cartas desde la ilusión

Querido amigo:

Hoy continúo comentándote nuestra perspectiva de futuro, es decir, lo que pretendemos conseguir con nuestra comunidad de aprendizaje.

En mi carta anterior te hablé de dos beneficios que esperamos: 1) Más alta probabilidad de que los profesores estemos bien informados, renovados profesionalmente y motivados para motivar a los alumnos, y 2) Más satisfacción, mal alta moral y tasas más bajas de absentismo.

Del tercer aspecto relacionado con lo que pretendemos conseguir podríamos escribir muchas páginas durante muchos días. Pero hoy sólo me limitaré a proponerte compartir algunas de mis reflexiones al respecto. Se trata de que lleguemos a conseguir avances significativos en la adaptación de la enseñanza a los alumnos, terminada más rápidamente que en los centros educativos tradicionales.

Tal vez sea éste el reto más grande al que nos enfrentamos los profesores actuales, dada la brecha que se abre entre nuestra formación como profesores (hace unos cuantos años) y la realidad actual de los alumnos que acceden a nuestras aulas. Nosotros fuimos formados en un tiempo diferente del actual, con unas características distintas de las actuales y una visión del mundo y de las cosas muy diferente de la que predomina actualmente en nuestra sociedad… Pero el problema no se queda ahí, sino que se agrava porque, durante todo este tiempo en que hemos sido educadores, no se nos han ofrecido oportunidades serias ni constantes de ir adaptándonos poco a poco a la realidad tan cambiante que actualmente vivimos. Si miramos hacia 20 años atrás (¡sólo 20 años!) fácilmente nos damos cuenta de lo distinto que son las cosas…

Ahora bien, el núcleo central de nuestras dificultades actuales radica en la forma tan diferente de pensar y de actuar (y, en definitiva, de aprender) de nuestros alumnos.

Los informes PISA no nos resultan favorables, como sabes. La razón hay que buscarla en que, tal vez, no hemos sido capaces de adaptar nuestra forma de actuar como educadores en función de lo que se exigía cada día: el cambio continuo que experimentan nuestros alumnos como consecuencia del cambio social. No sé si has visto el vídeo que se divulga por Internet que se titula “Tecnología o Metodología”. Es un vídeo en el que una profesora aparece con los alumnos “cantando” la tabla de multiplicar al modo antiguo; de pronto entra el director de la escuela y habla de la introducción de nuevas tecnologías (ordenadores) para que todos los alumnos puedan manejarse en la sociedad actual a tenor de los requisitos tecnológicos presentes; el vídeo continúa y acaba mostrando a cada uno de los alumnos delante de un ordenador, pero cantando, con la profesora, la tabla de multiplicar al modo antiguo. Si no tienes el vídeo me lo pides y te lo envío.

Y es que ha habido (y hay) políticos que creen que, como responsables de la educación de su país, van a remediar todos los problemas poniendo a cada alumno delante de un ordenador… No deja de ser una ingenuidad, a la vez que una manera de ocultar, ante la sociedad, la ineptitud e inutilidad de muchos de los políticos que rigen los destinos de los sistemas educativos en los diferentes países. Creen que la solución está en “imponer el uso de las TICs”, dando facilidades para que cada alumno disponga de un ordenador. La realidad es que no entienden el problema de la educación.

Cuando yo era pequeñito, llegó el momento en que los lápices y las plumas de tinta fueron sustituidos por el bolígrafo, lo que supuso un avance tecnológico importante que evitaba cantidad de problemas a la hora de presentar los trabajos del aula. Pero ese avance tecnológico no cambió la metodología y las cosas siguieron igual. Ahora se pretende que cambiando el bolígrafo por el ordenador las cosas cambien. No deja de ser un grave error, porque en el uso del ordenador no se encuentra la panacea de la resolución de todos los problemas educativos. Es más, en ocasiones, la introducción de las nuevas tecnologías agrava el problema, como es el caso de la ortografía de nuestros alumnos, que se ve deteriorada por el uso tan habitual de las abreviaturas y cambios de reglas ortográficas en los mensajes SMS. Todo esto se justifica porque “si se entiende, que es lo importante, da igual que se escriba de una forma u otra”. ¿Qué dirían nuestros clásicos gramáticos y literatos si salieran de sus tumbas ante tanta irresponsabilidad?

Sea como fuere, mi impresión es que, en realidad, tenemos miedo a la incertidumbre y, por ello, nos aferramos a todo aquello que nos aporte seguridad, como es, por ejemplo, el libro de texto. Según los requisitos y tendencias de la educación actual, los libros de texto no deberían existir tal como los tenemos actualmente. Deberían convertirse en meros libros de consulta (yo siempre dije, en mis cursos a los profesores, que “el texto es el pretexto”) que los alumnos deberían utilizar para construir su propio conocimiento.

Siento acabar aquí, pero no me queda más espacio. Creo que podremos seguir reflexionando en próximas cartas.

Como siempre, salud y felicidad.

Juan A. Castro Posada
juancastrop@gmail.com

 

 

 

PRIMEIRA COLUNA

Uma voz interventiva

O Ensino Magazine tem-se assumido ao longo da sua história como uma publicação plural, interventiva, que de forma rigorosa une a sociedade civil à académica e ambas ao mundo em que vivemos. Sempre defendemos a «máxima» que a educação não tem fronteiras.

Os 13 anos de vida que assinalamos neste número comprovam isso mesmo. Hoje, a edição impressa do Ensino Magazine é distribuída em todo o país, em Espanha e nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (Palop's), num universo de mais de 200 mil leitores. As fronteiras da língua castelhana e portuguesa transformaram-se em laços de partilha numa publicação onde o leitor encontra artigos escritos nos dois idiomas. As fronteiras físicas deram lugar a espaços de experiências, de divulgação e de aprendizagem, com forte enfoque nas actividades desenvolvidas pelas instituições de ensino (do básico ao superior). As fronteiras digitais, tantas vezes vistas como uma separação entre quem ensina e quem aprende, sempre constituíram para nós uma oportunidade. Fomos das primeiras publicações a ter a sua página de internet e em Março iremos apresentar o novo portal do Ensino Magazine, onde surgirão novidades como o papel digital, espaços de partilha, passatempos e informação actualizada ao minuto.

O crescimento da nossa publicação deve-se aos nossos leitores. Aos alunos que aqui procuram os caminhos que lhes poderão perspectivar uma melhor formação. Aos docentes e instituições que aqui revêem muitas das suas actividades. Aos estudantes do ensino superior que têm visto o seu mérito reconhecido com a atribuição das bolsas de mérito Ensino Magazine. E às famílias que encontram no Ensino Magazine um espaço informativo de excelência, onde se retrata aquilo que é a vida das escolas, das universidades e dos politécnicos. Mas deve-se também a todos os que mensalmente colaboram neste projecto.

É com orgulho que temos parcerias com muitas instituições de ensino superior portuguesas. No último ano tornámo-nos parceiros da Unesco, através da sua rede de escolas associadas. Somos media partners dos principais eventos dedicados à educação, juventude e emprego, como a Futurália (na FIL, Parque das Nações, em Lisboa), Qualific@ (na Exponor, Porto), e Fitec (ExpoSalão, na Batalha).

É com este espírito que todos os meses levamos até si o Ensino Magazine. É com este espírito que queremos ir mais além. Queremos estreitar laços com o Brasil e outros países, sempre com a certeza que a educação não tem fronteiras. A todos os nossos parabéns!

João Carrega
carrega@rvj.pt
 

 

 

CRÓNICA

O Défice da questão

Tudo o que se ouve e escreve hoje em Portugal sobre a crise é como um eco de há trinta e poucos anos, quando os obreiros da democracia económica foram a jogo na então jovem e débil democracia política surgida do 25 de Abril de 1974.

São por isso conhecidos os argumentos. Os sucessivos governos foram gerindo as crises sobre os escombros dos anteriores e atirando as culpas dos próprios erros em cima daqueles, quando não sobre os governos provisórios que se formaram imediatamente a seguir à Revolução, numa atitude irresponsável e até maldosa e ignóbil.

Vieram depois os anos do betão armado, com este, então Cavaco, agora Presidente, dos subsídios europeus gastos em supérfluos e ao desbarato e da falsa abundância. Agora, em tempo de vacas magras, o discurso é de novo retirado dos baús de paleio roto, guardados há anos nos sótãos dos sábios do costume. E, aqui chegados, uma plêiade de juristas e engenheiros, bem como fazedores de opinião ex-qualquer-coisa, junta-se para corroborar o putativo pacote de austeridade para os mesmos, contra os mesmos, e sem beliscar… os mesmos!

A criação de riqueza nacional a partir dos nossos próprios recursos; o apoio efectivo às pequenas e médias empresas e consequente aumento dos postos de trabalho; a garantia de melhores condições de vida e de trabalho das populações, sobretudo as mais desfavorecidas socialmente; deixaram de fazer sentido após a adesão ao Mercado Comum e, posteriormente, à União Europeia, mercê duma política subordinada ao grande capital europeu, que amarrou Portugal a uma orientação imposta do exterior.

Economistas vários são instados a pronunciar-se sobre a situação económica e financeira que o país atravessa. Todos têm a fórmula mágica para resolver a crise e reduzir o défice. Um chama-se Bessa e parece que não tem culpa nenhuma da situação, apesar de ter sido ministro da pasta e da cor; outro chama-se Félix e fica feliz com as ideias que tem, tendo sempre a ideia de que é preciso mais do mesmo; outro chama-se Carreira, está zangado com o mundo mas não tem coragem para o suicídio; outro mais chama-se Murteira, mas é nabo, porque, instado a opinar, diz que nim, e só fará prognósticos depois do jogo; outro ainda chama-se Neves, colecciona porcarias na estante lá de casa e não diz nada, porque já disse o mesmo anteontem.

Não dei conta que os media nacionais tivessem perguntado opinião a Sérgio Ribeiro a Octávio Teixeira ou a Carlos Carvalhas, para citar apenas alguns dos mais honestos e conceituados economistas que conheço. Sei a opinião do meu amigo Francisco Costa, que tem formação na área da economia e percebo melhor que o que querem meter-nos pelos olhos é algo que está entre a ficção e a pulhice!

Afinal o défice português poderia ser pago com a entrada indesejada do FMI; com a injecção escusada de capitais no BPN; com as reservas de ouro do BP; com as fraudes que fintam a FP. Tanta sigla que poderia pagar o que alguns promoveram, alimentaram e agravaram, e afinal quem paga é aqueloutro: o P.O.V.O..

João de Sousa Teixeira
teijoao@gmail.com

 


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