ARQUIVO MORTO
A vida segundo Wang
“Tudo o que pode ser feito está feito
antes de ser feito”. A máxima define a vida de Wang de Azevedo, Fá-si
para os amigos, nascido em Macau, em 1928, fruto do inesperado encontro
entre um segundo-tenente da Armada e uma beldade local. O traço mais
saliente da mãe, a vidência inata, era atribuída ao excessivo consumo de
chá de lótus azul pela avó, durante a gravidez. Em todo o caso, previu
acertadamente o brilhante, embora obscuro, destino do filho. Ainda
jovem, Wang demonstrou uma propensão para as línguas, dominando
facilmente cinco mil ideogramas, além do português, japonês, inglês,
latim, grego, hebraico, sânscrito, provençal, francês, castelhano,
alemão e russo, entre outros idiomas do seu tempo. Ao contrário de
Vladimir Nabokov, detestava borboletas de qualquer espécie, mas sentia
uma forte atracção pela geografia dos espaços amplos, característica
essa que o levou a embarcar cedo e a percorrer mundo. Anos mais tarde,
quando relembrou esse período de juventude, dizia com nostalgia, mas não
pouca ironia, ser uma espécie de “papagaio poliglota”, capaz de imitar
qualquer som, sem o ter compreendido verdadeiramente. Chegava a lamentar
não saber marciano, mas “dar uns toques” de venusiano. E acrescentava:
“nunca encontrei um vulcano que não provocasse a ira de um klingon”,
frase carregada de um profundo sentido metafísico. Fá-si era um ironista
sem fronteiras. Consta que se correspondeu com Ezra Pound, levando o
velho vate ao desespero, quando lhe deu a entender que as versões
chinesas de Fenellosa não eram de confiança.
As suas obras, tardias na concepção, mas intemporais no escopo e
alcance, reflectem uma permanente oscilação entre o desejo de ser aceite
pela volúvel “república das letras”, e a orgulhosa rejeição dos cânones,
tiques e prebendas que a mesma possa outorgar. Era um não integrado,
quiçá um apocalíptico envergonhado. Cuidou sempre em sobrelevar o
conteúdo à forma, numa época em que o “esvazismo”, como lhe chamava, era
de regra. Obras singulares, únicas, inclassificáveis, foram o seu
legado, que tarde consignou ao papel, algumas delas descobertas
recentemente na quinta da família paterna, no Alto Douro. Depois de ter
escapado com vida às convulsões da década de quarenta, não se ouviu
falar dele na década seguinte. Mas a publicação em Xangai, numa edição
restrita, de “O Voo da Carpa : alguns aspectos”, marcou de forma
indelével os estudos da simbólica comparativa. Seguiram-se alguns
opúsculos breves, onde se destacam: “ As Cinco Verdades do Panda
Celeste”, homenagem aos velhos imortais taoístas, “Bambu: metáforas”,
curiosa digressão sobra a poesia tradicional chinesa, e o inesperado
poema narrativo, “O Grande Rio sem Timão”, infelizmente ainda não
traduzido, onde se detectam claras influências da filosofia natural
butanesa. Um seu biógrafo classificou esta obra como sendo “ a
demonstração clara e inequívoca” da universalidade do escritor. A década
de sessenta foi algo controversa, pois assinala-se a sua presença em
diversas capitais, aquando das revoltas juvenis, mas nenhuma chancelaria
é capaz de assegurar a sua influência nos acontecimentos. Há, no
entanto, notícia de que a sua passagem pela Califórnia, deixou um rasto
de sementes que haviam de florir no chamado “Renascimento de Malibou”,
onde participaram músicos, poetas e artistas, dando voz a grupos
musicais do calibre de um “Yellow Goose”, “Dead Heart and the Caribus”,
sem esquecer “Tea & Lotus”, este de nítido pendor “folk”.
Documentos recentes, descobertos em Macau, apontam para a sua ligação,
embora ténue e não comprovada, a uma escola de pensamento, cujo
principal desígnio é o de assegurar que os princípios da “ livre
observação” não se diluam na enxurrada do bric-a-brac contemporâneo. O
professor Tucídides Malcata, um estudioso epicurista, afirma que se
trata da mais refinada forma de “ataraxia”, ou “enstase”, o que a ser
verdade, pode confirmar, ou não, a profunda identificação do nosso autor
ao velho aforismo “deixa arder” – fórmula de altíssimo significado
metaliterário, para não dizer patafísico. No final da vida – a data do
seu passamento continua incerta, dedicou-se à poesia breve, ainda
inédita, bem como aos estudos de estética aquática.
A sua verve também foi dirigida contra certos “ódios de estimação”, como
lhes chamava. Um deles, era a “torpe vilania” com que apelidava o
“Acordo Ortopédico”, uma “brutal entorse ao idioma de Camões”. Outra
“solene embirração”, os congressos literários, onde “uns fulanos fazem
gala da mais urbana hipocrisia”, enquanto “bebem umas copas e tasquinham
umas tapas”. Segundo os herdeiros, está a ser preparada a edição da Obra
Completa, “com varietur”, apoiada pelo governo macaense. E foi lançada
uma subscrição pública para angariar fundos destinados a um busto que
perpetue a memória de tão distinto homem de cultura, émulo de tão
grandes vultos como Luís Vaz, Camilo Pessanha e Wenceslau de Moraes.
(extraído do “Boletim Geral do Rio das Pérolas”, nº 8, vol. 88, ano
MMVIII). 
José Gudardado Moreira
José Guardado Moreira (n. 1952,
Castelo Branco) passa a assinar esta coluna no Ensino Magazine.
Licenciado em Antropologia, colabora há três décadas na imprensa
escrita. Actualmente escreve sobre livros no semanário “Expresso” e
na revista “Ler”. Consultor literário em várias editoras. Publicou
uma dezena de títulos, a maioria de poesia, mas também conto, teatro
e ensaio. Em 1985 recebeu o Prémio de Teatro da Associação
Portuguesa de Escritores. O “Arquivo Morto” recolhe relatos diversos
sobre a vida e obra de personagens obscuras para o grande público,
em artigos que foram sendo descobertos ao sabor do acaso em diversas
publicações avulsas e quase desconhecidas.

REORDENAMENTO DA REDE
DE ENSINO SUPERIOR
Uma reforma Inadiável

Vivemos hoje um tempo de inúmeras
dificuldades. Certamente o momento mais difícil depois de Abril.
Contudo, as causas dessas dificuldades, sentidas de forma mais intensa e
incisiva por aqueles que mais precisam, não são apenas de agora. Nelas
todos temos responsabilidades, uns mais do que outros. O país foi
crescendo de forma desordenada. Nunca, ou raramente, obedecendo a um
plano de desenvolvimento integrado do país que fosse analisado,
discutido e amplamente consensualizado. Esse crescimento foi sendo
condicionado, umas vezes por impulsos de natureza corporativa, outras
por lógicas de cumplicidade partidária e calendário eleitorais. E assim
se foi redesenhando o país ao ritmo das “enxurradas” financeiras
provindas da Europa. Foram-se criando inúmeros serviços, dotando-os de
recursos e equipamentos nem sempre devidamente ponderados. Nalguns
sectores do Estado, existe hoje capacidade instalada sub-aproveitada,
que pelas redundâncias criadas e os custos que elas implicam compromete,
inevitavelmente, a qualidade dos serviços que prestam.
Se a crise que temos vindo a viver pode ter algum efeito positivo é o
de, pelo menos, contribuir para uma maior consciencialização de todos
sobre a necessidade imperiosa de reordenar e racionalizar os serviços
que o Estado presta aos cidadãos de acordo com critérios de
sustentabilidade do país, já que este não pode viver acima das suas
possibilidades. Porque o país não tem os recursos necessários - e
tendo-os eles não são inesgotáveis – não é possível ter de tudo em todo
o lado, pelo menos em qualidade exigível.
Importa pois repensar o país em todos os sectores e dimensões da vida em
sociedade, na perspectiva do desenvolvimento harmonioso e equilibrado de
todo o território nacional. Impõe-se assim, em nome dos que diariamente
se confrontam com inúmeras dificuldades, dos que menos podem e daqueles
que não podem prescindir da oferta de um serviço público de qualidade.
Sobretudo em nome daqueles para quem o estado social, enquanto
instrumento de distribuição mais justa da riqueza, de solidariedade e de
garantia da igualdade de direitos e oportunidade, é urgente que nos
consciencializemos da necessidade inadiável duma reforma profunda do
país, designadamente na reorganização administrativa do território, no
reordenamento da rede de saúde e racionalização dos serviços que presta,
no reordenamento da rede do ensino superior e da racionalização da
oferta formativa, entre outros, de modo a optimizar os recursos do país
que serão certamente mais escassos quanto maiores forem as necessidades
e exigências dos cidadãos.
Assim, por razões de natureza profissional e em consequência da
experiência e conhecimentos que fui adquirindo ao longo de onze anos de
gestão e direcção de uma instituição de ensino superior do interior do
país, procurarei, neste jornal e de forma regular, dar o meu contributo,
ainda de que forma modesta, sobre os desafios que hoje se colocam ao
ensino superior.
Fernando Raposo
(Docente da ESART)
CRÓNICA SALAMANCA
Los estudiantes son el
corazón de la Universidad

Hace pocos días ha salido publicado el
decreto sobre el “Estatuto del Estudiante Universitario”, en el que se
concretan sus muchos derechos y algunas obligaciones, siempre en
relación con su condición transitoria de ser miembros de una institución
como la universidad, en este caso la universidad pública. Hablaremos de
este documento oficial para la sociedad y la universidad española, en
tantas ocasiones solicitado, cuando no reivindicado, por asociaciones
estudiantiles, responsables de la gestión universitaria, y ciudadanos en
general.
Cuando tanto, y tan alto, hoy se vocea sobre la universidad competitiva
e investigadora, su función empresarial, la proyección económica que
ejerce en la ciudad donde se asienta, la alta cultura que destila, y
otros muchos elementos de las misiones que tiene atribuidas la
universidad, a veces se olvida por completo dónde está la clave de la
vida real de las universidades, que no es otra que entre sus estudiantes.
Desde luego, nadie mejor que el Rey Alfonso X el Sabio , ya en el siglo
XIII, cuando hablaba de la por entonces incipiente Universidad de
Salamanca (1218), supo definir en sus famosas Partidas “el Estudio est
ayuntamento de maestros et escolares”, o sea <la Universidad como unión
de profesores y estudiantes>. No hay posibilidad alguna de universidad
sin profesores, pero desde luego tampoco es posible pensarla sin
estudiantes. Ambos grupos de miembros universitarios, maestros y alumnos,
bien conectados, resultan forzosamente necesarios para que exista
universidad. Y cada uno, seguramente, con sus deseos y derechos, con sus
responsabilidades y obligaciones, asumidas o impuestas.
Un reconocido pedagogo español del siglo XX, Lorenzo Luzuriaga, escribió
desde su exilio argentino, en 1945, un precioso libro titulado “Reforma
de la educación”. En esta obra nuestro autor reflexiona sobre el reto
que tiene la educación en un contexto internacional que acaba de vivir y
padecer la terrible segunda guerra mundial, y debe recomponerse, también
desde el buen hacer educativo. En un centenar largo de brillantes
páginas nuestro autor recorre algunos de los elementos centrales de lo
que debe ser prioridad para la educación en la segunda mitad del siglo
XX, y sus debidas reformas.
Luzuriaga escribe en este libro dos lúcidos capítulos sobre el tema que
nos ocupa. Uno lo dedica a la universidad y la vida de los estudiantes,
y en el mismo incide sobre el compromiso que cada universidad debe
asumir en la formación del universitario total, del hombre completo,
dice el autor, idea que nos lleva de inmediato al pensamiento de Giner
de los Rios, su maestro. Por tanto, las universidades han de preocuparse
por el bienestar físico y material de sus estudiantes, facilitar los
seguros sanitarios, la vivienda, y otros servicios, la seguridad plena
en lo posible. El segundo capítulo se refiere de forma expresa a la
educación de los estudiantes, a su formación intelectual, estética,
física. Lo cual, según él, obliga a que cada universidad ponga en marcha
los programas adecuados para cumplir estos fines de manera correcta. En
resumen, al paso de los años esto ha venido a cuajar y resumirse en un
cupo de derechos de los estudiantes respecto a la institución
universitaria pública.
Pero también nuestro autor, Luzuriaga, finaliza con una reflexión y
sugerencia de actuación para los jóvenes estudiantes universitarios, y
no es otra que la de sus obligaciones y responsabilidades. Estas son
tareas que los jóvenes universitarios deben asumir de manera ordenada y
honesta mientras forman parte de la institución de educación superior,
en el buen funcionamiento interno, pero también con la debida conciencia
de proyectarse sobre la sociedad que sostiene la universidad. Es decir,
tienen que cultivar una idea decidida de compromiso por devolver a la
sociedad que les forma a través de la universidad lo mucho que les ha
sido asignado. Lo cual significa que como ciudadanos, sin duda
privilegiados, y como profesionales cualificados, han de asumir esa
tarea de devolver y mejorar la sociedad de la que proceden en todos los
aspectos en que puedan incidir.
El estatuto del estudiante recién publicado para las universidades de
España debe invitar no sólo a una mera aplicación de exigencias, sino
también de obligaciones compartidas entre profesores y estudiantes. Sólo
de esa forma será posible hacer realidad una universidad que busque día
a día la formación del profesional y del hombre más completo posible.
José María Hernández Díaz
Universidad de Salamanca
jmhd@usal.es
UNIVERSIDAD DE SALAMANCA
Las Edades del Hombre
El vicerrector de Economía y Gestión,
Ricardo López Fernández, ha mantenido una reunión ordinaria en la Sala
de Retratos del Rectorado con la Comisión Asesora de Patrimonio de la
Universidad de Salamanca para, entre otros temas, acordar el préstamo
temporal de la obra “San Juan Bautista”, de Felipe Bigarny, alojada
actualmente en el Museo de la Universidad, a la Fundación “Las Edades
del Hombre” para la nueva exposición que se desarrollará a partir de
mayo de 2011.
En esta reunión ordinaria, se ha aprobado el préstamo temporal de la
talla policromada del siglo XVI para la próxima exposición de “Las
Edades del Hombre”, que se pondrá en marcha el próximo mes de mayo en
Medina del Campo y Medina de Rioseco bajo el título de Passio.
La obra en cuestión es el “San Juan Bautista” de Felipe Bigarny,
actualmente localizada en el Museo de la Universidad, en el Edificio de
Escuelas Menores. De estilo gótico, se trata de una talla de madera
policromada en la que el santo aparece de pie, vestido con una túnica de
piel de camello ceñida con un sencillo cinturón. Cabe pensar que la
figura originariamente señalaba con el dedo índice de la mano derecha,
que falta actualmente, al cordero divino que sostiene sobre el libro que
porta en la mano izquierda. Este “San Juan Bautista” forma parte de las
14 obras que Bigarny realizó para el antiguo retablo de de la capilla
universitaria, de las cuales sólo se conservan 6 en la actualidad.
Por otra parte, el la Comisión Asesora de Patrimonio de la Universidad
de Salamanca aprobó la restauración de dos tablas por parte de la
Consejería de Cultura de la Junta de Castilla y León. Son dos pinturas
de Juan de Borgoña originales del siglo XVI, “La Anunciación” y “La
Adoración de los Magos”, ambas de estilo renacentista. Estas dos obras
se exponen actualmente en el Museo de la Universidad aunque
originalmente formaron parte del retablo de la capilla del Hospital del
Estudio y destacan por el intimismo y recogimiento que transmiten,
logrados en gran medida gracias a la sencillez y economía de elementos
que las componen.
En la reunión ordinaria estuvieron presentes, además de López Fernández,
José María Martínez Frías, Emmanuel Jiménez Franco, Eduardo Azofra
Agustín, Antonio Casaseca Casaseca, María Soledad Corchón Rodríguez,
Jesús Liz Guiral, Manuel Pérez Hernández y Rafael Sánchez-Carralero
López, todos ellos miembros de la Comisión Asesora de Patrimonio de la
Universidad de Salamanca. 
CRÓNICA
Cartas desde la
ilusión

Querido amigo:
Hoy continúo comentándote nuestra perspectiva de futuro, es decir, lo
que pretendemos conseguir con nuestra comunidad de aprendizaje.
En mi carta anterior te hablé de dos beneficios que esperamos: 1) Más
alta probabilidad de que los profesores estemos bien informados,
renovados profesionalmente y motivados para motivar a los alumnos, y 2)
Más satisfacción, mal alta moral y tasas más bajas de absentismo.
Del tercer aspecto relacionado con lo que pretendemos conseguir
podríamos escribir muchas páginas durante muchos días. Pero hoy sólo me
limitaré a proponerte compartir algunas de mis reflexiones al respecto.
Se trata de que lleguemos a conseguir avances significativos en la
adaptación de la enseñanza a los alumnos, terminada más rápidamente que
en los centros educativos tradicionales.
Tal vez sea éste el reto más grande al que nos enfrentamos los
profesores actuales, dada la brecha que se abre entre nuestra formación
como profesores (hace unos cuantos años) y la realidad actual de los
alumnos que acceden a nuestras aulas. Nosotros fuimos formados en un
tiempo diferente del actual, con unas características distintas de las
actuales y una visión del mundo y de las cosas muy diferente de la que
predomina actualmente en nuestra sociedad… Pero el problema no se queda
ahí, sino que se agrava porque, durante todo este tiempo en que hemos
sido educadores, no se nos han ofrecido oportunidades serias ni
constantes de ir adaptándonos poco a poco a la realidad tan cambiante
que actualmente vivimos. Si miramos hacia 20 años atrás (¡sólo 20 años!)
fácilmente nos damos cuenta de lo distinto que son las cosas…
Ahora bien, el núcleo central de nuestras dificultades actuales radica
en la forma tan diferente de pensar y de actuar (y, en definitiva, de
aprender) de nuestros alumnos.
Los informes PISA no nos resultan favorables, como sabes. La razón hay
que buscarla en que, tal vez, no hemos sido capaces de adaptar nuestra
forma de actuar como educadores en función de lo que se exigía cada día:
el cambio continuo que experimentan nuestros alumnos como consecuencia
del cambio social. No sé si has visto el vídeo que se divulga por
Internet que se titula “Tecnología o Metodología”. Es un vídeo en el que
una profesora aparece con los alumnos “cantando” la tabla de multiplicar
al modo antiguo; de pronto entra el director de la escuela y habla de la
introducción de nuevas tecnologías (ordenadores) para que todos los
alumnos puedan manejarse en la sociedad actual a tenor de los requisitos
tecnológicos presentes; el vídeo continúa y acaba mostrando a cada uno
de los alumnos delante de un ordenador, pero cantando, con la profesora,
la tabla de multiplicar al modo antiguo. Si no tienes el vídeo me lo
pides y te lo envío.
Y es que ha habido (y hay) políticos que creen que, como responsables de
la educación de su país, van a remediar todos los problemas poniendo a
cada alumno delante de un ordenador… No deja de ser una ingenuidad, a la
vez que una manera de ocultar, ante la sociedad, la ineptitud e
inutilidad de muchos de los políticos que rigen los destinos de los
sistemas educativos en los diferentes países. Creen que la solución está
en “imponer el uso de las TICs”, dando facilidades para que cada alumno
disponga de un ordenador. La realidad es que no entienden el problema de
la educación.
Cuando yo era pequeñito, llegó el momento en que los lápices y las
plumas de tinta fueron sustituidos por el bolígrafo, lo que supuso un
avance tecnológico importante que evitaba cantidad de problemas a la
hora de presentar los trabajos del aula. Pero ese avance tecnológico no
cambió la metodología y las cosas siguieron igual. Ahora se pretende que
cambiando el bolígrafo por el ordenador las cosas cambien. No deja de
ser un grave error, porque en el uso del ordenador no se encuentra la
panacea de la resolución de todos los problemas educativos. Es más, en
ocasiones, la introducción de las nuevas tecnologías agrava el problema,
como es el caso de la ortografía de nuestros alumnos, que se ve
deteriorada por el uso tan habitual de las abreviaturas y cambios de
reglas ortográficas en los mensajes SMS. Todo esto se justifica porque
“si se entiende, que es lo importante, da igual que se escriba de una
forma u otra”. ¿Qué dirían nuestros clásicos gramáticos y literatos si
salieran de sus tumbas ante tanta irresponsabilidad?
Sea como fuere, mi impresión es que, en realidad, tenemos miedo a la
incertidumbre y, por ello, nos aferramos a todo aquello que nos aporte
seguridad, como es, por ejemplo, el libro de texto. Según los requisitos
y tendencias de la educación actual, los libros de texto no deberían
existir tal como los tenemos actualmente. Deberían convertirse en meros
libros de consulta (yo siempre dije, en mis cursos a los profesores, que
“el texto es el pretexto”) que los alumnos deberían utilizar para
construir su propio conocimiento.
Siento acabar aquí, pero no me queda más espacio. Creo que podremos
seguir reflexionando en próximas cartas.
Como siempre, salud y felicidad. 
Juan A. Castro Posada
juancastrop@gmail.com
PRIMEIRA COLUNA
Uma voz interventiva

O Ensino Magazine tem-se assumido ao
longo da sua história como uma publicação plural, interventiva, que de
forma rigorosa une a sociedade civil à académica e ambas ao mundo em que
vivemos. Sempre defendemos a «máxima» que a educação não tem fronteiras.
Os 13 anos de vida que assinalamos neste número comprovam isso mesmo.
Hoje, a edição impressa do Ensino Magazine é distribuída em todo o país,
em Espanha e nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (Palop's),
num universo de mais de 200 mil leitores. As fronteiras da língua
castelhana e portuguesa transformaram-se em laços de partilha numa
publicação onde o leitor encontra artigos escritos nos dois idiomas. As
fronteiras físicas deram lugar a espaços de experiências, de divulgação
e de aprendizagem, com forte enfoque nas actividades desenvolvidas pelas
instituições de ensino (do básico ao superior). As fronteiras digitais,
tantas vezes vistas como uma separação entre quem ensina e quem aprende,
sempre constituíram para nós uma oportunidade. Fomos das primeiras
publicações a ter a sua página de internet e em Março iremos apresentar
o novo portal do Ensino Magazine, onde surgirão novidades como o papel
digital, espaços de partilha, passatempos e informação actualizada ao
minuto.
O crescimento da nossa publicação deve-se aos nossos leitores. Aos
alunos que aqui procuram os caminhos que lhes poderão perspectivar uma
melhor formação. Aos docentes e instituições que aqui revêem muitas das
suas actividades. Aos estudantes do ensino superior que têm visto o seu
mérito reconhecido com a atribuição das bolsas de mérito Ensino
Magazine. E às famílias que encontram no Ensino Magazine um espaço
informativo de excelência, onde se retrata aquilo que é a vida das
escolas, das universidades e dos politécnicos. Mas deve-se também a
todos os que mensalmente colaboram neste projecto.
É com orgulho que temos parcerias com muitas instituições de ensino
superior portuguesas. No último ano tornámo-nos parceiros da Unesco,
através da sua rede de escolas associadas. Somos media partners dos
principais eventos dedicados à educação, juventude e emprego, como a
Futurália (na FIL, Parque das Nações, em Lisboa), Qualific@ (na Exponor,
Porto), e Fitec (ExpoSalão, na Batalha).
É com este espírito que todos os meses levamos até si o Ensino Magazine.
É com este espírito que queremos ir mais além. Queremos estreitar laços
com o Brasil e outros países, sempre com a certeza que a educação não
tem fronteiras. A todos os nossos parabéns! 
João Carrega
carrega@rvj.pt
CRÓNICA
O Défice da questão

Tudo o que se ouve e escreve hoje em
Portugal sobre a crise é como um eco de há trinta e poucos anos, quando
os obreiros da democracia económica foram a jogo na então jovem e débil
democracia política surgida do 25 de Abril de 1974.
São por isso conhecidos os argumentos. Os sucessivos governos foram
gerindo as crises sobre os escombros dos anteriores e atirando as culpas
dos próprios erros em cima daqueles, quando não sobre os governos
provisórios que se formaram imediatamente a seguir à Revolução, numa
atitude irresponsável e até maldosa e ignóbil.
Vieram depois os anos do betão armado, com este, então Cavaco, agora
Presidente, dos subsídios europeus gastos em supérfluos e ao desbarato e
da falsa abundância. Agora, em tempo de vacas magras, o discurso é de
novo retirado dos baús de paleio roto, guardados há anos nos sótãos dos
sábios do costume. E, aqui chegados, uma plêiade de juristas e
engenheiros, bem como fazedores de opinião ex-qualquer-coisa, junta-se
para corroborar o putativo pacote de austeridade para os mesmos, contra
os mesmos, e sem beliscar… os mesmos!
A criação de riqueza nacional a partir dos nossos próprios recursos; o
apoio efectivo às pequenas e médias empresas e consequente aumento dos
postos de trabalho; a garantia de melhores condições de vida e de
trabalho das populações, sobretudo as mais desfavorecidas socialmente;
deixaram de fazer sentido após a adesão ao Mercado Comum e,
posteriormente, à União Europeia, mercê duma política subordinada ao
grande capital europeu, que amarrou Portugal a uma orientação imposta do
exterior.
Economistas vários são instados a pronunciar-se sobre a situação
económica e financeira que o país atravessa. Todos têm a fórmula mágica
para resolver a crise e reduzir o défice. Um chama-se Bessa e parece que
não tem culpa nenhuma da situação, apesar de ter sido ministro da pasta
e da cor; outro chama-se Félix e fica feliz com as ideias que tem, tendo
sempre a ideia de que é preciso mais do mesmo; outro chama-se Carreira,
está zangado com o mundo mas não tem coragem para o suicídio; outro mais
chama-se Murteira, mas é nabo, porque, instado a opinar, diz que nim, e
só fará prognósticos depois do jogo; outro ainda chama-se Neves,
colecciona porcarias na estante lá de casa e não diz nada, porque já
disse o mesmo anteontem.
Não dei conta que os media nacionais tivessem perguntado opinião a
Sérgio Ribeiro a Octávio Teixeira ou a Carlos Carvalhas, para citar
apenas alguns dos mais honestos e conceituados economistas que conheço.
Sei a opinião do meu amigo Francisco Costa, que tem formação na área da
economia e percebo melhor que o que querem meter-nos pelos olhos é algo
que está entre a ficção e a pulhice!
Afinal o défice português poderia ser pago com a entrada indesejada do
FMI; com a injecção escusada de capitais no BPN; com as reservas de ouro
do BP; com as fraudes que fintam a FP. Tanta sigla que poderia pagar o
que alguns promoveram, alimentaram e agravaram, e afinal quem paga é
aqueloutro: o P.O.V.O.. 
João de Sousa Teixeira
teijoao@gmail.com
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