Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano XIV    Nº155   Janeiro 2011

Cultura

GENTE & LIVROS

Charles Portis

«As pessoas não acreditam que uma rapariga de catorze anos seja capaz de sair de casa e pôr-se a caminho, em pleno Inverno, para vingar o sangue derramado do seu pai, mas isso não parecia tão estranho nessa altura, embora tenha de reconhecer que não era coisa que acontecesse todos os dias. Eu tinha apenas catorze anos quando um cobarde, que dava pelo nome de Tom Chaney, baleou o meu pai em Fort Smith, Arkansas, roubando-lhe a vida, o cavalo e cento e cinquenta dólares em dinheiro, além de duas moedas de ouro da Califórnia que ele transportava no cós das calças.

Eis o que aconteceu: tínhamos uma propriedade de cento e noventa e cinco hectares de boa terra, na margem sul do rio Arkansas, não muito longe de Dardanelle, no condado de Yell, Arkansas. (...) »


In Indomável
 

Charles McColl Portis, Charles Portis, nasceu a 28 de Dezembro de 1933, em El Dourado, no Arkansas. Ingressou na Marinha durante a Guerra da Coreia e só depois se formou em jornalismo, em 1958. Ingressou na University of Arkansas at Fayetteville, em 1955, onde colaborou com o jornal Universitário, o Arkansas Traveler. Trabalhou para vários jornais como o Nortwest Arkansas Times, o Arkansas Gazette, e New York Herald Tribune, do qual foi correspondente em Londres. Deixou o jornalismo em 1964 e regressou ao Arkansas, onde abraçou a carreira literária a tempo inteiro. É autor dos romances: Norwood (1966); True Grit (1968); The Dog of the South (1979); Masters of Atlantis (1975); e Gringos (1991); entre outras ficções. O romance True Grit é considerado um clássico do Western e foi adaptado duas vezes ao cinema, com sucesso. A primeira adaptação foi realizada por Henry Hathaway e contou com o actor John Wayne no papel principal de Marshal Cogburn; a segunda adaptação cinematográfica é uma realização dos irmãos Joel e Ethan Cohen, está nomeado para 10 Óscares da Academia de Hollywood, incluindo o de melhor filme de 2011, e conta com o desempenho de Jeff Bridges no papel do polícia Cogburn. O romance True Grit está publicado em Portugal com o título de Indomável e a chancela da Editorial Presença.
 

Indomável. Mattie Ross é uma Senhora idosa e solteirona quando decide contar as suas aventuras. Aos catorze anos, a jovem Mattie Ross deixa o Arkansas e a quinta onde vive para vingar a morte do pai que morrera às mãos de Chaney, um bandido a quem oferecera emprego por caridade. Para levar a cabo o desejo de justiça contrata os serviços de Cogburn, um agente da polícia com fama de agressivo e gosto pelo uísque. A Mattie e Cogburn irá juntar-se depois um terceiro elemento, La Boeuf, que persegue Chaney pela morte de um senador. Quando os três de juntam começa a aventura e começa também uma lenda.

Eugénia Sousa

 

 

 

LIVROS

Novidades literárias

Relógio d'Água. Fugas, de Alice Munro. Fugas são oito grandes histórias sobre mulheres e sobre as relações humanas. A crítica internacional é unânime na apreciação da autora canadiana. Para a Time «Munro é habitualmente considerada uma das melhores escritoras vivas. (…)»; enquanto que para o The New York Times «Ninguém consegue escrever de forma tão convincente sobre “o progresso do amor”.
 

D. Quixote. O Livro dos Homens Sem Luz, de João Tordo. Quatro histórias constituem este livro. Um individuo que se isola na sua casa em Londres e cuja vida passa a ser comandada por uma voz ao telefone; um médico louco que constrói uma máquina de tortura num Hospital em Brighton; um casal que fica soterrado nos escombros da casa, durante o Blitz alemão sobre Londres; e um estudante vítima de insónia que vive na paranóia de ser atacado pelo vizinho.O Livro dos Homens sem Luz foi o romance de estreia do autor, que é já uma das vozes mais promissoras da sua geração.
 

Cavalo de Ferro. Pássaros na Boca, de Samanta Schweblin. A presente obra reúne 18 dos melhores contos da escritora argentina, que já foi comparada a escritores sul americanos tão reconhecidos como Bioy Casares ou Cortázar. Nestes contos o fantástico e o insólito irrompem na ordem do dia das personagens e as relações humanos não escapam a uma exposição crua.
 

Europa-América. O Grande Gatsby, de F.Scott Fitzgerald. Dono de uma fortuna extraordinária Gatsby organiza grandiosas festas na sua mansão de Long Island. Mas entre os convidados ninguém conhece muito bem o anfitrião. Para alguns é um espião, para outros o tem ligações com a realeza europeia.Gatsby é só um homem que organiza festas na esperança que numa delas apareça Daisy, o seu antigo amor. Fitzgerald faz um retrato único da América dos anos 20 e uma crítica ao «Sonho Americano».
 

Bertrand. A Besta - Camorra, de Raffaele Sardo. Esta não é uma obra de ficção. Há já muito tempo que o jornalista Raffaele Sardo arrisca a vida ao ter a coragem de expor os crimes da máfia Siciliana. A Besta é um grito de liberdade pelos sobreviventes, os familiares e amigos das vítimas e um belo Requiem por todos aqueles que morreram a lutar por justiça. O prefácio da obra é da autoria do escritor Roberto Saviano, a viver na clandestinidade por denunciar o crime organizado em Itália
 

Presença. A Vida de Pi, de Yann Martel. Quando o navio de carga onde Pi viaja se afunda, o jovem fica na imensidão do oceano pacífico, a bordo de um salva-vidas, na companhia de uma zebra, um orangotango, uma hiena e um tigre. Em breve só restarão Pi e o tigre e para sobreviverem precisam de perceber que têm de lutar um pelo outro. A Vida de Pi venceu o Man Booker Prize em 2002. E em Portugal é recomendado pelo Plano Nacional de Leitura.
 

Gradiva. Ao Cair da Noite, de Michael Cunningham. Peter e Rebecca Harris, um casal urbano e moderno de Manhattan, têm uma existência confortável com carreiras bem sucedidas no mundo da arte. Mas a visita de Ethan, o irmão de Rebecca, irá mudar as coisas ao seu redor. E Peter vai mesmo colocar em causa a sua carreira e todos os pressupostos onde assentara a sua vida. Michael Cunningham é autor do romance As Horas, vencedor do Prémio Pulitzer.
 

Casa das Letras. Citações e Pensamentos de Florbela Espanca, com organização de Paulo Neves da Silva. São 200 citações, 40 textos, 100 poemas e 50 quadras de amor de uma das maiores poetisas portugueses de sempre. No livro o ideal do amor está sempre presente, como pedra de toque da obra e da vida da poetisa.
 

Ulisseia. O Americano Tranquilo, de Graham Greene. Alden Pyle, agente da CIA, chega ao Vietname nos anos cinquenta, do século XX, em plena luta pela independência do domínio colonial Francês. Aí trava conhecimento com o jornalista Thomas Fowler, correspondente do Times Londrino, e com Phuong a bela e exótica amante deste. Mas a beleza de Phuong irá seduir Pyle, arrastá-lo para um triângulo amoroso e envolvê-lo num crime. O Americano Tranquilo é um dos grandes romances do século XX.
 

 

 

PELA OBJECTIVA DE J. VASCO

Eunice Muñoz regressa a Cascais

Eunice Muñoz regressou este mês ao Teatro Experimental de Cascais, no ano em que este faz 45 anos de existência, com a peça “O Comboio da Madrugada”, de Tennessee Williams, encenada por Carlos Avillez e nunca antes apresentada em Portugal.

Eunice Muñoz que pisou o palco do TEC pela primeira vez em 1967 para interpretar Fedra, de Jean Racine, ao lado de nomes como Amélia Rey Colaço, António Marques, Maria do Céu Guerra ou João Vasco, está agora ao lado da sua neta Lídia Muñoz (20 anos), Pedro Caeiro e Ana Paulla, entre outros.

 

 

 

Música

PJ Harvey - Let the England shake. PJ Harvey está de regresso aos discos em 2011 com o novo álbum “Let the England shake”, o seu oitavo registo de estúdio. Antes do trabalho chegar às lojas foram editados dois singles, no final de 2010, onde foi dado a conhecer “Written on the forehead” e, mais recentemente,“The words that maketh muder”.
Neste novo registo a cantora tenta uma incursão entre o pop rock e os sons alternativos num ambiente sonoro por vezes carregado e escuro. A arquitectura das novas canções mostra uma mistura inspirada nos Blues e um pouco de Folk, numa clara tentativa de explorar novos sons. A gravação dos novos temas teve a particularidade de ter como estúdio, uma igreja do século XIX em Dorset, Inglaterra. O novo trabalho tem apenas letras da própria cantora e conta com um interessante naipe de colaborações, destaque para o Produtor “Flood”, Mick Harvey e Jonh Parish. Em breve PJ Harvey regressa a Portugal para mostrar ao vivo os novos temas em duas actuações agendadas para os dias 25 e 26 de Maio na Aula Magna em Lisboa. Por cá também há muita ansiedade dos fãs portugueses para conhecerem ao vivo e a cores as novas músicas da cantora que promete surpreender com a nova dinâmica dos seus sons.
Destaque para os singles “Written on the forehead”, “The words that maketh muder” e as faixas “The last living rose” e “All and everyone”.

 

Adele - 21. Mais uma novidade no mundo da música que nos chega das terras de sua majestade, trata-se de 21 o novo trabalho de Adele. O cartão-de-visita do álbum é o single “Rolling in the deep” que continua a ser um dos temas do momento em vários países incluindo Portugal.

Em alguns países já foi editado o segundo single de “21”, o tema “Someone like you” que fecha o alinhamento do cd.

As sonoridades das novas canções remetem-nos para uma agradável viagem entre os Blues, o Rock, o Gospel e Soul. Adele, com apenas 21 anos já apresenta uma interessante maturidade musical, e mostra uma notável evolução na forma como se entrega às canções, uma das provas é a forma como se cola com o som do pianos em alguns temas. É impressionante o poder vocal da cantora, a sua voz poderá torna-la numa das próximas estrelas da soul. A produção foi entregue a Rick Rubin, um credenciado produtor musical que lançou os Florençe and the Machine. Os temas fortes deste registo são os singles: “Rolling in the deep”, “Someone like you” e os temas “Rumors hás it” e “Set fire to the rain”.

 

Bruno Mars - Doo-woops & Hooligans. Finalmente chegou ao nosso mercado o álbum de estreia de Bruno Mars “Doo-woops & Hooligans”. O músico Norte-Americano é uma das melhores revelações na música do ano de 2010. Antes de investir na sua carreira a solo, Mars participou no tema “Nothing on you” de B.O.B e “Billionare” de Travie McCoy, e escreveu as letras de “Wavin fleg” de K´nan e “Right round” de Flo Rida.

O primeiro single foi “Just the way you are”, uma fantástica canção que colocou o músico na liderença dos top´s em imensos países, por cá o tema teve também um grande destaque nas nossas rádios. A acompanhar a promoção do tema surgiu um dos videos mais originais dos últimos tempos, vale a pena pesquisar e ver o video de “Just the way you are” em que o músico está muito bem acompanhado!

O segundo single foi dado a conhecer em 2011, trata-se de “Grenade”, mais um tema que está na rota do sucesso É enorme o talento de Mars na composição e na interpretação dos seus temas, que abre grandes expectativas para o futuro do músico. Neste álbum foram convidados para participar em alguns temas Damien Marley, Cee Lo Green e B.O.B. Os temas em destaque são os singles “Just the way you are”,”Grenade” e as faixas “The lazy song” e “Talking to the moon”Trata-se de um disco soberbo, cheio de boas vibrações

Hugo Rafael

 

 

 

BOCAS DO GALINHEIRO

Documentário José & Pilar candidato a melhor filme

O filme “José & Pilar”, sobre o escritor português José Saramago, é candidato a melhor documentário de 2010 pela Academia Brasileira de Cinema, cujos vencedores serão anunciados em abril no Rio de Janeiro, revelou a produtora Jumpcut.

O filme, do realizador português Miguel Gonçalves Mendes, é finalista do Grande Prémio do Cinema Brasileiro na área do documentário, ao lado de quase trinta obras produzidas no Brasil.

“José & Pilar” é uma co-produção entre Portugal, Espanha e Brasil, neste caso com produção da O2 Filmes, do realizador Fernando Meirelles.

O documentário acompanha dois anos de vida do Nobel da Literatura José Saramago por ocasião da escrita e lançamento do romane “Viagem do Elefante”, mas é também um retrato afectuoso da relação do escritor com a mulher, a jornalista Pilar del Río.

Entre os candidatos a melhor documentário está também “Acácio”, de Marília Rocha, sobre o etnólogo português Acácio Videira e a mulher, que se mudaram para o Brasil depois de vários anos de recolhas e registos culturais em Angola e em Portugal.

Os vencedores serão conhecidos a 05 de abril no Rio de Janeiro.

“José & Pilar” está há 13 semanas em cartaz nos cinemas portugueses e soma cerca de 20.000 espetadores.

Na Mostra de Cinema de São Paulo arrecadou o Prémio do Público.

O filme já esteve em destaque na homenagem efetuada a José Saramago que terminou, no passado dia 18 em Barcelona .

O filme foi projetado na Universidade Autónoma de Barcelona (UAB), num ato organizado pela Cátedra José Saramago do Instituto Camões de Barcelona, onde a comunidade académica encheu a sala e teve a oportunidade de conversar com o realizador e com a protagonista sobre o documentário.

Miguel Gonçalves Mendes confessou que “ninguém” esperava o sucesso que o documentário teve no Brasil e em Portugal. No Brasil passou em 19 salas de 11 cidades onde foi visto por 40 mil espetadores. Em Portugal totalizou 20 mil.

É um orgulho para o realizador do filme recentemente candidato a melhor documentário de 2010 pela Academia Brasileira de Cinema que seja o “filme português mais visto no Brasil”.
Pilar del Rio chamou a atenção para a “falha dos distribuidores e exibidores espanhóis”, pois o filme na Catalunha, por exemplo, só teve direito a uma semana de estreia no cinema Verdi, em Barcelona e não está em muitas salas de cinema.

Na sessão de exibição foram lidos, por alunos da Faculdade, textos de Saramago em nove línguas: português, castelhano, alemão, francês, árabe, inglês, italiano, russo e japonês.
Pilar del Rio disse que no dia 18 de março, quando se completarem nove meses sobre a morte do Nobel, será aberta a Casa Museu de Lanzarote, antiga residência do casal no arquipélago espanhol das Canárias.

Deste modo pretende pôr em prática a passagem do texto do livro “O ano da morte de Ricardo Reis”, onde o escritor coloca na boca de Fernando Pessoa que se demora nove meses a sair do ventre materno e nove meses para se ser esquecido.

Também adiantou que no dia 18 de junho, quando passar um ano sobre a morte do escritor, as suas cinzas serão colocadas em frente à Casa dos Bicos, em Lisboa, que funcionará como uma “casa de cultura”.

Luís Dinis da Rosa
com Joaquim Cabeças

Texto escrito segundo o novo acordo ortográfico

 

 

 

PROJECTO COMENIUS

Caramulo na Húngria

No âmbito do Projecto Europeu Comenius, que visa desenvolver o conhecimento e sensibilizar os jovens para a diversidade e para o valor das culturas e das línguas europeias, a Escola E,b 2,3 do Agrupamento de Escolas do Caramulo, participou, no passado dia 11 de Janeiro na cidade de Orosháza, no sul da Hungria, numa reunião com o objectivo da elaboração de um projecto multilateral.

A escola foi representada pelas docentes o as docentes Isabel Firme e Rosa Fernandes, e o projecto conta com a parceria de 5 países europeus: Portugal, Hungria, Bulgária, Itália e Espanha. O objectivo passa por incentivar a aprendizagem de línguas estrangeiras através da troca de experiências e tradições, de materiais, de métodos pedagógicos e práticas inovadoras, e do intercâmbio de alunos e professores entre os países parceiros.

 

 

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