GENTE & LIVROS
Charles Portis

«As pessoas não
acreditam que uma rapariga de catorze anos seja capaz de sair de casa e
pôr-se a caminho, em pleno Inverno, para vingar o sangue derramado do
seu pai, mas isso não parecia tão estranho nessa altura, embora tenha de
reconhecer que não era coisa que acontecesse todos os dias. Eu tinha
apenas catorze anos quando um cobarde, que dava pelo nome de Tom Chaney,
baleou o meu pai em Fort Smith, Arkansas, roubando-lhe a vida, o cavalo
e cento e cinquenta dólares em dinheiro, além de duas moedas de ouro da
Califórnia que ele transportava no cós das calças.
Eis o que aconteceu: tínhamos uma propriedade de cento e noventa e cinco
hectares de boa terra, na margem sul do rio Arkansas, não muito longe de
Dardanelle, no condado de Yell, Arkansas. (...) »
In Indomável
Charles McColl Portis,
Charles Portis, nasceu a 28 de Dezembro de 1933, em El Dourado, no
Arkansas. Ingressou na Marinha durante a Guerra da Coreia e só depois se
formou em jornalismo, em 1958. Ingressou na University of Arkansas at
Fayetteville, em 1955, onde colaborou com o jornal Universitário, o
Arkansas Traveler. Trabalhou para vários jornais como o Nortwest
Arkansas Times, o Arkansas Gazette, e New York Herald Tribune, do qual
foi correspondente em Londres. Deixou o jornalismo em 1964 e regressou
ao Arkansas, onde abraçou a carreira literária a tempo inteiro. É autor
dos romances: Norwood (1966); True Grit (1968); The Dog of the South
(1979); Masters of Atlantis (1975); e Gringos (1991); entre outras
ficções. O romance True Grit é considerado um clássico do Western e foi
adaptado duas vezes ao cinema, com sucesso. A primeira adaptação foi
realizada por Henry Hathaway e contou com o actor John Wayne no papel
principal de Marshal Cogburn; a segunda adaptação cinematográfica é uma
realização dos irmãos Joel e Ethan Cohen, está nomeado para 10 Óscares
da Academia de Hollywood, incluindo o de melhor filme de 2011, e conta
com o desempenho de Jeff Bridges no papel do polícia Cogburn. O romance
True Grit está publicado em Portugal com o título de Indomável e a
chancela da Editorial Presença.
Indomável. Mattie
Ross é uma Senhora idosa e solteirona quando decide contar as suas
aventuras. Aos catorze anos, a jovem Mattie Ross deixa o Arkansas e a
quinta onde vive para vingar a morte do pai que morrera às mãos de
Chaney, um bandido a quem oferecera emprego por caridade. Para levar a
cabo o desejo de justiça contrata os serviços de Cogburn, um agente da
polícia com fama de agressivo e gosto pelo uísque. A Mattie e Cogburn
irá juntar-se depois um terceiro elemento, La Boeuf, que persegue Chaney
pela morte de um senador. Quando os três de juntam começa a aventura e
começa também uma lenda. 
Eugénia Sousa
LIVROS
Novidades literárias
Relógio d'Água. Fugas, de Alice
Munro. Fugas são oito grandes histórias sobre mulheres e sobre as
relações humanas. A crítica internacional é unânime na apreciação da
autora canadiana. Para a Time «Munro é habitualmente considerada uma das
melhores escritoras vivas. (…)»; enquanto que para o The New York Times
«Ninguém consegue escrever de forma tão convincente sobre “o progresso
do amor”.
D. Quixote. O Livro dos Homens
Sem Luz, de João Tordo. Quatro histórias constituem este livro. Um
individuo que se isola na sua casa em Londres e cuja vida passa a ser
comandada por uma voz ao telefone; um médico louco que constrói uma
máquina de tortura num Hospital em Brighton; um casal que fica soterrado
nos escombros da casa, durante o Blitz alemão sobre Londres; e um
estudante vítima de insónia que vive na paranóia de ser atacado pelo
vizinho.O Livro dos Homens sem Luz foi o romance de estreia do autor,
que é já uma das vozes mais promissoras da sua geração.
Cavalo de Ferro. Pássaros na
Boca, de Samanta Schweblin. A presente obra reúne 18 dos melhores contos
da escritora argentina, que já foi comparada a escritores sul americanos
tão reconhecidos como Bioy Casares ou Cortázar. Nestes contos o
fantástico e o insólito irrompem na ordem do dia das personagens e as
relações humanos não escapam a uma exposição crua.
Europa-América. O Grande Gatsby,
de F.Scott Fitzgerald. Dono de uma fortuna extraordinária Gatsby
organiza grandiosas festas na sua mansão de Long Island. Mas entre os
convidados ninguém conhece muito bem o anfitrião. Para alguns é um
espião, para outros o tem ligações com a realeza europeia.Gatsby é só um
homem que organiza festas na esperança que numa delas apareça Daisy, o
seu antigo amor. Fitzgerald faz um retrato único da América dos anos 20
e uma crítica ao «Sonho Americano».
Bertrand. A Besta - Camorra, de
Raffaele Sardo. Esta não é uma obra de ficção. Há já muito tempo que o
jornalista Raffaele Sardo arrisca a vida ao ter a coragem de expor os
crimes da máfia Siciliana. A Besta é um grito de liberdade pelos
sobreviventes, os familiares e amigos das vítimas e um belo Requiem por
todos aqueles que morreram a lutar por justiça. O prefácio da obra é da
autoria do escritor Roberto Saviano, a viver na clandestinidade por
denunciar o crime organizado em Itália
Presença. A Vida de Pi, de Yann
Martel. Quando o navio de carga onde Pi viaja se afunda, o jovem fica na
imensidão do oceano pacífico, a bordo de um salva-vidas, na companhia de
uma zebra, um orangotango, uma hiena e um tigre. Em breve só restarão Pi
e o tigre e para sobreviverem precisam de perceber que têm de lutar um
pelo outro. A Vida de Pi venceu o Man Booker Prize em 2002. E em
Portugal é recomendado pelo Plano Nacional de Leitura.
Gradiva. Ao Cair da Noite, de
Michael Cunningham. Peter e Rebecca Harris, um casal urbano e moderno de
Manhattan, têm uma existência confortável com carreiras bem sucedidas no
mundo da arte. Mas a visita de Ethan, o irmão de Rebecca, irá mudar as
coisas ao seu redor. E Peter vai mesmo colocar em causa a sua carreira e
todos os pressupostos onde assentara a sua vida. Michael Cunningham é
autor do romance As Horas, vencedor do Prémio Pulitzer.
Casa das Letras. Citações e
Pensamentos de Florbela Espanca, com organização de Paulo Neves da
Silva. São 200 citações, 40 textos, 100 poemas e 50 quadras de amor de
uma das maiores poetisas portugueses de sempre. No livro o ideal do amor
está sempre presente, como pedra de toque da obra e da vida da poetisa.
Ulisseia. O Americano Tranquilo,
de Graham Greene. Alden Pyle, agente da CIA, chega ao Vietname nos anos
cinquenta, do século XX, em plena luta pela independência do domínio
colonial Francês. Aí trava conhecimento com o jornalista Thomas Fowler,
correspondente do Times Londrino, e com Phuong a bela e exótica amante
deste. Mas a beleza de Phuong irá seduir Pyle, arrastá-lo para um
triângulo amoroso e envolvê-lo num crime. O Americano Tranquilo é um dos
grandes romances do século XX.

PELA OBJECTIVA DE J.
VASCO
Eunice Muñoz regressa
a Cascais

Eunice Muñoz regressou este mês ao
Teatro Experimental de Cascais, no ano em que este faz 45 anos de
existência, com a peça “O Comboio da Madrugada”, de Tennessee Williams,
encenada por Carlos Avillez e nunca antes apresentada em Portugal.
Eunice Muñoz que pisou o palco do TEC pela primeira vez em 1967 para
interpretar Fedra, de Jean Racine, ao lado de nomes como Amélia Rey
Colaço, António Marques, Maria do Céu Guerra ou João Vasco, está agora
ao lado da sua neta Lídia Muñoz (20 anos), Pedro Caeiro e Ana Paulla,
entre outros.

Música

PJ Harvey - Let the England shake.
PJ Harvey está de regresso aos discos em 2011 com o novo álbum “Let the
England shake”, o seu oitavo registo de estúdio. Antes do trabalho
chegar às lojas foram editados dois singles, no final de 2010, onde foi
dado a conhecer “Written on the forehead” e, mais recentemente,“The
words that maketh muder”.
Neste novo registo a cantora tenta uma incursão entre o pop rock e os
sons alternativos num ambiente sonoro por vezes carregado e escuro. A
arquitectura das novas canções mostra uma mistura inspirada nos Blues e
um pouco de Folk, numa clara tentativa de explorar novos sons. A
gravação dos novos temas teve a particularidade de ter como estúdio, uma
igreja do século XIX em Dorset, Inglaterra. O novo trabalho tem apenas
letras da própria cantora e conta com um interessante naipe de
colaborações, destaque para o Produtor “Flood”, Mick Harvey e Jonh
Parish. Em breve PJ Harvey regressa a Portugal para mostrar ao vivo os
novos temas em duas actuações agendadas para os dias 25 e 26 de Maio na
Aula Magna em Lisboa. Por cá também há muita ansiedade dos fãs
portugueses para conhecerem ao vivo e a cores as novas músicas da
cantora que promete surpreender com a nova dinâmica dos seus sons.
Destaque para os singles “Written on the forehead”, “The words that
maketh muder” e as faixas “The last living rose” e “All and everyone”.

Adele - 21. Mais uma novidade no
mundo da música que nos chega das terras de sua majestade, trata-se de
21 o novo trabalho de Adele. O cartão-de-visita do álbum é o single
“Rolling in the deep” que continua a ser um dos temas do momento em
vários países incluindo Portugal.
Em alguns países já foi editado o segundo single de “21”, o tema
“Someone like you” que fecha o alinhamento do cd.
As sonoridades das novas canções remetem-nos para uma agradável viagem
entre os Blues, o Rock, o Gospel e Soul. Adele, com apenas 21 anos já
apresenta uma interessante maturidade musical, e mostra uma notável
evolução na forma como se entrega às canções, uma das provas é a forma
como se cola com o som do pianos em alguns temas. É impressionante o
poder vocal da cantora, a sua voz poderá torna-la numa das próximas
estrelas da soul. A produção foi entregue a Rick Rubin, um credenciado
produtor musical que lançou os Florençe and the Machine. Os temas fortes
deste registo são os singles: “Rolling in the deep”, “Someone like you”
e os temas “Rumors hás it” e “Set fire to the rain”.

Bruno Mars - Doo-woops & Hooligans.
Finalmente chegou ao nosso mercado o álbum de estreia de Bruno Mars
“Doo-woops & Hooligans”. O músico Norte-Americano é uma das melhores
revelações na música do ano de 2010. Antes de investir na sua carreira a
solo, Mars participou no tema “Nothing on you” de B.O.B e “Billionare”
de Travie McCoy, e escreveu as letras de “Wavin fleg” de K´nan e “Right
round” de Flo Rida.
O primeiro single foi “Just the way you are”, uma fantástica canção que
colocou o músico na liderença dos top´s em imensos países, por cá o tema
teve também um grande destaque nas nossas rádios. A acompanhar a
promoção do tema surgiu um dos videos mais originais dos últimos tempos,
vale a pena pesquisar e ver o video de “Just the way you are” em que o
músico está muito bem acompanhado!
O segundo single foi dado a conhecer em 2011, trata-se de “Grenade”,
mais um tema que está na rota do sucesso É enorme o talento de Mars na
composição e na interpretação dos seus temas, que abre grandes
expectativas para o futuro do músico. Neste álbum foram convidados para
participar em alguns temas Damien Marley, Cee Lo Green e B.O.B. Os temas
em destaque são os singles “Just the way you are”,”Grenade” e as faixas
“The lazy song” e “Talking to the moon”Trata-se de um disco soberbo,
cheio de boas vibrações

Hugo Rafael
BOCAS DO GALINHEIRO
Documentário José &
Pilar candidato a melhor filme

O filme “José & Pilar”, sobre o
escritor português José Saramago, é candidato a melhor documentário de
2010 pela Academia Brasileira de Cinema, cujos vencedores serão
anunciados em abril no Rio de Janeiro, revelou a produtora Jumpcut.
O filme, do realizador português Miguel Gonçalves Mendes, é finalista do
Grande Prémio do Cinema Brasileiro na área do documentário, ao lado de
quase trinta obras produzidas no Brasil.
“José & Pilar” é uma co-produção entre Portugal, Espanha e Brasil, neste
caso com produção da O2 Filmes, do realizador Fernando Meirelles.
O documentário acompanha dois anos de vida do Nobel da Literatura José
Saramago por ocasião da escrita e lançamento do romane “Viagem do
Elefante”, mas é também um retrato afectuoso da relação do escritor com
a mulher, a jornalista Pilar del Río.
Entre os candidatos a melhor documentário está também “Acácio”, de
Marília Rocha, sobre o etnólogo português Acácio Videira e a mulher, que
se mudaram para o Brasil depois de vários anos de recolhas e registos
culturais em Angola e em Portugal.
Os vencedores serão conhecidos a 05 de abril no Rio de Janeiro.
“José & Pilar” está há 13 semanas em cartaz nos cinemas portugueses e
soma cerca de 20.000 espetadores.
Na Mostra de Cinema de São Paulo arrecadou o Prémio do Público.
O filme já esteve em destaque na homenagem efetuada a José Saramago que
terminou, no passado dia 18 em Barcelona .
O filme foi projetado na Universidade Autónoma de Barcelona (UAB), num
ato organizado pela Cátedra José Saramago do Instituto Camões de
Barcelona, onde a comunidade académica encheu a sala e teve a
oportunidade de conversar com o realizador e com a protagonista sobre o
documentário.
Miguel Gonçalves Mendes confessou que “ninguém” esperava o sucesso que o
documentário teve no Brasil e em Portugal. No Brasil passou em 19 salas
de 11 cidades onde foi visto por 40 mil espetadores. Em Portugal
totalizou 20 mil.
É um orgulho para o realizador do filme recentemente candidato a melhor
documentário de 2010 pela Academia Brasileira de Cinema que seja o
“filme português mais visto no Brasil”.
Pilar del Rio chamou a atenção para a “falha dos distribuidores e
exibidores espanhóis”, pois o filme na Catalunha, por exemplo, só teve
direito a uma semana de estreia no cinema Verdi, em Barcelona e não está
em muitas salas de cinema.
Na sessão de exibição foram lidos, por alunos da Faculdade, textos de
Saramago em nove línguas: português, castelhano, alemão, francês, árabe,
inglês, italiano, russo e japonês.
Pilar del Rio disse que no dia 18 de março, quando se completarem nove
meses sobre a morte do Nobel, será aberta a Casa Museu de Lanzarote,
antiga residência do casal no arquipélago espanhol das Canárias.
Deste modo pretende pôr em prática a passagem do texto do livro “O ano
da morte de Ricardo Reis”, onde o escritor coloca na boca de Fernando
Pessoa que se demora nove meses a sair do ventre materno e nove meses
para se ser esquecido.
Também adiantou que no dia 18 de junho, quando passar um ano sobre a
morte do escritor, as suas cinzas serão colocadas em frente à Casa dos
Bicos, em Lisboa, que funcionará como uma “casa de cultura”.

Luís Dinis da Rosa
com Joaquim Cabeças
Texto escrito segundo o novo acordo
ortográfico
PROJECTO COMENIUS
Caramulo na Húngria

No âmbito do Projecto Europeu Comenius,
que visa desenvolver o conhecimento e sensibilizar os jovens para a
diversidade e para o valor das culturas e das línguas europeias, a
Escola E,b 2,3 do Agrupamento de Escolas do Caramulo, participou, no
passado dia 11 de Janeiro na cidade de Orosháza, no sul da Hungria, numa
reunião com o objectivo da elaboração de um projecto multilateral.
A escola foi representada pelas docentes o as docentes Isabel Firme e
Rosa Fernandes, e o projecto conta com a parceria de 5 países europeus:
Portugal, Hungria, Bulgária, Itália e Espanha. O objectivo passa por
incentivar a aprendizagem de línguas estrangeiras através da troca de
experiências e tradições, de materiais, de métodos pedagógicos e
práticas inovadoras, e do intercâmbio de alunos e professores entre os
países parceiros.

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