QUANDO O ORDENADO VAI
PARA OS LIVROS
Dinheiro do estudo
está caro

O início do novo escolar é encarado por
muitas famílias como uma grande dor na conta bancária. Para muitas, 600
euros não chegam para a aquisição de manuais escolares e o restante
material necessário. Mesmo com as campanhas promocionais, há famílias
que são obrigadas a gastar o ordenado nos livros, nos cadernos e nos
lápis.
O Ensino Magazine fez as contas para uma família que tenha dois filhos,
um a estudar no 7.º ano, e outro no 10.º. Só para os manuais escolares
são necessários cerca de 500 euros. “Esse valor pode ser até superior,
pois as editoras lançaram também conteúdos em cd para computador, pelo
que quem optar por levar também os esse material pagará mais cerca de
150 euros por ano lectivo”, refere Paula Ribeiro, da Livraria A Mar
Arte.
No que respeita ao preço dos livros, Paula Ribeiro revela que eles
variam entre os 45 e os 50 euros (para os três livros do 1.º ciclo),
entre os 130 e os 160 euros (para os cinco livros obrigatórios do 2.º
ciclo), entre os 190 e os 250 euros (para o sétimo ano de escolaridade),
200 euros (para 8.º e 9.º anos), 250 euros (para 10.º e 11.º anos) e os
150 euros (12º ano - aqui são apenas quatro livros).
Se aos 500 Euros juntarmos todo o restante material didáctico, a soma
sobe consideravelmente. É que cada um dos filhos necessita de cadernos,
de canetas, lápis, borracha e mochilas. Para aquele material há várias
opções. As grandes superfícies lançaram campanhas, onde surgem os kits
escolares económicos. A partir de 8 euros é possível adquirir uma
mochila, três canetas, 12 lápis, corrector, duas canetas de sublinhar,
12 canetas de feltro, tesoura, borrachas, estojo, fita cola e um
caderno. A conta subirá, porque um caderno não chega para quem estuda a
partir do 2.º ciclo. Aí é conveniente ter um caderno para cada
disciplina, pelo que há que multiplicar o valor do caderno escolhido
pelo número de disciplinas. Neste caso há cadernos desde cerca de 1 euro
até aos 4 euros.
É evidente que na entrada do novo ano lectivo todas as contas são
preciosas, mas muitas vezes cede-se à vontade dos filhos e em vez dos
kits económicos a opção vai para outros materiais. Por exemplo, as
mochilas escolhidas são as que estão na moda, de acordo com a faixa
etária e aí os preços podem chegar aos 50 euros. O mesmo sucede com todo
o restante material escolar que fora desses pacotes económicos
apresentam preços mais elevados.
Prosseguindo as contas da família com os dois filhos, e tendo em
consideração que são pelo menos necessários em média 8 cadernos para
cada um dos filhos, obtemos um total de mais 46 euros, aos quais se
juntará ainda o valor dos lápis, canetas, borrachas e todo o outro
material indispensável, numa média de mais 10 euros.
A soma vai, portanto, em 606 euros (500 euros de livros + 46 euros de
cadernos +10 material diversos como canetas, borrachas etc + 50 euros
das mochilas). É óbvio que é possível fazer uma redução neste orçamento
se se optar exclusivamente pelo pacotes económicos (só aqui é possível
poupar 30 ou mais euros nas duas mochilas/troleys).
Aquele valor médio pode ainda ser aumentado, caso sejam necessários
noutros materiais didácticos, como uma gramática (12 Euros) e os
dicionários de língua estrangeira e portuguesa (19,70 Euros + 35 Euros),
o que aumentará a conta para 672,7 euros. À parte deste material, há
ainda quem não abdique de comprar livros de apoio, onde surgem o resumo
das matérias e exercícios e cujo preço varia entre os 16 e os 20 Euros.
Em suma, aquela família, que possui dois filhos a estudar terá que
desembolsar cerca de 700 euros no início de Setembro.
Mas o sector da informática deve ser tido em conta. Hoje em dia, muitos
dos trabalhos escolares exigem pesquisas na internet e até uma
apresentação mais evoluída do que os tradicionais manuscritos. Ter um
computador em casa acaba por constituir uma necessidade e para muitas
famílias o recurso ao crédito é uma opção. Por exemplo um computador
razoável poderá custar cerca de 600 euros. 
Joanete Gonçalves Penedo
NO ARRANQUE DO ANO LETIVO
Aldeias tentam fintar
a desertificação

Quando até a orquestra juvenil começou a
ter músicos adultos, o presidente da Junta de Vale da Pinta, no Cartaxo,
percebeu que era necessário investir em medidas para convencer os jovens
a ficar na freguesia, cada vez mais envelhecida.
Nos últimos anos, a Junta remodelou a escola da terra, que cresceu das
habituais duas para três turmas, “porque as condições escolares são boas
e estão a atrair crianças de outras freguesias próximas”, afirmou o
autarca, Fernando Ramos (PS).
Junto à escola foi criado um museu escolar, com uma biblioteca e um
espaço de internet. Em fase de conclusão está um complexo de piscinas de
água natural e, desde este ano, há um cheque de 500 euros para cada
criança nascida na freguesia.
“Tinhamos um ou dois nascimentos por ano e este ano já vai nos quatro.
Até 2013 vou fazer tudo para manter este apoio e pensamos que assim vai
ser possível aumentar talvez três vezes os nascimentos”, disse,
salientando que o objetivo é “criar qualidade de vida, para que os
casais jovens tenham condições para preferir” morar ali.
No entanto, segundo especialistas em movimentos populacionais, estas
medidas podem ser insuficientes para travar o fenómeno de atração que as
cidades exercem sobre as populações rurais.
“Inevitavelmente, as aldeias começam a esvaziar-se pela população ativa,
por aqueles que não se sujeitam às incertezas da vida rural, que vão
constituir famílias noutros sítios ou que, se têm filhos pequenos, os
levam consigo”, disse Francisco Manuel Lopes (PSD/CDS), autarca de
Lamego, o concelho onde mais escolas encerraram este ano.
Assim sendo, o abandono das freguesias rurais não começou pelas escolas:
“Toda a gente quer um trabalho mais certo, um trabalho por conta de
outrem, preferencialmente na administração pública, que lhe dê um
rendimento certo ao fim do mês e isso é que está a matar as nossas
aldeias. Essa é a grande dificuldade que não conseguimos ultrapassar”,
acrescenta.
Francisco Lopes acredita que os novos centros escolares vão
“verdadeiramente democratizar a escola”, porque “oferecem a todas as
crianças de um determinado concelho iguais condições de ensino ou de
aprendizagem”.
“Se um casal jovem viver numa aldeia, mas trabalhar na cidade, vai por
os filhos a estudar na cidade. As pessoas percebem que há diferenças de
todo o tipo: na vivência das crianças, nos apoios complementares, nos
programas pedagógicos”, considera. Irene Barata (PSD), a autarca de Vila
de Rei que há anos tomou a polémica decisão de recrutar jovens casais
brasileiros para a sua terra, considera que o encerramento de escolas é
mais uma acha para a fogueira na desertificação do interior.
“As pessoas não têm aqui os serviços que precisam e procuram ir embora.
Por essa razão, há menos postos de trabalho. Logo, mais pessoas vão
embora”, explica.
Esta autarca defende a descentralização de serviços, exatamente o
contrário do que está a ser feito.
“Centralizar tudo em Lisboa é um erro. Daqui por meia dúzia de anos está
tudo lá e o resto do país deixa de existir”, disse salientado que falta
uma política de equilíbrio no país, com a “descentralização para as
autarquias de uma série de serviços” que não se justificam na capital.
Caso isto não aconteça, segundo a autarca, “quase que podemos fechar o
resto do país”.“Ficam cá só os bichinhos, ficam as estradas para as
pessoas visitarem os bichinhos e mais nada. Isto vai virar um deserto”,
considera.
Só no próximo ano letivo não vão funcionar 701 escolas do 1.º ciclo do
ensino básico ao abrigo do programa de reordenamento da rede escolar
anunciado em Junho pelo Ministério da Educação. 
Texto escrito ao abrigo do novo
acordo ortográfico
http://patrimonio89.blogspot.com/2009/11/escola.html
ESCOLAS APREENSIVAS
Estatuto do Aluno
publicado no DR
O novo Estatuto do Aluno foi publicado em
Diário da República, mas, segundo os diretores escolares, os
estabelecimentos de ensino não têm tempo de adaptar os respetivos
regulamentos internos até ao início das aulas.
De acordo com as associações de diretores são necessários dois a três
meses para concluir o processo.
Em agosto, ainda antes da promulgação do diploma pelo Presidente da
República, Cavaco Silva, a Associação Nacional de Dirigentes Escolares
(ANDE) alertou que para entrar em vigor no ano letivo que se aproxima, o
documento devia ter chegado às escolas até ao final de maio para haver
“um prazo razoável” para adaptação às novas orientações.
É que as alterações ao regulamento interno precisam de parecer do
Conselho Pedagógico e aprovação do Conselho Geral.
Também a Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas
Públicas (ANDAEP) estimou que o processo só esteja pronto no final do
primeiro período.
O ano letivo arranca entre 08 de 13 de setembro no ensino pré-escolar,
básico e secundário.
O novo estatuto acaba com as provas de recuperação, realizadas até à
data pelos alunos com excesso de ausências, volta a fazer a distinção
entre faltas justificadas e injustificadas e reduz os prazos dos
procedimentos disciplinares.
O diploma foi aprovado em votação final global no Parlamento a 22 de
julho, com os votos favoráveis de PS e CDS/PP e contra dos restantes
partidos. 
Texto escrito ao abrigo do novo
acordo ortográfico
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