QUATRO RODAS
Tecnologia Trabant

Quem parte e reparte e não fica com a
melhor parte, ou é burro ou não tem arte. Foi o que aconteceu no final
da segunda guerra mundial quando os Soviéticos chegaram primeiro a
Berlim. A capital alemã então foi dividida em quatro sectores ficando os
soviéticos com a parte monumental e industrial que mais tarde deu origem
à Republica Democrática Alemã (RDA).
De pouco lhes valeu. Dos monumentos pouco restou, estando os principais
como o palácio imperial, ainda hoje a aguardar restauro.
Quanto à zona industrial também não houve grande aproveitamento. Para o
provar temos o protagonista da nossa crónica de hoje, que embora não
fosse fabricado na capital alemã, demonstra o que acabei de referir.
Vamos “falar” do Trabant, também conhecido por Trabi. O Trabant nasceu
para ser o carro do regime da antiga RDA, espelhando o que do outro lado
do muro se passava com o famoso carocha, que ia cumprindo o seu desígnio
de “carro do povo”.
Foi em 1957 que saiu da fábrica da empresa Sachsenring em Zwickau o
primeiro modelo, o P50, com motor de 500 c.c. que funcionava “a mistura”
e tinha uma carroçaria de plástico. Num país onde não havia importações,
este carro teve muita procura mas era rateado pelas regras que imperavam
na RDA. Produzido num país de economia planificada, o Trabant chegou a
ter uma lista de espera de 15 anos. Esta situação provocava uma inversão
dos valores do mercado fazendo com que os veículos em segunda mão
tivessem o dobro do valor relativamente aos que acabavam de sair da
fábrica. Muitas pessoas, aproveitando esta situação, encomendavam dois
veículos à fábrica e quando os recebiam vendiam um deles, recebendo
dessa venda, dinheiro suficiente para pagar os dois novos.
Outra curiosidade tem a ver com o tipo de plástico que foi usado na
carroçaria, muito difícil de reciclar. Foi mesmo necessário desenvolver
um fungo para resolver esse problema.
Continuando a história do nosso Trabi, este sofreu a sua primeira grande
evolução em 1962 com o P60 e dois anos depois o P601. Do motor “a
mistura” ainda se evoluiu para motores Fiat e VW, mas a queda do muro
cilindrou as eventuais pretensões de sobrevivência deste Automóvel.
Depois da reunificação os alemães de leste puderam comparar a sua vida
com a dos seus concidadãos ocidentais e no que respeita aos automóveis,
ficaram envergonhados com o carro que tinham. Por essa razão, quase
todos, foram literalmente abandonados nas ruas pelos seus proprietários.
Assim a produção deste automóvel foi encerrada em Abril de 1991 depois
de produzidos mais de 3 milhões de unidades, algumas delas exportadas
para a Holanda e Bélgica. A empresa Sachsenring substituiu depois de
reconvertida.
Hoje, os Trabant são uma atracção e passeiam pelas ruas de Berlim os
turistas que os fotografam cheios de curiosidade. O valor destes
automóveis começa também a ter alguma importância no mundo do
coleccionismo.
Para recordação fica a gravação de alguns vídeos no YouTube, sobre a
forma expedita como os mecânicos tratavam os carros na linha de
montagem. Pode espreitar em
http://www.youtube.com/watch?v=tRX7E0yZxh0 .

Paulo Almeida
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