PRÉMIO DE MÉRITO ENSINO
MAGAZINE
Aluno de Leiria estuda
na China

João Teixeira foi um dos estudantes que,
no último ano lectivo, receberam um dos prémios de mérito do Ensino
Magazine, no valor de 500 euros. A frequentar o curso de Tradução e
Interpretação de Portruguês-Chinês e Chinês-Português, João Teixeira foi
um dos melhores alunos do IPL no último ano lectivo, estando neste
momento a estudar na China. Em entrevista ao Ensino Magazine explica as
mais valias de ter ido até ao Oriente e a satisfação por ter ganho o
prémio do nosso jornal.
É um dos melhores alunos de um curso
inovador em Portugal. O que é que o levou a escolher essa formação?
Para ser sincero, a princípio a oportunidade de viajar e viver no
extremo oriente e o facto de poder experienciar toda essa cultura tão
distante e tão diferente, começando por Macau (no 2º ano do curso) e
depois Beijing (no 3º ano, que frequento agora), eram os factores mais
aliciantes. Porém, não o faria por essas razões, qualquer que fosse o
curso. Neste caso, aliando todo esse sonho de aventura à possibilidade
de aprender uma língua cuja importância no mundo tem vindo a aumentar
exponencialmente e que me poderá “abrir portas” no futuro - futuro este
que se tem mostrado muito difícil para os recém-licenciados - a decisão
de ingressar neste curso foi fácil e rápida.
O facto de estudar na China, que
mais valias lhe está proporcionar?
As mais valias de estudar na China são tremendas. Eu sou da opinião que
para estudar uma língua estrangeira é muito importante fazê-lo num país
em que essa seja a língua oficial. Só com a prática diária se pode
verdadeiramente aprender uma língua e, se no caso da língua inglesa isso
não é assim tão relevante (pelo fácil acesso a materiais de estudo que
permitem a prática diária, como livros, revistas, jornais, música,
filmes, etc., e a pessoas com quem praticar: amigos, colegas, turistas,
etc.), no caso da língua chinesa é-o de facto. Acredito mesmo que, para
se ser fluente em chinês (mandarim), estudar e viver na China durante
alguns anos é fundamental.
Na sua perspectiva que diferenças
encontra entre o ensino na China e em Portugal?
As diferenças entre o ensino na China e em Portugal são muito grandes.
Não esquecer que apenas me refiro ao nível universitário, aquele que
estou a frequentar.
O ensino na China é mais exigente (por exemplo, para ser aprovado a uma
disciplina são necessários 12 valores, não apenas 10 como em Portugal);
é mais metódico, o que no caso particular do ensino de chinês a
estrangeiros, devido a anos de desenvolvimento, está muito bem definido
e produz excelentes resultados; provê um apoio real dos professores aos
alunos, com vista ao sucesso escolar dos mesmos, o que, infelizmente,
muitas vezes não sucede em Portugal. No entanto, tem um lado menos bom,
sendo este que o ensino na China esta vocacionado para a memorização das
matérias, para a mecanização do raciocínio, e menos para o pensamento
intuitivo, aventureiro, descobridor… se bem que no caso específico da
aprendizagem do mandarim a fórmula não seja de todo má, antes pelo
contrário.
Depois de concluir a licenciatura,
qual é o passo seguinte? Mercado de Trabalho? Mais formação?
Essa questão há muito que é tema de conversa entre os que aqui estão a
estudar chinês, mas ainda não existe uma resposta concreta.
Posso dizer que, pela minha experiência até ao momento, para se ser
tradutor de português-chinês, ou melhor, para se saber suficiente de
chinês para se poder ser tradutor de chinês, mais formação não é
opcional, é fundamental. A língua chinesa exige bastantes anos de estudo
e, por melhor que um curso seja, quatro anos muito dificilmente são
suficientes.
No meu caso, posso acrescentar que mais formação será o mais provável,
mas quando, como e onde, não sei. Há várias possibilidades, algumas
interessantes, como o mestrado que o IPL estará para abrir, se bem que é
cedo para uma decisão, pois ainda tenho o quarto e último ano, que
decorrerá em Leiria, para reflectir sobre o assunto.
Como é que a sua família reagiu ao
facto de ir estudar para a China?
Bastante bem, melhor do pensava. É bom não esquecer que quando entrei
para o curso não tinha acabado de sair do ensino secundário, ou acabado
de fazer 18 anos. Quando ingressei já tinha 24 anos e alguma maturidade
e experiência na mochila. Este curso não é apenas inovador tanto em
Portugal como no resto da Europa; é também visionário, atento a um mundo
cada vez mais próximo, no qual a China acabará por tomar o lugar de
maior superpotência e onde o domínio do mandarim será uma clara mais
valia. Se a isto juntarmos a dificuldade em arranjar emprego nos dias
que correm, a escolha de frequentar o curso parece muito acertada. Com
tudo isto, a reacção da minha família e dos meus amigos foi a que
esperava, apoio total e incondicional.
O que é que significa para si ser
distinguido com o Prémio de Mérito do Jornal Ensino Magazine?
Orgulho. Receber este prémio foi o culminar de um grande ano académico.
Tudo correu bem. A mudança do Porto para Leiria foi menos custosa do que
imaginava, tendo-me adaptado rapidamente. O interesse pelo mandarim
surgiu do nada mas nunca mais parou de crescer. Fiz alguns bons amigos.
Tudo correu muito bem. Gostaria só de lembrar uma pessoa muito especial
e agradecer-lhe, porque sem ela jamais teria tido o sucesso que tive e,
consequentemente, não teria sido distinguido com este prémio. Obrigado
Tián Yuán.

FERNANDO PÓVOAS, EM
ENTREVISTA
Médico de Corpo e Alma

O mais recente livro de Fernando Póvoas
tem a palavra sucesso impressa na capa, e promete saúde e beleza aos
portugueses. Em entrevista ao Ensino Magazine, o médico fala do livro
Emagrecer com Sucesso, resultado de uma experiência de mais de 20 anos
na área de nutrição, de dúvidas e erros alimentares, e da importância
maior de ouvir e compreender a história de cada homem e cada mulher que
procuram a sua ajuda nas consultas.
Vice-presidente do Futebol Clube do Porto, não esquece os anos como
médico do clube e como as preocupações alimentares dos jogadores foram
motivação para a sua carreira. As preocupações do homem e do médico não
se esgotam com as pessoas, e o curso de ginecologia-obstetrícia que
trocou por medicina desportiva e pelo Futebol Clube do Porto é agora
aplicado com os muitos animais que tem, e que gosta de ver nascer.
Emagrecer com Sucesso, chancela da
(Esfera dos Livros) é o seu mais recente livro. Qual é o factor
determinante para emagrecer com sucesso?
Emagrecer com Sucesso relata a experiência de 20 anos nesta área e é a
capacidade de cultivar as pessoas para uma dieta. A prescrição de uma
dieta pouco rígida, fácil de fazer nos dias de hoje, dias stressantes e
com pouco tempo, e o conseguir também cultivar as pessoas para um certo
estilo de vida. O sucesso de tudo isto depende da capacidade do médico
saber ouvir. Muito mais importante que um bom medicamento é saber ouvir,
ter tempo para perceber quais foram as causas que levaram aquela mulher,
ou aquele homem, a aumentar uns quilos. Não será concerteza a base de
qualquer consulta, mas é a base do sucesso de uma consulta de obesidade.
Quais são os principais erros
alimentares cometidos pelos portugueses?
Os principais erros alimentares dos portugueses passam por não respeitar
os horários das refeições, saltar as horas das refeições, muitas vezes
saltam e dizem “comi muito pouco ao almoço”, ou “até nem almocei” e
depois no jantar comem quase a comida de um dia numa refeição, e sempre
na pior refeição, o jantar. Esquecerem-se da necessidade que há em fazer
pequenas refeições intercalares, comem poucos legumes, exageram na
carne, bebem pouca água, exageram no álcool, e fundamentalmente também
são demasiadamente sedentários, mexem-se muito pouco. Arranjam mil e uma
desculpas para não fazer exercício, e sempre, ou quase sempre, porque
tem falta de tempo.
O ritmo das sociedades modernas
permite ter uma alimentação equilibrada?
As sociedades modernas são terríveis. A velocidade com que se vive, e as
exigências hoje do dia-a-dia dificultam uma alimentação equilibrada e
variada. A mulher que antigamente era dona de casa, mãe, amante,
professora, acompanhava os filhos nos trabalhos de casa, hoje já não
existe, praticamente está extinta. A mulher tem de ser tudo isto, mas
também tem de trabalhar, então sobra-lhes muito pouco tempo para pensar
no quadro alimentar para a semana. Chega tarde a casa, já tem os filhos
e o marido sentados no sofá em frente à televisão, a pedir que querem
comer. Então o que é que elas fazem? o mais fácil e mais rápido é fazer
fritos - os fritos são muito mais calóricos, mais ricos em gordura. Ou
então para ser mais prático, e para todos ficarem felizes, manda vir uma
pizza, ou comida pré-fabricada de fora. Tem todos os “convenientes”, nem
suja tantos pratos e é uma alegria para casa. Estes são erros que os
portugueses fundamentalmente vão cometendo, e a curto prazo vamos ter
crianças mais gordas, adultos mais obesos.
A grande motivação para uma dieta
passa mais pelo factor estético, ou porque existe uma preocupação com a
saúde?
Ambos são verdadeiros. Os homens vem mais à consulta porque já estão
diabéticos, são hipertensos, ou porque o vizinho de cima morreu de
enfarte de miocárdio. As mulheres porque a sociedade faz algum desgaste
emocional, a ditadura da beleza. Hoje as mulheres têm de ser esbeltas,
altas, bonitas e bem-vestidas, e quem não estiver dentro desses padrões,
está fora do álbum. O que é extremamente injusto e ridículo. Aos homens
ainda toleram a barriguinha, às mulheres já não toleram. As mulheres vão
muito por problemas estéticos, porque a sociedade assim obriga, e porque
as amigas estão sempre a lembrar “Estás mais gordinha”, - mas se estiver
mais magra também dizem «toma cuidado, estás magra de mais».
O problema da obesidade, para além do problema estético, que não deixa
de ser, é um problema de saúde. A obesidade arrasta muitas doenças,
problemas de tensão, diabetes, Acidentes Vasculares Cerebrais, que são
hoje uma das causas principais de morte e de invalidez.
Quais são as grandes dúvidas que os
seus pacientes levam para as consultas?
Há muitos mitos e muitas coisas consideradas verdadeiras que são falsas
e falsas que são verdadeiras. Uma delas é se devem beber muita água,
qual a quantidade de peixe que devem comer, se devem tirar a batata, a
massa, e o arroz, da alimentação o que é completamente errado, porque
também fazem falta. Há alimentações extremamente restritivas e punitivas
que depois não conseguem manter durante muito tempo. Quantas peças de
fruta é que podem comer por dia, quais as frutas que devem comer por
dia, se o café engorda ou não engorda, se o chá verde é bom para
emagrecer. Há um certo número de perguntas que me fazem todos os dias e
que o livro transmite. Por isso dividi o livro em três partes
importantes. Uma é a desmistificação dos mitos que existem na obesidade,
dos lights, dos diets etc; outra parte do livro, que me deu algum gozo
fazer, foi a das histórias verídicas. Tenho lá 20 ou 30 histórias reais,
apenas com nomes fictícios. São histórias que se repetem quase
diariamente, em que muitas pessoas vão ler e dizer “eu sou a Bárbara”,
“eu sou o Vasco”, “eu sou a Maria”. A história está escrita numa página
só, e depois tem a vantagem de no fim da história dizer quais são as
causas porque esta Bárbara, esta Maria, teve aumento de peso. Depois tem
outro item que diz quais são as funções para combater este aumento de
peso. São dicas para ajudar a que essas funções sejam mais fáceis e
tenha prémio incorporado. O emagrecimento se não tiver prémio ao fim de
uma semana, ao fim de 15 dias, as pessoas desistem com facilidade se não
houver resultados imediatos, porque já estão a fazer uma “dieta
injusta”.
Foi Médico e é vice-presidente do
Futebol Clube do Porto. Que memórias guarda como médico do clube?
Fui médico do Futebol Clube do Porto durante 21 anos. Como médico ligado
ao futebol sénior e ao futebol júnior grandes jogadores passaram por
mim, e foi aí que comecei a ter uma das principais motivações
relacionadas com a alimentação dos atletas. Para as boas performances
dos atletas não chega só um bom índice físico, também é preciso uma boa
alimentação, para antes dos jogos, para depois dos jogos, durante os
Prémios. Aprendi alguma coisa sobre alimentação; Fui tirar o curso.
Recordo muitas vitórias, estágios divertidos com os jogadores, que são
sempre gente jovem com um grande espírito de brincadeira. Fiz bons
amigos até hoje, e alguns de antigamente são meus sócios, é o caso de
Vítor Baía. Somos sócios em várias lojas, temos coisas em comum, e vi-o
crescer. O Vítor Baia e o Domingos chegaram ao Futebol Clube do Porto
tinham eles 13 anos e somos amigos até aos dias de hoje. Passamos fins
de semana juntos, passamos férias juntos, e já lá vão mais de 20 anos.
Um Futebol de aprendizados. Tenho amigos em todos os clubes, e tenho
muito gosto em dizer «tenho amigos em todos os clubes», é com muita
estima.
Como começa a história do amor pelos
animais?
Sempre em minha casa se gostou muito de animais, sempre tivemos animais.
Eu gosto muito de ver nascer. Uma das minhas frustrações foi exactamente
estar a tirar a especialidade ginecologia-obstetrícia e deixar a meio
por causa de medicina;
desportiva, do Futebol Clube do Porto. Deixei de fazer partos que era
das coisas que mais gostava. Hoje tenho a possibilidade de ajudar os
animais que posso. Vê-los nascer, criá-los, dar-lhe uma boa alimentação.
Tenho uma cerva grávida, tenho muitos cangurus bebés, muitos mais a
criarem, e fico feliz de eles nascerem e ver aquele carinho que os pais
têm pelos filhos. Podia-me dar para pior, mas é um hobby extremamente
gratificante e nunca mais acaba. Tenho os animais que tenho, mas não
tenho a colecção completa. Tenho cerca de seiscentos animais mas
faltam-me muitos. Arranjo energia para a semana quando estou com eles, e
o carinho que me dedicam, e a memória que eles têm, são de modo geral
muito gratificantes.
Houve algum caso clínico que o tenha
marcado em particular?
Na minha vida profissional há muitos caso que me marcaram. Em cada
doente há um amigo, e todos aqueles a quem melhorei a sua auto-estima, a
sua saúde, são pessoas importantes. Mas há sempre um que não esquece,
por exemplo a minha primeira doente, que foi grande motivação para
entrar no mundo dos gordos. Era médico no Centro de Saúde de São Pedro
da Cova e ela era uma doente muito deprimida, jovem, nunca tinha
arranjado namorado, tinha 114 quilos, não gostava dela, e de ninguém,
isolava-se, veio pedir ajuda. Naquela altura o que fazíamos era passar
um C1, mandar para o hospital, e esperar uma cirurgia 2 ou 3 anos. Como
era muito tempo de espera resolvi receitar-lhe uma dieta, um plano
alimentar e uma medicação para ajudar. Depois foi muito gratificante,
para além de vê-la passar dos 114 quilos para os 70 quilos, a evolução
que ela foi tendo. Começou a gostar mais dela, a ajeitar-se, a ir ao
cabeleireiro, a vestir-se com mais gosto, a usar roupas mais justas, a
usar mais mini-saia, e finalmente arranjar um namorado. Hoje é minha
paciente, já é mãe de 2 filhos e é uma mulher feliz, completamente
diferente daquela mulher que eu conheci há 15 anos. Estava mal com ela,
estava mal com a anatomia dela e hoje é uma mulher feliz e com outra
imagem.
Um conselho de nutrição...
Ensinem os vossos filhos a gostarem de legumes.

Eugénia Sousa
Direitos Reservados
|