Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano XIII    Nº145    Março 2010

Cultura

GENTE & LIVROS

Jerry Scott e Jim Borgman

Jerry Scott nasceu em South Bend, Indiana. Criou com Rick Kirkman a banda desenhada Baby Blues e com Jim Borgman, Zits. Venceu o Prémio Best Comic Strip Award, pela banda desenhada Baby Blues, do The National Cartoonist Society, em 1995. Em 2001 venceu o Prémio para melhor cartoonista atribuído pela National Cartonist`s Society. Gumdrops e Nancy são outros dos seus trabalhos.

Jim Borgman nasceu em Cincinnati. Ganhou o Pulitzer Prize em 1991 pelos cartoons publicados no jornal Cincinnati Enquirer, e foi o único cartoonista a conseguir por cinco vezes o NCS`s Best Editorial Cartoonist Award; Venceu o Reuben Award for Outstanding Cartonist of the Year, em 1993.

Numas férias no Arizona, Borgman conhece Jerry Scott e Scott tem a ideia de criarem juntos um cartoon sobre a vida de um adolescente. O adolescente chamar-se-ia Jeremy Duncan. Começaram os Zits em 1997, com Borgman a desenhar e Scott a escrever.

Zits venceram por duas vezes o Prémio para o melhor cartoon de 1998 e 1999, da National Cartoonist`s Society, já apareceram em mais de 1500 jornais e foram traduzidos para várias línguas. Em Portugal tem a chancela da Editora Gradiva e já vão no 14º álbum.

Jerry Scott vive na Califórnia, e Jim Borgman em Cincinnati, onde continua a fazer cartoons para o Cincinnati Enquirer.

Zits. Jeremy Duncan, como todos os adolescentes é um “extra-terrestre” e só consegue comunicar com os da sua espécie, ou seja, outros adolescentes. Irónico, sarcástico, divertido, tem uma banda chamada Goat Cheese Pizza, e uma namorada de infância, a Sara. Segundo filho de uma família altamente funcional, queixa-se com frequência que a normalidade da família, e a ausência de sofrimento, o impedem de ser criativo, e tocar Blues. Gosta de música, estar com os amigos, - sobretudo o Hector e o Pierce, - comer muito e arreliar os pais em grandes doses. Ora de bom-humor, ora de mau humor, Jeremy é o jovem que todos os pais querem, ou não, ter em casa.

Eugénia Sousa

 

 

 

LIVROS

Novidades literárias

Europa-América. A Caminho de Kandahar - Viagens através do conflito no Mundo Islâmico, de Jason Burke. No Verão de 1991 Jason Burke partia para o Iraque para se juntar aos guerrilheiros Curdos. Iniciava assim a viagem que o conduziria por vários países e ao coração do Mundo Islâmico. O autor, chefe de reportagem do Jornal Observer, assina este extraordinário trabalho de reportagem.
 

Guerra&Paz. O Romance Ilegal do Sr. Rodolfo, de António Eça de Queiroz. Rodolfo, um excêntrico especialista em arte e antiguidades é detido no aeroporto de Lisboa como traficante de esmeraldas. No seu caminho hão-de cruzar-se um inexperiente procurador do Ministério Público, uma mulher misteriosa, e um tal Dr. Damião S. Sampaio, para quem sobrará uma valiosa lição de vida.
 

Alfaguara. Precious – A Força de uma Mulher, de Sapphire. Precious Jones tem 16 anos e está grávida do segundo filho. Mesmo num lugar de dura sobrevivência como o Harlem ela consegue encarnar todo o sofrimento da existência feminina: é negra, pobre, obesa, analfabeta, e está só. Violada pelo pai, que é também o pai dos seus dois filhos, a mãe explora-a impiedosamente. Neste cenário de extrema crueldade Precious encontrará esperança nas palavras que aprende.
 

Oficina do Livro. Deixei-te o Sorriso em Casa, de António Santos. Na vila Templária todos conhecem o amor de Nuno por Isabel e acreditam que estão destinados um ao outro. Mas a felicidade deles é abalada com o aparecimento de um feiticeiro que perdeu o sorriso, um tio desaparecido nas cerimónias de Fátima, e uma estranha tertúlia num restaurante madrileno.
 

Estrela Polar. A Filosofia Segundo Woody Allen, com coordenação de Mark T. Conard e Aeon J. Skoble. 15 ensaios sobre os filmes e os escritos de Allen, a pensar nos filósofos profissionais, e também nas pessoas comuns com inclinações filosóficas. Pois como afirmam os autores, na Introdução: « A Filosofia da Universidade não é para toda a gente: Woody Allen observa que foi expulso do seu exame de Metafísica por copiar - « olhou para a alma do rapaz que estava sentado ao seu lado».
 

Gótica. Shutter Island, de Dennis Lehane. Verão de 1954. O US Marshal Teddy Daniels é enviado para investigar o desaparecimento de uma assassina, da instituição psiquiátrica criminal de Shutter Island. Este não é o maior mistério da ilha, as práticas médicas não autorizadas levantam todas as suspeitas. Afinal, o que esconde Shutter Island?
 

Esfera dos Livros. D. Amélia, de Isabel Stilwell. D. Amélia de Orleães e Bragança era uma mulher marcada pela tragédia ao embarcar para o exílio, em Outubro de 1910. Os tempos felizes da sua vinda para Lisboa, e do casamento com D. Carlos, estavam definitivamente afastados. O amor do povo e do marido, perdia-se com as críticas de uns e a traição do outro, e o mais duro dos golpe seria o assassinato do rei, e do filho, o herdeiro D. Luís Filipe.
 

D. Quixote. Osso a Osso, de Carol O`Connell. Na cidade de Coventry, no Norte da Califórnia, Josh, um rapaz de 15 anos desaparece misteriosamente. 20 anos depois, Oren, o irmão mais velho, e um ex-investigador criminal do Exército, regressa àquela cidade. Alguém está a deixar os ossos de Josh, um a um, à porta da casa dos pais e Oren irá descobrir a verdade por detrás daquele crime.
 

 

 

PELA OBJECTIVA DE J. VASCO

Março: mês das mulheres

Continuam as manifestações referentes ao Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social. Por toda a Europa a visibilidade da pobreza e exclusão no feminino é o objectivo. Por cá as acções a desenvolver serão coordenadas pela Comissão para a Igualdade de Género.

 

 

 

Música

Timbaland - Shock Value II. Timbaland é um dos produtores mais credenciados dos últimos anos no universo pop, ele assinou vários trabalhos de muitas estrelas da música, como Madonna, Nelly Furtado e Justin Timberlake. “Shock Value II” marca o regresso do rapper e produtor aos discos com nome próprio. Neste novo álbum aparece um impressionante lote de estrelas que dão a voz aos 17 temas incluídos no alinhamento.

Ao longo do trabalho podemos encontrar vozes bem conhecidas como, Nelly Furtado, Justin Timbarlake, Jojo, Katy Perry, Drake, Miley Cyrus, Jet, Daughtry, Chad Kroeger entre outros.

O cartão de visita foi o single “Morning after dark” que conta com a participação especial de Nelly Furtado e Soshy e revelou-se num sucesso quase instantâneo. O primeiro single causou muita curiosidade e expectativa nos Media, que deram críticas bem positivas ao novo tema. Nesta altura o single corrente é “If we ver meet again” que tem a voz de Katy Perry e está em grande plano nas tabelas de singles em vários Países como Inglaterra.

Apesar de ter conseguido atingir um estatuto de “mágico” na produção musical, neste “Shock Value II” aparece fórmula mágica do anterior trabalho com novas vozes e algumas inovações com consistência na sonoridade que é bem conhecida. Os temas fortes deste trabalho são os singles “Morning after dark”, “If we ver meet again”, “Marching on” e “Undertow”.

Timbaland já demonstrou que está sempre na linha da frente, e com certeza que ainda vai dar que falar…

 

Chris Brown - Graffiti. Depois da tempestade veio a bonança, o jovem Chris Brown está de regresso com um novo disco de originais.

O ano de 2009 ficou marcado por muita polémica devido à agressão a Rianna , uma situação que manchou bastante a imagem do músico Norte-Americano. Depois de ter admitido o erro e da condenação em tribunal, Chris Brown regressou aos discos e pintou este “Graffiti”.

O primeiro avanço foi o single “ I can transform ya”, um tema muito fraco, sem a magia e melodia que as fãns do cantor estavam habituadas, a canção estava a anos-luz de temas como “Forever” ou “No air”. A segunda aposta foi bem mais feliz, o single “Crawl” é um tema fantástico que colocou novamente o cantor nos principais top´s de singles. Este disco conta com convidados de luxo que deram um grande contributo para o resultado final do álbum, participações vocais de T-Pain, Will I Am e Lil´Wayne, e na produção Swizz Beatz, Atweh Nasri e Adam Messinger. Neste “Graffiti” nota-se a vontade de mudança e a determinação de continuar a trabalhar para consolidar o estatuto de estrela.

A sonoridade das novas faixas continuam no habitual registo do cantor, muito R&B à mistura com soul e algumas influências do electro. Destaque para o single Crawl” e as faixas “So cold”, Sing like me” e Ass out” que inclui um loop do tema “Call on me”.

 

Jonh Mayer - Battle Studies. Jonh Mayer não é um músico muito conhecido em Portugal, mas do outro lado do Atlântico o cenário é bem diferente. “Battle Studies” é o quarto registo da carreira de Jonh Mayer e sucede ao álbum “Continuum” de 2006 que deu grandes credenciais ao músico nas Terras do Tio Sam. A primeira amostra foi o single “Who says” que começou a rodar nas nossas rádios no final de 2009, o álbum foi editado nos EUA em Novembro do ano passado e conseguiu arrebatar o primeiro lugar do Top da Billboard e vendeu, mais de 286 mil unidades na primeira semana. Em Portugal apenas chegou as lojas no final do mês de Janeiro.

Foi também no mês de Janeiro que foi confirmada a estreia em palcos nacionais de Jonh Mayer, o músico está incluído no cartaz da edição 2010 do Rock in Rio. Este novo disco conta com a participação de uma das novas estrelas da música, Taylor Swifte empresta a voz no tema “Hall of my heart”. Mayer tem no seu currículo sete prémios Grammy, sendo cantor e compositor. Neste novo trabalho contou com a colaboração de Steve Jordan. A sonoridade dos novos temas assenta numa textura soft rock com a voz poderosa do cantor evolvida em melodias que fazem lembrar os manos Fleetwood Mac ou Tom Petty. Em relação aos destaques deste “Battle Studies”, os melhores temas são o single “Who says”, e as músicas “Heartbreak warfare”,”Half of my heart” e “War of my life”.

Hugo Rafael

 

 

 

BOCAS DO GALINHEIRO

De novo a II Guerra Mundial

Passados que são mais de 60 anos do fim da II Guerra Mundial, o conflito que entre1939 e 1945 devastou meio mundo e que, lembre-se, começou com a invasão da Polónia a 1 de Setembro de 1939, continua a ser alvo de filmes vários e, mais recentemente, a televisão descobriu a mais filmada de todas as guerras.

Em 2001 Steven Spielberg e Tom Hanks lançaram-se numa produção para a televisão “Band of Brothers”, uma mini série de 10 episódios baseada no livro de Stephen Ambrose, sobre os pára-quedistas da “Easy Company” nos palcos de batalha na Europa. Este ano estreou “The Pacific”, igualmente uma mini série de 10 episódios, com Spielberg e Hanks e com Gary Goetzman como produtores executivos. O palco é agora o Pacífico e conta, pelas histórias dos marines Eugene Sledge, Robert Leckie e John Basilone, o confronto dos Estados Unidos com o Japão nos sangrentos combates, nomeadamente, em Guadalcanal e em Iwo Jima, talvez dos piores daquela frente de batalha, até ao regresso a casa, vitoriosos. Também nesta série o ponto de partida são os relatos de Sledge, “With The Old Breed: at Peleliu and Okinawa” e Leckie, “Helmet for my Pillow”, intercalando testemunho de veteranos da Guerra do Pacífico.

Porém, a parceria Spielberg e Hanks iniciou-se em 1998 com “O Resgate do Soldado Ryan”, seguramente um dos melhores filmes sobre a II Guerra e que nos mostra de uma forma realista o desembarque na Normandia e a chacina de milhares de soldados fustigados pelo fogo dos alemães do alto das dunas. Para muitos meia hora de antologia do cinema bélico. Porém, a um pelotão de sobreviventes desta dura prova de fogo é-lhes incumbida uma missão nada normal. Comandados pelo capitão Miller (Tom Hanks), devem encostar e trazer para voltar a casa um soldado que está algures na frente de combate atrás das linhas inimigas. A razão? Os seus três irmãos morreram em combate e o exército que evitar que o Ryan ainda vivo tenha a mesma sorte. Um dos melhores filmes de Spielberg que, no entanto, se foi inspirar numa história real e no filme que a imortalizou no cinema. Estamos a falar de “Eram 5 Irmãos” (The Sullivans), realizado em 1944 por Lloyd Bacon.

O senhor Sullivan temeu o pior quando três funcionários do Governo se apresentaram em sua casa a 12 de Janeiro de 1943. Qual deles, perguntou. Todos, respondeu sem rodeios o tenente Jones. Os seus cinco filhos morreram na batalha de Guadalcanal nas Ilhas Salomão. Um torpedo japonês rebewntou com o barco onde os cinco irmãos serviam como marinheiros. O pior pesadelo do pai Sullivan tornou-se realidade perante a falta de notícias dos filhos que insistiram em permanecer juntos.

Um acontecimento desta natureza, tão raro e invulgar, no auge da guerra, tocou fortemente o povo americano e não passou desapercebido aos produtores de Hollywood. Assim a 20th Century Fox produziu no ano de 1944 um filme assinalando o evento e aproveitando para apelar ao patriotismo e ao cerrar fileiras perante o inimigo que os estados Unidos na altura já combatiam em várias frentes. O cineasta Lloyd Bacon foi chamado para dirigir a obra. Um homem eclético da Warner de 1926 a 1943, fez mais de cem filmes, alguns dos mais famosos para esta major, como “A Mulher Marcada”, com Bette Davis e contribuiu para a criação de um mito, no qual os irmãos Warner se tinham empenhado: Humphrey Bogart, que com Bacon faz “A Lai da Força”, um western onde mede forças com James Cagney e “Comboio para Leste”, com Raymaond Massey.

Em “Eram 5 Irmãos”, apontado como sendo uma história verdadeira, é no entanto a verdade romanceado baseada no relato de Edward Dohery e Jules Schermer que serviu de base ao filme. Em flashbacks assistimos à narração da vida desta família de fortes tradições católicas, não se tratasse de uma família de origem irlandesa, à educação dos cinco irmãos e, como não podia deixar de ser, estamos em plena guerra, um filme que apela ao dever da sacrifício pelo país, porque era preciso aguentar a retaguarda, aliás um papel que o cinema cumpriu e bem e em que este filme é exemplar. Daí também o apelo à família, a um pai exemplar, Thomas Mitchel (também foi o pai de Scarlett O´Hara em “E tudo o Vento Levou”), e aos irmãos, miúdos, nas suas brincadeiras e, mais tarde, o namoro de Anne Baxter, maravilhosa no seu papel, com Al (Edward Ryan). Não era fácil relatar a história da morte de cinco irmãos em combate e ao mesmo tempo transmitir a ideia de que a sua morte valeu a pena porque alcançam a glória e o reconhecimento com o barco que perpetuará o nome de tão modelares irmãos. Daí estes flashbacks e a insistência nalguns lugares comuns tão ao gosto americano.

O filme estreou no cinema Tivoli em 22 de Janeiro de 1945. A revista filmagem escrevia que o público aplaudiu, saindo satisfeito por ter assistido a uma produção de primeira categoria. Embora com mais de sessenta anos, cheio de cenas convencionais, um filme que ainda provoca alguma emoção. Não tem o ritmo nem a crueza da fita de Spielberg, mas também não era o que se exigia na altura.

Até à próxima e bons filmes!

Luís Dinis da Rosa
com Joaquim Cabeças

 

 

 

Educação às tiras

Cartoon: Bruno Janeca
Argumento: Dinis Gardete


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