Director Fundador: João Ruivo    Director: João Carrega    Publicação Mensal    Ano XIII    Nº148   Junho 2010

Cultura

GENTE & LIVROS

N. H. Kleinbaum

«George McAllister, que vinha a passar pelo campo de futebol, deixou-se ficar, fascinado, a observar o primeiro rapaz que avançou e leu em voz alta o que estava no pedaço de papel que Keating lhe dera:

- «Oh, lutar contra as maiores adversidades, ir ao encontro dos inimigos com audácia!» - O rapaz correu para a bola, chutou e falhou a baliza.

- Não faz mal, Johnson, o que conta é o esforço – disse Keating, enquanto punha outra bola no campo. Abriu a caixa que trouxera e tirou um gira-discos portátil onde pôs um disco de música clássica. – Ritmo, rapazes – gritou Keating por cima da música -, o ritmo é muito importante.

Knox leu:

- «Permanecer completamente só com eles, descobrir o limite da nossa resistência!» - Knox correu , gritando «Chet!». Chutou a bola com toda a força.

Meeks estava agora à cabeça da fila:

- «Olhar as dificuldades, a tortura, a prisão e o ódio popular nos olhos!» - gritou antes de correr para a bola e lhe aplicar um pontapé forte e bem calculado. (…)».

In O Clube dos Poetas Mortos

 

N. H. Kleinbaum formou-se em jornalismo na Northwestern University, Illinois, Estados Unidos, e trabalhou como repórter e editora. Decide depois trabalhar em adaptações para romance de argumentos como Doctor Dolittle and his Animal Family; Voyages of Doctor Dolittle; e Doctor Dolittle Meets The Pushmipullya. Outras adaptações suas incluem a série Growing Pains e o filme D.A.R.Y.L. (1985).

O Clube dos Poetas Mortos foi o mais famoso romance que a autora adaptou a partir de um argumento, que foi transposto para o cinema, pelo realizador Peter Weir, em 1989. O filme que contou com a participação do actor Robin Williams, no papel do professor John Keating, e dos actores Ethan Hawke, Josh Charles e Gale Hansen, nos papéis de Todd, Knox e Charlie, respectivamente, venceu vários Prémios do cinema, entre eles, um Óscar na categoria de melhor argumento original.

N.H. Kleinbaum vive actualmente em Nova Iorque com o marido e os três filhos.
 

O Clube dos Poetas Mortos. Na Academia privada de Welton, pautada pelo lema “Tradição”, “Honra”, “Disciplina” e “Excelência”, o novo professor de Inglês, e ex-aluno da instituição, John Keating, irá tocar a vida de um grupo de alunos e passar à turma uma outra máxima de vida. Carpe Diem - Aproveitem o dia. É através de uma reanimada sociedade secreta, O Clube dos Poetas Mortos, que o professor Keating deseja que os jovens e promissores membros do clube aprendam a mais importante lição: O imenso valor da amizade e da poesia, a pensar pela própria cabeça, a perseguir a grandeza da vida e a nunca desistirem dos sonhos.

Eugénia Sousa

 

 

 

LIVROS

Novidades literárias

Europa-América. Robin dos Bosques, de Henry Gilbert. Num tempo em que a pobreza, a injustiça, e a corrupção imperavam na Inglaterra surgiu um justiceiro indomável que traçou o caminho da liberdade. Aqui se contam as aventuras de Robin dos Bosques, e dos companheiros da floresta de Sherwood, em luta contra a tirania de um homem que ambicionava ser rei.
 

Caminho. Meia hora Para Mudar a Minha Vida, de Alice Vieira. A jovem Branca só conhece o mundo do teatro. Cresceu num grupo de tea-tro amador e nasceu literalmente em cima de uma palco, no meio de uma enorme salva de palmas. Mas a adolescência é tempo de mudanças, e Branca vai decidir o que quer fazer da sua vida.
 

Presença. A Melodia do Adeus, de Nicholas Sparks. Aos dezassete anos Veronica Miller vê a sua vida mudar drasticamente, quando o casamento dos pais termina, e o pai muda de Nova Iorque para uma pequena cidade costeira da Carolina do Norte. Três anos depois, numas férias de Verão na Carolina do Norte, as tentativas de reconciliação por parte do pai nem sempre são bem recebidas. Será também nessas férias que Verónica irá conhecer o seu grande amor.
 

Casa das Letras. Olive Kitteridge, de Elizabeth Strout. Numa cidade costeira no Maine, uma professora reformada lamenta as mudanças que se vão passando naquele lugar, e no mundo, e nem sempre percebe as mudanças na vida daqueles que a rodeiam. Enquanto a família e os amigos resolvem melhor, ou pior, os seus conflitos, Olive empreende uma profunda reflexão sobre si mesma, que é ao mesmo tempo uma análise da condição humana. Olive Kitteridge venceu o Premio Pulitzer de Ficção 2009.
 

Gradiva. Big Bang, de Simon Sigh. O físico Simon Sigh explica uma das ideias mais revolucionárias da história da ciência, a teoria do Big Bang. Com uma clareza extraordinária, o autor dá resposta a questões tão importantes como a razão de estarem os cosmólogos convencidos de que o Big Bang é uma descrição exacta da origem do Universo, e o que significa exactamente esta teoria.
 

Oficina do livro. Santa Maria do Circo, de David Toscana. Na ida para uma cidade fantasma um grupo de artistas de circo, tão decante como a própria cidade, decidem erguer um novo mundo e viver em busca da salvação. Santa Maria do Circo é uma alegoria da condição humana escrita no género que ficou conhecido como “Realismo Mágico”.
 

Esfera dos Livros. O Seu Tempo vale Ouro, de Alberto Pena. A obra pretende ensinar a gerir a vida da melhor maneira, ajudando a organizar o tempo, e a alcançar uma vida mais produtiva. Por detrás desta transformação está o segredo para mudar a mentalidade, comportamentos e hábitos e a forma de despertar a motivação adormecida.
 

D. Quixote. Filhos e Amantes, de D.H. Lawrence. Em Notthingham, onde se situam as famosas minas de carvão, reside uma família em ruptura. Paul Morel vive dividido entre o ódio que sente pelo pai, um mineiro brutalizado pelo trabalho duro e o álcool, e o amor incondicional pela mãe. Obra de ficção e retrato autobiográfico, Filhos e Amantes foi considerada uma das obras-primas da Literatura do séc. XX.
 

 

 

PELA OBJECTIVA DE J. VASCO

Faça férias cá dentro!

Em tempos de crise uma boa hipótese é (re)descobrir Portugal. A capela do Sr. da Pedra, na praia de Miramar em Arcozelo, concelho de Vila Nova de Gaia, é apenas uma sugestão. É bom sairmos das auto-estradas e perdermo-nos nas vias camarárias “sem custos” para os utilizadores. Teremos boas surpresas.

 

 

 

Música

Keane – Night train. A banda de Tom Chaplin está de regresso aos discos num formato de mini álbum.

A primeira amostra deste trabalho foi o fantástico single “Stop for a minute” que chegou às rádios várias semanas antes da edição de “Night Train.

O tema continua a ser um dos sucessos radiofónicos do momento e foi apresentado em várias versões com a participação do Rapper Somali K´Naan.

Depois de conhecerem o primeiro single do trabalho, os seguidores da banda ficaram bastante empolgados e criaram grandes expectativas.E o resultado final foi uma caixinha de surpresas, o colectivo de Tom Chaplin fez algumas investidas no pop electrónico sem esquecer os acordes das guitarras que são a essência e a identidade da banda.

Uma das surpresas foi a perfeita harmonia do rap com o som dos Keane, a participação de K´Naan foi uma excelente aposta.

O ponto fraco é a primeira faixa que devia ter o título de intro, trata-se de uma pequena introdução que apenas serve para aumentar o número de faixas.

Em relação aos destaques, em primeiro lugar o single “Stop for a minute” e depois as faixas “Back in time”,”Clear skies” e “Looking back”.

Apesar de ser um álbum com um pequeno alinhamento, é caso para dizer que são poucas mas boas… as músicas, claro!
 

 

Jack Jonhson – To the sea. Chegou às lojas o 5º álbum da carreira de Jack Johnson que recebeu o título de “To the sea”.

O primeiro avanço do novo trabalho “You and you heart” foi dado a conhecer ainda durante o passado mês de Março.

As gravações foram feitas no Havai, na Terra Natal do cantor, e em Los Angeles, no Solar Powered Plastic Plant, um estúdio ecológico que é abastecido apenas por energia solar.

A produção foi dividida entre Robert Carranza e o próprio Jack Jonhson. O trabalho contou com a participação dos restantes membros da banda, Adam Topol, Zach Gil e Merlo Podlewski.

Jack Jonhson é um ecologista por natureza. O álbum foi embalado seguindo as normas ecológicas, as capas foram feitas utilizando apenas papel reciclado.

O músico é membro da 1% For The Planet, um movimento à escala gobal que doa 1% das suas vendas a uma rede que inclui mais de 1500 organizações ambientais.

A sonoridade dos novos temas não apresenta novidades, mantém a identidade que consagrou Jack Jonhson e permitiu vender mais de 18 milhões de álbuns.

Destaque para o primeiro single:“You and you heart” e os temas “No good with faces”, “At or with me pictures” e “People taking pictures”.

Temos um artista virado para a ecologia, é um exemplo que deve ser seguido.
 

 

Cheryl Cole - 3 Words. Depois do sucesso alcançado nas Girls Aloud, em 2009 Cheryl Cole decidiu apostar numa carreira a solo.

A Britânica tem também no seu currículo vários prémios recebidos em concursos de modelos realizados nas Terras de Sua Majestade.

Apesar do lançamento do álbum de estreia ter coincidido com a polémica levantada com o divórcio da cantora, no plano profissional as coisas não correram mal!

O single de estreia “Fight for this love” foi muito bem recebido e conquistou o primeiro lugar do top de singles na sua Terra Natal.

Progressivamente o sucesso estendeu-se por toda a Europa.

Cheryl Cole contou com um convidado de peso, Will.i.am, um dos membros dos Black Eyed Peas colaborou em quatro temas do trabalho.

Chegou a ser anunciada a vinda de Cheryl Cole a Portugal, no final do passado mês de Maio, para participar no concerto de apoio à nossa Selecção, antes da partida para África do Sul, mas a presença foi cancelada.

Em Portugal apenas foram editados dois singles deste “3 Words” , o tema “Fight for this love” e a canção que dá nome ao registo.

No Reino Unido o tema “Parachute” já foi editado também como single, e provavelmente será a próxima aposta no nosso mercado.

Destaque para os singles: “Fight for this love”,”3 Words”, “Parachute” e o tema ”Boy like you”.

É uma boa proposta para refrescar neste Verão. Em relação aos vídeos, vale a pena ver até sem som!

Hugo Rafael

 

 

 

BOCAS DO GALINHEIRO

Robin Hood: O nascimento da lenda

E no fim faz-se luz. A versão agora estreada da lenda de Robin Hood, com realização de Ridley Scott e protagonizada por Russell Crowe, termina onde começaram as fitas anteriores sobre esta lenda de Robin dos Bosques, o nobre que roubava aos ricos para dar aos pobres. Nesta versão temos um cheirinho desta faceta deste herói intemporal, algures no reinado de Ricardo Coração de Leão, quando efectivamente quem reinava era o seu irmão João Sem Terra, uma vez que Ricardo passou a maior parte da sua vida nas Cruzadas, acabando por morrer no regresso a Inglaterra. E, é aqui que o filme de Scott começa a desviar-se das anteriores versões. Robin Longstride (Russell Crowe) integra o exército do rei Ricardo Coração de Leão (Danny Huston). Após a morte deste, e tendo em conta que na noite anterior tinha sido preso e agrilhoado juntamente com João Pequeno (Kevin Durand), aproveitando a confusão gerada pela morte do soberano, consegue escapar juntamente com alguns companheiros de armas. Na fuga encontram Sir Robert Loxley (Douglas Hodge), um nobre que tinha por missão levar a coroa do rei a Londres e que fora atacado por Sir Godfrey (Mark Strong), um inglês, amigo do Principe João e um dos seus braços armados na colecta de impostos, mas que serve secretamente aos interesses do rei Filipe, de França. À beira da morte, Loxley pede a Robin que entregue ao pai uma espada tradicional da família. Ele aceita a missão e, fazendo-se passar por Loxleyl, parte para Londres. Após entregar a coroa ao Príncipe João (Oscar Isaac), que é nomeado rei pela mãe, Leonor de Aquitania, viúva de Henrique II, Robin parte para Nottingham. Lá encontra Sir Walter Loxley (Max von Sydow) o patriarca do clã Loxley e Marion Loxley (Cate Blanchett) a sempre presente Lady Marian, mulher, agora viúva, de Robert Loxley, e futura companheira do nosso herói.

A pedido de Sir Walter Loxley, Robin assume o papel de filho deste nobre saxão que enfrenta os normandos e que revela a Robin as suas origens ao mesmo tempo que o incita a liderar a revolta contra o agora Rei João, mas que acaba na defesa de Inglaterra contra mais uma invasão francesa. No fim é proscrito pelo Rei que o declara inimigo público nº1, refugiando-se na floresta de Sherwood, perto de Nottingham, afinal o local que todos conhecíamos dos filmes anteriores. Até à possível sequela, Ridley Scott brinda-nos com um filme pleno de acção, com batalhas empolgantes de que a última, uma espécie de “Dia D” ao contrário, o desembarque dos franceses na costa inglesa e a resposta dos defensores com uma chuva de flechas lançadas pelos arqueiros comandados por Robin e companhia, filmado ao estilo, acho mesmo que uma clara citação de “Saving Private Ryan”, de Steven Spielberg, mais do que de “O Dia Mais Longo”. Uma mostra de que Scott é um dos grandes mestres da acção, como já havia provado no Oscarizado “Gladiador”, um dos vários filmes em que dirigiu Russell Crowe. Apesar de por mim preferir, a léguas, “Alien, o Oitavo Passageiro” ou o incontornável “Blade Runner”, uma adaptação irreprensível de Philip K. Dick.

Robin Hood já foi transposto para o cinema uma infinidade de vezes. Actores como Errol Flynn e Douglas Fairbanks já encarnaram este peculiar herói no grande écran, nos anos 20 e 30 do século XX. Um personagem que não se sabe se real se pura ficção, mas que preencheu o imaginário de gerações e gerações no cinema e na televisão. A primeira aparição de Robin Hood no cinema data de 1908 numa curta metragem de Percy Stow com o título “Robin Hood and his Marry Man”. Porém a primeira grande produção da saga do popular herói é a protagonizada por Douglas Fairbanks, ele próprio uma lenda viva em Hollywood dos filmes de acção, dirigida por Allan Dwan em 1922. Apesar do êxito e da presença de Fairbanks, o actor que vem à cabeça de quase toda a gente quando o tema é Robin dos Bosques é sem dúvida Errol Flynn, inqualificável nos seus collants, mas popularíssimo, ao lado duma irreprensível Olivia de Havilland como Lady Marian no clássico de Michael Curtiz e William Keighley, de 1938. Lá estão também Claude Rains, como Principe João, Basil Rathbone, no papel de Sir Guy de Gisbourne, o vilão. E não há volta a dar!
Em 1976 Richard Lester, realiza “Robin and Marian”, uma visão do herói numa idade que apela à reforma e não à aventura, com Sean Connery e Audrey Hepburn nos principais papéis, com as participações de Ian Holm como João e Robert Shaw como xerife e ainda Richar Harris numa pequena participação como Ricardo Coração de Leão. Aliás será neste papel que Sean Connery se volta a cruzar com o nosso herói em “Robin Hood, Princípe dos Ladrões”, 1991, de Kevin Reynolds, com Kevin Coster e Mary E. Mastrantonio, respectivamente como Robin e Marian, filme talvez mais recordado pela banda sonora de Brian Adams. Para além destes podiamos lembrar a versão de animação da Disney de 1973, com realização de Wolfgang Reitherman, a mesma Disney que pela mão de Ken Annakin produz “Story of Robin Hood”, 1952, com Richard Todd e Joan Rice, e muitos outros de Terence Fisher, para a Hammer, Gordon Douglas ou mesmo versões italianas, quais arqueiros spaghetti, de George Ferroni ou Umberto Lenzi, ou um hilariante, mas não muito, se comparado com outras das suas paródias, “Robin Hood – Heróis em Collants”, 1993, do irreverente Mel Brooks.

Até à próxima e bons filmes!

Luís Dinis da Rosa

 

 

Educação às tiras

Cartoon: Bruno Janeca
Argumento: Dinis Gardete

 

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