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A escola do
conhecimento
A introdução das tecnologias da
informação e da comunicação na escola e, sobretudo, em ambiente de sala
de aula, tem vindo a aumentar, o que anuncia uma progressiva perda da
resistência à mudança de muitos educadores que, inicialmente, para elas
olharam com desconfiança e suspeita.
Sabemos que as tecnologias da informação e da comunicação acrescentam
muita complexidade ao processo de mediatização do ensino e da
aprendizagem, já que, por um lado, são reconhecidas as dificuldades da
formação permanente de professores nesta área e, por outro, continua a
faltar, inexplicavelmente, um paradigma para a utilização pedagógica
destas novas ferramentas do saber.
Grande parte das potencialidades das tecnologias da informação e da
comunicação (simulação, virtualidade, acessibilidade, e extrema
diversidade de informações) são ainda ignoradas por muitas escolas, ou
pouco utilizadas pelos professores, sobretudo porque a sua transferência
para o acto educativo exige uma enorme abertura a concepções
metodológica muito diferentes das metodologias tradicionais de ensino,
já que a sua utilização exige mudanças radicais nos modos de compreender
os complexos actos de ensino e de aprendizagem.
A literatura indica que aprendemos em diferentes contextos e de
diferentes maneiras e que cada um de nós detém um estilo de aprendizagem
muito próprio. Logo, educar para a sociedade do conhecimento, requer que
cada um de nós compreenda a vantagem do desenvolvimento nos alunos de
competências que visem a utilização das tecnologias de informação e de
comunicação, num quadro que respeite os estilos individuais de
aprendizagem e os novos espaços de construção do conhecimento e do
saber.
A busca desse novo quadro de actuação educativa faz com que tenhamos que
utilizar metodologias pedagógicas mais plásticas, que redimensionem o
papel do professor (um professor mais mediatizado), e que incluam as
tecnologias da informação e da comunicação como ferramentas mediadoras
da aprendizagem, já que a sua utilização na sala de aula promove o
desenvolvimento de competências, expectativas e interesses fundamentais
à integração e sobrevivência do aluno na sociedade digital.
Neste sentido, a utilização das tecnologias da informação e da
comunicação, centradas na aprendizagem, exige ao docente novas e
diferenciadas funções, sobretudo quando a figura do professor individual
tende a ser substituída pela do professor tutor, enquadrado num
colectivo de pares que partilham os saberes e se ligam em rede com o
universo inesgotável das bases de informação e pesquisa
disponibilizados, por exemplo, pela Internet.
Orientadas para esses fins, as tecnologias da informação e da
comunicação na educação correspondem à descoberta de uma nova dimensão
pedagógica. Uma dimensão pedagógica activa, que pressinta as
necessidades e exigências desta nova sociedade do século XXI, sociedade
que pretende conferir às novas tecnologias um papel de relevo, enquanto
mediadoras do acto educativo.
Estas novas exigências configuram, quase sempre, a necessidade de
implementar no terreno novas campanhas alfabetização audiovisual,
digital e interactiva, as quais, de certa forma, desestabilizam os
processos de organização tradicionais de ensino e as representações que
os educadores mantêm do que deve ser a educação formal, já que importa
que este novo processo educativo signifique, não apenas a introdução das
novas tecnologias na sala de aula, mas, sobretudo, uma reorganização de
todo o processo de ensino e do modo de promover o desenvolvimento de
capacidades de auto-aprendizagem.
Trata-se de uma revolução silenciosa que penetra as paredes das escolas
e que as prepara para enfrentar os desafios do futuro. Esses novos
espaços educativos recriam um universo em constante interacção com as
grandes mudanças sociais e tecnológicas, numa atitude interactiva e
dialéctica com as redes telemáticas, para incrementar a promoção e o
desenvolvimento de capacidades crítico - reflexivas nos alunos, e para
os ensinar a navegar nesta nova era de descobrimentos deste novo mundo
virtual.

João Ruivo
ruivo@rvj.pt
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