UNIÃO EUROPEIA
Mariano Gago defende
investigação
O ministro da Ciência, Mariano Gago,
afirmou, no passado dia 8, que a ciência e a investigação têm um
contributo vital para o aumento da competitividade e da produtividade,
num esforço para saída da crise.
Em entrevista à Lusa a propósito da reunião informal dos ministros
Europeus da Competitividade, que decorre a partir de hoje na cidade
espanhola de San Sebastian, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior insistiu que devem redobrar-se os esforços para incorporar a
ciência e tecnologia nos processos produtivos, capitalizando assim nas
mais valias europeias.
“A Europa tem hoje ativos importantes nesta área”, explicou Gago,
recordando que o segundo dia do encontro de San Sebastian será dedicado
à expansão do uso dos carros elétricos na Europa.
Um sector onde a investigação e a tecnologia europeias têm sido
“decisivas”, como ocorre ainda em áreas como as energias renováveis,
criando produtos de importância estratégica tanto para a Europa como
para o resto do mundo.
A primeira sessão de debate esteve já concentrada na resposta à crise
económica e em particular “no papel da ciência e investigação” nesses
esforços de retoma económica.
“Hoje, muito do debate tem a ver com reafirmar a enorme importância para
a saída da crise que é o aumento da competitividade e produtividade das
empresas”, disse.
“E isso só se consegue atingir com um aumento muito significativo da
incorporação do conhecimento e de ciência e tecnologia nos processo
produtivos”, considerou ainda.
Para que essa vontade se materialize, Mariano Gago considera que deve
ser feita uma “aposta muito deliberada” em recursos humanos, educação,
informação e investigação”.
“Isso implica um reforço das universidades e das redes de universidades,
tanto à escala europeia e implica naturalmente um reforço da cooperação
internacional entre universidades e empresas à escala”, disse ainda.
Em debate em San Sebastian está também a questão da partilha e da
cooperação no desenvolvimento de grandes infraestruturas de investigação
a nível europeu.
“A época das grandes infraestruturas estritamente nacionais acabou. Hoje
qualquer país, mesmo que tenha capacidade financeira para criar novas
infraestruturas, aposta na colaboração”, afirmou.
Mariano Gago recorda ainda que a mobilidade científica é já bastante
significativa, notando porém que ainda há que resolver alguns
obstáculos, como as questões da reforma e da segurança social.
“O objetivo é permitir desenvolver carreiras científicas em vários
países ao longo de uma carreira. Isso implica acordos de estabilidade em
questões de reformas e segurança social”, disse.
Nesse sentido, Portugal e o Luxemburgo apresentaram já uma proposta para
que o tema seja discutido por ministros da Ciência e dos Assuntos
Sociais numa reunião em março.
Também no caso português Mariano Gago sublinha haver grande mobilidade,
com uma relação “muito equilibrada” entre Portugal e os outros países no
que toca a intercâmbios de cientistas.
“É bom que haja portugueses noutros países, desde que haja cientistas
estrangeiros a vir para Portugal”, disse, notando que nos últimos anos
se tem consolidado a percentagem de especialistas estrangeiros
recrutados através de concursos públicos para cargos em Portugal.
“Nos últimos 2 anos, nos concursos para jovens investigadores doutorados
lançados a escala nacional - para ocupar 1.200 vagas - 40 por cento dos
recrutados não são portugueses”, explicou.
“Portugal é um pais que estava muito atrasado cientificamente há 30
anos, que se desenvolveu muito rapidamente e até contra algumas
expetativas europeias e que atingiu níveis de desenvolvimento científico
que em alguns casos superam a média”, afirmou.
Ana Baião - Expresso
(Texto escrito segundo o novo Acordo Ortográfico)
LÍNGUA PORTUGUESA
Vocabulário
disponível na Internet
O Vocabulário Ortográfico do Português (VOP)
está disponível no Portal da Língua Portuguesa -
www.portaldalinguaportuguesa.org - desde o passado dia 01, informou o
Instituto de Linguística Teórica e Computacional (ILTEC).
Produzido pelo ILTEC, o vocabulário reúne uma extensa lista de palavras
com indicações de ortografia, categoria morfossintática e peculiaridades
de flexão, caso existam.
Nesta primeira fase, o VOP, concebido para consulta na Internet, integra
150 mil palavras do vocabulário geral,num projeto submetido ao Fundo da
Língua Portuguesa. Este fundo agrega quatro ministérios - Negócios
Estrangeiros, Cultura, Educação e da Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior - e é gerido pelo Instituto Português de Apoio ao
Desenvolvimento (IPAD).
Até ao fim deste mês, o Portal da Língua Portuguesa disponibilizará
ainda o Lince, um conversor para a nova ortografia com vários
verificadores ortográficos. O Lince é uma ferramenta descarregável que
permite a conversão automática de textos de qualquer dimensão para a
nova ortografia.
O Lince permitirá converter textos em formatos DOC, PDF, ODT, RTF e TXT.
Os verificadores ortográficos são extensões para o Microsoft Office Word
e Outlook 2003 e 2007 e para o OpenOffice.org que permitem verificar a
ortografia dos textos enquanto são digitalizados. Ambas as ferramentas
integram os dados do VOP.
Em abril próximo, o Vocabulário Ortográfico de Português passará a
dispor de mais de 200 mil entradas do vocabulário geral e seis
dicionários: estrangeirismos, topónimos e gentílicos, nomes próprios,
expressões latinas, unidades de medida e abreviaturas.
O VOP e os recursos a ele associados estão disponíveis gratuitamente e
visam fazer face às necessidades do público em geral e dos profissionais
que trabalham com a língua portuguesa, para que a redação do português
seja consonante com a nova ortografia em vigor.
(Texto escrito segundo o novo
Acordo Ortográfico)
SISTEMAS INTEGRADOS DE
QUALIDADE
Piaget com
pós-graduação
O Instituto Piaget acaba de abrir
candidaturas para a pós-graduação em Sistemas Integrados de Qualidade,
Segurança, Ambiente e Responsabilidade Social no Campus Universitário de
Santo André.
A pós-graduação tem como objectivo formar técnicos especializados em
sistemas de qualidade e gestão, recorrendo a técnicas e ferramentas para
medição, análise e melhoria das organizações. O curso visa ainda
incentivar a investigação teórica e aplicada no domínio dos sistemas
integrados de gestão e desenvolver nos formandos as capacidades de
gestão e liderança.
Podem candidatar-se licenciados de diversas áreas com interesse em
aprofundar conhecimentos nos domínios da qualidade, gestão, segurança,
ambiente e responsabilidade social. A pós-graduação tem início previsto
para 20 de Março e funciona em horário pós-laboral, sextas das 18 às 22
e sábados das 9 às 18. O curso tem a duração de oito meses.
CASTELO BRANCO
Cavaco inaugura
centro tecnológico
O Presidente da República inaugurou, no
passado dia 6 de Fevereiro, o Centro Tecnológico Agro-Alimentar de
Castelo Branco. Uma estrutura equipada com os mais avançados
laboratórios do país e que vai acolher o Cluster Agro Industrial. Cavaco
Silva ficou a conhecer a aposta estratégica da autarquia albicastrense
naquele sector. “Este é o caminho da excelência que queremos trilhar”,
disse Joaquim Morão, presidente da Câmara de Castelo Branco, para depois
acrescentar: “o nosso objectivo é aliar a tradição à qualidade. Nós
temos uma estratégia e capacidade de realização. Investimos aqui quatro
milhões de euros, envolvendo neste projecto o Instituto Politécnico de
Castelo Branco e a Universidade da Beira Interior”.
A aposta no sector agro alimentar e industrial foi também reforçado por
Pinto de Andrade, director do Centro e docente do Instituto Politécnico
de Castelo Branco. Cavaco Silva mostrou-se “absolutamente convencido que
é em iniciativas deste tipo que está “o suplemento que precisamos para
acelerar a recuperação económica e criar mais emprego”.
O Chefe de Estado, esteve dois dias no Distrito de Castelo Branco, onde
visitou empresas e organismos inovadores em Castelo Branco, Alcains,
Alpedrinha, Fundão, Covilhã, Unhais da Serra, Belmonte, Idanha-a-Nova,
Penha Garcia, Orvalho, Sertã e Proença-a-Nova. Cavaco Silva sublinhou o
facto da recuperação económica do país não depender essencialmente dos
grandes projectos ou das grandes empresas, mas das iniciativas
empresariais de menos escala e das “comunidades locais”.
Cavaco Silva destacou o facto de ter encontrado “empresas que são
líderes no mercado nacional e revelam interesse em continuarem
instaladas no interior do país, inovando, apostando na qualidade e não
perdendo a competitividade em relação aos seus concorrentes”.
O Presidente da República foi claro ao afirmar que “devemos estar bem
conscientes que não conseguiremos levar por diante a recuperação
económica pensando apenas nos grandes projectos, na produção realizada
nas grandes cidades ou pelas grandes empresas. Não podemos dispensar a
actividade que se realiza nos concelhos de pequena e média dimensão, nas
pequenas empresas e no mundo rural”.
A este propósito, o Chefe de Estado lembrou que “as pequenas e médias
empresas representam cerca de 98 por cento do tecido produtivo. Daí o
meu grande esforço e empenho em estimular as iniciativas nas comunidades
locais e mostrar os bons exemplos nelas existentes. Na conjuntura em que
vivemos é importante que os portugueses conheçam os bons exemplos de
inovação que existem em Portugal”. Isto porque, justifica o Presidente,
“estimula outras localidades a agirem, estimula agentes económicos,
sociais e políticos a procurarem a mudança, ganharem competitividade,
produzirem com qualidade e conquistarem mercados”, salientou.
VERME MARINHO HABITA NA
RIA DE AVEIRO
Nova espécie para a
ciência
Os investigadores da Universidade de
Aveiro Ana Rodrigues, Vítor Quintino e Adília Pires descobriram uma nova
espécie animal no Canal de Mira da Ria de Aveiro. Diopatra micrura, como
se chama, é um verme marinho semelhante ao casulo Diopatra neapolitana,
bem conhecido na Ria e noutros estuários e lagoas, pela sua qualidade
como isco para a pesca.
Através da análise do material biológico dos vários projectos em que
estes investigadores estão envolvidos, foi possível referenciar Diopatra
micrura também na região costeira ao largo de Aveiro, da Nazaré e da
Baía de Cascais, na costa Oeste e ao largo de Vila Real de Santo
António, na costa Sul.
A nova espécie foi descoberta na zona entre marés, junto à Barra, no
Canal de Mira da Ria de Aveiro, onde já anteriormente os mesmos
investigadores tinham encontrado uma outra espécie, Diopatra marocensis,
até então apenas conhecida para a costa de Marrocos.
Com este contributo, os investigadores do Departamento de Biologia da
Universidade de Aveiro e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM)
– laboratório associado – Ana Maria Rodrigues, Victor Quintino e Adília
Pires (aluna de doutoramento), elevam de uma para três as espécies de
Diopatra conhecidas para Portugal e para a Europa. Até à data, apenas o
casulo Diopatra neapolitana estava referenciado.
REPORTAGEM PELAS RUAS DE
LISBOA
Da spoa dos pobres
ao CASA
No mês em que faz 12 anos de existência e
no Ano Europeu da Luta Contra a Pobreza e a Exclusão Social, o Ensino
Magazine foi a Lisboa visitar o lugar que, durante muitos anos, ficou
conhecido pelo nome de Sopa dos Pobres.
Por volta das 11 horas, de segunda a sexta, começam a juntar-se à porta
do Refeitório dos Anjos, em Lisboa, algumas dezenas de pessoas à espera
de um almoço cedido pelos serviços da Santa Casa de Misericórdia de
Lisboa (SCML), instituição criada a 15 de Agosto de 1498, por iniciativa
da Rainha D.ª Leonor. Quando ao meio-dia se abrem as portas entram
diariamente, até às 14 horas, cerca de 250 pessoas à procura de uma
refeição quente e gratuita; à noite voltarão para o jantar. Até 1998
este refeitório chamava-se Cozinha dos Pobres, tendo como referência o
serviço de refeições criado pela Santa Casa da Misericórdia em 1887 para
responder a graves problemas sociais das ruas da cidade onde reinava a
pobreza, a doença, promiscuidade, enjeitados e envergonhados. Desde 18
de Dezembro de 1998 o refeitório está inserido numa estrutura com mais
valências denominada por CASA – Centro de Apoio Social dos Anjos que
conta com a participação de 21 funcionários, 4 deles técnicos
superiores. Para além de assegurar o refeitório o CASA tem ainda em
funcionamento, para uma população carenciada com idades compreendidas
entre os 18 e os 65 anos, um Atelier Ocupacional, Sala de Convívio,
Centros de Acolhimento Nocturno (para 15 homens), Gabinete Médico com
consultas de psiquiatria, rastreios de pneumologia, cuidados de
enfermagem, prestação de cuidados de higiene (com balneários e
lavandaria), Banco de Roupa, Orientação e Apoio na Procura de Emprego e,
mais recentemente, o Clique Solidário onde os utentes interessados podem
aprender noções básicas de utilização de computadores, de forma a
facilitar uma possível reintegração na vida profissional.
Como modelo de intervenção junto de quem frequenta as instalações do
CASA mas também com os sem abrigo (através das Equipas de Rua) os
técnicos daquela instituição procuram, junto de cada um saber quem são,
quais as suas necessidades, qual a resposta mais adequada. De seguida a
intervenção ocorre em primeiro lugar sobre as necessidades básicas das
pessoas, de seguida passam para uma área de relação/ocupação e numa fase
final tenta-se a reinserção social e/ou profissional, visando a prazo
uma mudança real e sustentada. Com a mediação pretende-se que os visados
adquiram, de forma gradual, novas rotinas de vida como o cuidar da sua
higiene, respeito pelos horários e compromissos, uma melhor gestão do
pouco dinheiro que têm.
Durante o tempo em que estivemos presentes, no refeitório, atelier e, à
noite, no acompanhamento de uma Equipa de Rua dos serviços da Santa Casa
da Misericórdia junto das pessoas sem abrigo, encontrámos
predominantemente uma população do sexo masculino que, por razões
várias, se encontra isolada da sociedade e que mantém com o CASA uma
relação acima de tudo utilitária. Os serviços (da SCML) tentam, quer a
partir dos contactos que vão tendo com os utilizadores do refeitório ou,
à noite, com os sem abrigo, estabelecer canais de diálogo de forma a
construir pontes de encaminhamento para serviços facilitadores da
reintegração social e económica das pessoas.
Pareceu-nos também que o número de pessoas sem abrigo nas ruas de Lisboa
tem menos a ver com a crise económica (ao contrário do que inicialmente
pensávamos) e mais com uma deficiente estrutura da família a que
pertenciam, associado a quebras estruturais das suas vidas por onde
passou muitas vezes o divórcio, consumo de álcool ou estupefacientes
(que levam ao desemprego), bem como diversos tipos de doenças mentais.
Para os serviços sociais da SCML intervir na rua não é fazer caridade.
Pelo contrário, através de profissionais competentes e dedicados, o que
se tenta é voltar a construir pontes seguras e duradouras entre quem,
por algum motivo, caiu na rua ou se encontra em situação de pobreza e
isolamento, e a sociedade em que está inserido. Inclusão e dignidade
social são direitos de todos e uma responsabilidade colectiva de
cidadania.
João Vasco
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